Testemunho de um ex-LGBT militante

5AF4772C-AB76-4E84-85BD-6E4BA02B7594_mw1024_n_sDesde que me entendo por gente sempre tive uma tendência a homossexualidade. Mas longe de mim afirmar que nasci assim, como se isso fosse algum determinismo biológico. Também não o nego. Admito uma postura um tanto agnóstica quanto o assunto da causa de tal comportamento. Que, aliás, acredito ser múltipla. E pela variedade do discurso dentro dos próprios homossexuais fica difícil apresentar uma resposta satisfatória à causa do problema tendo em vista um único fator. E de maneira nenhuma tal agnosticismo me leva a uma atitude passiva que implica que o assunto não seja importante e que devo desconsiderar aquilo que dizem contra tal comportamento. Devo sim considerar o porquê tantas pessoas em toda historia da humanidade afirmaram que a homossexualidade é um comportamento errôneo (nem mesmo na Grécia antiga ela era consenso como gostam de afirmar muitos militantes GLBTs). Não que eu esteja apelando para o consenso da maioria como prova da verdade, mas tão pouco a posição das minorias é prova de nada. A verdade independe de quantas pessoas acreditam nela. O ateísmo na maioria das vezes é o caminho necessário para a normalização do comportamento homossexual, mas para negar a existência de Deus precisamos negar os valores morais absolutos. Segundo Nietzsche é o efeito lógico que se segue da morte de Deus. Se Deus não existe, não deveria existir a ideia de valor moral absoluto. Qualquer valor seria unicamente subjetivo. As pessoas não precisariam discordar de nada.

O simples fato de existir categorias como certo e errado já é um bom indício de que há algo errado com essa cosmovisão. Aparentemente há uma grande incoerência entre a fé cristã e a homossexualidade. A grande questão para muitos homossexuais pode ser resumida na seguinte sentença: “por que Deus permitiu que eu nascesse assim se não posso usufruir de minha sexualidade?” No fundo é o velho problema filosófico do mal. Muito já foi dito a respeito e minha intenção aqui não é apresentar nenhuma teodiceia. Para muitos jovens gays, em determinado momento da vida, a questão da sexualidade começa a falar muito alto. E um meio pragmático e pouco lógico de lidar com a questão é se livrando de uma das preposições do problema filosófico do mal. Temos a homossexualidade e a questão do pecado. Como poucos infelizmente possuem uma bagagem teológica para examinar a questão da aparente incoerência, optam por negar uma das categorias. Como é impossível negar a existência dos impulsos sexuais, acabam por negar o pecado. E se quisermos ser o mais fiel possível a lógica, precisamos negar a Deus para isso. Nesse sentido o ateísmo é muito mais lógico que a teologia inclusiva. Pois é impossível negar o pecado sem negar Deus, porém é o que tenta fazer a teologia inclusiva. O problema é então contornado com uma interpretação pobre dos textos bíblicos. Como se fosse apenas uma questão de interpretação textual. Durante algum tempo antes da minha conversão ao cristianismo tentei levar a sério a possibilidade de aceitar a teologia inclusiva. Cheguei a trocar e-mails com alguns representantes dessas igrejas.

