VÍCIOS | COMO SE LIVRAR DELES (O Que Não Te Falam…)

Como se livrar dos vícios

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Você tem algum vício? Convive com alguém que tem? A chance é enorme de que você tenha respondido sim às duas perguntas, pois nossa sociedade não anda nada saudável.

Os vícios são tão comuns, que atingem uma parcela enorme da população mundial. E isso tem um grande impacto em nossa vida– tanto de forma individual quanto coletiva. Mas o que é um vício, afinal?

No que podemos nos viciar? Será que vício tem cura? Como se livrar deles? É sobre esse tema tão importante que vamos falar hoje. Então vem comigo!

Para começar, vamos entender o que caracteriza um vício. Segundo o médico canadense Gabor Maté, especialista no assunto, o vício, também chamado de dependência, é um comportamento constante onde a pessoa
encontra um prazer ou alívio temporário, que gera consequências negativas no longo prazo, e que, mesmo assim, ela não para ou, mesmo que tente, não consegue parar.

Podemos nos viciar basicamente em qualquer coisa. Como compras, comidas, jogos de azar, hábitos considerados saudáveis, celular, videogame, sexo, trabalho e até mesmo água ou música.

E segundo o próprio Gabor, o mundo todo está repleto de vícios e compulsões em quase todos os níveis. E para piorar, existe toda uma economia baseada em atender a esses vícios.

Ou seja, o sistema e as empresas querem que as pessoas continuem viciadas de inúmeras maneiras, pois isso é lucrativo. Mas por que esses vícios surgem, afinal? Para entendermos isso, precisamos entender quais são os benefícios que eles geram no curtíssimo prazo.

As frases comuns entre pessoas com os mais variados vícios nos mostram muita coisa. Elas costumam dizer que aquele vício “oferecia um alívio para a dor”, “gerava uma sensação de conexão”, “dava uma sensação de
significado” ou até mesmo de “estar vivo”.

Ou seja, aquele vício preencheu alguma necessidade humana naquela pessoa, que ela não estava conseguindo preencher de outra forma. Portanto, uma parte principal dos vícios, tem a ver com não suportar estar presente em sua própria vida.

E aqui temos um fato muito importante. Quando se olha para uma população de dependentes químicos, o que se observa é que quanto mais adversidades na infância, maior o risco de dependência.

Então, isso mostra que o vício está sempre relacionado a traumas e adversidades na infância. Mas atenção. Não significa que qualquer pessoa traumatizada se tornará dependente. Mas sim que todos os dependentes passaram por traumas.

E nem sempre é possível descobrir qual foi esse trauma. Portanto, em outras palavras, os vícios estão muito atrelados a dores emocionais. Certo. E como será que estamos lidando com quem está sofrendo com algum vício? Será que nós como familiares, amigos e sociedade estamos agindo bem?

Será que os tratamentos existentes estão realmente funcionando? Todo o sistema atual está baseado em dois fatores: culpa e punição. Acreditamos que a dependência é uma escolha, coisa de fracassado.

Então, queremos puni-los, na intenção que eles entendam e mudem. E assim, agredimos, envergonhamos e até colocamos fichas criminais em muitos dependentes. Ou seja, nós criamos mais barreiras para
eles se sentirem conectados com a sociedade e encontrarem um sentido na vida.

E, como já mostramos, um dos fortes fatores que levam muitas pessoas a se tornarem dependentes é exatamente essa sensação de desconexão,
de falta de sentido na vida.

Portanto, é óbvio que esse sistema de punição não vai funcionar. Muito pelo contrário, deixará a situação ainda pior. E perceba que não estou falando apenas do sistema público, leis e tratamentos.

Nós, como sociedade, também fazemos isso. Fazemos isso como amigos, familiares e até como cidadão comum no dia a dia. Em todos os níveis, olhamos para os dependentes como seres fracassados que escolheram o caminho errado.

Então, é importante quebrarmos esse mito. Vício não é questão de escolha. E também não é genético, como muitos dizem por aí. É muito comum vícios virem sim de família, mas tende a ser muito mais comportamental do que genético.

Por exemplo, uma pessoa pode ter tido um pai alcoólatra, que era ausente e até lhe batia, e agora, como adulta, acabou se tornando alcoólatra também. Ou seja, ela teve traumas e dores emocionais e acabou encontrando na bebida um pouco de alívio para aquela dor.

Pode sim haver uma predisposição genética. Mas isso é diferente de predeterminação genética. Ou seja, aquele indivíduo não está programado para ter aquele mesmo vício.

Mas e os tratamentos, será que não funcionam? Será que os profissionais de saúde não sabem o que estão fazendo? Segundo o próprio Gabor Maté, que já ganhou prêmio pelo seu trabalho, estamos falhando até mesmo no meio médico.

Ele diz que o estudante comum de medicina nos Estados Unidos, não costuma participar de uma única aula sequer sobre trauma emocional. Então, como podemos esperar que esses profissionais saibam lidar com a raiz do problema?

Como todo o sistema está baseado na punição, a maior parte dos profissionais de saúde continua acreditando nessa ideia e atuando dessa forma.

Mas se tudo isso está errado, então o que podemos fazer a respeito? Vejamos o caso de Portugal. Nos anos 2000, Portugal tinha um dos piores problemas com drogas na Europa.

1% da população era viciada em heroína, que é uma espécie de alucinógeno. Por anos eles ficaram tentando esse modelo americano baseado na punição, que pune de diversas maneiras, estigmatiza e envergonha os viciados cada vez mais, e que é usado por inúmeros países, incluindo o Brasil. Resultado?

