Detonando o vídeo: As pessoas adoram um Deus genérico e falso ao invés do Deus da Bíblia?

Não gosto de dar trela pra esse Tonho e seus amigos mas é importante detonar essas mentiras. Não vou aqui detonar esse vídeo completo mas só essa parte.

O texto em questão é Dt. 32, 8-9:

Quando o Altíssimo deu a cada nação uma herança,
Quando separou os filhos de Adão uns dos outros,
Ele estabeleceu os limites dos povos,
Segundo o número dos filhos de Israel.
9 Pois o povo de Jeová é sua porção,

É engraçado que o Tonho pega pessoas simplórias para “debater” e sai cantando vitória e sabichão. Já postamos um vídeo do Inspiring Philosophy respondendo a uma ateísta sobre isso.

A alegação desses caras basicamente é que o Altíssimo aqui é Elyon, o deus máximo do panteão e ele distribuiu as terras aos deuses e deu a Yahweh, ou Javé, a porção de Israel. A alegação do Tonho e outros é que Deus fazia parte de um panteão cananeu, de acordo com esse texto, e que o monoteísmo foi se desenvolvendo com o tempo, ainda mais depois do exílio babilônico.

Mas será que isso é verdade?

É preciso notar que Superlativo quanto ao lugar ou à posição. A palavra hebraica ʽel·yóhn, usada com referência a Jeová como o “Altíssimo”, também é aplicada a outras pessoas ou coisas: ao Rei messiânico, o Davi Maior, como estando acima dos reis terrestres (Sal 89:20, 27), ao lugar acima das nações, prometido a Israel (De 26:18, 19), ao cesto de cima (Gên 40:17), ao portão superior (2Rs 15:35), ao reservatório de água superior (2Rs 18:17), ao pátio superior (Je 36:10), ao andar superior (Ez 41:7), aos refeitórios de cima (Ez 42:5), a Bete-Horom Alta (Jos 16:5), e à nascente superior das águas de Giom (2Cr 32:30). Tais usos ilustram que ʽel·yóhn denota posição ao invés de poder.

Quando aplicado a Jeová, o termo “Altíssimo” destaca sua posição suprema, acima de todos os demais. (Sal 83:18) Esse título aparece pela primeira vez em Gênesis 14:18-20, junto com ʼEl (Deus), onde Melquisedeque é chamado de “sacerdote do Deus Altíssimo”, e, nessa qualidade, abençoa Abraão, bem como ao Deus Altíssimo. “Altíssimo” é usado em combinação com o nome divino, Jeová (Gên 14:22; Sal 7:17), e com o plural de excelência ʼElo·hím (Deus) (Sal 78:56), e também aparece isoladamente. — De 32:8; Sal 9:2; Is 14:14.

A alegação do Tonho é: Ele está distribuindo para ele mesmo? Como vimos, o texto não diz que El deu a Yahweh a porção e sim que Elyon (o Altíssimo) deu a porção de Jacó, que é Seu povo.

Otto Eissfeldt disse que:

“O autor da canção evitou a forma verbal ativa e, portanto, não diz que Elyon deu Israel ou Jacó a Yahweh mas apenas diz que Israel se tornou propriedade de Yahweh”. (“El and Yahweh,” Journal of Semitic Studies 1.1 (1956)

O título Elyon era usado para deuses cananeus mas isso não significa que a Bíblia ensina politeísmo ou que eram politeístas nesse texto.

Otto Eissfeldt, em seu artigo “El and Yahweh”, publicado no Journal of Semitic Studies em 1956, argumenta que El e Yahweh, duas figuras proeminentes na religião israelita, não eram originalmente deuses distintos, mas sim representações diferentes do mesmo Deus supremo.

Principais pontos do artigo:

  • El e Yahweh como títulos divinos: Eissfeldt argumenta que El e Yahweh eram originalmente títulos divinos genéricos, não nomes próprios. El significava “Deus” em geral, enquanto Yahweh era um epíteto particular de El, possivelmente significando “Deus forte” ou “Deus fiel”.
  • Evolução religiosa: Eissfeldt sugere uma evolução na religião israelita, onde o culto a Yahweh gradualmente se tornou dominante, eclipsando o culto a El mais genérico. Ele vê isso refletido na literatura bíblica, onde o uso de Yahweh se torna mais frequente ao longo do tempo.
  • Continuidade e diferenciação: Apesar da crescente importância de Yahweh, Eissfeldt enfatiza que El e Yahweh não eram totalmente distintos. Eles compartilhavam atributos e funções semelhantes, e a transição do culto a El para o culto a Yahweh não foi uma ruptura completa, mas sim uma mudança gradual de foco.

Importância do artigo:

  • O artigo de Eissfeldt teve um impacto significativo no estudo da religião israelita, desafiando a visão tradicional de El e Yahweh como deuses distintos.
  • Suas ideias sobre a evolução religiosa e a continuidade entre El e Yahweh continuam a ser debatidas pelos estudiosos, mas elas abriram novas perspectivas para a compreensão da história e da teologia do antigo Israel.

Para saber mais:

A resposta a este versículo depende da interpretação que se dá a ele. Os cristãos que acreditam na monoteísmo geralmente interpretam este versículo de uma forma que não implica o politeísmo. Eles argumentam que o “Altíssimo” é simplesmente um título para Deus, e que as nações foram divididas entre os diferentes povos que as habitavam.

Uma maneira de responder a este versículo é reconhecer que a Bíblia foi escrita em um contexto cultural que era politeísta. Os israelitas estavam cercados de povos que adoravam vários deuses, e a Bíblia reflete essa realidade. No entanto, a Bíblia também ensina que existe apenas um Deus verdadeiro, o Deus de Israel.

Primeiro, o versículo faz parte de um discurso que Yahweh está fazendo aos israelitas. Yahweh está afirmando sua soberania sobre todas as nações, e ele está usando o termo “Altíssimo” para se referir a si mesmo.

Segundo, o contexto histórico de Deuteronômio é o período pós-exílio, quando os israelitas estavam tentando reconstruir sua identidade nacional. Neste contexto, é provável que os israelitas estivessem enfatizando a exclusividade de Yahweh, e eles não teriam usado o termo “Altíssimo” para se referir a um deus cananeu.

Terceiro, o uso do termo “Altíssimo” para se referir a Yahweh é consistente com o resto da Bíblia hebraica. A Bíblia afirma repetidamente que Yahweh é o único Deus verdadeiro.

Portanto, é provável que o “Altíssimo” em Deuteronômio 32:8 se refere a Yahweh, e não a Elyon de um panteão cananeu.

Mark Smith disse que:

O compositor de Deuteronômio provavelmente só pensou de El e Elyon como títulos para Yahweh (God in Translation)

No entanto, Smith também observa que esta interpretação não é necessariamente a única possível. Ele sugere que o versículo pode ser interpretado de uma maneira que seja consistente com a visão monoteísta da Bíblia. Por exemplo, ele pode ser interpretado como significando que Deus dividiu as nações entre os diferentes povos que as habitavam.

Todos os estudos acadêmicos demonstram que já nessa época se considerava Yahweh como o Altíssimo.

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui