Desmascarando o “Contradições da Bíblia”: O Massacre que Mais Ninguém Viu

ContraDesta feita vamos refutar o artículo do aldraveiro grupo “Contradições da Bíblia” neste artigo. Como de praxe, o texto original está em azul e minhas respostas em preto.

Evento histórico ou mais uma invenção de Mateus? Quatro são as evidências que apontam para a segunda opção:

Mais uma vez esses grupinhos folhetinescos vão dar um show em mostrar todo o seu ilogismo. O texto em análise diz respeito a Mt. 2, 12-20. O objetivo do autor (que é o mesmo para vários outros tipos de ateístas que fazem a mesma crítica aleivosa) é demonstrar uma alegada contradição entre as narrativas de Mateus e Lucas. A alegação de que os relatos de Mateus e Lucas são contraditórios é realmente baseado em uma suposição: o cético assume que Mateus e Lucas cada incluem tudo sobre o paradeiro da família de Jesus durante a sua vida durante a infância e adolescência. O fato é, no entanto, tal conjectura não pode, logicamente, ser mantida a menos que ambos os escritores inspirados alegassem escrever exaustivos relatos cronológicos de tudo o que Jesus fez. Nem o escritor fez tal declaração (cf. João 21,25).

Antes de analisarmos essas alegadas contradições de grupos como esse do CDB, é preciso ter uma coisa em mente, como regra. Como o Catecismo da Igreja Católica afirma: “A fim de descobrir as intenções dos autores sagrados, o leitor deve ter em conta as condições do seu tempo e da cultura, os gêneros literários em uso naquele tempo, e os modos de sentir, de falar , e narração então vigente”.Isto significa, como é comumente aceito de historiadores como Josefo, Tactitus, Heródoto, etc, que eles FIZERAM história como os antigos faziam, e que as diferenças podem ser atribuídas a efeitos simbólicos, sem perder as verdades espirituais e morais da narrativa primordial.

Todos vocês devem ver agora o que quero dizer, também : na ausência de contradição explícita, tem de se interpretar o texto de tal forma a criar uma contradição.

Outro erro primário desse grupo (e outros ateístas) é confundir contradição com omissão. O dicionário Houaiss define “contradição” como “dito, procedimento ou atitude oposta ao que se tinha dito, ou a que se adotara anteriormente” e  “relação de incompatibilidade entre dois termos em que a afirmação de um implica a negação do outro e reciprocamente (p.ex.: vivo e morto)”. Ora, isto é contradição, não o que esses simplistas ateus afirmam. Se Mateus afirmasse que Jesus foi levado ao Egito e Lucas afirmasse que foi para a Pérsia, então teríamos uma contradição. Mas não. Por não entenderem como os historiadores atuavam é que esses pseudo-comentaristas balbuciam tantos disparates contra a Biblia.

1- O relato é recheado de alegações de caráter lendário: estrela guia*, magos do Oriente, aviso por sonhos, anjo mensageiro, gravidez espiritual (cap. 1) e profecias cumpridas;

Nenhuma “contradição” aqui. Lucas não o mencionar não é uma contradição.

2- Mateus parece se inspirar no Antigo Testamento para compor sua narrativa (vide Moisés escapando do massacre dos meninos hebreus a mando do faraó em Êxodo 1 e 2), tanto que chega a pinçar textos veterotestamentários para usá-los como profecias cumpridas em Jesus (ex: Oséias 11:1 e Jeremias 31:15);

 Vamos ver a seguir como Josefo e outros historiadores não eram exaustivos em suas narrações e só porque omitiram algo não significa que não ocorreu.

