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Respostas ao Antonio Miranda e seu “desafio Jesus” – II

hqdefaultAntonio Miranda (O cara do incrível argumento “Deus tem nariz?”), ataca novamente tentando tirar a credibilidade histórica da história de Jesus. Nesse vídeo, ele argumenta que Jesus não existiu, mas, se existiu, foi um homem comum. Será que a argumentação dele passa adiante e seria levada a serio pelos historiadores contemporaneos?

Jesus não nasceu dia 25 de dezembro
Não existe parte alguma nos evangelhos, nas epistolas e nas profecias que digam que Jesus tenha nascido no dia 25 de dezembro. Essa é a única parte que Antonio Miranda esta certo. Mas não é nada demais. Ele apenas apontou que uma tradição esta errada.

Herodes e Quirino (Mateus 2:1 e Lucas 2:2) – 4:45
Isso não é realmente um problema, já que existem soluções. Quintilio Varo governou a Síria entre 7 a.C e 4 a.C. Ele não era alguém em que se podia confiar, e com isso causou problemas em 9 d.C, após perder grupos de soldados na floresta de Teutoburgo. Já Quirino era um ótimo líder militar. No período entre 8 a 7 a.C, Augusto colocou Quirino para resolver problemas na área da Palestina, passando por cima da autoridade do governo de Varo.

Outros propõem que Quirino governou a Síria duas vezes, uma entre 12 e 2 aC, e outra começando em 6 d.C. Existe uma evidencia disso, descoberta em 1764, que se refere a Quirino como governador da Síria duas vezes.

Norman Geisler e Thomas Howe também propõem que a palavra “Protos”, em grego, pode ser traduzida como “antes”. Assim, a passagem ficaria “Este recenseamento foi feito antes de Quirino ser governador da Síria”. [Geisler e Howe, “Manual de dificuldades bíblicas, p. 313]

Mateus, Herodes e o massacre dos inocentes – 5:45
É um fato que nenhuma outra fonte da época menciona esse acontecimento. Porem, não existe também razão para duvidar. Apesar de Josefo ter registrado cuidadosamente os atos de Herodes, existem razões para isso não ter sido registrado.

Primeiro, quantos garotos com idade de dois anos ou menos na pequena cidade de Belém foram massacrados? Dois? Cinco? Quinze? Mateus não nos diz nada.

Josefo diz que Herodes assassinou um numero enorme de pessoas, e que era extremamente cruel com os vivos, a ponto destes chamarem os mortos de sortudos. Então, nos é dito por Josefo que Herodes não era um “cara maneiro”. Esse nível de crueldade pode nos dizer que assassinar alguns meninos na pequena Belém foi algo minúsculo no reinado de Herodes. Historiados J. P. Holding diz:

“Sendo que os eventos do reinado de Herodes envolveram praticamente uma atrocidade após outra […] dificilmente um dia em seu reinado de 36 anos passou com alguém não sendo sentenciado a morte – Por que qualquer evento em particular deveria causar rebelião, quando outros em particular, incluindo aqueles registrados por Josefo, não causaram?” [Tektonics, “The Slaughter of the Innocents: Historical or Not?”]

Jesus de Belém ou Nazaré? – 6:26
Se Jesus nasceu em Nazaré, e o nascimento em Belém foi forçado e escrito apenas pra parecer cumprir profecias, então por que os autores não mudaram o Jesus de Nazaré para Jesus de Belém?

Genealogias diferentes em Mateus e Lucas – 7:25
Isso é simples de se resolver, e Antonio parece não ter se dado ao trabalho de pesquisar. Primeiro, a genealogia de Mateus fala de José, o pai legal de Jesus, enquanto a de Lucas fala da de Maria, a mãe verdadeira de Jesus.

Ambas as genealogias vem de Davi, porem, com filhos diferentes. O pai pela lei de Jesus, José, tem sua genealogia ligada a Salomão. Sendo assim, Cristo tem o direito ao trono de Davi (2 Samuel 7:12). Já a mãe verdadeira de Jesus, mostra Cristo como descendente de Natã, mostrando o lado inteiramente humano de Cristo.

Pode argumentar “mas ambas as genealogias tem alguns nomes em comum”, porem, esses nomes não eram incomuns e até mesmo a genealogia de Lucas repete os nomes José e Judá.

