Gregório Duvivier mostra como é ser especialista em estupidez, mais uma vez

gregorioUma postagem na Folha de Gregório Duvivier, um dos fundadores do grupo de pseudo-humor Porta dos Fundos, alegadamente tenta responder a Dom Odilo Scherer, ao Especial de Natal do Porta dos Fundos, que satiriza o nascimento de Jesus Cristo.  Mesmo que não considere digno de minhas respostas esse Duviviver, ainda assim acho necessário respostas a esses tipos populares para que não enganem mais pessoas do que já tentam fazer.

O texto da postagem original está em “citação” e minhas respostas a seguir.

 Vossa Eminência disse em vosso Twitter que o especial de Natal do Porta dos Fundos era de “péssimo mau gosto”. Poderia dizer que V. Emª cometeu um pleonasmo, pois na palavra “péssimo” já está incluída a palavra “mau”, mas vou supor que V. Emª tenha “redundado” propositalmente, para fins estilísticos. Entristece-me, pois gostaria que o nosso especial de Natal tivesse agradado a todos (embora o homenageado em questão não tenha agradado).

Pelo simples fato de que corrigiu o Bispo e o seu pleonasmo. Corrigiu uma manifestação em um Twitter. Veículo esse caracterizado pela espontaneidade, ou seja, ignorar isso na análise é um fator que invalida de fato o seu comentário “corretivo”. Afastar o contexto dessa análise é o mesmo que afastar o contexto da sociedade brasileira, quando falamos do fato de vocês serem considerados comediantes. Toda correção, verificação, analise, requer uma boa dose desse sentido/método. Falar de conceitos como pleonasmo ao público infantiloide e simplista do Porta dos Fundos é como falar com um cachorro, onde este pode entender alguns comandos, mas nada mais complicado que isso.

Como V. Emª deve saber, não foi a teoria heliocêntrica que causou a condenação de Galileu Galilei. Copérnico já havia dito que a Terra girava em torno do Sol e a Igreja não se importou. O que provocou a ira papal foi o humor.}

Surpreendeu-me um ícone popular desse ateísmo e secularismo chuleta como esse medíocre do Duviviver passar uma informação razoavelmente “correta” (algo totalmente raro no meio ateísta). Ao assumir que, a priori, não foi a causa de uma “defesa heliocêntrica” a qual causou a chamada de Galileu para a Inquisição, o sujeito demonstra que tenta ser menos pior que a sofrível média dos ateístas. Para um debate interessante sobre o caso Galileu, vejam o meu com o Patrick Brito.
Deveras, Copérnico (que era clérigo católico) não teve problema algum com a publicação e difusão de suas ideias. Seu livro, “Das revoluções dos corpos celestes”, de 1543, foi dedicada ao papa Paulo III, que não fez churrasquinho do livro como os ateístas queriam pensar que fosse o caso. Copérnico escreveu: Para que tanto os cultos como os não cultos possam ver que não fujo ao julgamento, preferi dedicar estes resultados do meu estudo noturno a Vossa Santidade e não a qualquer outra pessoa. Porque até mesmo neste muito recuado canto da Terra onde vivo, sois considerado a mais elevada autoridade em virtude da eminência do vosso cargo e do vosso amor por toda a literatura e inclusive pela matemática. A Igreja “não se importou” parece um termo vago. Na verdade, a Igreja é a maior amiga das ciências (tanto é que criou a universidade moderna, com todos os seus conceitos de gradução que utilizamos). A Igreja já patrocinava as investigações celestes muito antes do que esses ateístas pudessem imaginar. Basta citar o bispo Nicole Oresme, que discutiu a possibilidade da Terra girar em seu eixo, enquanto o cardeal Nicolau de Cusa em seu A Douta Ignorância perguntou se havia qualquer razão para afirmar que o Sol (ou qualquer outro ponto) era o centro do Universo. Em paralelo a uma definição mística de Deus, Cusa escreveu que “assim o tecido do mundo (machina mundi) quasi terá seu centro em todo lugar e a circunferência em lugar nenhum.”

O problema começou depois de um fato que ateístas nunca vão falar. Jamais. Nunca vi um citar isso. Ocorre que Copérnico confiou a obra “Das revoluções…” a Andreas Osiander, um clérigo luterano que sabia que a reação protestante à obra seria negativo, já que Martinho Lutero parecia ter condenado a nova teoria, e, como resultado, o livro seria condenado. Osiander escreveu um prefácio para o livro, no qual o heliocentrismo foi apresentado apenas como uma teoria que explicaria os movimentos dos planetas mais simples do que o geocentrismo apresentava – algo Copérnico não tinha a intenção. Osiander sabia que Lutero e Melanchthon eram violentamente contra qualquer sugestão de que a Terra girava em torno do sol. Ao escrever um prefácio não assinado por si, que todo mundo pensou ser de Copérnico, Osiander apresentou a teoria como um mero legado matemático para mapear os movimentos dos planetas de uma forma mais simples do que o sistema de Ptolomeu, que não foi feito para ser uma descrição definitiva dos céus. Ou seja, Osiander causou um problema que foi a raiz da questão Galileu. Ateístas nunca vão explicar isso, dado que jamais vi nenhum citar esse evento.

Copérnico adiou a publicação de seu livro por anos porque temia, não a censura da Igreja, mas o escárnio de acadêmicos. Foram os radicais aristotélicos nas escolas que ofereciam a mais feroz resistência à nova ciência. Aristóteles era o Mestre de todos aqueles que sabem; a leitura dos seus textos era considerado quase superior ao estudo da própria natureza. O universo aristotélico era composto dois mundos, o superlunar e o sublunar. O primeiro consistia da lua e tudo além, e era perfeito e imperecível. O último foi o globo terrestre e sua atmosfera, sujeitos a geração e decadência, a pilha de escória do cosmos.

Assim, ao contrário do que os ateístas mentem e ardilosamente ocultam em dizer, não foi uma suposta censura ou opressão da Igreja contra a difusão do conhecimento o que Copérnico mais temia e sim o escárnio e humilhação de seus colegas estudiosos que veneravam acima de tudo a Aristóteles (que nem foi um grande experimentalista assim). A metodização ptolemaica de Aristóteles para explicar o movimento das estrelas era parte desta bagagem acadêmica. E isso fazia um perfeito sentido empírico à época pois, ao usá-lo, os navios eram capazes de navegar os mares e os astrônomos eram capazes de prever eclipses. Então, por que desistir desse honrado sistema para uma nova cosmologia, não comprovada, que não só contradizua o senso comum (como não menos do que uma autoridade Francis Bacon asseverou), mas também o significado aparente das Escrituras? Assim, a problemática da época é muito maior do que a versão simplória que os ateus oferecem para enganar as pessoas.

Agora, a Igreja é contra o “humor”? Para esses dementes criados pela geração Umberto Eco e seu podre “O nome da rosa”, parece que todo religioso é um tipo como o Venerável Jorge – monge Beneditino, senil e cego – após criticar risos ouvidos dentro da biblioteca, fala a Willian “_O riso é um evento demoníaco, que deforma as linhas do rosto e fazem os homens parecerem macacos”. Claro que isso jamais foi dito por religioso algum e é uma invenção fantasiosa da cabeça delirante do Eco, que só encontram “eco” nas cabeças ocas de seus leitores e promotores antirreligiosos.

A falta de humor no Novo Testamento levou a um famoso debate entre os teólogos escolásticos: será Cristo rir durante a sua vida terrena? Este é um dos temas de de Umberto Eco em O Nome da Rosa. A trama dessa estória de detetive medieval trata sobre a ocultação, em uma biblioteca monástica, do segundo livro da Poética de Aristóteles, dedicado à comédia, pelo reacionário monge Jorge de Burgos, que afirma que o riso é diabólico e deve ser banido do mosteiro. Esta é a tradição dos Padres do deserto e fundadores do monaquismo, Antônio, Pacômio, Agostinho e de Bento, que condenaram o riso como o inimigo da vida espiritual. São Crisóstomo entendeu que não estamos na Terra para rir, mas para chorar por nossos pecados e São Bento, na sua Regra monástica, condenou em todos os momentos e em todos os lugares a palhaçada e conversa fiada que provocam o riso…

