A psicologia e a homossexualidade

digitalizar0004Para uma compreensão ampla deste tema é necessário entender, em primeiro lugar, que a psicologia é uma ciência e, como tal, está em construção e é passível de ser questionada em suas formulações. Se ela se tornar refratária a ser questionada vira um dogma e uma religião, não mais uma ciência. Também como ciência a psicologia é fruto do tempo e do espaço no qual está inserida. Assim, muitos dos “achados” da psicologia de hoje se tornarão obsoletos amanhã em virtude das mudanças que vão ocorrer na própria sociedade.  Por exemplo: há bem poucos anos a psicologia não se preocupava com “patologias” atuais como: anorexia, bulimia, compulsões por jogos cibernéticos, etc,
Da mesma forma, a questão da atração homoerótica, em especial, faz parte de uma agenda da sociedade atual, com seus desdobramentos dentro das secretarias de direitos humanos e a necessária discussão de alternativas para a inclusão social de um grupo crescente de pessoas (como os gays e os divorciados) que influem fortemente na economia neoliberal e são, portanto, indispensáveis de terem nossa atenção em nosso mundo movido pelo capital.

A aparente “agenda humanitária” em prol do movimento gayesconde, na verdade, um ENORME interesse econômico e social por parre dos governos ocidentais capitalistas. Resumindo, trata-se de uma agenda de nossos dias, à qual somos chamados a dar nossa opinião e contribuição. Então se mesclam elementos de ciência e de não ciência na construção dessa agenda. Se por um lado não podemos negar que o preconceito social tem causado danos profundos em vidas de pessoas que não fizeram nada para construí- rem sua atração homoerótica, por outro lado reparar este preconceito com pseudofundamentaçôes científicas pode ser igualmente perigoso, pois pode causar amarras na busca verdadeiramente científica de um fenômeno até o momemo inexplicável.

Infelizmente a psicologia no Brasil é norteada por um conselho de classe que tem matizes muito mais político-ideológicos do que científicos e que, para manter-se no poder, sintonizou sua agenda com a Secretaria dos Direitos Humanos do governo, que, por suas origens ideológicas, sempre se define em prol de minorias excluídas, tratando a maioria como “errada e opressora”.

Diante deste quadro, o psicólogo que tem suas convicções pessoais baseadas nos ensinos do evangelho deve ter a habilidade de manter um equilíbrio que lhe proporcione tanto acolher todas aspessoas, conforme o próprio ensino de Cristo: “Deus não faz acepção de pessoas’; como não assumir uma agenda política contemporânea de forma acriteriosa, por motivos “pseudo-humanitários”. Tal equilíbrio nem sempre é fácil.

O CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos tem tentado dar uma resposta equilibrada a este momento histórico. Talvez tenhamos acertado em algumas coisas e errado em ourras, mas
cremos que nossa frágil tentativa de resposta é algo que agrada a Deus (como disse Thomas Merton: “Senhor, não sei se estou te agradando, mas sei que o desejo de te agradar te agrada!”). Como instituição nós promovemos dois fóruns de discussão sobre o tema e tivemos expositores com distintos pontos de vista – representando a diversidade das escolas de psicologia – e, como sinal mais marcante de nossa fé comum, cada pessoa pôde expor suas ideias e ser escutada de forma respeitosa e amorosa, sem os emocionalismos e extremismos típicos de discussões sobre temas como este no meio psi.

Não posso dizer que construímos uma “teoria abrangente, científica e biblicamente fundamentada sobre o assunto’; mas posso afirmar que todos nós saímos enriquecidos com as diversas experiências compartilhadas e um pouco mais aptos para enfrentarmos as demandas de resposta da sociedade atual sobre o assunto: seja esta demanda ad- vinda do meio científico ou dos irmãos que compartilham a mesma fé.

O GRANDE objetivo do CPPC é exatamente discutir estas pautas trazidas pelas demandas sociais modernas à luz dos princípios que encontramos nos ensinos de Cristo – o que denominamos “psico- teologia” Não pretendemos criar uma escola de psicologia nem desenvolver novas teorias, porém ter um olhar diferenciado para a pessoa humana, a qual, em fi entender, não é resultado de um acidente cósmico, mas fruto da livre, espontânea e criativa vontade de Deus, portando de uma inexorável sua imagem e sem – ainda que muitas vezes desfigurada pelo pecado. Somos chamados a imitar o filho pródigo na parábola de Lucas 15 e ir ao encontro do ser humano mal cheirando a chiqueiro e desfigurado pelo pecado e acolhê-lo,  e desfigurado pelo pecado e acolhê-lo, restaurando-o à dignidade de criatura e de filho amado do Pai.
Esses são alguns pensamentos de um psicólogo que tem 30 anos de profissão e 36 de fé cristã e ainda se sente um aprendiz do caminho.

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526_m_Carlos_Catito_GrzybowskiAutor: CARLOS GRZYBOWSKI. Ph.D., é psicólogo e terapeuta familiar, com mestrado e doutorado pela UFPR.
Fonte: Revista Apologética Cristã

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