Os reis magos não eram reis e nem três – 9:15
E daí? Nada na Bíblia diz que eram reis e nem três. Até mesmo alguns cultos da igreja falam isso perto do natal. (A parte do Zoroastrismo eu vou refutar em outro texto)

Os autores dos Evangelhos – 10:05 (Já respondi a isso nesse outro texto)

Se a igreja escolheu depois quem foram os autores, fizeram um péssimo trabalho. Marcos e Lucas não eram discipulos de Jesus. Então, porque colocar eles como autores? Mateus era discipulo, mas era um dos mais “odiados” já que antes era coletor de importos. Dr. Craig Blomberg, considerado uma das autoridades mais importantes nas biografias de Jesus, os quatro evangelhos, diz o seguinte:

“Compare isso com o que aconteceu quando os fantasiosos evangelhos apócrifos foram escritos muito depois. As pessoas atribuíram sua autoria a personagens conhecidos e exemplares: Filipe, Pedro, Maria, Tiago. Esses nomes tinham muito mais prestígio que os de Mateus, Marcos e Lucas. […] não haveria por que conferir a autoria a esses três indivíduos menos respeitáveis se não fossem de fato os verdadeiros autores.” [Craig Blomberg entrevistado por Lee Strobel, Em Defesa de Cristo. p. 13]

A credibilidade dos documentos e a verdade dos fatos descritos independem de quem escreveu ou não os documentos. Se quem escreveu os evangelhos não foram Marcos, Mateus, Lucas e João, o que isso significa? Que Jesus não existiu? Que Deus não existe? Que Jesus não ressuscitou dos mortos? Obviamente não. Como William L. Craig diz:

“A idéia por traz dessa questão [quem escreveu os evangelhos] parece dizer que a autoria do Novo Testamento é de alguma forma crucial para eles serem fontes históricas criveis da vida de Jesus. Eu duvido que qualquer estudioso do Jesus histórico pense que tendo sucesso em identificar os autores dos vários documentos coletados no Novo Testamento seja crucial para eles servirem de fontes históricas com credibilidade para os eventos ou ditos de Jesus” [Reasonable Faith Q&A, “Gospel Authorship–Who Cares?”]

Fonte Q – 11:47
Miranda diz que “os Evangelhos tem o que estudiosos chamam de fonte Q”. Ao invés disso tornar duvidosa a história dos evangelhos, isso só aumenta sua credibilidade. A chamada fonte Q é bem mais antiga do que os Evangelhos, dando credibilidade aos dizeres de Jesus.

Historiador Craig Blomberg diz:

“Escute […] se isolássemos o material de Q, que retrato de Jesus teríamos? Bem, não se esqueça de que o documento Q era ma coleção de citações e, portanto, não tinha material de narrativa capaz de fornecer uma imagem muito ampla de Jesus […] Seja como for, Jesus faz ali algumas declarações de peso, por exemplo, a de que era a personificação da sabedoria e que, por seu intermédio, Deus julgaria toda a humanidade, fosse aceito ou rejeitado por ela. Recentemente, um livro acadêmico defendeu a seguinte tese: se todos os dizeres de Q fossem isoladas, seria obtida a mesma imagem de Jesus que se encontra disseminada nos evangelhos: a de alguém que fazia afirmações audaciosas sobre si mesmo.” [Craig Blomberg, entrevistado por Lee Strobem, “Em defesa de Cristo”, p. 33-34]

A idade das cópias do Novo Testamento – 13:38
Aqui ele simplesmente parece não entender como é feita a reconstrução dos manuscritos. Existem mais de 5600 copias do Novo Testamento em Grego, no original, e mais de 9000 em outras línguas, e com isso temos uma reconstrução de 99,95% do Novo Testamento. É verdade que as mais antigas são de 150 anos, mas isso só significa que os originais são datados de antes.

Uma certeza que temos é que todos os livros do NT foram escritos antes de 100 d.C. O Novo Testamento foi citado por Clemente em 95 d.C., por Inácio em 107 d.C. e por Policarpo em 110 d.C. Tendo em mente que Clemente estava em Roma e Inácio e Policarpo em Esmirna, a centenas de quilômetros, podemos admitir que os documentos foram escritos muito antes, se não, não poderiam ter circulado todo o mundo antigo daquela época.

Mas a data de 100 d.C. é a data mais posterior que podem ter sido escritos.

Suponha que seu líder, o qual você segue estando disposto a morrer por ele, dissesse que um grande templo em sua cidade seria destruído e depois de alguns anos ele tivesse sido realmente destruído, você não escreveria isso na biografia desse seu líder? Isso acontece nos evangelhos. Jesus falou sobre a queda do templo em Jerusalém e, 40 anos após sua morte, o templo foi destruído. Mas nenhum evangelho fala sobre essa destruição. Por isso, apesar de alguns datarem de mais tarde, podemos saber que eles foram escritos antes de 70 d.C.

