Resposta à “contradição do beijo”

Não sou de fazer publicidade a esses canais ateístas mas é bom dar uma resposta para não enganarem outras pessoas. O objetivo deles é lançar dúvidas e confundir a cabeça das pessoas. Nosso intuito é desmascarar isso e esclarecer.
O primeiro ponto é esclarecer o que é uma “contradição”. Já falamos sobre isso aqui. Antes de continuar, leia esse artigo ou não vão entender os passos. Uma contradição é quando em A diz uma coisa e B outra, contradizendo ou anulando um ao outro. Uma omissão de informação não é uma contradição. Uma pessoa vendo um acidente de carro num cruzamento pode ter visto o carro azul batendo no vermelho de um ponto enquanto outra de outro ponto. Não é uma contradição mas informações diferentes do mesmo ponto.

O que constitui uma contradição? A lei da não contradição, que é a base de todo pensamento lógico, afirma que uma coisa não pode ser  a  e  não-  a ao mesmo tempo. Em outras palavras, não pode estar chovendo e não chovendo ao mesmo tempo.

Se alguém pode demonstrar uma violação deste princípio das Escrituras, então e somente então pode provar uma contradição. Por exemplo, se a Bíblia dissesse – o que não diz – que Jesus morreu por crucificação tanto em Jerusalém quanto em Nazaré ao mesmo tempo, isso seria um erro comprovável.

Ao enfrentar possíveis contradições, é da maior importância lembrar que duas afirmações podem diferir uma da outra sem serem contraditórias. Alguns não conseguem distinguir entre contradição e diferença.

Por exemplo, o caso dos cegos em Jericó. Mateus relata como dois cegos encontraram Jesus, enquanto Marcos e Lucas mencionam apenas um. No entanto, nenhuma dessas afirmações nega a outra, mas sim são complementares.

Algumas “contradições” surgem quando temos dois ou mais relatos sobre o mesmo incidente. Por exemplo, em Mateus 8:5 lemos que, quando Jesus entrou em Cafarnaum, “veio a ele um oficial do exército, suplicando-lhe” que Jesus curasse o servo dele. Mas em Lucas 7:3 lemos que esse oficial do exército “enviou-lhe anciãos dos judeus para lhe pedirem [i.e., a Jesus] que viesse e fizesse seu escravo passar por isso a salvo”. Foi o oficial do exército quem falou com Jesus ou enviou ele anciãos?

A resposta, obviamente, é que o homem enviou anciãos dos judeus. Então, por que diz Mateus que o próprio homem suplicou a Jesus? Porque, na realidade, o homem pediu isso a Jesus por meio dos anciãos judeus. Os anciãos serviram de porta-vozes dele.

  1. Olhando para as duas afirmações conforme o cético afirmou, vemos que definitivamente haveria uma contradição entre a primeira afirmação expressa como “Sim, Judas identifica Jesus com um beijo” X a segunda afirmação “Não, Judas não identificou Jesus com um beijo, mas Jesus se identificou em vez disso. ” No entanto, a próxima questão seria se os versículos da Bíblia citados pelos céticos apóiam essas duas afirmações.
  2. O cético citou com precisão as três passagens usadas para apoiar a primeira afirmação de que Judas identificou Jesus com um beijo. Mateus 26: 47-49, Marcos 14: 43-45 e Lucas 22: 47-48 todos mencionaram Judas beijando Jesus. Tanto Mateus 26:48 quanto Marcos 14:44 mencionaram que Judas iria identificar Jesus com um beijo. Em Lucas 22:48, vemos Jesus perguntando retoricamente a Judas se ele iria trair o Filho do Homem com um beijo que demonstra que Jesus sabia o que Judas estava fazendo.
  3. Quando examinamos mais cuidadosamente a passagem usada para apoiar a segunda afirmação, encontramos um problema. João 18: 3-5 não apóia a afirmação de que “Não, Judas não identificou Jesus com um beijo, mas Jesus se identificou”.

