Leitor pergunta sobre a origem do mal

tumblr_lj5ckpS2ID1qc9pino1_500Bom dia, Emerson. A origem do mal no mundo não está justamente no pecado e não no diabo? O homem poderia ter pecado sem o diabo. – Lucas Manollo

Olá, Lucas. Bom dia. É um prazer atender as cartas e dúvidas de nossos leitores. Bom, como já demonstramos várias vezes e expomos, a origem do mal é um tema fascinante e precisa ser respondido. A origem do mal tem intrigado os pensadores desde os tempos mais primitivos. A Dictionary of the Bible (Dicionário da Bíblia), de James Hastings, declara: “Na aurora da conscientização humana, o homem se viu confrontado com forças que ele não conseguia controlar, e que exerciam uma influência prejudicial ou destrutiva.” A mesma obra de referência diz também: “A primitiva humanidade procurava instintivamente as causas, e interpretava as forças e outras manifestações da natureza como pessoais.” A filosofia e a teologia humanas não deram nenhuma explicação melhor para a origem do mal do que a encontrada na Bíblia. O que as Escrituras (e a Igreja) dizem a respeito de Satanás é fundamental para se entender a origem do mal e do sofrimento humano, bem como o motivo de aumentar a cada ano a pior violência imaginável.

Alguns talvez perguntem: ‘Se Deus é o Criador bom e amoroso, como podia ele criar uma criatura espiritual iníqua como Satanás?’ A Bíblia especifica o princípio de que todas as obras de Deus são perfeitas e que todas as suas criaturas inteligentes têm livre-arbítrio. (Deuteronômio 30,19; 32.4; Josué 24,15; 1 Reis 18,21) Portanto, o personagem espiritual que se tornou Satanás deve ter sido criado perfeito e se deve ter desviado do caminho da verdade e da justiça por escolha própria. — João 8,44; Tiago 1,14-15. Se Deus é totalmente bom e Todo-poderoso, como pode haver o mal? Ou Deus não é Todo-poderoso, ou ele não é verdadeiramente bom. Quando Deus terminou a criação, viu que era tudo muito bom. Deus disse a Adão: Você pode comer de todas as árvores – exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Como pode haver “bem e mal” no mundo perfeito de Deus, e a proibição de comer essa fruta sob pena de morte? Isso leva à pergunta: O que é “mau”? Como você define o “mal”? Ou, por falar nisso, como você define o que é “bom”? Para uma exposição técnica sobre isto, veja O Problema do Mal/Paradoxo de Epicuro: o que ele realmente é e a visão de Brian Davies sobre o assunto e o ateísmo, o Problema do Mal e o Dilema de Eutífron.

O proceder rebelde de Satanás, em muitos sentidos, é igual ao do “rei de Tiro”, descrito poeticamente como “perfeito em beleza” e ‘sem defeito nos seus caminhos, desde o dia em que foi criado, até que se achou injustiça nele’. (Ezequiel 28,11-19) Satanás não contestou a supremacia de Deus ou a sua condição de Criador. Como é que Satanás poderia ter feito isso, visto que ele fora criado por Deus? No entanto, ele questionou o modo de Deus exercer a sua soberania. No jardim do Éden, Satanás insinuou que Deus estava privando o primeiro casal humano de algo a que eles tinham direito e de que dependia o seu bem-estar. (Gênesis 3,1-5) Ele conseguiu fazer Adão e Eva rebelar-se contra a soberania justa de Deus, causando a eles e aos seus descendentes o pecado e a morte. (Gênesis 3,6-19; Romanos 5,12) De modo que a Bíblia mostra que Satanás é a causa básica do sofrimento humano.

De acordo com a crença hindu, o sofrimento e o mal são concomitantes com a criação. “O sofrimento [ou o mal]”, observa um erudito hindu, “assim como o reumatismo crônico, só passa de um lugar para outro, mas não pode ser totalmente erradicado”. O mal certamente tem sido parte do mundo da humanidade em toda a história registrada. Se ele antecede aos registros históricos do homem, então as respostas confiáveis sobre a sua origem devem forçosamente vir duma fonte mais elevada do que o homem. As respostas têm de vir de Deus. — Salmo 36,9. Que significa ser criado “à imagem de Deus”? Simplesmente o seguinte: o homem foi feito à semelhança de Deus por ter atributos divinos — tais como justiça, sabedoria e amor — que o distinguem dos animais. (Note Colossenses 3,9-10.) Essas qualidades deram-lhe a capacidade de escolher fazer o bem ou o mal, dando-lhe livre-arbítrio. Não havia pecado no primeiro homem, nem mal ou sofrimento na sua vida, quando ele foi criado.

