20 argumentos a favor da existência de Deus – 2º. Argumento da causalidade eficiente

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Podemos notar que algumas coisas causam outras coisas (fazem com que elas tenham início, que continuem a existir, ou ambos os efeitos). Um homem tocando piano, por exemplo, está “causando” a música que ouvimos. Se ele parar, o mesmo acontece com a melodia.

Agora faça a si mesmo a seguinte pergunta: Todas as coisas que existem neste exato momento estão sendo causadas à existência? Suponhamos que sim. Suponhamos que não exista um Ser não-causado, nenhum Deus. Então, nada poderia existir agora mesmo. Lembremos que todas as coisas precisam de uma causa presente fora de si mesmas para que possam existir. Portanto, agora mesmo, todas as coisas, incluindo todas aquelas que estão causando outras coisas, precisam de uma causa. Elas podem gerar algo ape­nas se estiverem sendo trazidas à existência. Tudo que existe, portanto, tem necessidade de ser causado à existência. Mas causado pelo que?

Afirmar que Deus não existe é equivalente a dizer que toda a realidade seria dependente do nada. Essa afirmação é absurda! A hipótese de que todos os seres são causados, mas que não há um Ser não-causado, é ridícula. Portanto, tem de haver algo não causado, algo do qual todas as coisas que precisam de causa eficiente para existirem sejam dependentes.

A existência é como um presente dado pela causa ao efeito. Se não há ninguém que possua o presente, este não pode ser passado adiante na cadeia de receptores, não importando o quanto esta seja curta. Se todas as pessoas precisarem tomar emprestado determinado livro, mas ninguém realmente tiver a obra, então nenhuma delas nunca irá consegui-la. Se não existisse um Deus que possui auto-existência e cuja natureza é eterna, então o dom da existência não poderia ser passado adiante às criaturas, e nós nunca poderíamos recebê-lo. Entretanto, nós existimos. Portanto, tem de existir um Deus, um Ser não-causado, que não precisa receber a existência como nós ou como qualquer outro elo da cadeia de receptores.

Primeira questão: Por que necessitamos de uma Causa não-causada? Por que não pode haver simplesmente uma série infinita de coisas, que mutuamente mantêm umas às outras em existência?

Resposta: Essa é uma hipótese bastante atraente. Pensemos em um indivíduo bêbado. Ele provavelmente não conseguirá manter-se de pé sozinho. Entretanto, um grupo de bêbados, to­dos eles sustentando-se uns aos outros, poderá manter-se de pé. Eles podem até mesmo conseguir caminhar pela rua. Notemos, porém, que por haver tantos bêbados e um chão firme debaixo dos pés deles podemos compreender que o andar cambaleante de cada um pode cancelar o dos demais, e o grupo pode permanecer (relativamente) ereto. Mas não poderíamos compreender como os bêbados permaneceriam de pé se o chão abaixo deles não os sustentasse, se estivessem suspensos vários metros acima do chão, e se não houvesse realmente vários deles, para apoiarem-se.

Isso nos leva de volta ao argumento. As coisas precisam existir de maneira a serem mutuamente dependentes. Elas não podem depender umas das outras para sua existência total, porque assim teriam de ser, simultaneamente, a causa e o efeito umas das outras. Um raciocínio do tipo: “A” causa “B”, “B” causa “C”, e “C” causa “A” é absurdo! Tenta provar porque o mundo de causas causadas pode ser trazido à existência ou estar presente, sob o pressuposto de que uma coisa pode existir apenas porque algo mais está gerando sua existência. Se fosse assim, então teria de haver algo que não esteja recebendo existência de nada. Caso contrário, tudo o que existe necessitaria, ao mesmo tempo, ser trazido à existência, mas nada (acrescido a esse tudo) poderia existir para produzir tal existência. Isso significaria que o nada realmente existe.

Segunda Questão: Por que não poderia haver uma série infinita de causas causadas remontando ao passado? Então, tudo existiria, embora suas causas não estivessem mais presentes.

Resposta: Em primeiro lugar, se o argumento Kalam (sexto argumento neste capítulo) estivesse correto, não poderia haver uma série infinita de causas remontando ao passado. Suponhamos, porém, que exista tal série. O argumento não leva em consideração o passado. Estaria correto apenas se este último fosse considerado finito ou infinito. Mas o argumento enfoca apenas aquilo que existe agora mesmo.

Mesmo enquanto lê este texto, você depende de outras coisas para existir. Você não poderia existir neste instante sem elas. Suponhamos que haja sete dessas coisas. Se estas sete coisas não existissem, você também não existiria. E considere que todas as sete coisas, para existirem, dependam de outras coisas. Sem estas, as sete coisas das quais você depende não existiriam, e você também não. Agora, imagine que o universo inteiro consiste em você e nessas sete coisas que o sustentam. Se não houvesse nada além desse universo de coisas mutáveis e dependentes, então o universo — e você como parte dele — não poderia existir. Isso porque tudo o que existe agora mesmo teria a necessidade de receber existência; entretanto, não haveria nada capaz de fornecê-la. No entanto, você existe, bem como tudo o mais à sua volta. Portanto, tem de haver nesse caso Algo existente além do universo de coisas interdependentes—Algo que não possua essa dependência como nós.

Obviamente, em nosso mundo, existem muito mais do que sete coisas que precisam, neste instante, receber existência. En­tretanto, essa necessidade não é reduzida pelo fato de haver mais do que sete coisas. Enquanto imaginamos um número cada vez maior delas — talvez até um número infinito, se possível — estaríamos apenas expandindo o grupo de seres que necessitam de existência. E essa necessidade — de existir, de ser algo — não pode ser produzida a partir de dentro desse grupo. Entretanto, logicamente, essa necessidade foi satisfeita, uma vez que existem seres contingentes. Portanto, existe uma Fonte de existência da qual nosso universo material depende neste instante.

Fonte: http://www.strangenotions.com/god-exists/
Tradução do livro MANUAL DE DEFESA DA FÉ – APOLOGÉTICA CRISTÃ, de Peter Kreeft e Ronald K. Tacelli

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