Apresentaram-me um famoso e-mail com versículos do Velho Testamento, afirmando que a Igreja escolhia o que seguir da Bíblia. Com esse argumento em mãos me senti animado com a possibilidade de esfregar na cara dos crentelhos algumas verdades. Minha primeira tentativa de tentar humilhar alguém com esses argumentos via Twitter foi um fracasso absoluto. Tentei ensinar o padre a rezar a missa. A resposta simples e coerente que recebi fez todos aqueles argumentos ruírem como um castelo de areia. Voltei a trocar outros e-mails com meu caro pastor inclusivo apresentando a resposta que havia recebido na esperança que ele demonstrasse o erro no argumento de meu adversário fundamentalista. A resposta que recebi foi de uma desilusão única: “não liguem para o que eles falam, eles sempre vão arrumar motivos para dizer que isso é pecado”. Eu não conhecia o problema filosófico do mal, mas pude perceber que mesmo na manipulação (medíocre) que tal teologia faz dos versículos bíblicos, já se encontram motivos suficientes para não levar mais aquilo a sério. Hoje além de entender a má interpretação que essa teologia faz da bíblia, percebo que há outros motivos que o tornam inconcebível, mesmo que eu aceite a interpretação bíblica do modo como apresentam. A teologia inclusiva é de uma irracionalidade assustadora. Ela na verdade torna o problema filosófico do mal insolúvel. A teologia gay é concebível com uma visão deísta de mundo, mas não com o teísmo cristão. É inadmissível o fato de Deus ter deixado a Igreja pregar durante milhares de anos que determinado comportamento fosse pecado quando na verdade não era. Diante disso, o deísmo ou mesmo o ateísmo é preferível à teologia inclusiva quando o assunto é coerência. Dentre as três opções ela é a mais pobre nos argumentos. Sempre tentei ser o mais racional possível. Sempre busquei a verdade a qualquer custo. Por isso nunca vi a teologia inclusiva como algo viável. O ateísmo sempre me pareceu uma boa escolha diante da teologia inclusiva, mas confesso que nunca tive certeza da verdade ateísta. Sempre fui agnóstico quanto a essas questões.

Minha conversão ao cristianismo se deu de maneira lenta e contra minhas vontades e meus impulsos. Foi num momento de dor, confesso. A principio considerei a ideia apenas como um meio de fugir do sofrimento. Mas Fé nenhuma se sustenta apenas por emoções. Dediquei-me a entender a fundo a fé que tinha abraçado. E isso foi minha rocha. O sentimentalismo passou e a poeira baixou. Mas minhas convicções estavam firmes. Mesmo hoje em dia, nos piores dias, quando acordo e sou tomado por um impulso irracional de querer ceder as minhas vontades sempre recorro a minha razão e me lembro dos motivos pelos quais aceitei o cristianismo como verdadeiro. Eis no meu caso um bom exemplo da importância da apologética. Eu era daqueles ativistas antirreligiosos. Participava de ONGs LGBTs, e vivia difamando pastores e lideres cristãos via Twitter. Acreditava que realmente podia mudar o mundo. Havia uma verdadeira motivação por justiça social da minha parte. Minha noção de justiça não estava errada. O que estava errado era minha visão de mundo. Aos poucos me afastei do movimento LGBT por não concordar com o reducionismo que eles tratavam a causa. Outras questões foram aparecendo. Dei-me conta do niilismo da vida. Tentei levar a sério aquela ideia de viver além do bem e do mal. Havia muitas lacunas, coisas que não se encaixavam no mundo. Dinheiro? Profissionalismo? Relacionamentos? Não era isso que realmente importava, dava sentindo a vida e movia o mundo. Porque na faculdade só me falavam do materialismo marxista? Porque não me apresentaram a meta-história de Santo Agostinho? Minha visão de mundo estava completamente bagunçada. Era como se eu enxergasse um enorme quadro de arte abstrata, daqueles que olhamos e pensamos: Mas que “porra” é essa? Eu havia encontrado em mim um desejo que nada neste mundo podia satisfazer.

