Como Stephen Fry iria responder a seu próprio desafio a Deus?

O ator e comediante britânico Stephen Fry tem feito algum movimento na Internet. Durante uma gravação para o programa O significado da vida, o entrevistador Gay Byrne pediu ao ateu Fry a questão que anteriormente foi colocada a Bertrand Russell: “Suponha que é tudo verdade, e você ande até os portões do céu e seja confrontado por Deus. Stephen Fry vai dizer o quê para ele ou ela?” (você pode assistir o clipe completo acima). Fry disparou uma resposta muito emocional, começando com:

Eu diria: “câncer ósseo em crianças? O que é isso? Como você ousa? Como você se atreve a criar um mundo em que há tanta miséria e que não é culpa sua?! É completamente, totalmente perverso. Por que eu deveria respeitar um Deus caprichoso, cruel e estúpido que cria um mundo que é tão cheio de injustiça e dor?”. Isso é o que eu diria. 1

Ele continua o vídeo criticando Deus por criar os parasitas que causam a cegueira do rio, detalhando os sintomas de alguns dos casos mais horríveis. Quando perguntado por Byrne “E você acha que vai entrar?” Fry responde: “Não, mas eu não iria querer. Eu não gostaria de entrar em seus termos. Eles estão errados.”

A resposta de Fry não é desconhecida. É a típica resposta padrão neo-ateia, uma recapitulação de Dawkins e outros. Ele tem tanta arrogância em sua resposta, porém, que parece tirar o fôlego do entrevistador. Fry está confiante de que Deus não pode existir por causa do mal natural horrível que ele vê no mundo. Se Deus existe, ele tem um monte de explicações a dar para Stephen Fry, bem como a essas pobres vítimas de câncer ósseo.

O problema do mal é problema de todos
Enquanto Fry está protestando contra Deus, eu me pergunto como ele responderia a mesma acusação usando sua própria visão de mundo. Como Fry iria oferecer conforto para a mãe de uma criança com câncer ósseo dentro de sua compreensão do ateísmo? Será que ele diria: “Bem, sinto muito. A evolução é impulsionada pela seleção natural de mutação genética vantajosa. Seu filho tem uma mutação, mas não foi uma mutação vantajosa. Ela tem que morrer, mas isso tudo bem. Os seres mais aptos vão deixar mais descendentes”. Dada a visão de Fry, como ele pode dizer que o câncer de osso é injusto? É o processo de mutação na prática. 2

A resposta de Fry é a melhor? Se o câncer de osso é parte do processo evolutivo, como ele pode rotular que sua existência é errada? De onde vem esta definição de certo e errado? Se ele não quer mutações de DNA, então ele não quer que os humanos evoluam. Caso contrário, coisas como dor, sofrimento, e parasitas comendo os olhos de crianças africanas é apenas a forma como o mundo funciona; certo e errado não entram em tudo isto.

Anjos e demônjos
Curiosamente, antes desta parte da entrevista, Fry estava comentando sobre seu transtorno bipolar. Byrne pergunta: “Você diz que por toda a dor que a depressão lhe causa, não iria querer livrar-se dela por causa dos lugares que você leva, em termos de elevações criativas”. Fry concorda e cita W.O. Jordan, que disse: “Não leve embora meus demônios, porque você vai tirar meus anjos, também”. Ele, então, diz a Byrne como ele pode levar um alto grau de funcionamento e uma vida de sucesso mesmo com uma doença mental.

Então porque é que Fry pode ver algo bom vindo da debilitação dentro de sua própria vida, resistindo à remoção do defeito da bipolaridade e não pode abre sua mente para a possibilidade de que Deus permite o mal que vemos no mundo para maiores propósitos? Certamente, Fry não sabe tanto que ele pode dizer com certeza como um mundo de criaturas livres e caídas se comportaria em um mundo onde nunca precisassem confiar em Deus para a sua segurança, para aliviar sua dor, ou de recorrer a um esperança para o futuro.

O luxo do ateísmo para os ricos
Andy Walton comenta a mesma coisa sobre Fry e o pessoal da British Humanist Association. Lembra-se que Richard Dawkins e a BHA criaram uma campanha publicitária que declara “Provavelmente não existe Deus. Agora, pare de se preocupar e aproveite a sua vida.” 3 Walton comentou que esse tipo de raciocínio é “destinado a uma pequena elite, privilegiada do povo ocidental no século 21”. Ele continua:

“Pare de se preocupar”, diz Fry. “Esqueça Deus e vida após a morte e, finalmente, você estará livre para aproveitar a vida”. Bem, desculpe-me Stephen, mas se você tirar a Deus e a esperança de uma vida futura, a maioria dos crentes que você diz serem “libertados” não serão pessoas privilegiadas e ocidentais que vão ser lançados em uma vida de auto-amabilidade gratificante. Na verdade, serão na sua maioria pobres, a maioria são mulheres e estão se agarrando em sua esperança e fé para tudo o que se valem. Pense nos cristãos na Síria, República Democrática do Congo ou na Coreia do Norte. Pense no inferno na terra que alguns deles estão experimentando. Como Stephen Fry se atreve a dizer-lhes que a vida seria muito melhor se desistissem de sua fé tola? 4

Creio que esse é o ponto. É muito fácil assumir a superioridade moral e julgar Deus quando lhe convêm, mas quando é para se fornecer respostas a partir de suas próprias crenças, isso é difícil. Se Fry quer realmente fazer um argumento convincente contra Deus, ele precisa vir com sua própria resposta para o problema do mal, que seja melhor do que a esperança oferecida aos fiéis em Cristo.

Referências
1. “Stephen Fry.” The Meaning of Life with Gay Byrne. RTE One. Dublin, Ireland, 01 Feb. 2015. The Meaning of Life with Gay Byrne. Web. 4 Feb. 2015. http://www.rte.ie/player/us/show/10370987/.
2. Mayo Clinic Staff. “Bone Cancer – Causes.” Mayo Clinic. Mayo Clinic, 12 Sept. 2013. Web. 04 Feb. 2015. http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/bone-cancer/basics/causes/con-20028192.
3. “Atheist Bus Campaign.” British Humanist Association. British Humanist Association, n.d. Web. 04 Feb. 2015. https://humanism.org.uk/about/atheist-bus-campaign/.
4. Walton, Andy. “Thou Shalt Not Question Stephen Fry.” Threads. Andy Walton, 3 Feb. 2015. Web. 4 Feb. 2015. http://www.threadsuk.com/thou-shalt-not-question-stephen-fry/

Fonte: http://apologetics-notes.comereason.org/2015/02/how-would-stephen-fry-answer-his-own.html
Tradução: Emerson de Oliveira

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