20 argumentos a favor da existência de Deus – 1º. Argumento da mudança

aNesta seção, você encontrará vários argumentos a favor da existência de Deus. Nós fazemos a você, leitor, um apelo inicial. Percebemos que muitas pessoas, tanto crentes como não crentes, duvidam de que seja possível provar racionalmente a existência de Deus ou sequer debater a respeito disso. Talvez você seja uma dessas pessoas. Talvez tenha uma opinião bastante rigorosa de que não é bom falar desse assunto. Entretanto, ninguém pode duvidar de que analisar argumentos seja uma prática perfeitamente possível num livro sobre apologética. Isto porque muitos acreditam que esses argumentos são plausíveis e que alguns deles realmente fazem sentido. Essas pessoas também acreditam que um argumento racional e eficiente a favor da existência de Deus é o primeiro passo importante para abrir a mente para a possibilidade da fé; para retirar alguns dos obstáculos que as impedem de aceitar a possibilidade da revelação divina. E estão certas.

Suponhamos que a sua reflexão mais sincera e melhor a respeito da natureza de tudo que existe o faça pensar no universo material não como sendo causado, mas como autossuficiente; que você imagine que o universo se formou como resultado de movimentos aleatórios, destituídos de qualquer planejamento ou propósito. Você ficaria impressionado se lesse em um livro bem antigo que existe um Deus de amor e que os céus proclamam a glória dele? Você estaria disposto a encarar essa mensagem com seriedade? O mais provável é que se recusasse a acreditar em qualquer ideia que fosse declarada como uma comunicação vinda do Criador. Como alguém disse: “Não posso acreditar que somos filhos adotivos de Deus, porque não acredito que exista alguém para fazer essa adoção”.

No entanto, esse é um horizonte finito e limitado, que as argumentações apresentadas neste capítulo procuram confrontar e expandir, abrindo nossa mente para níveis muito maiores e mais elevados. Se esses argumentos forem bem-sucedidos nessa tarefa — e podemos afirmar por nossa experiência que alguns realmente convencem muitas pessoas —, então serão de grande valor.

Talvez o leitor ache que esses argumentos não sejam particular­mente valorosos; especialmente se já tiver sido abençoado com uma sensação vívida da presença de Deus —algo pelo qual deve ser profundamente grato. Entretanto, isto não significa que você não tenha de ponderar sobre esses argumentos. Muitas pessoas não são tão afortunadas. Essas argumentações, ou pelo menos algumas, ajudarão a abrir a mente delas e a sanar suas dúvidas. E após ler este livro, você estará mais equipado para fornecer-lhes essa ajuda.

Além disso, quem de nós não precisa de auxílio? Todos demonstramos um pouco de ceticismo. Há uma parte de nosso ser que tenta acreditar que não existe algo além do que podemos ver e tocar; e outra parte que busca uma razão, além das garantias dadas nas Escrituras, para acreditar que existe algo além do que vemos e ouvimos.

Não temos o desejo de fazer declarações exageradas nessas demonstrações nem confundir a boa razão com provas científicas. Entretanto, acreditamos que há muitos que desejam e precisam do tipo de ajuda que essas argumentações proporcionam, mais do que eles possam estar dispostos a admitir de início.

Agora falaremos um pouco a respeito da organização dos argumentos. Nós os apresentamos em dois grupos básicos: aqueles que se baseiam em dados de fora (argumentos cosmológico), e aqueles que se baseiam em fatores internos (argumentos psicológicos). O grupo dos argumentos cosmológicos começa com nossa versão dos famosos “cinco caminhos” de Tomás de Aquino. Esses não são os argumentos mais simples; portanto, não são os mais convincentes para a maioria das pessoas. Nós apre­sentamos esses argumentos em ordem, a partir do mais eficiente para o menos eficiente. O primeiro deles, em particular, é bastante abstrato e difícil.

Nem todos os argumentos são igualmente demonstráveis. A aposta de Pascal, por exemplo, não é um argumento a favor da existência de Deus, mas a favor da fé em Deus como uma “aposta”. Já o argumento ontológico, apesar de ser considerado fundamentalmente defeituoso, foi incluído aqui por ser bastante famoso e ter bastante influência, podendo até ser preservado se alguém apresentar novas formulações para ele.

