Entrevista realizada pela jornalista Claudia Damasceno.
Oi gente!
Hoje quero apresentar pra vocês o Emerson de Oliveira, no twitter @emeoliv, apologista católico apaixonado pela Igreja e pelos escritos católicos. Espero que gostem!
1. Por favor, uma breve apresentação da sua pessoa e do seu trabalho na internet, pode postar os links e seus contatos pessoais se você quiser.
– Olá, Claudia. Fico muito feliz em responder a essas perguntas e com esta entrevista. Bem, sou desenhista e ilustrador por formação e profissão e sempre atuei nesta área, em agências, editora, jornais, etc. Tenho formação em artes e design gráfico e estou sempre ampliando e estudando mais nestas áreas, expandindo os horizontes de minha área profissional. Mas outra área pela qual sou apaixonado, e sempre tive essa vocação, é a apologética, ou o apostolado da apologética. Sempre fui apaixonado estudioso, voraz, bibliófilo inveterado e profundo pesquisador de várias áreas. Assim, a apologética é um rico campo intelectual, que não é só “falar de religião” mas engloba muito espectro da racionalidade e intelectualidade.
2. Quando você começou a trabalhar com evangelização fora da internet?
– Na verdade, sempre me interessei pelo campo intelectual. Desde criança tenho essa vocação de espalhar bons conhecimentos, cultura e rica informação às pessoas. Quando adolescente eu até pensei em ser monge, dado que sempre admirei a vida monástica, ao estilo beneditino, de estudos, contemplação e ricas pesquisas, além de esmerada espiritualidade. Mas você pode ser chamado a ser um fiel cristão onde estiver, na situação em que estiver, seja na vida religiosa em mosteiro ou mesmo solteiro ou casado. O que importa é ser fiel ao compromisso de seu batismo. Tem que se evangelizar, dar testemunho (do grego, “martyria”) e ser luz. Ser diferenciado.
Eu sempre tive ampla dedicação ao trabalho de evangelização. Isto foi desencadeado mais como evangélico. Por isso, por minha formação, tenho amplos conhecimentos tanto da Igreja Católica como do lado protestante. Mas, em 1999, percebi que os cristãos estavam se digladiando muito e pensei: “por que, em vez dos cristãos dirigirem seus canhões uns aos outros, não viram os canhões realmente para os verdadeiros inimigos, como o Islã, o ateísmo militante, o secularismo, etc?”
Isto me abriu os olhos para uma problemática que estava por vir e isso antes de 11/9 e do advento do fanatismo do neo-ateísmo. Assim, percebi que desde já o maior adversário do teísmo é, evidentemente, o ateísmo. Não quero com isso dizer que ateus são “maus” ou nossos inimigos, dado que há excelentes ateus com ótima moral e bom diálogo com cristãos. Na verdade, percebi que desde já era necessário dar uma resposta à altura das questões que desde séculos faziam ao cristianismo e então percebi que era necessário esse trabalho vital.
3. E com a internet, quando começou?
– O Logos surgiu em 2004. Curiosamente, para responder às testemunhas de Jeová, às quais tinham questionamentos que vi serem importantes de serem respondidos. O site inicialmente foi hospedado no sistema www.logoshp.6te.net mas depois foi se ampliando. Eu tinha a ideia do site ser uma ampla enciclopédia de conhecimento onde as pessoas, cristãos de todas as afiliações, pudessem ser informados e pudessem ter parâmetros e subsídios para defender e responder aos críticos do cristianismo.
O site e o sistema cresceram. Ampliou-se. Depois veio o mormonismo, outro sistema pouco conhecido no Brasil mas ao qual acho mais desafiante e complexo que o jeovismo, dado que engloba muito da área acadêmica (os mórmons possuem universidades como a Brigham Young) e isso é muito interessante. Daí, estudei e me aprofundei muito neste fascinante, e desafiador, estudo do complexo mormonismo, ou, igreja SUD.
