Crítica do livro “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental”, de Thomas Woods

unnamed (14)O livro de Thomas Woods intitulado “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental” é um antídoto irrespondível para os detratores anticatólicos e suas calúnias irracionais. O prof. Woods fornece um argumento convincente de que a civilização ocidental não poderia ter prosperado sem as conquistas valiosas da Igreja Católica ao longo dos últimos 2.000 anos.

O prof. Woods examina a Igreja Católica desde antes e durante a Idade Média e deixa claro que as autoridades da Igreja Católica e especialmente os monges,  foram inestimáveis na preservação da aprendizagem. Ele deixa claro que os primeiros monges e freiras católicos eram as únicas pessoas alfabetizadas na Europa, e eles preservaram a cultura por copiar livros à mão e transmitir o ensino. O tratamento do prof. Woods deste episódio histórico dá ao leitor atento uma visão de como aqueles que estavam nas ordens religiosas foram cruciais para a recuperação europeia.

O capítulo do prof. Woods sobre as universidades medievais é sólido. Ele demonstra as condições em que professores e alunos operavam e deixa claro que a “Era da Escolástica” foi uma vibrante era intelectual. Os livros dão exemplos do currículo e da ênfase na lógica e na razão, tanto na aprendizagem e resolução de problemas intelectuais. A Idade da Razão, na verdade, começou nas universidades medievais católicas, em vez de nos séculos 17 e 18. A avaliação do prof. Woods da escolástica medieval se compara favoravelmente com “A cultura escolástica da Idade Média, de 1000-1300”, de John Baldwin.
A Igreja então teve um papel indispensável no talvez maior desenvolvimento essencial para a civilização ocidental: a criação da universidade. A universidade foi um fenômeno totalmente novo na história europeia. Nada como ela existia na Grécia e Roma antigas. A instituição que nós reconhecemos hoje, com suas faculdades, cursos de estudos, exames, e graus, bem como a distinção familiar entre os cursos de graduação e pós-graduação, nos vieram diretamente do mundo medieval. E não é nenhuma surpresa que a Igreja deve ter feito muito para promover o sistema universitário nascente, uma vez que a Igreja, segundo o historiador Lowrie Daly, “era a única instituição na Europa que demonstrou interesse consistente na preservação e cultivo do saber”.

Os papas e clérigos classificaram as universidades entre as grandes jóias da civilização cristã. Era típico ouvir a Universidade de Paris descrita como a “nova Atenas” – uma designação que chama a atenção pelas ambições do grande Alcuíno do período carolíngio de vários séculos antes, que buscou através de seus próprios esforços educacionais estabelecer uma nova Atenas no reino dos Francos. O papa Inocêncio IV (1243-1254) descreveu as universidades como “rios de ciência cujas águas tornam fértil o solo da Igreja universal”, e o Papa Alexandre IV (1254-1261) as chamou de “lanternas brilhantes na casa de Deus.” E os papas não mereceram pequena parte do crédito pelo crescimento e sucesso do sistema universitário. “Graças à intervenção repetida do papado”, escreve o historiador Henri Daniel-Rops, “o ensino superior foi ativado para estender suas fronteiras. A Igreja, na verdade, foi a matriz que produziu a universidade, o ninho de onde ela levantou vôo.”

Por uma questão de fato, entre as mais importantes contribuições medievais à ciência moderna foi o inquérito essencialmente livre do sistema universitário, onde os acadêmicos podiam debater e discutir proposições, e no qual a utilidade da razão humana foi um dado adquirido. Contrariamente à imagem grosseiramente inexata da Idade Média, que passa pelo conhecimento comum atualmente, a vida intelectual medieval fez contribuições indispensáveis para a civilização ocidental. Em “Os primórdios da ciência ocidental” (1992), David Lindberg escreve:

Deve ser enfaticamente afirmado que dentro deste sistema educacional o mestre medieval teve uma grande dose de liberdade. O estereótipo da Idade Média apresenta o professor como covarde e subserviente, um seguidor servil de Aristóteles e dos pais da Igreja (exatamente como se poderia ser um seguidor servil de ambos, o estereótipo não explica), com medo de sair um pouco das exigências de autoridade. Havia amplos limites teológicos, é claro, mas dentro desses limites o mestre medieval tinha notável liberdade de pensamento e de expressão e não havia quase nenhuma doutrina filosófica ou teológica, que não fosse submetida ao escrutínio e críticas por parte de estudiosos da universidade medieval.

