Refutação à “NA IDADE MÉDIA A TERRA ERA PLANA”

venus1Desta feita vamos responder ao post NA IDADE MÉDIA A TERRA ERA PLANA, da NetNature. Numa matéria simplista e altamente tendenciosa, tenta alegar que os medievos afirmaram que a terra era plana. Vamos analisar isso com mais profundidade e exatidão. As citações do site estão em citação e minhas respostas a seguir.

A ideia de Terra Plana na Idade Média ocorreu sim, ao contrário do que afirma textos criacionistas. Embora ela não tenha sido unanimidade, ela foi defendida por nomes importantes do cristianismo. Por exemplo, muitas das referências de Agostinho (354d.C – 430d.C) para o universo físico implicam na crença de uma Terra Plana, inclusive se referindo a parte inferior do universo. Em uma de suas falas, Agostinho defendia:

A ignorância da página é colossal e não é à toa que esse tipo de ingrediente pseudo-histórico alimenta o ranço dos ateístas em busca de qualquer bobagem antirreligiosa. A ideia de que todos os principais pensadores cristãos durante a Idade Média temiam uma ideia de uma terra esférica é simplesmente errada. Por exemplo, no início do século XIII, S. Tomás de Aquino, em sua Summa Theologica, escreve sobre a forma esférica da terra. “Para o astrônomo e físico tanto pode revelar-se à mesma conclusão: que a terra, por exemplo, é redonda: o astrônomo por meio da matemática (ou seja, abstraindo da matéria), mas o físico por meio da própria matéria.” (Summa Theologica, Parte I, Prima Pars).

Ao pregar sobre o Salmo 61, Agostinho também faz sua crença conhecida, quando ele comenta que Cristo “mostrou-se ao longo de todas as nações em todo o mundo em volta, em grande glória, mas em grande tribulação” (Exposição sobre o Livro dos Salmos, Pais nicenos e pós nicenos, Série 1, Volume 8). Parece que Agostinho acreditava, então, em uma terra redonda. Até o pai da Igreja do século IV,  Gregório de Nissa, ensinou que a Terra era esférica, afirmando que “Como, quando o sol brilha sobre a Terra, a sombra está espalhada por sua parte inferior, porque a sua forma esférica torna impossível que ela seja envolvida ao mesmo tempo pelos raios” (Sobre a alma e ressurreição).

Gregório de Nissa viveu no século IV, Agostinho viveu no século V, e Aquino no XIII. Todos são “principais pensadores cristãos” e todos acreditavam em uma terra esférica, de modo próprio a acusação de que na Idade Média se “pensava que a terra era plana” cai por terra. Simplesmente não é verdade que a grande maioria das pessoas antes do Renascimento pensavam numa Terra plana, e acusar os cristãos modernos de fazer o mesmo é grosseria.

Diodoro de Tarso (394 d.c) defendia a ideia de que a Terra fosse plana com base nas escrituras sagradas. Diodoro foi um bispo cristão, reformador do monasticismo e teólogo. Um forte aliado da ortodoxia no Primeiro Concílio de Niceia. Ele teve um papel central no Primeiro Concílio de Constantinopla. Fundou um dos mais influentes centros do pensamento cristão da igreja antiga. Sua posição quanto a Terra Plana foi uma retórica a Fócio.

A Igreja NUNCA ensinou formal ou oficialmente que a terra fosse plana. Desde o princípio, mesmo por termos bíblicos, os cristãos em sua maioria sabiam que a terra era redonda ou geoide. Durante a Idade Média, praticamente todos os estudiosos defendiam o ponto de vista esférico como era expresso pelos gregos antigos. Pelo menos desde o século 14, a crença em uma Terra plana entre os educados era quase inexistente, apesar de representações fantasiosas em arte, como o exterior do famoso tríptico de Hieronymus Bosch, O Jardim das Delícias Terrenas, em que uma Terra em forma de disco é mostrada flutuando dentro de uma esfera transparente. De acordo com Stephen Jay Gould, “nunca houve um período de ‘que a terra fosse plana’ entre os estudiosos (independentemente de como o público em geral pode ter conceituada nosso planeta tanto naquela época quanto agora). O conhecimento grego da esfericidade nunca desapareceu, e todos os principais estudiosos medievais aceitavam a redondeza da Terra como um fato estabelecido da cosmologia. “

Então, de onde é que o mito da terra plana se originou? Começou no início de meados do século XIX, com os evolucionistas de Darwin, ansiosos para encontrar (ou inventar) motivos para desacreditar a Igreja e a autoridade cristã tradicional. A ideia foi introduzida pela primeira vez em um contexto fictício, com História da vida e viagens de Cristóvão Colombo, de Washington Irving (1828). Nesta estória, os clérigos que defendiam que a terra era plana eram contra Colombo, dizendo que ele iria cair fora da borda da terra se ele tentasse navegar a oeste.

Você pode se aliar a turma da Terra em formato de pizza, ou na versão do povo do Alaska.
Os hebreus, usaram muitos textos sagrados, que hoje fazem parte da Bíblia, e metáforas que levaram e ainda levam estudiosos a crer que a Terra fosse plana, ou que ela tem 6 mil anos, ou que tudo foi criado em seis únicos dias.

Já respondemos a isso aqui. Aqui também.

Na idade média, alguns membros da Igreja católica publicaram trabalhos que defendiam a ideia de uma Terra plana. Um deles foi o monge Cosmas Indicopleustes,

Uns gatos pingados num oceano de autoridades cristãs que nunca ensinaram que a terra era plana. Esses ateístas secularistas são ridículos.

A ideia de Terra Plana não era absoluta na Idade Média, mas muitos líderes religiosos importantes a defendiam, e com uma justificativa teológica, bíblica, literalista, declarada e claramente absurda!

Nunca foi ensinado isso. É pura mentira desse site falacioso.

James Hannam escreveu:

O mito de que as pessoas na Idade Média pensavam que a Terra era plana surgiu no século 17, como parte da campanha pelos protestantes contra a doutrina católica. Mas ele ganhou força no século 19, graças a histórias imprecisas como a ‘História do conflito entre Religião e Ciência’ (1874) e de Andrew Dickson White e de A História da Guerra da Ciência com a Teologia da cristandade’ (1896), de John William Draper. Ateus e agnósticos defendem a tese de conflito para seus próprios fins, mas a pesquisa histórica gradualmente demonstrou que Draper e White havia propagado mais fantasia do que fato em seus esforços para provar que ciência e religião estavam bloqueadas em eterno conflito.

Depois que Darwin publicou sua Sobre a origem das espécies, em 1859, dois de seus seguidores apresentaram este mito da terra plana como história real, nos livros que promoviam Darwin contra aqueles ‘cristãos ignorantes’: ‘A história do conflito entre religião e ciência’ , de John Draper (1874) e ‘A história da guerra da ciência com a teologia da cristandade’, de Andrew Dickson White (1896). A tendência tem continuado desde então, e esta falsa história é perpetuada pelos ateístas e céticos até hoje.

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