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Resposta ao “Universo Racionalista” em sua crítica ao Argumento Kalam

CraigO site ateísta auto-intitulado “Universo Racionalista” (?) propôs uma crítica ao argumento cosmológico Kalam, muito utilizado por William Lane Craig e outros em sua defesa e proposição de uma Primeira Causa para a existência de tudo. Vamos analisar aqui.

O famoso Argumento Cosmológico Kalām, comumente usado por cristãos, muçulmanos e judeus, se baseia em duas premissas com uma terceira conclusão.

P.1: Tudo que veio a existir, tem uma causa.
P.2: O universo teve um começo.
Conclusão: Portanto, o universo tem uma causa.

Os teístas afirmam que esta “causa”, é Deus.

Até aqui, tudo ok. Foi citado o que realmente o argumento diz. Note que o argumento propõe “tudo o que VEIO A EXISTIR”. Há muitos maus entendidos sobre este argumento e muitos céticos distorcem propositalmente para melhor criticá-lo. Este parece ser o caso do “Universo Racionalista”.

Então, meu primeiro problema com o Argumento Cosmológico é que ele se apresenta como sendo baseado em leis universais, entretanto, ele distorce essas leis de forma que o argumento possa assim ser validado.

Vamos ver se o autor define isto. Ele alega que o ACK “distorce essas leis universais de forma que o argumento possa ser validado”.

Analisando a primeira premissa, a lei de causa e efeito não fala sobre criação da matéria ou da energia, isso nunca foi observado e é portanto uma hipótese desconhecida, incontável e não testável. A lei de causa e efeito se aplica aos estados de mudança da matéria, seja isso a reorganização de átomos ou a mudança de estados; de sólido para liquido, gasoso ou vice e versa. Assim como também a transferência de energia, liberando-a seja através de calor, movimento ou som, assim como armazenando-a outra vez. Esses são os casos onde as leis de causa e efeito tem sido observadas e dessa forma não são aplicáveis a criação da energia e da matéria. Portanto, esse argumento está cometendo a falácia do equívoco, com a ajuda da semântica coloquial.

Este artigo, em geral, comete a famosa falácia do homem de palha, ou falácia do espantalho, por talvez, uma falsa interpretação ou proposital distorção do argumento cosmológico Kalam. O argumento cosmológico não está baseado em observações empíricas, mas em uma necessidade metafísica:[“Analisando a primeira premissa, a lei de causa e efeito não fala sobre criação da matéria ou da energia, isso nunca foi observado e é portanto uma hipótese desconhecida, incontável e não testável.”] A premissa de que tudo o que passa a existir necessita de uma causa eficiente não se baseia na observação empírica, mas no fato de que é impossível que uma coisa venha do nada. Visto que o nada simplesmente não é, ele não possui predicado ontológico positivo. Se o nada criou algo ele tem uma propriedade positiva, então ele não seria o nada. O ACK comete a falácia do equívoco? Vemos aqui que não.

2. A premissa de que “Deus não está sujeito à lei da causalidade”, não se deve a uma falácia do táxi, mas novamente a uma necessidade metafísica: [“A única forma de burlar esse paradoxo é declarar que Deus não se restringe as essas leis de causa e efeito, mas que eles afirmam serem aplicadas ao universo.”] O artigo faz uso da argumentação kantiana da antinomia acerca da causalidade. O texto , a partir de um dado momento, passa argumentar com base na seguinte premissa “Se tudo requer uma causa”, ignorando o que foi dito no próprio início do artigo: “Tudo que veio a existir, tem uma causa”. Não é tudo o que existe que necessita de uma causa, mas tudo o que passa a existir. Deus é um Ser Necessário, o que por definição significa que Ele não pode não existir, portanto Deus não veio a existir, não necessitando de uma causa eficiente.

3. “Deus é capaz de existir sem um criador, mas o Universo não”: O motivo disso é claro: O Universo é contingente, e portanto passou a existir. O próprio artigo concorda: ” todos nós concordamos que o universo passou a existir em algum ponto”. Deus, por sua vez, pode existir sem Criador, porque Ele é um Ser Necessário, e não-contingente.

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