Em grande parte do livro de Atos, Lucas se dedica a contar a trajetória de Paulo e dos apóstolos detalhadamente. No entanto, ele não menciona a morte de Paulo e Tiago, os dois principais lideres cristãos. Por meio de Clemente de Roma, sabemos que Paulo foi executado no final do reinado de Nero, que terminou no ano de 68 d.C. Por meio de Josefo, sabemos que Tiago foi morto em 62 d.C.

Então, podemos dizer que ele foi escrito antes de 62 d.C., e como Atos foi escrito como uma “seqüência” do evangelho de Lucas, podemos dizer que o Evangelho de Lucas foi escrito ainda antes.

Como o Evangelho de Lucas começa com Lucas dizendo a Teófilo que “muitos já se dedicaram a elaboras um relato dos fatos que se cumpriram…” (Lucas 1.1), sabemos então que o Evangelho de Marcos, por exemplo, é mais antigo ainda.

Depois de ver quão bem o NT encaixa-se com os dados arqueológicos e históricos, o arqueologo liberal William F. Albright escreveu:

“Já podemos dizer enfaticamente que não há mais nenhuma base sólida para considerar que algum livro do NT tenha sido escrito depois do ano 80 d.C.” [Recent Discoveries em Bible Lantis, p. 136]

Craig Blomberg diz:

“As datas estabelecidas no meio acadêmico, mesmo nos círculos mais liberais, situam Marcos nos anos na década de 70, Mateus e Lucas na década de 80, e João na década de 90. Observe que essas datas ainda estão dentro do período de vida de várias pessoas que foram testemunhas oculares da vida de Jesus, inclusive daquelas que lhe foram hostis, e que por isso poderiam atuar como parâmetro de correção caso houvesse em circulação algum ensinamento falso sobre Jesus. Conseqüentemente, essas datas mais recentes para os evangelhos não são assim tão recentes. Na verdade, é possível fazer uma comparação muito instrutiva. As duas biografias mais antigas de Alexandre, o Grande, foram escritas por Ariano e Plutarco depois de mais de 400 anos da morte de Alexandre, ocorrida em 323 a.C, e mesmo assim os historiadores as consideram muito confiáveis. É claro que surgiu um material lendário com o decorrer do tempo, mas isso só aconteceu nos séculos posteriores aos dois autores. Por outras palavras, nos primeiros 500 anos, a história de Alexandre ficou quase intacta. O material lendário começou a aparecer nos 500 anos seguintes. Portanto, comparativamente, é insignificante saber se os evangelhos foram escritos 60 ou 30 anos depois da morte de Jesus. Na verdade, a questão praticamente inexiste.” [Strobel, Ibid, p. 44-45]

A história da mulher adultera (João 7:53; 8:11) – 17:15
É bem verdade que existe debate sobre se essa história estaria no original ou não. Porem, essa história esta de acordo com os ensinamentos de Jesus e não afeta nenhum ensinamento doutrinário do Cristianismo.

Boa parte dos críticos, porem, crê que, mesmo se esse episodio não esteve escrito no original, certamente fez parte da vida de Jesus. Como J. P. Holding disse:

“Até mesmo os melhores críticos admitem que esse pericopo, apesar de obviamente não fazer parte do João original, é bem provável de refletir um episodio autentico da vida de Jesus. […] o registro de Jesus escrevendo na areia parece ser um registro de uma testemunha ocular. Por que notar esse detalhe – Mas não notar o que estava escrito?”

“Alem disso, a favor da autenticidade esta o fato de que esta história parece ser aludida em textos patrísticos. Eusébio indica que Papias contou uma história similar de uma mulher acusada por Jesus de vários pecados.” [Tektonics, “Is John 7:53-8:11 Authentic?”]

Holding prossegue dizendo que o Didascalia Sírio do terceiro século, que diz para os bispos lidarem com os pecadores arrependidos “como Ele fez com fez com ela que havia pecado, quando os anciões se colocaram perante Ele, e deixando o julgamento em Suas mãos” [No comentário de Morris sobre João, p 883, e o comentário Murray-Beasley, p 143]

Também pode ser apontado essa passagem a Lucas, pelo uso do vocabulário de Lucas:

“orthros” (“mais cedo” – João 8:2; Lucas 24:1, Atos 5:21)

“Todo o povo” (João 8:2; aparece quase 20 vezes em Lucas-Atos, mas apenas 5 em Marcos e Mateus juntos)

“Paraginomai” (“aparece” – João 8:2; aparece mais de duas dezenas de vezes em Lucas-Atos, mas apenas 3 vezes em Mateus, uma em Marcos e outra parte de João)

“Kategoros” (“acusadores” – Encontrado apenas em Atos 5 vezes)

“Suneideis (“coincidência” – Encontrado apenas aqui e duas vezes em atos)

“Monte das Oliveiras”, “escribas e Fariseus”, “velhos” (8:1; 8:3; 8:9) – Único nos Sinóticos, alem daqui em João.