Deus deu ao homem Adão a seguinte ordem: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gênesis 2,16-17) Por escolherem obedecer, Adão e sua esposa, Eva, teriam dado louvor e honra ao seu Criador e teriam permanecido livres do pecado. Por outro lado, um ato de desobediência indicaria seu fracasso de satisfazer as normas perfeitas de Deus e os tornaria imperfeitos — pecaminosos. O pecado ocorreu primeiro no domínio espiritual. Antes da criação da Terra e do homem, Deus havia criado criaturas espirituais, inteligentes — os anjos. (Jó 1,6; 2,1; 38,4-7; Colossenses 1,15-17) Um desses anjos estimava muito a sua própria grande beleza e inteligência. (Note Ezequiel 28,13-15.) Em vista da instrução que Deus deu a Adão e Eva, de terem filhos, este anjo podia ver que logo a Terra inteira estaria cheia de pessoas justas, todas elas adorando a Deus. (Gênesis 1,27, 28) Esta criatura espiritual queria para si mesma a adoração delas. (Mateus 4,9-10) Nutrir este desejo levou-a a um proceder errado. — Tiago 1,14-15. O orgulho foi o primeiro pecado.

Falando a Eva por meio duma serpente, o anjo rebelde disse que Deus, por proibir que se comesse o fruto da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, negava a ela o conhecimento que devia ter. (Gênesis 3,1-5) Dizer isso foi uma mentira odiosa — um ato de pecado. Proferindo esta mentira, o anjo tornou-se pecador. Em resultado disso, passou a ser chamado de Diabo, caluniador, e de Satanás, opositor de Deus. — Apocalipse 12,9. O argumento persuasivo de Satanás teve um efeito adverso em Eva. Confiando nas palavras do Tentador, deixou-se seduzir e comeu do fruto da árvore proibida. Seu marido, Adão, juntou-se a ela em comer do fruto, e ambos se tornaram assim pecadores. (Gênesis 3,6; 1 Timóteo 2,14) É evidente que nossos primeiros pais, por escolherem desobedecer a Deus, erraram o marco da perfeição e se tornaram pecadores. Que dizer dos descendentes de Adão e Eva? A Bíblia explica: “Por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.” (Romanos 5,12) A lei da hereditariedade já vigorava. Adão não podia transmitir aos filhos o que ele não possuía. (Jó 14,4) Tendo perdido a perfeição, o primeiro casal era pecador quando seus filhos foram concebidos. Em resultado disso, todos nós — sem exceção — herdamos o pecado. (Salmo 51,5; Romanos 3,23) O pecado, por sua vez, só tem produzido o mal e o sofrimento. Ademais, por causa dele, todos ficamos velhos e morremos, “pois o salário pago pelo pecado é a morte”. — Romanos 6,23.

Apologista Greg Koukl oferece uma visão interessante sobre esta questão muito perguntada. Ele aponta que o mal não é uma “coisa” criada, mas a ausência de uma coisa, uma analogia também compartilhada por Santo Agostinho e Tomás de Aquino séculos anterior. No cristianismo, o mal não é um “ser”, uma criação. Considere as questões de luz ou temperatura. O preto não é uma coisa; é a ausência de luz. A luz é uma coisa, composta de partículas ou ondas. Tire a “coisa” criada, e o resultado é preto: nada. A temperatura funciona da mesma maneira. O frio não é uma coisa, mas a ausência de calor, que é uma coisa criada. Tire o elemento físico do movimento que gera o calor como o conhecemos e você é deixado com o frio. O frio é não foi criado, nem a escuridão. Eles são a ausência das coisas criadas. O mal, então, não é uma coisa criada, mas a ausência do bem.

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