Mas alguém só tem que observar o comportamento de Jesus e ouvir suas parábolas para ser atingido por seu senso de humor. Ele compartilhou refeições com párias e pecadores, anunciou que as prostitutas precederiam os piedosos para o céu e seu primeiro milagre foi transformar água em vinho. Ele inverteu a hierarquia de valores aceitas com ironia e humor. A tentativa do início da Igreja de banir o riso da vida cristã estava condenado ao fracasso. Os jogos, entretenimentos e o espírito de carnaval disputavam com a sobriedade das devoções da Igreja. Graças a Boccacio, Chaucer e Villon, escritores das fábulas medievais e, especialmente, Rabelais e os grandes autores renascentistas, Erasmo e outros, o humor ganhou seu próprio filão. Mesmo as regras monásticas tornaram-se mais afrouxadas. São Francisco de Assis advertiu seus irmãos para não parecer tristes e sombrios, como os hipócritas, mas alegres no Senhor, sorridentes e amigáveis. Os mosteiros atuais são conhecidos por seu bom humor, e um abade francês disse: “Sem humor, a vida monástica é impossível”…. O humor é o primeiro passo para a humildade. Duvivier e os delinquentes do Porta dos Fundos mentem, e isso não é de admirar, sobre a Igreja.

Para defender o heliocentrismo, Galileu criou um diálogo fictício entre um personagem sábio, Salviati, e um personagem imbecil, Simplício. O sábio acreditava que a Terra girava ao redor do Sol e o imbecil achava o contrário. O livro foi um sucesso retumbante. E a Igreja vestiu a carapuça do imbecil. Galileu foi obrigado a negar tudo o que havia dito para escapar da fogueira. Negou e ainda assim foi condenado à prisão perpétua.

O livro Diálogo sobre os dois sistemas máximos do mundo ( Dialogo dei due massimi sistemi del mondo) foi publicado em Veneza, sem as correções do censor, Mons. Riccardi, embora o seu imprimatur tivesse sido concedido nessa condição. O Papa Urbano VIII, naturalmente, ficou irritado com a trapaça e desonestidade palpável de Galileu e privou o censor de seu cargo. Ele estava especialmente indignado porque ele reconheceu um de seus próprios argumentos na boca do tolo ridículo, Simplício. Quando Galileu souber disso por meio de amigos em Roma, escreveu ao mesmo tempo ao sobrinho do Papa. O cardeal Barberini afirma que ele nunca sonhou em ridicularizar o Papa em seu livro. O Papa não acreditou nele (lembrando que ele sempre apoiou as ideias científicas de Galileu e era seu patrocinador e isso o vil e desonesto do Duviviver, assim como outros ateístas, nunca menciona) e a partir desse momento mudou de ideia e pensou que esse cientista obstinado deveria aprender uma lição de obediência. Anos mais tarde, Galileu escreveu que esta falsa suposição do papa foi “a causa principal de todos os meus problemas. ”

Ou seja, os problemas de Galileu não começaram por causa de seu heliocentrismo (ao qual a Igreja sempre permitiu livre ensino)  e sim por dois motivos:

1) Ter provocado, de forma imatura e desnecessária, a ira do papa por uma provocação inútil; e
2) A inimizade que obtinha com outros colegas cientistas e acadêmicos, os quais criaram calúnias sobre Galileu para provocar uma investigação pela Inquisição.

Resumindo: NÃO FOI A IGREJA QUEM INCITOU A INQUISIÇÃO PRA CIMA DE GALILEU. Foi ele mesmo, com seu temperamento teimoso e arrogante e pelas calúnias de outros colegas cientistas, que defendem o modelo aristotélico.

Giordano Bruno, contemporâneo de Galileu, acreditava que o universo era infinito. Negou-se a se negar. Foi queimado vivo.

Para deixar de ser menos estúpido do que é, Duvivier e seu público apedeuta deveriam ver este vídeo onde destruo as alegações de um ateísta sobre o caso Galileu e Giordano Bruno.

Somente em 1983, quase quatro séculos depois, o Vaticano absolveu Galileu, provando ter um sistema judiciário ainda mais lento que o brasileiro. Apesar da retratação tardia, o gosto episcopal continua controverso.

Errado. A Igreja nunca condenou o heliocentrismo, falastrão. Realmente, não sei nem como esses asnos como esses ateístas como o Duvivier passaram na escola. Deve ser por causa da maldita “aprovação automática” porque, se fosse analisar por veracidade histórica, seria reprovado de cara. Mas como os lixos que esses caras falam é engolido sem pestanejar por seus fãs. O pior são alegados “historiadores” e jornalistas que divulgam as mesmas mentiras e sofismas, numa tentativa infantil de desacreditar a Igreja.