A história também se encaixa bem no fato de Lucas ter um interesse especial em mulheres. [Tektonics, IBID]

Códice Sinaitico e Vaticano – 19:33
Aqui ele diz que, como os dois códices não possuem a história pós ressurreição, terminando com as mulheres encontrando a tumba vazia, então devemos admitir que a ressurreição foi inventada posteriormente.

O problema aqui é que ambos os códices são datados da metade do quarto século, e embora sejam os manuscritos quase completos mais antigos que temos, existem copias mais antigas do Novo Testamento.

Códice Sinaitico não possui o final de Marcos. Mas isso não é novidade, a própria Bíblia diz que o final não esta nas copias mais antigas.

Alem disso, que algo aconteceu depois da crucificação de Cristo é reconhecido por 99% dos historiadores [Gary Habermas, “Risen Jesus and Future Hope”]

Historiador ateu Gerd Lüdemann, um dos maiores estudiosos do Novo Testamento do Seminário Jesus, conclui:

“Deve ser considerado historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências após a morte de Jesus, onde este apareceu como o Cristo ressurreto” [Gerd Lüdemann, “What Really Happened to Jesus?”, p. 8.]

Em seu livro “The Risen Jesus and Future Hope”, o historiador Gary Habermas avalia os trabalhos de mais de 1400 historiadores, dos mais céticos aos mais crentes, e conclui a gigantesca maioria dos estudiosos acreditam nesses 12 fatos:

  1. A morte de Jesus deu-se por meio da crucificação romana.
  2. Ele foi sepultado, muito provavelmente, num túmulo particular.
  3. Pouco tempo depois, os discípulos ficaram desanimados, desolados e desacorçoados, tendo perdido a esperança.
  4. O túmulo de Jesus foi encontrado vazio pouco tempo depois de seu sepultamento.
  5. Os discípulos tiveram experiências que acreditaram ser aparições reais do Jesus ressurreto.
  6. Devido a essas experiências, a vida dos discípulos foi totalmente transformada. Depois disso, até mesmo se dispuseram a morrer por sua crença.
  7. A proclamação da ressurreição aconteceu logo de início, desde o começo da história da igreja.
  8. O testemunho público e a pregação dos discípulos sobre a ressurreição de Jesus aconteceram na cidade de Jerusalém, onde Jesus fora crucificado e sepultado pouco tempo antes.
  9. A mensagem do evangelho concentrava-se na pregação da morte e da ressurreição de Jesus.
  10. O domingo passou a ser o principal dia de reunião e adoração.
  11. Tiago, irmão de Jesus e cético antes desse evento, converteu-se quando acreditou que também vira o Jesus ressurreto.
  12. Poucos anos depois, Saulo de Tarso (Paulo) tornou-se cristão devido a uma experiência que ele também acreditou ter sido uma aparição do Jesus ressurreto.

[Gary Habermas, “Risen Jesus and Future Hope”, p. 9-10.]

Sobre os Apócrifos – 20:47 (Sobre os apócrifos eu comentei mais aqui)
Os apócrifos não foram colocados na Bíblia justamente por apresentarem um Jesus diferente. Não é que eles “foram retirados”, eles nunca estiveram. Simplesmente não foram escolhidos. Pra escolher quais Evangelhos fariam parte da Biblia, a igreja tinha basicamente tres critérios:

Primeiro – Os livros tinham que ser escritos por apóstolos, ou seja, tinham que fazer parte dos 12. Marcos foi aceito porque era ajudante de Pedro e Lucas companheiro de Paulo.

Segundo – O documento tinha que estar em harmonia com a tradição cristã basica que a igreja reconhecia.

Terceiro – Procurava-se saber se um documento em especial usava de aceitação e uso continuo por toda a igreja.