Aos poucos fui dando conta de que as respostas do cristianismo caiam como uma luva diante de todos meus questionamentos. Realmente o evangelho se apresentou como uma teoria de tudo. O mundo que antes era bagunçado tomou forma. A forma da cruz. Mesmo hoje em dia ainda não estou livre de errar, mas entendo que dependo somente da graça de Deus. Que minha tendência natural não pode me levar um milímetro para perto de Deus. Mas sorte a nossa que dependemos da graça. E aqui entendo um ponto importante de toda essa questão. A realidade do pecado original. Foi quando esbravejei contra o pecado original que percebi sua realidade em mim. Foi quando por orgulho tentei negar minha natureza orgulhosa que entendi minhas motivações. Eu poderia voltar ao niilismo, mas ele não responde nada. Preciso de certezas, de dogmas. Como dizia Chesterton, são os dogmas que nos tornam humanos. Sem eles caímos na inconsciência da grama. Vejo hoje em dia muitos geneticistas mirins tentando provar que a homossexualidade é algo natural. Tenho certas duvidas sobre essa possibilidade. Porém mesmo que provem tal pressuposto, de maneira nenhuma isso implica em dizer que ela deixou de ser pecado. Como disse C.S.Lewis: “ou o cristianismo está errado ou o nosso instinto sexual, tal como é hoje em dia, se encontra deturpado. É claro que sendo cristão, penso que foi o instinto que se deturpou”. De maneira nenhuma dizer que algo é natural no sentido biológico é prova de que isso é aceitável. Dizer que nasci gay, não é nada mais do que dizer que nasci pecador. Uma das maiores verdades cristãs. Não afirmo aquele dualismo sobre o qual a carne seria má em si. Mas aquela tendência, e esta sim, determinista que temos para o pecado. Uma causa biológica para a homossexualidade seria apenas uma descrição de como isso ocorre.Buscam uma fuga. Tentam a todo custo legitimar tais comportamentos através da ciência. A ciência não é má. Não se opõe a religião como muitos ingenuamente acreditam. Mas nossa intenção em usá-la é má. Não estou demonizando a ciência, não seria louco em tentar fazer isso. Mas sim “demonizando” a motivação humana.

CS Lewis brilhantemente nos alertou sobre isso: O fato de os cientistas terem obtido sucesso onde o bruxo fracassou ergue entre eles um contraste tão forte no imaginário popular que a verdadeira história do nascimento da ciência acaba por ser mal compreendida. É possível encontrar até mesmo quem escreva sobre o século XVI dizendo que a bruxaria era então um resquício medieval e que a ciência entrava em cena para expulsá-la. Os que estudaram o período certamente são mais dignos de confiança. Havia muito pouca bruxaria durante a Idade Média: os séculos XVI e XVII foram a época de esplendor dessa prática. O grande esforço da bruxaria e o grande esforço científico são irmãos gêmeos: um deles era doente e morreu, o outro era forte e sobreviveu. Mas eram gêmeos. Nasceram do mesmo impulso. Reconheço que alguns (certamente não todos) dos primeiros cientistas eram movidos por um genuíno amor pelo conhecimento. Mas, se analisarmos o feitio daquela época como um todo, poderemos distinguir o impulso ao qual me refiro. Existe algo que une a bruxaria e a ciência aplicada ao mesmo tempo que as separa da “sabedoria” dos tempos antigos. Para os sábios da antiguidade, o problema principal era como conformar a alma à realidade, e a solução encontrada foi o conhecimento, a autodisciplina e a virtude. Tanto para a bruxaria quanto para a ciência aplicada, o problema é como subjugar a realidade aos desejos dos homens. (C S Lewis, A Abolição do Homem.)

Aleister Crowley, um ocultista mundialmente conhecido, certa vez disse que: “Magia é a arte e ciência de causar mudanças em conformidade com a vontade” Uma de suas máximas era: fazes o que tu queres. Sua definição de magia é interessante, pois ela se encaixa perfeitamente com a definição de política que vem sendo praticada por alguns grupos. Tentam usar a política como meio para atingir seus fins de autonomia moral, e modificar a realidade de acordo com seus interesses. Por isso é tão necessário o Estado laico, pelo menos nessa noção absurda que alimentam atualmente, de que estado laico corresponde a um estado ateu. A autonomia moral só virá com a supressão da religião E é esse desejo que move o mundo, inclusive a má política. Marx se equivocou ao afirmar que o que movia o mundo eram as lutas de classe. O que move o mundo é o desejo por autonomia moral do homem. É a eterna rebeldia do espírito humano contra Deus. É o pecado original visto da melhor ótica possível. Quanto mais a humanidade tenta negá-lo, mas ela o confirma. É como tentar negar os primeiros princípios da lógica, não há como fazê-lo sem afirmá-los. Não há pra onde correr. Só existe um caminho.

Conforme narrado por E. B.

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