Portanto, vi que era necessário “unificar” os cristãos históricos (católicos e protestantes históricos) nestes estudos contra sistemas desafiadores do cristianismo histórico. Notem que não estou falando de “ecumenismo” e sim “trabalhar em equipe”. Minha filosofia foi em grande parte influenciada pelos escritos e ideias de George Macdonald, Malcolm Muggeridge, Cardeal John Henry Newman, C. S. Lewis, Chesterton, Tolkien, entre tantos outros. O “Cristianismo puro e simples”, de Lewis, foi a linha de filosofia por trás do Logos, neste sentido.
Assim, o Logos é pró-Igreja Católica e informa sobre ela, ao mesmo tempo em que combate e responde a críticos do cristianismo.
Hoje, o site está num domínio pago, no WordPress e recebe milhares de visitas diárias e nosso objetivo é crescer cada vez mais, para informar e dar ricas informações a nossos usuários. Apologética não é só falar de religião mas sim um amplo leque intelectual, de várias gamas do conhecimento. É um campo riquíssimo de amplitude técnica e de intelectualidade, aliada ao chamado a todos os cristãos e pessoas de bem lutarem pelos valores conservadores e tradicionais, tão atacados e vilipendiados pelos secularistas, extremos adversários da Igreja.
4. Você acha importante o uso da internet como meio de propagação do Evangelho?
– É evidente que sim. Há vários chamados. S. Paulo escreveu, aos coríntios: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres?” – 1 Coríntios 12,4-5.7.11.28-29
Isto explica tudo. Todos os cristãos sinceros e que querem evangelizar tem um chamado. Há vários chamados. Sinto que o meu é este, deste apostolado virtual. Todos somos chamados, obviamente, a darmos nosso testemunho em nossa casa, trabalho, escola ou universidade. Devemos ser aqueles a quem as pessoas olham e veem algo diferente. Não para nossa vanglória ou vaidade e sim para levarmos a luz de Cristo, o sal que dá tempero ao mundo.
A Internet é uma ferramenta. Como tudo, depende de como é usada. Eu decido usar para o bem, para o trabalho e apostolado. Na urgência em que estamos, onde a mentira e o mal são disseminados a uma ampla e grande velocidade, é vital que usemos todos nossos recursos e forças para espalhar as informações corretas. O Logos é um desses instrumentos, para exatamente ter dois objetivos:
a) Esclarecer sobre a Igreja; e
b) Responder aos críticos.
5. Qual seu público alvo?
– Primariamente todos os cristãos e, lógico, todas as pessoas, sejam teístas ou ateus, que compartilham dos valores conservadores e também lutam e se opõe à decadência e degeneração moral e intelectual em que vivemos. Cristãos e pessoas de bem nadam contra a corrente e não vão a favor dela, como dejetos e detritos no rio Tietê, quando sai limpo de Salesópolis mas se torna “morto” quando passa pela capital paulista. É a mesma coisa com um ser humano. Nasce “limpo” e “virgem” mentalmente, mas no decorrer da vida recebe muitas informações falsas, fraudulentas, deterioradas, más, vis, sujas e decadentes que transformam sua mente num receptáculo de tudo o que é enganoso e imundo. É a guerra cultural. Guerras não são só físicas mas são principalmente engajadas no campo ideológico, das ideias e informações. A Internet e outros meios são exatamente rodovias por onde se cruzam essas informações e se as pessoas não se informarem corretamente, correm grande risco de serem portadoras e veículos de levarem a outros essas falsas informações, mormente contra a Igreja e o cristianismo, contaminando outros. Sabemos que, infelizmente, fraudes e mentiras transitam mais rápido que fatos e verdades.