Historiador Bruce M. Metzger diz:

“Foi, se é que se pode falar assim, como se fosse uma espécie de ‘sobrevivência do mais apto’ […] Podemos estar certos de que nenhum outro livro antigo pode se comparar ao Novo Testamento em termos de importância para a história ou a doutrina cristãs. Quando estudamos a história primitiva do cânon, saímos convencidos de que é no Novo Testamento que encontramos as fontes mais fidedignas para a história de Jesus. Os que fixaram os limites do cânon tinham uma perspectiva clara e equilibrada do evangelho de Cristo. Leia os outros documentos e veja por si mesmo. Eles foram escritos depois dos quatro evangelhos, nos séculos II a VI, muito tempo depois de Jesus, e, em geral, são muito banais. Seus nomes, como o Evangelho de Pedro e o de Maria, não correspondem aos autores verdadeiros. Por outro lado, os quatro evangelhos do Novo Testamento foram prontamente aceitos com notável unanimidade como portadores de conteúdo autêntico.” [Bruce Metzger entrevistado por Lee Strobel, “Em Defesa de Cristo”. p. 60]

O Evangelho de Tomé não é confiável por foi influenciado pelos movimentos gnósticos do seculo II, III e IV. Ele é descartado pelo fato de apresentar um Jesus machista e panteísta, bem diferente dos evangelhos canônicos. Sobre o Evangelho de Tomé, Metzer diz:

“O certo é que o Evangelho de Tome excluiu a si mesmo! Ele não estava de acordo com os outros testemunhos sobre Jesus que os cristãos primitivos consideravam dignos de confiança.” [IBID, p. 62]

Sobre Jesus ser casado (23:18), nenhum historiador serio vai dizer que qualquer escrito sobre o assunto seja digno de confiança. Antonio tenta apelar para o Evangelho de Filipe. No entanto, este foi escrito cerca de 200 anos depois de Jesus (e o próprio Filipe!) ter morrido. Dr. Darrell L. Bock conclui:

“Se você me perguntar qual é a evidencia de que Jesus foi casado, há uma resposta bem curta. Não existe nenhuma.” [Darrell L. Bock, “Was Jesus Married?”]

Ele pode responder “mas eu só estava mostrando que existem documentos que mostram um Jesus diferente!” Porem, se esses documentos não são confiáveis por serem contrários a tradição antiga de Cristo e ter sido escrito em datas bem posteriores, atribuído a autores já mortos (como Filipe), então isso não serve se real evidencia para mostrar “faces diferentes” de Jesus.

“Zumbis” e milagres – 25:05
Antonio parece pensar que “zombaria” é argumento de gente grande. Ele aponta que os milagres não estão em fontes extra-biblicas, e isso esta meio certo. Porem, isso é pressupor que nenhum documento do Novo Testamento seja digno de confiança. Os historiadores levam o Novo Testamento a serio, tratando-os, não como livros inspirados pelo divino, mas como documentos históricos, que é o que eles eram originalmente, já que no começo, não havia “O Novo Testamento”, eram apenas documentos independentes separados. R. T. France, estudioso do Novo Testamento coloca dessa forma:

“Em seu nível literário e personagens históricos nós temos bons motivos para tratar os evangelhos seriamente como fonte de informação da vida e dos ensinamentos de Jesus, e então da origem histórica do Cristianismo. Historiadores antigos algumas vezes têm comentado que o nível de ceticismo em que os estudiosos do Novo Testamento tratam suas fontes é muito maior do que seria através de qualquer outra área da história antiga. De fato, muitos historiadores antigos teriam se chamado de sortudos em ter quatro contos responsáveis, escritos de uma ou duas gerações após os eventos, e preservados de forma tão boa como um manuscrito antigo […] Alem disso, a decisão de como o estudioso esta disposto a aceitar o registro que eles oferecem provavelmente vai ser influenciada mais por sua abertura a visão de mundo ‘sobrenaturalista’ do que por considerações estritamente históricas.” [R. T. France, “The Gospels as Historical Sources for Jesus, the Founder of Christianity”, p. 86]

Alem disso, os milagres de Jesus não são mais discutidos no meio acadêmico. Historiadores são praticamente unânimes quando se trata do fato de que Jesus fez “coisas que chamaram atenção”.

“Grandes multidões se juntaram para ouvi-lo pregar e testemunhas os exorcismos e as curas registradas” [James Tabor, “The Jesus Dynasty”]

“Há pouca duvida de que as multidões consideraram Jesus um profeta por causa de seus milagres” [Mark Saucy, “Miracles and Jesus’ Proclamation of the Kingdom of God”]

“Jesus era conhecido por fazer ‘feitos poderosos’, de acordo com Josefo, o historiador romano que escreveu sobre Jesus perto do final do primeiro século. Os evangelhos concordam. Eles não apenas registram varias histórias de feitos espetaculares por Jesus, mas também as multidões se reuniram para ver ele por causa de sua reputação como um curandeiro” [Marcus Borg, “The Mighty Deeds of Jesus”]