3- Nenhum outro escritor bíblico menciona o suposto ocorrido. Nada nos outros evangelhos ou nas cartas corrobora Mateus. Algo tão notável, ainda mais composto por uma série de cumprimentos proféticos, dificilmente deixaria de ser registrado por outro redator. Pra piorar, nenhum escritor não cristão da época, como Flávio Josefo, que registrou muitos atos violentos e crimes praticados por Herodes, fez qualquer nota a respeito;

Quando esse grupo e outros críticos dizem que não há nenhuma referência para a matança em outras fontes antigas, eles estão excluindo as primeiras afirmações cristãs fora de Mateus. Justino Mártir (Diálogo com Trifão, 78), Irineu (Contra as Heresia, 3:16:4), e muitas outras fontes cristãs da era patrística referem-se ao evento de um modo que sugere a sua historicidade. Mesmo antes, temos fontes que tratam a Sagrada Escritura de Evangelho de Mateus assim (p. ex., a Epístola de Barnabé, 4), que sugere a sua aceitação da historicidade da conta da matança de Mateus. Sabemos que o Evangelho de Mateus foi largamente distribuído e altamente considerado durante as primeiras décadas patrísticas (Clayton Jefford, Os Pais Apostólicos E o Novo Testamento [Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishing, 2006], páginas 110, 140-143).

Enquanto tais fontes podem ter aceito o relato de Mateus sem qualquer razão, nós não devemos assumir sem argumento que eles o fizeram. Alguns deles, como Justino Mártir, estiveram em contato com críticos do cristianismo, incluindo críticos judeus e estudou e respondeu a seus argumentos. Apesar de sua tendência em direção a alegorização, Orígenes tratou o abate como histórico (Contra Celso, 1:61). No início, eu citei uma fonte judaica usada por Celso que duvidava pelo menos do envolvimento de Herodes no abate, talvez até mesmo o abate propriamente dito e seus eventos circundantes. Mas Orígenes não menciona qualquer evidência de que Celso cita, e Orígenes não parecem pensar em qualquer objeção significativa para isso. Não tenho conhecimento de qualquer outra fonte nas primeiras gerações, que nega a historicidade do evento. Com que uma possível exceção no Tratado de Celso contra o cristianismo, não parece que a historicidade do massacre foi questionada tanto pelos primeiros cristãos ou seus inimigos.

Então, se nem os inimigos do cristianismo (antecessores dos céticos modernos) que vivam mais próximos aos eventos e tinham muito mais cabedal para falarem não mencionaram essa “contradição”, como grupelhos de Internet de pessoas alheias a altos estudos de crítica textual, história, linguística e tudo mais podem arvorar fazer mais?

Outra coisa que devemos ter em mente: Belém não era uma cidade  muito grande, e o número de meninos abaixo dos dois anos não pôde ter sido maior de vinte ou trinta. Não devemos pensar que foram centenas. É obvio,  não  queremos  dizer  que  o  crime  de  Herodes  haja  sido  menos terrível por ser somente vinte ou trinta meninos que ele assassinou, mas é importante fazermos uma imagem correta.

Uma primitiva fonte judaica, A Assunção de Moisés, refere-se a Herodes como um assassino de jovens em um contexto no qual ele é comparado com o Faraó que ordenou a execução de crianças judias em Êxodo 1. A implicação mais natural é que o autor pensou que Herodes envolveu-se em matar as crianças de forma semelhante ao que tinha feito a Faraó. Geza Vermes, um erudito não cristão, que é altamente crítico das narrativas de infância, ainda cita essa passagem como evidência de uma atmosfera em que o relato de Mateus poderia ter surgido: já, a obra conhecida como A Assunção de Moisés, que provavelmente se originou na virada da era, retrata Herodes como rei que ‘devia matar os velhos e os jovens e não devia poupar…E ele deve executar acórdãos sobre eles, como os egípcios os executaram’ (Assunção de Moisés, 6).’ (Natividade [New York: Doubleday, 2006], p. 110)

Mas de onde o autor da Assunção de Moisés onde tirou a ideia de que Herodes estava envolvido em tal atividade? O relato de Mateus fornece uma explicação. Mas, mesmo se assumirmos que o autor da Assunção de Moisés tinha algum outro incidente ou série de incidentes em mente, não parece que ele está se referindo a qualquer coisa gravada por Flávio Josefo. Se a Assunção de Moisés poderia estar ciente de um ou mais desses crimes de Herodes não mencionados por Josefo, então por que não poderia mesmo ser verdade de Mateus?

