Bem-vindo! Hoje, vamos abordar uma passagem que frequentemente é usada para criticar a natureza de Deus, onde alguns veem Yahweh como um ditador implacável. Se você está curioso, o exemplo clássico que os críticos usam é a história de Davi retornando a Arca da Aliança para Jerusalém. Tudo parecia festivo, com danças nas ruas enquanto a Arca era trazida de volta, até que, de repente, a cena muda: Uzá é morto ao tentar impedir que a Arca caísse após um dos bois tropeçar.
Aqui está o trecho da passagem, que vou ler para vocês:
“Davi reuniu todos os homens escolhidos de Israel, trinta mil. Ele e todo o povo partiram de Baal-Judá para trazer de lá a Arca de Deus, que é chamada pelo nome do Senhor dos Exércitos, que está entronizado entre os querubins. Eles transportaram a Arca de Deus em um carro novo e a tiraram da casa de Abinadabe, que ficava na colina. Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, conduziam o carro novo com a Arca de Deus, e Aiô ia à frente da Arca. Davi e toda a casa de Israel dançavam diante do Senhor com todas as suas forças, com cânticos e liras, harpas, tamborins, castanholas e címbalos. Quando chegaram à eira de Nacom, Uzá estendeu a mão à Arca de Deus e a segurou, pois os bois haviam tropeçado. A ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali, por ter tocado na Arca, e ele morreu ao lado da Arca de Deus. Davi ficou irritado porque o Senhor havia destruído Uzá, e o lugar foi chamado de Perez-Uzá até hoje. Davi teve medo do Senhor naquele dia e disse: ‘Como a Arca do Senhor poderá vir para os meus cuidados?'”
Até mesmo Davi achou que Deus tinha ido longe demais. A Freedom from Religion Foundation considera a morte de Uzá algo cruel e desnecessário. Eles argumentam que, como Deus teria criado a mente humana, Ele sabia perfeitamente que o reflexo de Uzá ao tocar a Arca foi apenas para protegê-la, mas escolheu a crueldade em vez da compaixão.
Davi, no entanto, chama Yahweh de “lento para a ira e cheio de compaixão” nos Salmos. Mas, após essa história, é difícil ver como ele poderia afirmar isso. Quando li essa história pela primeira vez, honestamente, fiquei do lado de Davi e achei que Deus estava sendo rígido demais. Mas, após uma análise mais profunda, percebi que foquei apenas no julgamento de Uzá e não vi a misericórdia de Deus. Na verdade, as coisas poderiam ter sido muito piores, e Israel e seu rei não teriam ninguém para culpar, exceto a si mesmos.
Para começar, em Êxodo 25:10, Deus dá instruções muito claras a Moisés sobre como a Arca deveria ser carregada. Em Números 4:15, está especificado que, se fosse carregada incorretamente ou se alguém tocasse nos objetos sagrados, essa pessoa morreria. Deus repetiu essas instruções várias vezes no Pentateuco, e Davi e seus homens não estavam em total ignorância. Após a morte de Uzá, eles mudaram a maneira de transportar a Arca, fazendo como Deus tinha ordenado. Isso mostra que eles conheciam o método correto o tempo todo, mas escolheram ignorá-lo.
Historicamente, Israel sempre carregava a Arca da maneira correta, como mostram passagens em Deuteronômio, Josué e até em 1 Samuel. Além disso, estavam presentes trinta mil pessoas, e para uma jornada de dois dias, eles trataram as ordens de Deus como se fossem opcionais. Deus pareceu estar disposto a tolerar isso por um tempo, mas ao se aproximarem de Jerusalém, Yahweh não poderia ser tratado como uma divindade qualquer. Suas palavras não eram voluntárias perante Israel.
O ato de Uzá tocar na Arca foi a gota d’água. Quando Israel desrespeitou a Arca pela primeira vez, resultou na perda de trinta mil vidas. Deus disse, em Levítico 10, que “entre aqueles que estão perto de mim, eu serei santificado”. A história de Uzá mostra que más coisas acontecem quando Deus não é tratado como sagrado.
Pode parecer que Deus estava sendo excessivamente exigente sobre como a Arca deveria ser carregada. Mas Deus, além de amoroso e misericordioso, é o Criador do universo. Isso o separa de tudo e todos, o que é o significado de santidade — ser sagrado e digno de reverência. Uma ilustração pode ajudar: em certo sentido, podemos dizer que o Sol é “santo” porque é único e essencial para a vida. Mas, quanto mais perto se chega do Sol, mais perigoso ele se torna. Da mesma forma, a presença de Deus é boa, mas perigosa se for desrespeitada.
Moisés, ao se aproximar da sarça ardente, foi advertido a tirar as sandálias, pois estava em solo sagrado. A Arca simbolizava a presença de Deus e era o local onde Ele falava com Moisés. Como aponta o estudioso David Lamb em seu livro “God Behaving Badly”, a Arca deveria ser carregada numa liteira, que era uma espécie de trono para reis e figuras reais, enquanto carroças eram usadas para transportar objetos comuns.
Israel estava tratando a Arca de Deus como algo mundano, um tipo de amuleto de sorte, e não como a presença de Deus. A Arca continha os mandamentos de Deus, e, pensando nisso, se a rainha da Inglaterra viesse aos EUA, ninguém a colocaria na traseira de uma caminhonete. Ela seria transportada em um veículo de segurança e honra, pois representa toda uma história. Da mesma forma, Deus merece respeito e tratamento digno. Não é de se surpreender que Davi tenha se arrependido, embora estivesse bravo no começo.
Ao tratarmos a passagem desta forma, em vez de vermos Deus como cruel, refletimos sobre como temos sido casuais com aquele que nos dá cada respiração.
(Para Encerrar)
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