Desmentindo imagens antirreligiosas preconceituosas: o preconceito anti-fé de Bill Maher

bill-maher-640x296Algumas fanpages ateístas/antiteístas “presentearam” seus curtidores com essa pérola atribuída ao humorista (até onde ele é humorista e não envereda ao atributo de simples idiota autor de piadas ofensivas, desconheço) Bill Maher, na qual ele difama a fé dos religiosos e, dependendo da interpretação, de qualquer outra pessoa que tenha algum tipo de fé.

Segundo ele, a fé seria a mera ausência de pensamento, uma prisão-caverna platônica que prenderia o ser humano a “fantasias e tolices” e uma justificativa para “tanta insensatez e destruição”.

A estratégia para tentar depreciar a fé, religiosa ou não, das pessoas é a mesma que os antirreligiosos sempre usam contra as religiões em geral: generalizar a qualquer pessoa que tenha fé em algo ou alguém os lunatismos e ódios típicos dos fundamentalistas. Por existirem cristãos/muçulmanos/judeus fanáticos que pregam a destruição de quem não compartilha da sua fé e convicções morais, automaticamente todos os seres humanos com fé seriam seres aberrantes aprisionados numa eterna primeira infância que os impulsionaria a uma destruidora anomia moral.

Além disso, vemos aí a outra prática antirreligiosa de reduzir as religiões à mera (des)qualidade de retardo intelectual. A religião deixa de ser tudo aquilo que a História, a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia mostraram que é – desde o sistema nervoso central das culturas pré-modernas até a padroeira de grande parte da filantropia moderna – para ser um mero compêndio de “contos de fadas” cuja crença transformaria adultos em meras crianças maiores de idade desprovidas de qualquer empatia e discernimento moral para com o seu próximo.

Também desvia do fundamentalismo religioso à fé propriamente dita o foco das críticas e ações por parte dos defensores dos Direitos Humanos e do laicismo, prejudicando severamente a própria luta pelo reconhecimento universal dos DH, pela laicização dos Estados e contra o preconceito ateofóbico – tanto por afugentar os religiosos que poderiam prover ajudas enormes, inclusive em formar opiniões humanistas e progressistas entre os fiéis, como por incitar a discriminação dos religiosos por parte dos ateus e vice-versa, transformando o que deveria ser uma luta contra os abusos do fundamentalismo religioso numa guerra estúpida e sem sentido entre religiosos e ateus.

Isso sem falar que expressa uma arrogância monumental da parte de Maher, que acaba mostrando arrogar ser “superior” aos religiosos ou mesmo, talvez, àqueles que têm, por exemplo, fé na humanidade ou na democracia estatista. Afinal, para ele, quem tem fé é automaticamente uma criança pequena que crê em coelhinho da Páscoa e monstro do armário e não sabe pensar filosoficamente, logo “intelectualmente inferior”. Enquanto ele, na condição de ateu desprovido de fé religiosa (e talvez de outros tipos conceituais de fé), é o “adulto maduro” que tem, além de todo um “conhecimento filosófico” suficiente para fazê-lo olhar com desprezo, de cima de um pedestal de arrogância e pseudossuperioridade, para estimadamente 80% da humanidade , o direito de arrotar sua “maturidade” na cara dos teístas, sendo então um indivíduo “intelectualmente superior”.

Nessa imagem, ele é o “civilizado”, o “moderno”, o “evoluído”, o “adulto”, o “maduro”, o “iluminado”, o “suprassumo da moral humanista (sic)”. Já os religiosos são pintados como os “bárbaros”, os “arcaicos”, os “atrasados”, as “crianças” de “cérebro subdesenvolvido”, os “imaturos”, aqueles envoltos nas “trevas da ignorância”, os “anômicos desumanos” prontos para odiar, matar e morrer sob o comando de um sacerdote. Tudo simplesmente porque, enquanto uns acreditam em Deus, ele não acredita.

Bill Maher mostra, com essa citação, não ser diferente de um “humorista politicamente incorreto” brasileiro, ao prestar um enorme desserviço à própria causa da afirmação ateísta, por passar a impressão de que os ateus seriam arrogantes e metidos a superiores como ele. Dá um “motivo” para muitos religiosos, logo aqueles que poderiam começar a respeitar os ateus, terem olhares preconceituosos contra estes. Com isso, pinta-se um cenário nada agradável: enquanto uma enorme parcela de religiosos tacham os ateus de “filhos do diabo”, “infelizes”, viventes de “vidas sem sentido” e “amorais”, uma outra parcela começa a vê-los como arrogantes, boçais, presunçosos, pedestaleiros e preconceituosos contra quem exerce o direito de acreditar em um ou mais deuses.

E se você é ateu, vai acabar sofrendo ainda mais preconceito e exclusão, graças ao crescimento descontrolado dessa tentativa fracassada dos antirreligiosos de tentat combater preconceito com mais preconceito. Portanto, já virou uma necessidade para os ateus, pelo menos para aqueles que não caíram na tentação de culpar a crença religiosa por todos os males que afligem a humanidade, não permitir que o crescente movimento antirreligioso persuada ainda mais ateus recém-desconvertidos a discriminarem religiosos e minarem o seu direito de acreditar em uma ou mais divindades.

Fonte: http://consciencia.blog.br/

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