Ao contrário dos estúpidos ateístas, eminentes autoridades acadêmicas comprovam o contrário do que os simplórios alegam. Por exemplo, alguns filósofos proeminentes, incluindo Ernst Bloch e Carl Friedrich von Weizsäcker, bem como Paul Feyerabend. Este declarou: A Igreja, na época de Galileu, manteve uma posição muito mais próxima da razão do que o próprio Galileu, e ela também levou em consideração as consequências éticas e sociais de ensino de Galileu. Seu veredito contra Galileu foi racional e justo, e a revisão deste veredito só pode ser justificado em razão do que é politicamente oportuno. (Ratzinger, Joseph cardeal (1994). Turning point for Europe? The Church in the Modern World—Assessment and Forecast. traduzido do alemão da edição de 1991 por Brian McNeil. San Francisco, CA: Ignatius Press. ISBN 0-89870-461-8. OCLC 60292876.)

Acho um péssimo mau gosto, por exemplo, V. Emª ser contrária ao sacerdócio de mulheres, ao uso de métodos contraceptivos, ao aborto de fetos anencéfalos, ao aborto em casos de estupro, ao amor entre pessoas do mesmo sexo, à eutanásia e às pesquisas com célula-tronco.

Péssimo mau gosto é um indivíduo que é símbolo da geração decadente e preguiçosa intelectual com a qual vivemos. Uma geração de jovens toscos, infantis e que agem como gado de manobra nas mãos dos esquerdalhas antirreligiosos graças à lavagem cerebral que recebem desses nulos de opinião intelectual como Duvivier, Porchat, PC Siqueira, ATEA, LIHs, Eli Vieira, Sakamoto e tantos outros embusteiros e imbecis. Por exemplo, se ele entende que rir do cristianismo é lícito, então rir de qualquer outra cosmovisão também é lícito, não importa se esta cosmovisão pertence a uma minoria ou não. Quem quer que não reconheça essa obviedade lógica, automaticamente está declarando censura para fins puramente políticos. Está aí o critério de Duvivier: a risada tem que servir para atender aos objetivos políticos dele. Se não atender, então a piada é “bullying”. Só que desse jeito alguém poderia explicar (para o público, não para Duvivier, obviamente) que bullying é exatamente isso que ele faz: acusar alguém de bullying de forma injustificada é a forma mais terrível de bullying que existe. E sobre essas besteiras que disse nesta citação já respondi a tudo no meu canal do Logos, no Youtube.

Resumindo o “caso Galileu”, de uma vez por todas. Sugestão: em vez de assistirem e lerem material tosco e simplista de ateístas infantis antirreligiosos, experimentem ler um bom livro e se informarem no Logos:

– Galileu “entrou em conflito com a Igreja por expor teorias não provadas”. Você também não iria criticar uma escola moderna se ela permitisse que um instrutor ensinasse teorias não provadas como se fossem verdadeiras?
– O incidente Galileu nunca envolveu um pronunciamento infalível.

– Galileu estava errado em muitas de suas teorias.

– O caso de Galileu envolveu provas falsas.

– A Igreja nunca alegou ser infalível em matéria de ciência.

– A Igreja nunca alegou ser infalível em medidas disciplinares.

– Galileu sofreu apenas uma “repreensão menor”, ao contrário do que alguns afirmam.

– Quando a Igreja tomou medidas contra Galileu, lembre-se que sua pesquisa não tinha sido comprovada (ele nunca pôde fornecer nenhuma prova conclusiva). Na verdade, acredite ou não, a questão poderá ainda não estar totalmente resolvida. A ciência moderna é famosa por apresentar as suas teorias como fatos – embora haja evidências contraditórias!

Para saber mais e fontes de pesquisa:
Galileu na prisão, de Ronald Numbers: http://www.gradiva.pt/?q=C/BOOKSSHOW/6992
Robert Bellarmine — Saint and Scholar, de James Brodrick. West minister, Maryland: Newman Press, 1961.
– Devivier, W. Christian Apologetics, trans. Sasia, Vol. II, p. 281 ss. Also Cf. Windle, B. C. A.
–  The Church and Science, 3a. edição, p. 28. London: Catholic Trust Society, 1924. – Veja mais em: http://www.cmri.org/04-galileo-galilei.shtml#sthash.ar3wELMu.dpuf

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