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aLiberal boboca falando:
Isso que você fala, Dettmann, é quase que a realização do sonho do MST, alegando motivos completamente diferentes.
1) Se o empregado se tornar sócio por seu trabalho, o que acontecerá quando ele deixar de trabalhar, ele também deixará de ser sócio? MUITAS sociedades acabam justamente por isso.
2) O segundo problema é transformar isso em direito. A propriedade de uma empresa não será mais de seu dono, mas de qualquer um que venha a trabalhar nela.
Além disso um igual não pode obrigar outro igual, se todos os trabalhadores são sócios como poderão receber ordens de alguém?
Minha resposta:
A Empresa, quando trata bem seus empregados, ela é tomada como se dos empregados fosse. É por essa razão se torna uma extensão da casa do empregado. Se você der ao empregado a responsabilidade de cuidar bem da empresa como se fosse sua, você democratizará um dos poderes da propriedade, que é o dever de bem cuidar de seu bem, pois é da empresa que os empregados retiram o seu sustento. Isso gera uma relação fundada na pessoalidade e na confiança – logo ,a probabilidade de haver mais equilíbrio de poder e justiça no âmbito da empresa é maior. O sentido da cooperação entre os homens se dá justamente nisso.
Se houver autoridade por parte do empresário, que seja fundada no respeito, na liderança, na cortesia e nos bons. O líder ensina seus empregados a trabalhar e a assumir suas responsabilidades. Bons empresários não são tiranos – empresário justo trata seus empregados como seus assistentes, como seus companheiros de trabalho.
Da forma como você o defende, o capitalismo não é liberdade. É quase uma escravidão, fundada na avareza. Você está admitindo, com esse argumento, que economia é uma guerra de morte – e que toda competição é uma ameaça ao poder da empresa, fundado no monopólio. Isso só confirma o argumento de Chesterton de que o capitalismo só é bom quando os bens estão concentrados em poucas mãos – e em poucas mãos há a tendência de se inviabilizar a concorrência, através do truste ou do cartel.

 

A relação entre empregador e empregado deve ser de dono e colaborador, tendendo a uma sociedade. Quanto mais confiança, mais horizontalidade. Se houver verticalidade e impessoalidade, é só um eufemismo para escravidão.  É justo o empresário ter poder de vida e de morte sobre os empregados, se os trata como coisa, abaixo da dignidade humana que merecem? Maus empresários, que primam o lucro sobre o trabalho, são por essência avarentos. Eles tomam a economia como uma guerra cuja luta se dá até a morte do oponente.

Tão vendo por que esse argumento do cara, que defende o capitalismo, é furado? Da forma como ele expõe, ele defende uma ditadura fundada na democratização da coação, do mando, da fraude e da violência, mas não uma ordem civilizada, fundada nos modos, no humanismo, na cortesia e na educação, coisas instituídas através do Cristianismo. Na ordem privada, o comando não é a base que rege as relações sociais, mas, sim, a autoridade, fundada no respeito, na sabedoria, na cortesia.
Os argumentos do colega, enfim, são dignos de quem defende uma ordem social predatória, igual a do socialismo, só que, ao invés da exploração do Homem pelo Estado, no Homem pelo Homem. Defender este tipo de ordem não é digno de quem professa a fé cristã.

 

A razão de toda e qualquer parceria é em razão do trabalho e do serviço. Todo interesse comum, fundado na cooperação, se funda no amor, já que o trabalho é causa de santidade. Ninguém é obrigado a trabalhar – trabalhar é bom porque dá sentido à vida e isso é nobre, além de necessário, de modo a garantir a subsistência, a manutenção do próprio corpo. Se alguém não me quiser como sócio por alguma razão, que se desfaça a sociedade. Se sou admitido como sócio, tenho deveres para com os meus semelhantes e com a sociedade que constituí com eles. Não é justo ser sócio e nada eu produzir e troca. Isso é abuso de direito.

O fundamento de uma sociedade em prol do trabalho é a amizade entre os sócios, a afinidade. Uma sociedade fundada no capital é indiferente quanto à natureza da pessoa do sócio. Uma sociedade jamais será feliz enquanto a sociedade anônima for referência ou base para todas as relações sociais. Exemplo disso é que o modelo da impessoalidade já se estendeu ao casamento com a chamada expressão “a fila anda”. Em vez de uma ordem monogâmica, temos uma poligamia contínua decorre da substituição do marido ou da mulher como peça intercambiável.
Numa sociedade livre, humana é importante conhecer as pessoas com as quais você lida. Pode ser ou não conveniente associar-se a alguém. A minha liberdade, fundada em Cristo, deve ser para eu bem servir aos meus irmãos, nunca para prejudicar os meus semelhantes. Uma empresa nunca se funda no auto-interesse: uma empresa é um projeto de vida de uma pessoa e ela é feita para bem servir à sociedade. Pois trabalhar dá sentido à vida; ficar rico é consequência.

Liberal:
É mentira que os salários são sempre pequenos…
Dettmann: Examine a realidade, cara. Não fique nessa abstração do liberal alienante. E não me faça perder o meu precioso tempo com esse papo furado.

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