A Igreja Católica é o chifre pequeno de Daniel 7?

littlehornAdventistas do Sétimo Dia e alguns fundamentalistas irão apontar para Daniel 7 e dizer “ei, isto é a Igreja Católica”. Isto é típico de um tipo de dispensacionalismo que tenta minar a Igreja Católica, identificando-a com os impérios pagãos.

Acredito que os altos estudos são a melhor solução para escavarmos os argumentos emocionais que torcem a história. Estas são as notas da Nova Bíblia Americana sobre Daniel 7 [N. do T.: eu mesmo faço meus próprios comentários adicionais em cada parágrafo]. Eu acho que elas são autoexplicativas:

1 [1-27] O significado desta visão é o mesmo que o sonho de Nabucodonosor em Daniel 2, ver nota em Daniel 2,36-45. Os quatro reinos mundiais: babilônico, medo, persa e grego se opõe ao reino messiânico do povo de Deus. As imagens deste capítulo foram extensivamente utilizadas  no Apocalipse de São João, onde são aplicadas ao império romano, o perseguidor da Igreja.

2 [2] O grande mar, o oceano primordial sob a terra, de acordo com a primitiva cosmologia (Gênesis 7,11; 49,25). Pensava-se conter várias monstros (Isaías 27,1; Jó 7,12), e em particular monstros mitológicos simbolizando o caos que Deus havia vencido nos tempos antigos (Jó 9,13; 26,13; etc.). The Wycliffe Bible Commentary (Comentário Bíblico de Wycliffe) diz: “Em geral se concorda que a sucessão de quatro domínios gentios . . . é aqui [em Daniel, capítulo 7] a mesma que a vista no capítulo 2 [de Daniel].”

3 [4] A representação do império babilônico como um leão alado, um motivo comum na arte babilônica, simboliza o poder bestial hostil a Deus. As duas asas que foram arrancadas representam Nabucodonosor e Belsazar. Sobre dois pés como um homem. . . uma mente humana: contrasta com o que é dito em Daniel 4,13.30. Este “leão”, como que com asas de águia, avançava numa conquista agressiva. — Lamentações 4,19; Habacuque 1,6-8.
Com o tempo, ‘arrancaram-se as asas’ deste extraordinário leão alado. Perto do fim do governo do Rei Belsazar, Babilônia perdeu a velocidade de conquista e a supremacia leonina sobre as nações. Não era mais veloz do que um homem, que tem duas pernas. Recebendo “um coração de homem”, ficou fraca. Faltando-lhe “o coração do leão”, Babilônia não mais podia comportar-se como rei “entre os animais da floresta”. (Note 2 Samuel 17,10; Miqueias 5,8.) Outro animal gigantesco acabou com ela.

4 [5] Um urso: representa o império medo, seus três dentes simbolizando sua natureza destrutiva. Daí, o comando: “Levanta-te, devora muita carne.” O “urso” atacou nações em resposta às palavras: “Levanta-te, come muita carne.” Devorando Babilônia segundo a vontade divina, a Medo-Pérsia estava em condições de realizar um valioso serviço para com o povo de Deus. E fez isso! Por meio de Ciro, o Grande, Dario I (Dario, o Grande) e Artaxerxes I, a Medo-Pérsia libertou os judeus cativos em Babilônia, e ajudou-os a reconstruir o templo de Deus e a consertar as muralhas de Jerusalém. Com o tempo, a Medo-Pérsia passou a governar 127 distritos jurisdicionais, e o marido da Rainha Ester, Assuero (Xerxes I), “reinava desde a Índia até a Etiópia”. (Ester 1,1) No entanto, estava para surgir outro animal.

5 [6] Um leopardo: usado para simbolizar a rapidez com que Ciro, o persa estabeleceu o seu reino. Quatro cabeças: correspondentes aos quatro reis persas de Daniel 11,2. O “leopardo” ficou com quatro cabeças depois da morte de Alexandre em 323 a.C.. Quatro dos seus generais tornaram-se por fim seus sucessores em partes diferentes do domínio dele. Seleuco obteve a Mesopotâmia e a Síria. Ptolomeu controlou o Egito e a Palestina. Lisímaco governou a Ásia Menor e a Trácia, e Cassandro ficou com a Macedônia e a Grécia. Daí surgiu uma nova ameaça.

6 [7-8] império de Alexandre foi diferente de todos os outros em que era Ocidental, em vez de oriental em inspiração. Os dez chifres representam reis da dinastia selêucida, a única parte do império helenista que preocupava o autor. O chifre pequeno é Antíoco IV Epifânio (175-163 a.C.), o pior dos reis selêucidas, que usurpou o trono.

7 [9-10] Uma visão do trono celestial de Deus (O Ancião de Dias), que está sentado julgando (simbolizado pelo fogo) sobre as nações. Alguns dos detalhes do visão, representando a majestade divina e onipotência, encontram-se em Ezequiel 1.

8 [13-14] um semelhante a filho de homem: em contraste com os reinos do mundo em oposição a Deus, que aparecem como animais, o povo de Deus glorificado que irá formar o seu reino na Terra é representado em forma humana (Daniel 7,18). Assim como nosso Senhor aplica a figura da pedra talhada da montanha para si mesmo (Daniel 2,36-45), ele também usa o título “Filho do Homem”, sua forma mais característica de se referir a si mesmo, como aquele em quem e através de quem a salvação do povo de Deus veio a ser realizado.

9 [25] A referência é às perseguições de Antíoco IV e sua tentativa de forçar os judeus a abandonar seus costumes e adotar formas helenísticas (1Mc. 1,33-34). Um ano, dois anos, e uma metade de um ano: um período indefinido, mal de tempo. Como sete é o número judaico “perfeito”, metade disso significa grande imperfeição. A versão An American Translation reza: “Serão entregues a ele por um ano, dois anos e meio ano.” A Bíblia na Linguagem de Hoje diz: “Durante três anos e meio.” Na verdade, isto corresponde com grande precisão ao período da Perseguição de Antíoco.

10 [28] Este versículo termina a parte aramaica do Livro de Daniel.

Fonte: http://catholicbridge.com/catholic/is_the_catholic_church_the_little_horn_of_daniel_7.php
Tradução: Carl Spitzweg

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