Outros argumentos (como o dos milagres, o da experiência religiosa e o do senso comum) declaram apenas fortes probabilidades, e não uma certeza que possa ser demonstrada. Nós os acrescentamos ao texto, porque formam uma porção bastante sólida de um caso cumulativo. Acreditamos que apenas alguns desses argumentos, tomados individual e separadamente, demonstram a existência de um Ser que tem atributos que apenas Deus pode possuir. Não existe argumento que prove todos os atributos divinos; entretanto, todos os vinte argumentos, avaliados em conjunto, como uma corda entrelaçada, formam uma defesa bastante forte.

1) O ARGUMENTO DA MUDANÇA

O mundo material que experimentamos à nossa volta está em constante mudança. Podemos conhecer uma mulher que chegou à estatura de 1,75 m, mas ela nem sempre foi desse tamanho. O grande carvalho que vemos numa floresta cresceu a partir de uma pequena semente. Quando algo chega a um determinado estado, este estado não pode produzir sua própria existência. Isso porque, até que algo venha a existir, não pode ser considerado; e se ainda não existe, não pode causar nada.

Quanto ao ser que sofre a mudança, embora tenha a capa­cidade de ser aquilo que se tornará um dia, isso ainda não aconteceu, ou seja, ele ainda não se tornou o que virá a ser. Então, na verdade, ele existe agora no estado em que se encontra (como, por exemplo, uma semente de carvalho), e irá existir naquele estado futuro (como uma grande árvore formada); entretanto, ainda não se encontra neste último estado; possui apenas o potencial para alcançá-lo.

Agora vamos apresentar uma questão: Para explicar essa mudança, será que podemos considerar apenas apropria coisa que sofre mudança ou outras coisas também estão envolvidas? Obviamente, isso é verdade. Nada pode dar a si próprio aquilo que não possui, e o objeto que sofre mudança não pode ter agora mesmo aquilo que possuirá apenas no futuro. O resultado da mudança não pode existir realmente antes que a mudança ocorra. O objeto que sofre mudança começa apenas com o potencial para mudar, mas precisa receber a atuação de outras coisas fora de si para que esse potencial se tome realidade. Do contrário, ele nunca poderá mudar.

Nada pode mudar a si próprio. Objetos que aparentemente têm movimento próprio, como corpos vivos, são movidos pelo desejo e pela vontade — algo diferente de meras moléculas. E quando o animal ou o ser humano morre, as moléculas permanecem, mas o corpo não mais se move, porque o desejo ou a vontade [a alma] não está mais presente para produzir o movimento.

Agora, vejamos outra questão. As outras coisas fora do objeto que sofre mudança também mudam? E os objetos que fazem estas coisas se moverem também estão se movendo? Se isso for verdade, todos esses elementos permanecem, a cada instante, com a necessidade de receber uma atuação de outras coisas, caso contrário não poderão mudar. Não importa quantos itens existam nessa série, cada um deles precisa de algo fora de si para tornar realidade seu potencial de mudança.

O universo é a soma total de todos esses objetos móveis, independente de quantos sejam. O universo como um todo está em processo de mudança. Entretanto, já percebemos que essa mudança em qualquer ser exige uma força externa para torná-la real. Portanto, existe alguma força do lado de fora (que se acrescenta ao) ao universo, algum Ser real que transcende o universo. Essa é uma das coisas que consideramos quando pensamos em Deus.

Em poucas palavras, se não há nada fora do universo material, então não existe nada que possa causar mudança no universo. Entre­tanto, este está sofrendo mudança. Portanto, tem de haver algo além do universo material, que é a soma total de toda matéria, do espaço e do tempo. Essas três grandezas dependem umas das outras. Portanto, o tal Ser externo ao universo está fora da matéria, do espaço e do tempo. Ele não sofre mudança. Ele é a Fonte imutável da mudança. Ele é Deus.

Fonte: http://www.strangenotions.com/god-exists/
Tradução do livro MANUAL DE DEFESA DA FÉ – APOLOGÉTICA CRISTÃ, de Peter Kreeft e Ronald K. Tacelli

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