Craig Keener cita um incidente que Josefo não menciona: “é possível que ele [Herodes] também esteve envolvido em perseguições fora do âmbito das fontes de Josefo, como a repressão dos essênios no deserto (Fritsch 1956:23-24). Em uma época de muitos assassinatos políticos, a execução de talvez vinte crianças em uma pequena cidade teria pouca atenção (ver France, 1979:114-19). Embora Josefo facilmente lista as atrocidades de Herodes, a maioria de seus relatórios tem a ver com a casa real ou eventos conhecidos à escala nacional; não é improvável que Herodes era não menos brutal quando agindo fora das fontes da gama de Josefo (Comentário sobre o Evangelho de Mateus [Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1999], pp. 110-111. Grifo nosso).

Josefo só tinha por objetivo relatar grandes eventos, ainda mais relacionados de perto com a casa real. O erudito R. T. France defende a plausibilidade em questão, ou seja, que ‘o assassinato de algumas crianças em uma pequena aldeia que não estava na escala para coincidir com os assassinatos mais espetaculares registrado por Josefo’ (R T France “The Gospel of Matthew” 2007 NICNT). o arqueólogo Gordon Franz aponta para falha de Flávio Josefo mencionar outros eventos importantes do século I, tais como ‘o episódio dos escudos romanos em Jerusalém, que foi a causa das violentas rixas entre Herodes Antipas e Pôncio(sic) Pilatos’ (algo que é mencionado de relance pelos evangelistas). Assim, é extremamente disparatada a alegação pura e simplista de que só porque Josefo não o menciona o evento não ocorreu ou é uma “contradição”.

4- Mas o nosso prego no caixão vem de uma surpreendente fonte: o evangelho de Lucas.

Lucas diz ter feito uma minuciosa pesquisa sobre a vida de Jesus (Lucas 1:1-4 e Atos 1:1-2), porém, no seu evangelho, nos capítulos 1 e 2, não há qualquer indicação de que Jesus tenha sido ameaçado na infância.

Apesar de Lucas não mencionar a fuga para o Egito, ele não diz que não houve. Algumas centenas de anos depois que foi escrito o Evangelho de Mateus, uma outra fonte não cristãs, Macróbio, nos dá um relato ilegível que parece parcialmente corroborar o que Mateus relatou. Mas Macróbio é uma fonte tardia, e algumas das suas informações são inconsistentes com o que encontramos em Mateus. Seu testemunho não é tão significativo como o que encontramos em Mateus ou a Assunção de Moisés. É possível que ele nem mesmo está se referindo ao evento de Mateus. Mas, como com a Assunção de Moisés, então teríamos ainda mais evidências de um crime de Herodes não registrado por Flávio Josefo. Ou Macróbio pode apenas ter confundido um evento histórico com um ou outros mais. Ele não parece ter sido dependente de Mateus para sua informação. Pelo menos, parece que Macróbio oferece colaboração com não-cristãos da plausibilidade de tal ato de Herodes que não foi registrado por Josefo.

