Os prejuízos da maconha

maconha“É tudo um monte de propaganda.” Era assim que um rapaz chamado Davi costumava chamar todos os informes assustadores que ele ouvia sobre a maconha. Afinal de contas, tinha amigos que faziam uso frequente desse tóxico, e não caíam exatamente mortos como moscas inertes. Tanto quanto ele sabia, nenhum deles morreu de câncer pulmonar, sofreu danos cerebrais ou tornou-se estéril por fumar maconha. Assim sendo, Davi passou a consumir ele mesmo esse tóxico.

COMO Davi, são muitos os jovens que sentem repulsa pelo que parece ser propaganda contra a maconha. Uma pesquisa revelou que quase a metade de um grupo de jovens consumidores de maconha não cria ser ela prejudicial. E que dizer das tentativas de assustar os jovens, para que creiam que ela é prejudicial? Observava o Journal of Drug Education (Revista de Educação Sobre Tóxicos): “Os programas antitóxicos baseados no medo tendem a ser relativamente malsucedidos.”

Daí, existe o fato de que até os peritos não parecem concordar sobre se a maconha é benéfica ou prejudicial. Um artigo publicado na revista Science (Ciência) dizia: “A possibilidade de que o consumo de maconha seja perigoso produziu notável polarização entre os cientistas . . . O indivíduo simplório que procura orientação não raro se sente duramente pressionado sem saber em quem crer.”

Por que, contudo, existe tanta controvérsia sobre a maconha? Será que os que falam mal da maconha estão simplesmente recorrendo a táticas de assustar os outros? Muitos jovens demonstram suspeita. Diz um jovem de 15 anos: “Acho que muita coisa é impressa para assustar-nos. Nada do que eu li me convenceu.” Na verdade, não se deve crer em tudo que se lê. O provérbio diz: “Qualquer inexperiente põe fé em cada palavra.” “Mas”, prossegue declarando, “o argucioso considera os seus passos”. Ou, como outro versículo da Bíblia se expressa: “Todo o argucioso agirá com conhecimento.” (Provérbios 14,15; 13,16) Por conseguinte, deve a si mesmo saber quais são os fatos sobre a maconha, de modo que possa fazer uma decisão inteligente quanto ao seu consumo. Comecemos, então, por tentarmos entender por que existe tanta discórdia sobre este assunto.

Por Que Existe Controvérsia’
O problema básico é que a maconha é extremamente difícil de ser estudada. Trata-se de verdadeiro depósito químico, contendo mais de 400 compostos químicos em sua fumaça. Dentre estas substâncias químicas, mais de 50, chamadas canabinóides, só são encontradas na maconha. Na verdade, uma única de tais substâncias químicas — delta-9-THC — segundo se crê, é primariamente responsável pelo efeito intoxicante desse tóxico. Mas, visto que a maconha é cultivada sob circunstâncias variadas, ela varia grandemente de potência de uma partida para outra. Isto pode comprometer os resultados de testes. O que complica ainda mais o assunto é que, em geral, a maconha é inalada, e não injetada. Por conseguinte, é dificílimo dar aos indivíduos submetidos a testes uma dose controlada, a não ser injetando neles o delta-9-THC. Fazer isso, porém, não diz aos cientistas como tal substância química afeta os humanos quando ela é inalada junto com mais de 400 outras substâncias químicas acompanhantes.

Ao passo que o bom-senso poderia indicar que inalar fumaça prejudicial não é salutar, não é fácil provar tal acusação. Substâncias químicas cancerígenas operam de forma insidiosamente lenta. É por isso que os médicos levaram mais de 60 anos para compreender que a fumaça do cigarro provoca o câncer. Assim, o fato de que os que fumam maconha não parecem estar caindo mortos de uma hora para outra agora não significa que tal tóxico seja inofensivo. No entanto, ninguém pode precisar que os fumantes de maconha acabarão um dia contraindo câncer pulmonar. Pode levar décadas antes que alguém realmente saiba o que as 400 substâncias químicas da maconha causam ao corpo humano.

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Culpada, Até que se Prove Inocente
Não é de admirar, então, que haja tantas opiniões contraditórias sobre este tóxico popular. Os jovens, contudo, que encaram isto como sinal verde para fumarem maconha estão cometendo um grande erro! Em seu livro Marihuana Today (Maconha Hoje), George K. Russell, professor de biologia, lembra-nos de que “entre os farmacologistas existe consenso geral de que um fármaco deve ser presumido prejudicial até que se prove o contrário”! — O grifo é nosso.

Os médicos aprenderam a duras penas que é arriscado chamar certas drogas de inofensivas sem o benefício de anos de estudos e de testes. Na década de 1950, os cientistas desenvolveram uma droga que foi saudada como hipnótico ou sedativo deveras seguro. Centenas de mulheres grávidas a tomaram. Daí, começaram a nascer bebês deformados. O desastre da talidomida é, assim, triste lembrete de que é prudente rotular uma droga como culpada, até que se prove inocente.

