“Olá, Emerson. Gostaria de saber se o Didaquê é uma obra reconhecida pela Igreja Católica, e como ela pode ser utilizada. Obrigado.” – Wellington Paschoalli
Olá, Wellington. Prazer. Bem, o Didaquê, também é chamado de “Ensino dos Doze Apóstolos” foi, possivelmente, escrito por volta de 65-80 dC e é provavelmente o que os doze apóstolos ensinaram aos gentios a respeito da vida e da morte, a ordem da Igreja, o jejum, batismo, oração, etc. Há um debate quanto à sua autenticidade. O trabalho é citado por Eusébio, que viveu de 260-341 e Atanásio, de 293-373 . Parece ser referenciado por Orígenes, que viveu de 185-254. Na Didaqué, 16,2-3 é citado na Epístola de Barnabé em 4,9, ou vice-versa. A Epístola de Barnabé foi escrita em 130-131 dC. O Didaquê não é inspirado, mas é valioso como um documento igreja primitiva.
A expressão “Pais Apostólicos” (ou Pais da Igreja) tem sido aplicada a escritores religiosos que podem ter conhecido um dos apóstolos de Jesus ou que talvez tenham sido ensinados por discípulos instruídos pelos apóstolos. Na sua maioria, esses homens viveram entre o fim do primeiro século e a metade do segundo século d.C.. Entre eles estavam Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Pápias de Hierápolis e Policarpo de Esmirna. Durante o mesmo período, havia os escritores desconhecidos das obras o Didaquê, A Epístola de Barnabé, O Martírio de Policarpo, e a segunda carta de Clemente. O Didaquê expressa contra o aborto, por exemplo. Ele reza: “Este é o Caminho da Vida: . . . Não deveis matar a criança no ventre da mãe, nem assassinar o bebê recém-nascido.”
Dirigindo-se aos deveres dos pais, O Didaquê lê: “Você não deve reter a mão de seu filho ou de sua filha, mas você deve ensinar-lhes o temor de Deus desde a sua mocidade” (4.9). Este mandato, uma das instruções às crianças nas verdades da fé católica, reitera o tema comum de que a casa é a “Igreja doméstica”. O Magistério continua este conceito patrístico, afirmando no documento Familiaris Consortio (Papel da Família Cristã no Mundo Moderno, de 1981) n º 36, o papel especial dos pais como os primeiros educadores de seus filhos.
“Que ninguém coma ou beba da Eucaristia”, afirma O Didache 9,5, “a não ser aqueles que foram batizados em nome do Senhor.” É evidente que, desde os primeiros dias da Igreja Católica, havia algumas restrições locais para se negar o acesso ao Santíssimo Sacramento. Ainda hoje, o Código de Direito Canônico ainda mantém certos regulamentos para a recepção do Sacramento do Altar (cf. Cânones 912-919). Uma análise mais profunda do Didaquê é altamente rentável para o estudante de história ou teologia. Este trabalho do corpus patrística é certamente um dos escritos mais perspicazes datados perto da era apostólica. O documento aborda a fé, moral e disciplina; um padrão que seria seguido por muitos pronunciamentos do Magistério ao longo dos tempos.
