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Refutando Hector Avalos e sua interpretação de Lc. 14,26

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Hector Avalos é um historiador ateu da Universidade do Iowa. O Observatário Bíblico anunciou o lançamento de seu livro “O fim dos Estudos Bíblicos”, onde Avalos tenta postular o fim dos estudos bíblicos acadêmicos. O site ateísta Rebeldia Metafísica publicou um artigo sobre esse livro de Avalos aqui e ao qual vamos postar refutações em outros artigos. Segundo a descrição da editora, Avalos argumenta no livro

que o nosso mundo é  melhor servido ao deixar a Bíblia como uma relíquia de uma civilização antiga, em vez do documento “vivo” que a maioria dos estudiosos religiosistas acreditam que deveria ser. Ele exorta seus colegas a se concentrar em educar a sociedade a reconhecer a irrelevância e até mesmo os efeitos violentos da Bíblia na vida moderna.

Pura propaganda, não acham? Só para constar, os extremos de Avalos contra a Bíblia podem ser vistos em seu livro anterior, Lutando com as palavras: As origens da violência religiosa (2005), em que ele repetidamente equivale a Bíblia com o Mein Kampf de Hitler. Como todo livro neo-ateu, só é vangloriado nos círculos dos antiteístas.

Agora vamos analisar a alegação de Avalos sobre Lc. 14,26 exposta em seu livro “O fim dos Estudos Bíblicos”. Antes, vamos ver o versículo em questão:

Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua mãe, sua esposa, filhos, irmãos e irmãs e a sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Moffatt)

Alguns tentam explicar o versículo pela redefinição de “ódio” que significa “amar menos por comparação”. O apelo é feito a Mateus 10,37 que realmente diz:

Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim.

Mas Hector Avalos em “O Fim de Estudos Bíblicos” alega que esse significado “suavizado” (segundo ele) é falso. De acordo com ele, apelar para Mateus é inútil. Ele diz que Lucas dificilmente pode ter escrito sobre o entendimento de que todos os seus leitores já tinha lido Mateus e estariam, assim, entendo que ele (Lucas) não queria dizer “ódio”.

A palavra grega para “ódio”, μισεο (miseo), nunca significa “amar mais do que Y ou X”, alega Avalos. Em cada lugar em que aparece, a palavra é usada em textos bíblicos gregos significando o oposto do amor.

Avalos não oferece uma “resposta” enraizada em uma mentalidade fundamentalista: ele localiza passagens onde ele acha que significa “ódio” óbvia e literalmente e, assim, argumenta que implicitamente, Lucas 14,26 deve ser tomado literalmente também.

Como apoio a sua alegação, Avalos cita Jz 14,16 (na LXX), Amós 5, 15 (também na LXX) e Lc. 16,13. Claro, pode-se também tentar dizer da frase “está chovendo canivete”, que podemos provar que “canivete” é destinado literalmente por encontrar um lugar onde a pessoa que o usa também diz “eu apontei meu lápis com meu canivete”. Isto não é “arbitrário” como afirma Avalos: os estudiosos chegaram ao que chamam de “interpretação comparativa”: em comparação com frases paralelas; vendo que uma interpetação literal seria absurda (assim como não indicado por prática – isto é, não há evidência de Jesus ou cristãos posteriores levaram isso literalmente), e por os dados sociais. Se fôssemos levar à conclusão “lógica” de Avalos, Jesus estaria pedindo para que seus discípulos de suicidassem (!)

Além disso, ele está longe de ser claro em demonstrar que todos os três exemplos que oferece (como vimos acima) realmente indicam ódio literal. Ele realmente usa Juízes 14,16 e Lucas 16,13 como dois deles. O terceiro, Amós 5,15, se refere a odiar o mal, e se aproxima mais do que quer Avalos, mas sua tentativa de comparar Jesus a um líder de seita aqui falha de qualquer maneira como um anacronismo, pois ele aparentemente diz “amor” e “ódio” em termos de moderno apego emocional em vez de um olhar prático desinteressado.

Não precisamos abordar a questão de usar o paralelo em Mt. 10,37 (que reformula a declaração de Jesus de uma forma menos hiperbólica, como uma das prioridades) como um argumento, mas vamos assim mesmo. Avalos diz que Mateus não pode ser usado para interpretar Lucas, porque “não se pode presumir que os leitores de Lucas tinha lido Mateus na época em que Lucas foi escrito.”

Avalos não dá nenhuma demonstração ou evidência por que há essa diferença. É um dado por consentimento quase universal de que o próprio Lucas havia lido Mateus e o usou como uma fonte. De modo que pouco importa o que qualquer leitor possa pensar mais tarde – incluindo leitores como Avalos, cuja mentalidade fundamentalista leva a afirmações como que a palavra grega para “ódio” “não varia e não está sujeita a flexibilidade tanto quanto outras palavras podem ser”.

É triste que alguém como Avalos, que possui credenciais acadêmicas, é patentemente sem educação sobre coisas como orientação dramática.

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