O Estudo da Jamaica
Por que, porém, publicações de grande reputação aparentemente toleraram, se é que não aprovaram, o consumo de maconha? A revista Psychology Today (Psicologia Atual), por exemplo, disse: “Existe pouca evidência clara de que a [maconha] seja prejudicial.” Mas, esta conclusão baseava-se primariamente num estudo bastante divulgado, realizado na Jamaica. Psychology Today chamou a este estudo de “esplêndida peça de pesquisa antropológica”.

À primeira vista, o estudo parece ter peso. Afinal de contas, foi solicitado por nada menos que o Instituto Nacional de Saúde Mental, dos EUA. Uma equipe de antropólogos dirigiu-se à Jamaica (onde a “ganja”, um tipo potente de maconha, tem sido popular por muitas gerações) e escolheu um grupo de 30 grandes fumantes de ganja, e 30 não-fumantes. Estes foram submetidos a uma bateria de testes médicos. Com que resultados? Comunica o livro Marihuana Today: Não se encontraram “quaisquer diferenças significativas” entre os fumantes e os não-fumantes. A facção pró-maconha rejubilou! ‘Finalmente provaram que a maconha é inofensiva’, raciocinaram.

Mas, quão “esplêndida peça de pesquisa antropológica” foi o estudo da Jamaica? Os peritos indicam que esse estudo apresentava uma falha vital: Somente fumantes que gozavam de boa saúde e que “operavam adequadamente na comunidade” foram selecionados para exame! Não é de admirar que não foram encontradas “quaisquer diferenças significativas” entre os fumantes e os não-fumantes! Os pesquisadores talvez tenham eliminado desse estudo aqueles que foram física e emocionalmente prejudicados pela maconha. Também, esse estudo tem sido acusado de utilizar técnicas laboratoriais desleixadas e inadequados processos de exames. O dr. Carlton Turner, autoridade no assunto, foi citado como afirmando que, apesar de toda a celeuma provocada por esse estudo, “jamais foi publicado por uma revista científica. Não poderia suportar o processo de revisão científica”.

É provável, porém, que a evidência mais acusatória contra o estudo da Jamaica provenha dos funcionários médicos que têm observado os fumantes de ganja no decorrer dos anos. Em 1972, o dr. John A. S. Hall, por exemplo, que servia desde 1965 como Diretor do Departamento Médico do Hospital de Kingston, Jamaica, objetou às afirmações de que a maconha seja inofensiva. Ele comunica que os problemas pulmonares e vários distúrbios emocionais são comuns entre os grandes consumidores de “ganja”.

“Grave Preocupação Nacional”
Apesar de toda a controvérsia, os cientistas têm constatado alguns fatos duros sobre a maconha. Recentemente, o Governo dos EUA patrocinou um estudo desta questão por parte do prestigioso Instituto de Medicina — “órgão científico independente que não tinha assumido uma posição neste campo altamente controversial”. O painel de especialistas do Instituto estudou milhares de informes de pesquisa, e chegou à seguinte conclusão triste: “A evidência científica publicada até à data indica que a maconha possui ampla gama de efeitos psicológicos e biológicos, alguns dos quais, pelo menos sob certas condições, são prejudiciais à saúde humana. . . . Nossa principal conclusão é de que o pouco que sabemos com certeza a respeito dos efeitos da maconha sobre a saúde humana — e tudo que temos motivos de suspeitar — justifica grave preocupação nacional.” — O grifo é nosso.

Como, então, é que os cristãos devem encarar este assunto? A Bíblia lhes ordena que evitem práticas que ‘maculem a carne’. (2 Coríntios 7:1) Manda-lhes, ademais, ‘resguardar o raciocínio’. (Provérbios 3:21) Mas, existe realmente evidência clamorosa de que a maconha seja deveras uma ameaça para a mente e o corpo da pessoa? Futuros artigos explorarão estas questões.

Os cientistas dizem que a maconha atualmente disponível nos Estados Unidos é mais de cinco vezes mais potente (em teor de THC) do que a usada há apenas alguns anos! Provavelmente isto explica por que os primeiros testes com a maconha amiúde concluíam que tal tóxico era relativamente inofensivo.

Selecionar indivíduos para testes apresenta outro dilema para os cientistas. Caso se examinem consumidores de maconha, doentes ou emocionalmente perturbados, alguns argumentam que não existem provas de que foi a maconha que causou seus problemas.

‘O pouco que sabemos com certeza a respeito dos efeitos da maconha sobre a saúde humana justifica grave preocupação nacional.’ — Instituto de Medicina, em seu informe Marijuana and Health (Maconha e Saúde).

Os jovens duvidam da afirmação de, que a maconha é prejudicial quando a veem ser consumida por profissionais de diversas categorias.

 

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