Como sempre, esses ateístas e céticos são simplistas e superficiais, ocultando informações. Shaye Cohen, um erudito que estudou Josefo, disse que ele não se lembra de nenhuma passagem em que Flávio Josefo afirma ou sugere que ele vai ser exaustivo (que ele procura relatar tudo ou que é detalhista). O estudioso do Novo Testamento Craig Keener escreveu ‘alguns eventos que Josefo inclui seja na Guerra Judaica ou Antiguidade dos Judeus ele não inclui no outro, sugere que ele não tenta ser exaustivo’. Vejam no dicionário o significado de ser exaustivo aqui. O dicionário Houaiss define “exaustivo” como “que esgota ou se destina a esgotar; que abrange até os mínimos pormenores“. Só para citarmos o exemplo de um historiador mais recente, o cronista John Evelyn, por exemplo, falha em mencionar o massacre de Glencoe, em 1692. O historiador Paul L. Maier afirma que os céticos tendem a “considerar a opinião como fato, e têm evitado uma cuidadosa pesquisa histórica sobre os parâmetros do problema”. Depois de analisar os argumentos contra a historicidade do massacre dos inocentes, Maier conclui que todos eles “têm falhas muito graves”. Maier segue Jerry Knoblet em defender historicidade com base nos “perfis de personalidade idênticos que emergem de Herodes” em Mateus e Josefo (Jerry Knoblet, “Herod the Great”, Hamilton Books, 2005, p.166). Por isso que Josefo não deve ter mencionado o ocorrido.

Em Lucas tudo é festa: anjos anunciam a pastores o nascimento de Jesus, multidões cantam no céu e, após oito dias do seu nascimento, Jesus é levado para cumprir o ritual de consagração no templo e então voltam à Nazaré (2:39). Em Mateus, Jesus nasce em Belém, foge para o Egito e, após a morte de Herodes, retorna para viver em Nazaré (na Galiléia), pois seus pais ainda estavam com medo devido a Arquelau, filho de Herodes, estar reinando na Judéia (Mateus 2:22-23). Porém, Lucas diz que eles já moravam em Nazaré – justificando o nascimento de Jesus em Belém com um censo (Lucas 2:4-5) -, levaram Jesus para ser apresentado em Jerusalém e então voltaram para Nazaré (Lucas 2:22 e 39).

Mateus 2,11 diz que os astrólogos “ao entrarem na casa, viram a criancinha”. De modo que José, Maria e Jesus já estavam então morando numa casa, não num estábulo, conforme muitas vezes se retrata erroneamente. Também, Mateus usou a palavra grega paidion, que pode ser aplicada a uma criança recém-nascida (João 16,21) ou a uma criança já mais desenvolvida, capaz de conversar e de brincar ao ar livre. (Luc. 7,32) Portanto, Jesus, na ocasião, pode ter tido já muitos meses de idade.

Lucas não diz que a criança não foi ao Egito e nem que seu relato é exaustivo (quem procura contradições muitas vezes ignora o fato de que os relatos bíblicos são raramente exaustivos em sua abordagem).  Nós facilmente pode harmonizar as contas da seguinte maneira: A viagem de José e Maria de Nazaré a Belém; o nascimento da criança; apresentação no templo; retorno a Belém; visita dos Magos; fuga para o Egito; retorno para estabelecer-se em Nazaré.

Lucas ainda diz que Jesus e sua família ia todos os anos à Jerusalém para as comemorações da páscoa (2:40-41), sem fazer qualquer menção de que Jesus tenha escapado da morte ou qualquer correlação entre o terrível Herodes e a infância de Jesus.

 Já demonstramos que os historiadores Josefo e Lucas não procurava ser exaustivos. Este é um erro crasso desse grupo e outros do tipo.

Enfim, em Lucas não há magos, estrela guia, citações de supostas profecias do Antigo Testamento e muito menos a fuga para o Egito; além de outros detalhes que revelam uma narrativa irreconciliável com a de Mateus.

Já demonstramos que uma contradição não é igual a uma omissão. Contradição seria um evangelista afirmar uma coisa e outro não. O entendimento básico de lógica desses ateístas é grosseiro e pueril.