Parece que o cético pode ter ficado preso à observação de que no Evangelho de João a passagem menciona a iniciativa de Jesus em se identificar com o grupo de homens armados, enquanto outras passagens não mencionam esses detalhes específicos. Mas Jesus se autoidentificando com o grupo de homens armados não é contraditório com o fato de que Judas também identificou Jesus com um beijo por causa dos homens armados. Tenha paciência enquanto explico a seguir meu raciocínio.

  1. Esses homens armados provavelmente não sabiam com certeza a aparência de Jesus, ou pelo menos a maioria deles não sabia. Aqui estão as razões pelas quais digo isso:
    1. Se eles fossem capazes de se identificarem com Jesus com certeza, não faria sentido porque Judas os acompanhou.

Depois, aos 3:05 ele fala que Jo. 18,3 diz “coorte”. Sim, é verdade mas ele alega “seriam necessários 600 soldados para prenderem Jesus?” O que ele não entende, por puro simplismo, é que foi um destacamento dos soldados da Fortaleza Antonia. João 18, 3 mencionou que o corpo de homens armados incluía ” a coorte romana “. Esses soldados gentios não teriam sido os especialistas residenciais em identificar um pregador religioso judeu na escuridão da noite. Não se esqueça de que esta região estava sob o Império Romano nessa época e eles provavelmente teriam exercido alguma liderança neste grupo de ataque. Então, para eles, trazer uma pessoa de dentro dos discípulos de Jesus para identificá-Lo com certeza faz sentido.

Além disso, observe João 14 de perto. Quando Jesus perguntou ao grupo de homens armados “ Quem vocês procuram? ”(V.4) eles nem mesmo perceberam que estavam falando com o próprio Homem que procuravam. Observe em João 14: 5 como eles responderam à pergunta de Jesus dizendo ao próprio Jesus “ Jesus, o Nazareno. 

 João 18 nunca diz, “não houve beijo”. O beijo simplesmente não é mencionado por João e teria ocorrido entre os versículos 18: 3 e 18: 4. A multidão esperou enquanto Judas chegava e beijava Jesus (Mt 26:49). Judas então recuou em direção à multidão e ficou com eles (18: 5). Então o próprio Jesus se move em direção à multidão, diz a eles quem Ele é, e eles recuam. Quando eles se levantam, colocam as mãos sobre ele (Marcos 14:46) e depois o amarram (18:12). Chama-se somar dois e dois!

Depois, aos 3:37 pergunta por que Jesus foi julgado pelos judeus e não por Pilatos.

A base jurídica do povo hebreu era o Torah e a Misnah. Os juízes aplicadores do direito compunham o Sinédrio. Na época, o Governador era Pôncio Pilatos, o que possuía o chamado ius gladii, ou seja, o poder da vida e da morte.

Jesus passou por dois julgamentos: um religioso, perante o Sinédrio, e outro político, diante de Pilatos. As acusações políticas eram: sedição, declarar-se rei e incitar o povo a não pagar impostos a César.

O Sinédrio não tinha o poder para decretar a pena capital. Por isso, Jesus foi acusado de ter instigado o povo à revolta (sedição), incitando-o a não pagar tributos a Cesar e de ter se proclamado rei (crimen laesae majestati).

A história da morte de Jesus começa com a sua prisão. A prisão de Jesus aconteceu na noite de quinta-feira, véspera da Páscoa, sem qualquer mandado. A história conta que Judas Iscariotes entregou Jesus aos sacerdotes. Teria traído o seu Mestre por 30 moedas de prata.

Encaminhado a Pilatos, este, em um primeiro momento, enviou Jesus ao rei Herodes para julgamento. Herodes devolveu Jesus sem sentença. Não havia acusação, prisão ilegal, processado por Juízo incompetente.

Uma possível ordem de eventos:

  1. Judas identifica Jesus com um beijo
  2. Jesus pergunta: “Judas, trai o Filho do homem com um beijo?”
  3. Jesus pergunta aos outros: “A quem buscais?”
  4. Eles dizem a Ele que estão procurando Jesus de Nazaré
  5. Jesus responde: “Eu sou ele.”

Não há contradição – precisamos apenas juntar as peças.

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