Assim, é imprescindível este trabalho intelectual. Extremamente vital. Comumente, brasileiros em geral são aversos à intelectualidade, ao campo das ideias. Mas isso por causa de gerações de desânimos e falta de incentivo nessa área. As pessoas, em geral, são incentivadas à estudar, mas em geral para procurar um bom emprego e colocação e ter um conforto na vida. Mas não era assim no passado. A intelectualidade visava não apenas colocar a pessoa num bom emprego ou formação mas sim dar o sentido do que é ser humano, da profundidade e amplitude do que é ser humano. Isto, os sistemas atuais, depois da Segunda Guerra e ainda mais pelos métodos e ideias de Antonio Gramsci e aqui no Brasil pelo famigerado “método” ideológico de Paulo Freire, desconstruíram a mentalidade que visa construir um ser humano integral e não um autômata ideológico, como querem os ideólogos do marxismo cultural. Uma sugestão de leitura neste sentido que indico é o “Maquiavel Pedagogo”, de Pascal Bernardin, uma leitura obrigatória para vermos a lavagem cerebral que a esquerdadopatia e o marxismo cultural faz nas universidades, livros e sistemas de ensino.
6. Você tem apoio de padres ou bispos?
– Alguns, mas principalmente dentro do grupo do Logos. Fisicamente, não conheço ainda quem apoie integralmente o sistema mas com certeza por ainda não conhecer, dado que a proposta do Logos não é mais uma mas extremamente rica e ampla. Queria ter mais apoio aqui na cidade onde resido mas, como a Bíblia diz que “um profeta nem sempre é reconhecido em sua própria terra” creio que é por isso que o Logos, graças à grande rede mundial, é mais conhecido no resto do mundo que em minha própria cidade.
Mas sempre pedi e quis ter apoio de eclesiásticos e isso é fundamental para nosso trabalho, dado que estamos consoantes com a Igreja. Nosso trabalho é informar e passar alta intelectualidade, algo vital no meio em que vivemos.
7. Além de site e blog, quais outras ferramentas você considera importante pra evangelização?
– Como disse, cada um é chamado para uma vocação. Eu sempre tive essa vocação de ser apologista. Seguindo a linha de S. Justino Mártir em suas obras (tanto é que o “Logos” é dedicado a ele e tem seu nome do conceito que S. Justino atribuiu a Jesus e inclusive o “Logos” é o “Verbo” em grego de Jo. 1,1) creio que é importante ser apologista do século XXI, totalmente antenado e harmonizado com o mundo atual, mas ao mesmo tempo fixo e ligado com a Tradição.
Tenho várias mídias, incluindo nosso canal no Youtube (www.youtube.com/logosapologetica). Nossa intenção é crescer e ampliar nossos serviços, tornando o Logos um sistema e apostolado autossustentado. Também, devido a custos e despesas que tenho, e são muitas, dado a Internet, site, traduções, etc, vamos precisar da ajuda de todos para manter os serviços no ar ou vamos ter que parar. Há muitos custos, onde se dedica tempo e mão-de-obra, inclusive em traduzir obras e material de outros idiomas, onde está a maior parte do rico acervo intelectual.
Temos que ter consciência que as ações nascem no campo das ideias. Desde antes de 1964, os ideólogos esquerdistas e secularistas se aprofundaram muito em seus escritos (mormente Gramsci, Marcuse, Engels, Kafka, Lukács e outros) enquanto que os militares e outros que defendiam os ideiais tradicionais se embrenharam mais no campo físico, do embate físico. Precisamos inverter essa equação. E por isso filósofos como Olavo de Carvalho e os escritos do genial Mário Ferreira dos Santos, entre outros, são tão vitais para o enrijecimento intelectual dos músculos cerebrais. Só com argumentos, fatos e intelectualidade se vence nos campos das ideias e para isto existe o Logos, para fomentar e criar gerações de jovens e interessados em batalhar na guerra cultural, pela Igreja, cristianismo e valores conservadores.