NOTAS ADICIONAIS E MAIS REFUTAÇÕES (UPDATE 18/01/2013)

O tal autor dessa alegação do grupo “Contradições da Bíblia” ainda tentou dar mais algumas justificativas para tentar “sair bem na foto”. Pena que isso só queimou mais seu filme. Ele tentou mais esses dois versículos:

“Sky Kunde – 2 passagens que detonam a “defesa” do ****:

“Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado MINUCIOSAMENTE DE TUDO desde o princípio; Para que conheças a CERTEZA das coisas de que já estás informado.” Lucas 1:3-4

“Ora, TODOS OS ANOS iam seus pais a Jerusalém à festa da páscoa;” – Lucas 2:41″

Vamos ver o primeiro (Lc. 1,3-4) e como isto se relaciona com a alegação principal (de Lucas não mencionar o massacre dos infantes que, como vimos, foi de umas poucas crianças, uma dúzia ou no máximo 30, dado que Belém era uma aldeia e não uma grande cidade). Além de refutarmos mais essas “saídas escapatórias” desse grupelho, vamos adicionar novas informações sobre isso.

Lucas e Mateus compartilham muito do material da narrativa infantil, mas Lucas esclarece mais a histórica sobre o assunto. Muitos céticos são rápidos em argumentar que não há nenhum registro histórico do censo que trouxe Maria e José a Belém. Mas na verdade há. “Sir William Ramsay mostrou que, com base na palavra usada em Lucas, Cesar Augusto estabeleceu as condições para um processo em censo e não uma pesquisa de opinião pública maciça. Que a máquina para tal empreendimento estava em operação no momento encontra-se nas Obras de Clemente de Alexandria (155-220)”(Harrison P22). Provas do Egito mostram um processo de um curso censo na época do nascimento de Cristo com intervalos de 14 anos para inscrição. Registros de nascimento a partir do início do segundo século no Egito indicam que o censo ainda estava em operação e dá-nos uma ideia do método utilizado para a organização do censo. [R.K. Harrison, “Arqueologia do Novo Testamento”, New York: Associação de Imprensa de 1964, 23]

Como vemos, Lucas não é tão negligente com os fatos como querem esses ateístas. O núcleo desta minha refutação é a alegação deles sobre o massacre dos inocentes e Lucas. Pois bem. Os céticos argumentam que a menção deste massacre nunca é feito na história extrabíblica e, portanto, Lucas inventou isso. Como habitualmente, os céticos não têm feito sua pesquisa. Há alusões a isto mesmo, ou outros como ele, na literatura judaica. SE isto não é a documentação certa, pelo menos prova que tais eventos poderiam ser negligenciados. Tantas coisas aconteceram no reinado de Herodes, por que um evento como esse não poderia ser deixado de ser mencionado? Se os 4 escritores dos evangelhos escrevessem tudo igual um ao outro, isso sim seria sinal de que inventaram os fatos e fizeram algo combinado. É exatamente essas aparentes “diferenças” nos evangelhos que os tornam mais confiáveis neste sentido. A New Advent Christian Encyclopedia afirma: “Os escritos judaicos mais tardios trazem vestígios de familiaridade com o massacre dos Santos Inocentes (Wagenseil,” Confut Libr.Toldoth “, 15; Eisenmenger op cit, I, 116; Schottgen, op cit….. , II, 667), ”

A liturgia grega afirma que Herodes matou 14.000 meninos (ton hagion id chiliadon Nepion), os sírios falam de 64.000, muitos autores medievais falam de 144.000, de acordo com Apoc., Xiv, 3. Escritores modernos reduzem o número consideravelmente, já que Belém era uma cidade muito pequena. Knabenbauer menciona 15 ou 20 (Evang. S. Mateus, I, 104.), Bisping para 10 ou 12 (Evang. S. Mateus.), Kellner para cerca de seis (Christus and seine Apostel, Freiburg, 1908); cf. “Anzeiger kath. Geistlichk. Deutschl.”, 15 Febr., 1909, p. 32. Este ato cruel de Herodes não é mencionado pelos historiador judaico Flávio Josefo, embora ele relate a muitas das atrocidades cometidas pelo rei durante os últimos anos de seu reinado. O número dessas crianças era tão pequeno que este crime parecia insignificante entre os outros delitos outros de Herodes. Macróbio (Saturn., IV, XIV, de Augusto et jocis ejus) relata que quando Augusto ouviu que, entre os meninos de dois anos e sob próprio filho de Herodes, também foram massacrados, ele disse: “É melhor ser porco [rentes] de Herodes, do que o seu filho [houios] , aludindo à lei judaica de não comer e, consequentemente, não matar suínos. A Idade Média deu fé a esta história, Abelardo a inseriu em seu hino para a festa de Santos Inocentes: (Ibid)

