Resposta ao vídeo: Jesus teve um caso com Maria Madalena?

Em mais um vídeo aparentemente especulativo e provocativo, com uma thumbnail duvidosa, Sabino, o qual já respondemos várias vezes aqui e no canal, vem com mais essa. Vídeos normalmente provocativos e críticos da Bíblia atraem pessoas incautas e com pouca informação.

Quando romancistas e roteiristas tentam inserir algo obsceno na vida de Jesus, eles se concentram em uma mulher: Maria de Magdala . Maria Madalena era uma prostituta? Maria Madalena era a esposa de Jesus? Birger A. Pearson aborda essas noções populares no artigo “From Saint to Sinner” abaixo.

Como Pearson observa, não há evidências substanciais para nenhuma dessas teorias. Quanto a ela ser nomeada no Novo Testamento, nenhum dos Evangelhos sugere que ela seja Maria Madalena, esposa de Jesus. Três Evangelhos a nomeiam apenas como testemunha de sua crucificação e/ou sepultamento. Todos os quatro Evangelhos a colocam na cena da ressurreição de Jesus (embora Lucas não a liste como testemunha). Somente no Evangelho segundo Lucas há a menor implicação de que ela pode ter tido uma vida passada que poderia levantar sobrancelhas e a pergunta: Maria Madalena era uma prostituta? Lucas 8 a nomeia entre outras seguidoras e apoiadoras financeiras e diz que ela havia sido libertada do poder de sete demônios.

No entanto, o Novo Testamento não diz nada disso. Em vez disso, em três dos quatro Evangelhos canônicos, Maria Madalena é mencionada pelo nome apenas em conexão com a morte e ressurreição de Jesus. Ela é uma testemunha de sua crucificação (Mateus 27:55–56; Marcos 15:40–41; João 19:25) e sepultamento (Mateus 27:61; Marcos 15:47). 1 Ela é uma das primeiras (a primeira, de acordo com João) a chegar ao túmulo vazio (Mateus 28:1–8; Marcos 16:1–8; Lucas 24:1–12; João 20:1–10). E ela é uma das primeiras (novamente, a primeira, de acordo com João) a testemunhar o Cristo ressuscitado (Mateus 28:9; João 20:14–18).

Somente o Evangelho de Lucas nomeia Maria Madalena em conexão com a vida diária e o ministério público de Jesus. Ali, Maria é listada como alguém que seguiu Jesus enquanto ele ia de aldeia em aldeia, trazendo as boas novas do reino de Deus. “E os doze estavam com ele, e também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios, e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Susana, e muitas outras, que os serviam com seus bens” (Lucas 8:1–3).

Desta feita alega que Maria Madalena deve ter tido um caso com Jesus. Não vou responder ao vídeo inteiro mas algumas partes. Basicamente, Sabino alega que:

– Os evangelhos destacam o nome de Maria Madalena sempre “em primeiro lugar”
– Somente parentes dos mortos no séc. I poderiam ungir o corpo de um morto, mas Maria Madalena aparece ungindo o corpo de Jesus

A Bíblia fala de seis mulheres chamadas Maria.

  1. A mãe de Jesus. — Mateus 1:18.
  2. A irmã de Marta e Lázaro. — João 11:1, 2.
  3. Maria Madalena. — Lucas 8:2.
  4. A mãe de Tiago e Josés. — Mateus 27:56.
  5. A mãe de João Marcos. — Atos 12:12.
  6. Uma cristã em Roma que trabalhou bastante pela igreja de lá. — Romanos 16:6.

Pouco antes de morrer, Jesus deixou sua mãe aos cuidados de um de seus discípulos. (João 19:25-27) Se Jesus fosse casado ou tivesse filhos, sem dúvida ele teria tomado providências para que alguém também tomasse conta desses familiares tão próximos.

O papel histórico de Maria como apóstola está claramente ligado à sua experiência de uma aparição do Cristo ressuscitado. Como observado acima, no Evangelho de João, Maria Madalena vai sozinha ao túmulo, onde é a primeira a ver Jesus ressuscitado. Ele diz a ela para contar aos seus “irmãos” que ele está ascendendo a Deus Pai. Ela então vai até os discípulos e conta a eles o que viu e ouviu (João 20:1, 11–19). 9 Mais tarde, naquele mesmo dia, Jesus aparece aos discípulos reunidos a portas fechadas. Ele confirma, assim, pessoalmente, a mensagem que Maria lhes havia dado. Em contraste com a imagem de Maria de Lucas, em João ela surge como uma “apóstola dos apóstolos”. 10

O primeiro versículo analisado é Mt. 27,61



Maria Madalena e a outra Maria estavam aí sentadas, em frente ao sepulcro.