“A data mais antiga do testemunho dos milagres de Jesus, a proximidade das datas dos documentos escritos aos alegados milagres da vida de Jesus, é praticamente sem paralelo para o período” [Paul Méier, citado em “Miracles: The Credibility of the New Testament Accounts”]

“Jesus é representado como um fazedor de milagres em todo nível da tradição do Novo Testamento. Isso inclui não apenas os quatro Evangelhos, mas também a hipotética fonte de dizeres, chamada Q, que pode ter sido escrita apenas alguns anos após a morte de Jesus. Muitas testemunhas oculares de Cristo ainda estariam vivas na época que esses documentos foram compostas. Essas testemunhas foram as fontes da tradição oral a respeito da vida de Jesus, e à luz do seu ministério muito público, uma forte tradição oral estaria presente em Israel por muitos anos após sua morte” [Craig Blomberg, “The credibility of Jesus’ miracles”]

“Jesus fez coisas inexplicáveis as quais as pessoas de sua epoca chamaram de milagres” [Mark Powell, “The Bible and Interpretation”]

“Os trabalhos mais recentes nos Evangelhos e comparações com materiais etra-biblicos, até mesmo por estudiosos críticos, concluíram que os milagres dos Evangelhos são uma parte integral do ministério do Jesus histórico” [David Graham, “Jesus As Miracle Worker”]

“Creio que podemos estar bem certos de que a fama de Jesus veio como resultado de curas, especialmente exorcismos” [E. P. Sanders, “The Historical Figure of Jesus”]

“[É] praticamente indiscutível que Jesus foi um curandeiro e exorcista” [Marcus Borg, “Jesus, A New Vision: Spirit, Curture and The Life of Discipleship”]

“O que quer que você pense sobre a possibilidade filosófica de milagres de cura, esta claro que Jesus foi bastante conhecido por ter os feito” [Bart Ehrman, “The New Testament: A Historical Introduction to the Early Christian Writings”]

“Até mesmo o historiador mais crítico pode confiantemente afirmar que um judeu chamado Jesus trabalhou como professor e fazedor de milagres na Palestina durante o reinado de Tibério, foi executado por crucificação sob o prefeito Pôncio Pilatos e continuou a ter seguidores após sua morte” [Luke Timothy Johnson, “The Real Jesus”]

(James Bishop tem um artigo em seu site (em inglês) com 58 citações de historiadores sobre os milagres de Jesus.)

Josefo não falou de Jesus? – 31:33

“Naquele tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como homem, tanto as suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o CRISTO. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas haviam predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiram o seu nome.” [Antiguidades 18:63-64]

E Josefo? Teria o escrito dele sido acrescentado por Cristãos depois? A resposta é não.

Como Amy Orr-Ewing notou, vários estudiosos consideram valida a menção a Jesus por Josefo, pelo fato de até mesmo as copias mais antigas terem esse paragrafo. Sendo assim, dizer que essa citação a Cristo não é confiável derrubaria a confiança de todo o resto do material de Josefo. Também é notada a possibilidade de Josefo estas zombando dos Cristãos. [Amy Orr-Ewing, “Por que Confiar na Bíblia?”, p. 58]

Também deve ser dito que até mesmo copias árabes tem esse parágrafo e, portanto, é improvável que tenha sido uma adição cristã posterior. Ele tem consciência disso, e em sua resposta ao Logos Apologética ele colocou a tradução desse texto árabe:

“Nessa época havia um homem sábio chamado Jesus. Seu comportamento era bom, e sabe-se que era uma pessoa de virtudes. Muitos dentre os judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à crucificação e à morte. E aqueles que haviam sido seus discípulos não deixaram de segui-lo. Eles relataram que ele lhes havia aparecido três dias depois da crucificação e que ele estava vivo […] talvez ele fosse o Messias, sobre o qual os profetas relatavam maravilhas” – (GEISLER, Norman, Enciclopédia de Apologética – Vida 2002, pp.449)

Mas isso é irrelevante. Cristãos usam a passagem de Josefo para mostrar que fontes fora da Bíblia citam Jesus. Alem disso, é de se esperar que Josefo não cite Jesus como Cristo, afinal, ele era Judeu. E também pode ser especulado que essas partes foram retiradas no texto árabe.

Talvez seja respondido “e dai? Josefo pode ter tirado todo o material de Marcos”. Porem, isso é improvável, dada a linguagem usada por Josefo. De acordo com historiador Van Voorst, “a escrita de praticamente todos os elementos indicam que Josefo não pegou isso, direta ou indiretamente, de escritos Cristãos do primeiro século.” [Van Voorst Robert, “Jesus outside the New Testament”]

Outros historiadores não mencionam Jesus? – 36:00
Ele cita algumas pessoas da época que deveriam ter citado Jesus mas não citaram. Porem, existem dois problemas aqui. Primeiro, ele novamente pressupõe que o Novo Testamento não são fontes confiáveis de historia. Como apontado acima, eles aão documentos independentes, escritos muito próximos dos eventos e sem sinal de linguagem lendária. Nenhum outro personagem na história tem quatro biografias escritas independentemente em um espaço de tempo tão curto.