A situação só se agravava no país. Incomodado com isso, um dia o primeiro-ministro montou um comitê com vários cientistas, liderado pelo Dr. João Goulão, com o intuito de encontrar soluções que mudassem esse cenário.

A solução que encontraram foi que o governo deveria discriminalizar todas as drogas – da maconha ao crack. Parece absurdo, não é verdade? Mas não fizeram apenas isso.

E aí vem o ponto principal que faria a ideia funcionar. O governo também deveria pegar todo o dinheiro que gastavam em métodos que isolavam e desconectavam os viciados, e, ao invés disso, gastá-lo para reconectá-los à sociedade.

E a base dessa ideia de reconexão era um forte programa de criação de emprego para os dependentes, e também microcrédito para que eles pudessem criar seus pequenos negócios. O objetivo era garantir que todo viciado de Portugal tivesse uma boa razão para se levantar de manhã e tocar sua vida.

E qual foi o resultado de tudo isso? De acordo com o British Journal of Criminology, o uso de drogas injetáveis caiu em torno de 50% em Portugal. Além disso, casos de overdose e HIV entre viciados também estão reduzindo drasticamente.

E, segundo relatos de viciados em Portugal, à medida que redescobriram um propósito, redescobriram também relacionamentos e vínculos com a sociedade.

Tudo isso mostra que o grande problema dos vícios não está relacionado ao objeto de uso. Não são as drogas ilícitas, as compras, os jogos de azar ou mesmo o celular o problema.

Prova disso é que se você sofrer um acidente, for internado e precisar ficar tomando diamorfina por algum tempo, que é uma espécie de heroína muito mais pura e potente, você não sairá do hospital babando em busca de mais doses.

Portanto, a verdadeira raiz dos vícios é a dor emocional, a sensação de desconexão. E isso pode parecer contraditório, pois estamos vivendo em uma era muito conectada, não é verdade?

Mas esse é um dos grandes problemas. Atualmente nossas conexões são frágeis. Não estamos tendo conexões profundas nem mesmo com nossa família e amigos.

Temos medo de ter esse contato mais profundo, de fazer perguntas sérias, de abrir nosso coração, de ouvir de verdade, de refletir e de sentir a dor do outro.

Tudo isso envolve muita empatia e compaixão e não estamos dando atenção a isso. Essa desconexão é a grande vilã da nossa sociedade atual.

É ela que está por trás dos grandes males da atualidade, como os vícios, a depressão, a ansiedade, entre muitos outros. Falamos muito sobre recuperação individual, e ela tem o seu papel.

Mas precisamos muito mais de uma recuperação social. Precisamos repensar como estamos vivendo. Certo. E o que podemos fazer, então? Bom, a base de tudo é melhorarmos nossa relação com nós mesmos e também nossa relação com os outros.

Precisamos desenvolver a escuta ativa, o amor, a empatia e a compaixão. Valorizar mais o que realmente importa, como a família, amigos, a saúde, a vida e momentos uns com os outros.

Além de sermos menos individualistas e materialistas, buscando resgatar aquele sentido de comunidade, onde um se importa com o outro. Tudo isso exige quebras de paradigmas e um certo esforço, tanto individual quanto coletivo.

E não tem fórmula pronta. Portanto, há solução, mas ela passa por uma forte mudança. E a ação deve ser sempre baseada em amor, empatia e compaixão, que parece que estamos perdendo cada vez mais.

E aqui vão mais algumas dicas importantes. Se você está passando por algum vício e não está conseguindo parar, em primeiro lugar, busque ajude profissional. Mas tente encontrar alguém que não trabalhe com a visão de culpa e punição.

Além disso, procure se cercar de pessoas que estimulem hábitos positivos em você e se afastar daquelas que estimulem hábitos negativos. Muito provavelmente você precisará reconstruir sua vida social.

Dá trabalho, mas vai valer a pena. Procure também se ocupar com ações positivas. Leia bons livros, assista a bons filmes, documentários e palestras, faça trabalhos manuais e coisas que estimulem sua criatividade.

Também pratique exercício físico, durma bem e tenha uma alimentação saudável, baseada em frutas e vegetais. Busque também desenvolver o autoconhecimento.

Se conseguir, pratique meditação e faça exercícios de respiração. E em termos profissionais, procure um trabalho que faça sentido para você, mesmo que você tenha que se tornar seu próprio chefe ou
aceitar ganhar menos.

E também participe de trabalhos voluntários, pois eles ajudam muito a ampliar nossa conexão. Tudo isso mudará completamente sua visão de você mesmo e do mundo ao seu redor.

E se você conhece alguém lutando contra um vício, o caminho pode ser tentar mostrar que você se importa, que você está ali, se aquela pessoa precisar. Ou seja, tentar ampliar sua conexão com ela. Isso não é nada fácil e nem será a solução mágica de tudo.

Mas se isolarmos ainda mais aqueles que amamos, a chance é enorme de só piorar a situação. Portanto, em todos os níveis que estivermos trabalhando, seja político, social ou individual, o núcleo da mensagem deve ser sempre: “Você não está sozinho. Estamos com você”

Lembre-se: O oposto de vício não é sobriedade. O oposto de vício é conexão. Então, vamos ampliar e aprofundar nossas conexões. E você, sofre com algum vício? Alguém que você ama está passando por isso? Compartilhe sua experiência, assim outros podem se beneficiar também.

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