Maria Madalena é mencionada frequentemente porque desempenhou um papel crucial como testemunha ocular nos eventos principais da vida de Jesus, incluindo sua crucificação, sepultamento e ressurreição. Sua presença contínua nesses momentos reforça a veracidade dos relatos evangélicos, pois ela é apresentada como uma testemunha confiável e dedicada. Além disso, a menção a Maria Madalena não diminui a importância das outras mulheres, mas sim enfatiza a transformação e a redenção que ela experimentou através de Jesus, servindo como um poderoso testemunho da graça divina. Assim, os evangelistas destacam Maria Madalena não por sugerir um relacionamento especial, mas para sublinhar seu papel fundamental na narrativa cristã.

O erro se deve à falha em reconhecer que “amor” é a expressão hebraica. para “mostrar gratidão”.

Análise Textual e Contextual:

  • Evangelho de João 19:25-27: Este é o texto que menciona as mulheres presentes na crucificação. O texto diz: “E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena”. Não há nenhuma menção a um relacionamento romântico entre Jesus e Maria Madalena.
  • Análise do Texto: O texto se concentra na preocupação de Jesus com sua mãe, entregando-a aos cuidados do discípulo amado (tradicionalmente identificado como João). Isso reforça o caráter familiar e protetor de Jesus.

Tradição e Interpretação Histórica:

  • Tradição Cristã: A tradição cristã e os Pais da Igreja consistentemente retratam Maria Madalena como uma seguidora devota e uma das primeiras testemunhas da ressurreição, sem qualquer implicação de um relacionamento romântico com Jesus.
  • Escritos Apócrifos: Embora alguns escritos apócrifos, como o Evangelho de Maria e o Evangelho de Filipe, sugiram uma proximidade entre Jesus e Maria Madalena, eles não são considerados canônicos pela Igreja e são vistos como textos gnósticos com interpretações simbólicas e esotéricas.

Comentaristas e Acadêmicos Respeitados:

  • N.T. Wright: O estudioso do Novo Testamento e historiador N.T. Wright enfatiza que Maria Madalena é uma figura importante na ressurreição de Jesus, mas não há evidências históricas que sugiram um relacionamento romântico.
  • Raymond E. Brown: Em seu livro “The Death of the Messiah”, Raymond E. Brown, um dos mais respeitados estudiosos católicos, interpreta a presença das mulheres na crucificação como um reflexo de sua devoção e fidelidade, sem implicar qualquer relacionamento romântico.

Lógica e Consistência:

  • Prova Histórica e Literária: Não há evidências nos textos históricos, arqueológicos ou literários que sustentem a alegação de um relacionamento romântico entre Jesus e Maria Madalena.
  • Propósito Teológico: O propósito teológico dos Evangelhos é apresentar a mensagem de salvação e a divindade de Jesus, e não há interesse em narrativas românticas.

 “Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus para preparar seu corpo para o enterro… Naquela época e agora, nenhuma mulher tocaria no corpo nu de um rabino morto, a menos que fosse da família. Jesus foi chicoteado, espancado e crucificado. Nenhuma mulher lavaria o sangue e o suor de suas partes íntimas a menos que fosse sua esposa.”

Novamente, isso é completamente falso. Que evidência histórica há de que somente esposas se importariam com um corpo morto? Sabino não cita nenhuma.

Além disso, Sabino não menciona que outras mulheres foram com Maria ao túmulo para cuidar do corpo ( Mt 28:1 ;  Mc 16:1 ). Devemos pensar que essas outras mulheres também eram casadas com Jesus? Isso agora é evidência de poligamia? Esses argumentos simplesmente não funcionam.

Prática Judaica: A prática de ungir corpos não era restrita apenas a parentes. Mulheres devotas e amigos próximos também poderiam participar dessas atividades funerárias. Exemplos históricos e arqueológicos indicam que a preparação dos corpos para o sepultamento envolvia a comunidade, especialmente em contextos de urgência, como o observado na narrativa da crucificação de Jesus.

Funções das Mulheres no Primeiro Século: As mulheres, mesmo aquelas que não eram parentes diretas, frequentemente participavam dos ritos funerários. Essa participação estava mais ligada à devoção e à amizade do que a um vínculo familiar estrito.

Evangelhos Sinóticos: Nos Evangelhos de Marcos (16:1) e Lucas (24:1), as mulheres que foram ao túmulo de Jesus com especiarias para ungir seu corpo incluem Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé. Não há indicação de que todas essas mulheres fossem parentes próximas de Jesus.

João 19:39-40: Nicodemos, que não era parente de Jesus, trouxe uma mistura de mirra e aloés para preparar o corpo de Jesus. Isso demonstra que a participação na preparação do corpo não era exclusivamente reservada a parentes.