“Os eruditos e escolásticos do final da Idade Média”, conclui Lindberg, “criaram uma ampla tradição intelectual, na ausência da qual o progresso posterior na filosofia natural teria sido inconcebível.”

O historiador da ciência Edward Grant concorda com este julgamento:

O que tornou possível para a civilização ocidental desenvolver a ciência e as ciências sociais de uma maneira que nenhuma outra civilização nunca tinha feito antes? A resposta, eu estou convencido, reside em um espírito penetrante e profundo de investigação que foi uma consequência natural da ênfase na razão, que começou na Idade Média. Com exceção das verdades reveladas, a razão foi entronizada nas universidades medievais como o árbitro final para a maioria dos argumentos e controvérsias intelectuais. Era muito natural para os estudiosos imersos em um ambiente universitário empregar a razão para sondar áreas que não tinham sido exploradas antes, bem como para discutir possibilidades que não haviam sido levada a sério.

A criação da universidade, o compromisso com a razão e argumento racional, e o espírito geral de investigação que caracterizou a vida intelectual medieval resultaram em “um presente da Idade Média Latina para o mundo moderno … embora seja um presente que nunca possa ser reconhecido. Talvez ele sempre mantém o estatuto que teve durante os últimos quatro séculos como o segredo mais bem guardado da civilização ocidental”.

O capítulo cinco do livro enfraquece a noção de que as autoridades católicas tentaram minar o estudo científico. Por exemplo, o prof Woods cita vários exemplos de autoridades universitários católicos de apoio ao estudo científico e emprestando recursos consideráveis para o estudo da astronomia. Ele também dá uma esclarecimento honesto do julgamento de Galileu, que também foi muito elogiado pelos authorties católicos, incluindo o Papa. Ele demonstra que foram os jesuítas os que primeiro iniciaram o estudo da sismologia. Este capítulo é importante porque mina a falsa noção de que a Igreja Católica era contra a ciência. Há que observar que muitos dos vanços científicos que temos e que são importantes se originaram com os auspícios da Igreja Católica.

A Igreja Católica não só fez inestimáveis contribuições para a ciência e filosofia, mas o prof. Woods apresenta uma abundância de provas valiosas das contribuições que a Igreja Católica fez no desenvolvimento tanto do Direito Canônico e dos conceitos de Direitos naturais e legais. Estes capítulos são especialmente importantes na medida em que provam claramente que os juristas católicos tinham preocupação meticulosa para com os direitos dos indivíduos, incluindo aqueles que não eram católicos. Esta tese é provada para além de qualquer dúvida no capítulos nove, dez e onze.

O prof. Woods apresenta um caso histórico do que acontece em “um mundo sem Deus”, que é o título da conclusão do livro. O século XX é, portanto, o século mais sangrento da história. A ausência de códigos morais, exceto os que o Estado dita sem convicções religiosas, convicções ensinadas pela Igreja Católica, apresenta uma tragédia histórica.

O prof. Woods, sozinho, poderia ter escrito uma prateleira inteira de uma biblioteca sobre o papel crucial da Igreja Católica na criação da Civilização Ocidental. Aqueles que querem saber mais devem consultar a bibliografia no final do livro, que é muito boa. Eu incluiria o ótimo livro de Regine Pernoud intitulado “Aquela terrível Idade Média: desmascarando os mitos” e “Ortodoxia”, de de G. K. Chesterton. Um livro recente publicado pelo padre Duffy intitulado “A rainha das ciências: a relação especial entre a teologia católica e a aprendizagem liberal” deve ser lido em conjunto com o livro do Prof Woods.

Enfim, há muito o que se falar sobre este ótimo compêndio que é ao mesmo tempo sucinto e objetivo em suas apresentações e provas da inestimável importância da Igreja Católica na construção da civilização ocidental. Um livro mais do que obrigatório.
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