MINUCIOSAMENTE DE TUDO desde o princípio; Para que conheças a CERTEZA. Ora, isto não se tratava de todos os detalhes neste sentido.
Lucas ainda diz que Jesus e sua família ia todos os anos à Jerusalém para as comemorações da páscoa (2:40-41), sem fazer qualquer menção de que Jesus tenha escapado da morte ou qualquer correlação entre o terrível Herodes e a infância de Jesus.”
. Como vimos e demonstramos, esses ateístas (na verdade, neo-ateus e humanistas seculares travestidos de ateus beligerantes) já foram desmentidos sobre a alegação simplória de que Josefo ou Lucas omitem a menção do massacre. Agora sobre Lc. 2,41. É aqui onde o apedeutismo simplista deles fica mais evidente. Seu desconhecimento de história, de como funcionava a sociedade e religião judaica, além do sistema romano, os faz proclamar os mais desvairados simplismos. O “todos os anos”, de Lc. 2,41, não significa “desde sua infância”. O erudito William Barclay nos informa:

 A  lei  estabelecia  que  todo  varão  adulto  judeu  que  vivesse dentro dos 30 quilômetros de Jerusalém devia ir ali para a Páscoa. Em realidade todos os judeus do mundo tinham a esperança de poder passar a festa ali pelo menos uma vez em sua vida.  Um  jovem  judeu  era  considerado  adulto  quando  fazia  doze  anos. Convertia-se então em filho da lei e devia cumprir as obrigações que esta impunha. Por isso, Jesus concorreu pela primeira vez à festa da Páscoa aos  doze  anos. (grifo nosso)

Lucas tinha razões urgentes e convincentes para cuidadosamente evitar todo o assunto de Herodes e os magos. Os magos eram partos. Agora os romanos tinham feito repetidos esforços, mas sem êxito, em conquistar a Partia (Pérsia), e os partos lutaram de volta agressivamente (capturando Jerusalém, no século V dC). Mesmo quando os dois impérios não estavam brigando, estavam constantemente fazendo manobras, buscando aliados e estados-chave e como esferas de influência, e tentando colocar governantes favoráveis ​​para eles nos principais tronos dos vários principados  menores do Oriente Oriente. Nos últimos anos do reinado de Nero, os partos colocaram um rei pró-partiano, Tiridates, no trono da Armênia, causando assim uma crise internacional, que foi finalmente resolvida quando Tiridates permitindo manter seu trono na condição de que ele viessa a Roma e fizesse uma homenagem a Nero. Agora Lucas, que pôde ter escrito seu evangelho na época do caso Tiridates, não estava ignorante da política imperial. Ele havia acompanhado Paulo quando este foi para Roma para ser julgado perante Nero, e ele sabia que o cristianismo estava em perigo de ser declarado traidor. Que seu fundador tinha sido executado por um governador romano sob a acusação de afirmar ser o Rei dos judeus era, para dizer o mínimo, estranho. Mas a história dos Reis Magos poderia ter sido entendido no sentido de que quando ele nasceu um grupo de partos tinha reconhecido sua reivindicação para ser o Rei dos judeus, e que havia apoiado a reclamação contra o reivindicação rival de Herodes, o rei pró-romano. Já era ruim o suficiente ter cristãos suspeitos de fazer parte de uma Frente Nacional Judaica de Libertação. Fazer com que eles fossem suspeitos de ligações partas teria sido dez vezes pior. Lucas não era tolo. Tudo o que ele sabia sobre os Magos ele guardava para si mesmo.

Como vimos, então, esses “céticos” e ateístas falham miseravelmente em suas críticas tacanhas e superficiais.

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