Segundo, em seu livro “The Verdict of History”, o historiador Gary Habermas lista um total de 39 fontes antigas que documentam a vida de Jesus. Dentre elas, Habermas enumera mais de cem com fatos relativos à vida de Jesus, seus ensinamentos, a crucificação e a ressurreição. Isso é mais do que a maioria (se não todos) os outros personagens da historia antiga que conhecemos. Agora, ele diz que esses documentos “foram adulterados”, mas não cita se quer uma evidencia de sua afirmação.

Jesus mentiu? – 41:00
Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça. – Lucas 21:32

Isso é simplesmente respondido pelo fato de Jesus ter também uma natureza humana, e isso limitava seus atributos divinos. Em outras passagens, Jesus diz que demoraria para voltar, e até mesmo não sabendo a hora. (Veja esse texto)

Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem. – Mateus 10:23

Uma possível resposta a esse versículo é a de que Jesus estaria dizendo que se juntaria a Seus discípulos após a missão deles. “até que venha o Filho do Homem” nunca é usado em Mateus para se referir a Segunda Vinda de Cristo. É bem possível que Jesus se juntou a eles depois de percorrerem as “cidades de Israel”. Por fim, não há indícios em qualquer passagem de que os discípulos pensavam que Jesus iria para o céu enquanto eles estavam em sua viagem de pregação.

Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. – Mateus 26:64

E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu.- Marcos 14:62

Essa é uma profecia para o fim dos tempos, quando Jesus voltará no Apocalipse. O livro de Apocalipse nos diz que os mortos ressuscitarão, e assim, poderão ver Jesus voltando.

Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino. – Mateus 16:28

Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o reino de Deus com poder. – Marcos 9:1

E em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus. – Lucas 9:27

A explicação mais provável é a de que essa é uma referencia a aparição de Cristo no monte da transfiguração, que é relatado em Mateus 17:1. Cristo aparece literalmente numa forma glorificada, e alguns dos apóstolos (Pedro, Tiago e João) estavam la para testemunhar o que aconteceu. Essa aparição foi uma previa da Segunda Vinda.

Outros versículos que falam “em breve” não significam nada. Em varias outras partes, Jesus diz que o tempo é incerto e que Ele chegaria de surpresa. (Alem disso, se acontecer amanha ou daqui a mil anos, o que seriam 3000 anos perto dos 150 mil em que a humanidade esta aqui, hã?)

Yeishu há-nitzru (e mais)– 46:28 (Falei mais da teoria Cristo-mito aqui)
A teoria de que a historia de Jesus foi copiada de mitos da época foi descartada no final do século 19 e inicio do século 20. Em primeiro lugar, o primeiro paralelo real de um deus que morre e ressuscita só aparece depois do ano 150 d.C, mais de cem anos depois da origem do cristianismo. [Edwin YamauchiI, “Easter – Myth, Hallucination or History?”]

Essa teoria toda teve inicio no inicio do século XX, no entanto, ela desmoronou bem rápido. Isso por que a forma correta de se avaliar a história de Jesus não é como um mito grego-romano, mas sim pelo pano de fundo da cultura judaica.

A maioria das histórias que teriam paralelos são de herois que adquirem divinalização e vão ao céu (Hercules, Romulo), herois que desaparecem e vão para uma realidade superior (Apolonio, Empédocles), simbolos de colheitas com vegetação que morre e volta a vida na estação da chuva (Tamuz, Osiris, Adonis) e nenhum desses tem relação com a ideia judaica de ressurreição. Como N. T. Wright colocou:

“Estes multiplos e sofisticados cultos representavam a morte e a ressurreição do deus como uma metáfora, cujo referente concreto era o ciclo da plantação e colheita, da reprodução e fertilidade humana. Algumas vezes, como no Egito, os mitos e os rituais incluíam praticas funerárias […] Mas a nova vida que esperavam experimentar não era um retorno a vida presente. Ninguem, efetivamente, esperava que as mumias se levantassem, caminhassem de um lado para o outro e levassem uma vida normal […] No mundo judaico não há rastros de deuses e deusas que morrem e ressuscitam. […] quando judeus falavam de ressurreição, não se referiam a algo que supostamente aconteceria com seu Deus YHWH. Tampouco era algo que aconteceria com eles repetidamente; seria um evento único e irrepetivel.”