8. Alguma vez você pensou em desistir? Por que?
– Já, mas não por nada no meio e campo de batalha da guerra cultural e sim por questões pessoais, que nada tem a ver com apologética. Sofro de uma dor psicossomática que me aflige muito, desde 2006 e isto é o motivo de minhas preocupações. Mas procuro afastar isso do apostolado. Só meus amigos mais íntimos sabem do que passo. E somente pessoas fieis e realmente muito próximas tem consciência desta luta. Com inimigos e adversários, oponentes de fora, sabemos lidar muito bem. Um soldado se gloria do calor da batalha. Mas quando você está ferido, por dentro, por algo físico e pessoal, parece uma luta injusta, já que aparentemente você tem que marchar e lutar na mesma velocidade que outros que não sofrem disso.
Como disse acima, vamos precisar de doações e colaborações financeiras para manter nossos serviços no ar, pois pagamos Internet, site, etc e tem o custo da mão-de-obra em traduções e artigos para o site, além de legendagem de vídeo, etc. Tudo isso custa e precisamos de ajuda. Se não tivermos ajuda neste sentido financeiro também, para mantermos os serviços no ar, temo que tenhamos que parar, mas ninguém quer isso. Por isso vou precisar de toda ajuda também em monetizar o sistema e site. Se tanta coisa desonesta e até contra a Igreja tem apoio financeiro no Brasil (e até vemos o famigerado caso do “Porta dos Fundos”, que tem patrocínio do PT e do governo, dinheiro EXTORQUIDO do povo por meio de impostos ilícitos, pela CEF e outros patrocinadores, para falarem mal da Igreja e zombarem do cristianismo) quanto mais nós, que trabalhamos para evangelizar.
Li, devoro e leio muito material sobre sofrimento e problema do mal, tanto da Igreja como fora. Gosto muito dos livros de Lewis como “Um sofrimento observado” e o “Problema da Dor”, ambos escritos em momentos de aguda dor pessoal em sua vida e os quais sempre me servem, também, se inspiração para a luta e incentivo.
Também o “A noite escura da alma”, de S. João da Cruz, entre outros escritos maravilhosos e profundos da Igreja me inspiram e iluminam, além de me dar forças para vencer a dor física e psicossomática.
9. Fique à vontade aqui para suas considerações finais. (Pode falar sobre o que quiser).
– Fico muito feliz em atuar no apostolado do Logos. No mundo em que vivemos, é vital para o cidadão consciente e de bem estar bem informado, ainda mais um cristão que quer ser coerente. Vivemos no campo das ideias. As ações nascem das ideias. Vivemos num mundo extremamente envenenado pela podridão das ideias secularistas, marxistas e antirreligiosas. Há muito ódio e falsa informação fomentada pelos ateístas e secularistas, os quais não têm a mínima intenção de serem honestos em suas exposições sobre a Igreja. Como cristãos, devemos nos posicionar. Não devemos ser “mornos” ou frágeis. Deus não nos deu espírito de covardia mas de coragem. Assim, somos chamados, tanto cristãos como qualquer pessoa de bem, a defender a verdade pois, como S. Tomás de Aquino disse, “omne verum a cunque dicatur a Spiritu Sanctus est” (toda verdade, venha de onde vier, procede do Espírito Santo).
10. Que mensagem você diria às pessoas que querem começar um trabalho evangelístico pela internet?
– Agradeço muito pela oportunidade que minha grande amiga Cláudia me dá nesta ligeira entrevista, que dá uma nuance de nossas intenções e objetivos. Um cristão é chamado a ser sal da terra e luz do mundo. Por causa da hipocrisia de muitos que se dizem cristãos, além dos pseudocristãos ou “cristãos culturais”, muitos ateus e outros deixam de vir à Igreja ou têm uma má imagem dela, distorcida. Assim, o testemunho vívido e salutar, consoante com o espírito da Igreja e do cristianismo, é vital para um cristão. Toda pessoa de bem, seja teísta ou ateia, agnóstica e outras também são chamadas a se aliarem conosco na guerra cultural. Nosso objetivo é esse: levar ricas informações culturais e intelectuais e formar pessoas com senso crítico, profundidade, autenticidade, integridade e rica intelectualidade.
Obrigado.