“De igual modo, quando os cristãos falavam da ressurreição de Jesus, não tinham em mente algo que acontecia todos os anos, como na epoca de semeadura e da colheita. […] Obviamente, é bem possível que quando as pessoas […] ouviram o que os primeiros cristãos diziam, elas tentaram encaixar esta estranha mensagem na cosmovisão dos cultos que conheciam. Mas a evidencia sugere que era mais provavel que ficassem confusas ou que zombassem” [N. T. Wright, “A Ressurreição do Filho de Deus”, pp. 137-138]

E David Aune, especialista em literatura do Antigo Oriente medio conclui:

“Não se encontra paralelo delas [tradições da ressurreição] na biografia greco-romana.” [D. E. Aune, “The genre of the Gospels”, p. 48]

E Maria não sendo virgem? A palavra usada para “virgem” é “parthenía”, que significa… virgem ou filha solteira.

E que tal a copia de Yeshui ha-notzri? Essa teoria veio no livro de Hayyim ben Yehoshua, chamado “The Myth of the Historical Jesus”, que é universalmente rejeitado atualmente. Simplesmente não existe evidencia disso. Como Holding colocou, nenhum estudioso do Talmude diz que Yeishu viveu 150 anos antes de Jesus e isso é apenas dito por “miticistas”. A maioria dos estudiosos, incluindo ateístas, considera o Talmude irrelevante até mesmo para o Jesus histórico. [Tektonics, “Hayyim ben Yehoshua: A Critique”]

(Sobre Horus e etc. já que ele recomendou um livro em inglês, eu recomendo esse livro de J. P. Holding, “Shattering the Christ Myth” e também estes textos em inglês KingDavid8 – Jesus and Horus Parallels e “Win One for the Egypters: D. M. Murdock’s ‘Christ In Egypt’” e também esses sobre o Zoroastrismo já que Antonio gosta tanto “Zoroaster vs Jesus” e “the date of Zoroastrian Writings”)

“Não há provas de que Jesus existiu, e historiadores concordam!” 53:00

Não existem provas de que Jesus existiu, mas o numero de evidencias é esmagador. Nenhum historiador serio vai dizer que Jesus não existiu, que não fez atos que foram interpretados como curas e exorcismos, que não disse ser Deus e etc. Até mesmo o historiador agnóstico Bart Ehrman, mais puxado para o ateísmo e dificilmente um amigo do Cristianismo diz:

“Existem muitas evidencias de que Jesus existiu. Eu sei que é comum pensarem na multidão ateísta que Jesus nunca existiu. Deixe-me dizer, assim que vocês saírem desses grupinhos, vocês vão ver que isso não é nem ao menos discutido entre estudiosos da antiguidade. Não existe nenhum estudioso em nenhuma universidade do mundo ocidental que ensine história antiga, Novo Testamento, Cristianismo primitivo ou qualquer área relacionada que duvide que Jesus tenha existido. […] A razão para acreditar nisso é que ele é retratado abundantemente em fontes próximas aos eventos. Fontes antigas e independentes indicam que Jesus certamente existiu. Um dos autores que conhecemos conheceu o irmão de Jesus e também conhecia o discípulo mais próximo de Jesus, Pedro. Ele é uma testemunha ocular tanto dos discípulos mais próximos de Jesus quanto de seu irmão. Então, me desculpem, eu respeito a descrença de vocês, mas se quiser seguir a evidencia onde ela leva, eu acho que os ateus causaram um prejuízo a si mesmos pulando no miticismo. Porque, francamente, faz vocês parecerem burros para o mundo de fora. Se você for crer que Jesus foi um mito, então você apenas vai parecer burro.” [“O Jesus Histórico Existiu? Bart Ehrman”]

Por: Felipe Soares Forti
Tradução: Emerson de Oliveira

1 comentário em “Respostas ao Antonio Miranda e seu “desafio Jesus” – II”

  1. Emerson esse Antônio é bizarro, ele falou que não tem nenhuma evidência do cristianismo no primeiro século, nenhuma evidência arqueologica(já que obviamente tem evidências históricas), e num comentário do vídeo tava indo todo feliz vendo o cara defender que Jesus realmente existiu quando no final o cara mete “a maior prova disso é que ele falhou vergonhosamente quando disse que seu reinado se estabeleceria naquela geração”, eu fiquei me mordendo de ódio. Emerson será mesmo que não há evidências arqueologicas sobre o cristianismo no primeiro século? Se não há, os arqueologos sabem explicar o porque?

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