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ATEÍSTA MILITANTE MENTE SOBRE O JESUS HISTÓRICO

A Internet deu voz aos imbecis.

Nesse vídeo, o amigo historiador Álvaro Rodrigues reage a um vídeo simplista e ridículo de uma tal ateia militante meio estranha chamada Aline, que fala bobagens e absurdos já reciclados dignos de criança de primário.

As mesmas bobagens pseudo-históricas de sempre negando a historicidade de Jesus. Como de praxe, esses vídeos ateístas não citam fonte nenhuma (somente da cabeça) e falam bobagens inventadas. Esses vídeos ateístas não tem valor algum. É impressionante como esse pessoal ateísta ainda tem seguidores. Como todo fanático, tem seguidores.

Desta feita vou refutar ponto por ponto as bobagens e mentiras ditas por essa Aline, que é tipo um Antonio Miranda de saias.

O que ela alega:

Alegações feitas por Aline Câmara no vídeo 

  1. Não há nenhuma linha escrita por Jesus.
  2. Tudo o que se sabe sobre Jesus vem de terceiros, décadas após sua suposta morte.
  3. As primeiras cartas (c. 50 d.C.) não são de testemunhas oculares — Paulo nunca viu Jesus em vida.
  4. Foi Paulo quem começou a transformar Jesus em “Filho de Deus e Senhor”.
  5. Os Evangelhos (70–100 d.C.) não são biografias históricas, mas textos teológicos, escritos em comunidades diferentes.
  6. Flávio Josefo (93 d.C.) menciona Jesus de passagem — mas monges cristãos adulteraram o texto para torná-lo mais convincente.
  7. Tácito (116 d.C.) confirma apenas que seguidores acreditavam num líder chamado Cristo executado por Pilatos — não prova a existência de Jesus.
  8. Nos séculos II–III, surgiram “lendas devocionais”: cartas falsas, evangelhos apócrifos, relatos supostamente de Pilatos — tudo para preencher lacunas históricas.
  9. No século IV, o cristianismo virou religião oficial do Império Romano — um “golpe de mestre”.
  10. Em Nicéia (325 d.C.), foi decretado que Jesus é Deus; quem discordasse era herege.
  11. Nos séculos VIII–IX, a Igreja fabricou documentos, como a Doação de Constantino, para legitimar seu poder.
  12. Essa linha do tempo prova que tudo sobre Jesus vem de terceiros — e que a Igreja falsificou documentos, alterou textos, inventou histórias e decretou quem Jesus deveria ser.
  13. O ponto central não é provar que Jesus não existiu, mas mostrar que a narrativa cristã (“único caminho, verdade, vida, plano de salvação”) se tornou um sistema de controle emocional e cultural.
  14. Esse sistema gerou séculos de: culpa, medo, vergonha, submissão e dependência — o que hoje se chama trauma religioso.
  15. Esse trauma molda o Brasil: nas famílias, na política, na sexualidade, no modo de pensar e de viver.
  16. O problema não é acreditar ou não em Jesus — é que a crença na crença sufoca a autonomia, impede as pessoas de serem elas mesmas e rouba o tempo de vida de milhões.

Como vemos, nada disso que ela alega é verdadeiro ou tem provas.

Livros que recomendo

Podemos confiar nos evangelhos – Peter Williams
O Jesus fabricado – Craig Evans
A prova definitiva que Jesus é real – Jadson
Jesus fora do Novo Testamento – Robert

https://logosapologetica.com/a-existencia-de-jesus-cristo-e-fato-entre-historiadores/

Refutação

A refutação não é teológica — não parte da fé —, mas histórico-crítica: utiliza critérios de historicidade (atestação múltipla, embaraço, coerência contextual, etc.), consensos da academia e metodologia documental. As fontes citadas são majoritariamente secular, não-confessionais e revisadas por pares (Oxford, Cambridge, Brill, etc.).


🔹 1. “Não existe uma única linha escrita por esse Jesus”

“Só que não existe uma única linha escrita por esse Jesus. Tudo que a gente sabe vem de terceiros…”

✅ Refutação:

Essa afirmação é verdadeira, mas não é relevante historicamente. Nenhum líder religioso ou filosófico da Antiguidade deixou escritos autógrafos:

  • Sócrates não escreveu nada; tudo o que dele sabemos vem de Platão, Xenofonte e Aristóteles — todos décadas depois.
  • Buda também não deixou escritos; os primeiros textos datam de 200–300 anos após sua morte (Gombrich, Theravāda Buddhism, 2006, p. 12).
  • Confúcio tem dizeres atribuídos, mas redigidos séculos depois (Analectos, compilados c. 479–221 a.C., por discípulos).

O critério de historicidade não exige autografias, mas:
atestação múltipla independente
coerência com o contexto histórico
embaraço (embarrassment criterion) — ou seja, quando uma tradição é desfavorável ao grupo que a transmite.

Jesus atende a todos esses critérios (ver abaixo).

E temos muitas provas arqueológicas, como o ossuário de Tiago 

📌 Conclusão: A ausência de autógrafos é normal para figuras da Antiguidade. Não é evidência de inexistência — é expectativa metodológica padrão.


🔹 2. “Paulo nunca viu Jesus em vida… foi Paulo quem começou a transformá-lo em Filho de Deus”

“Paulo nunca viu Jesus em vida, mas foi Paulo quem começou a transformá-lo em filho de Deus e Senhor.”

✅ Refutação:

Isso é historicamente incorreto.

  • Paulo se converte cerca de 2–5 anos após a crucificação (c. 33–36 d.C.), segundo o próprio relato em Gálatas 1:18–19: ele diz ter visitado Jerusalém “três anos depois” e ter encontrado Tiago, o irmão do Senhor, e Pedro — fontes diretas da tradição pré-paulina. Isso é corroborado pela crítica textual (Dunn, Jesus Remembered, 2003, p. 185–192).
  • A confissão cristológica mais antiga — anterior a Paulo — está em 1Cor 15:3–5:

    “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Cefas, depois aos Doze…”
    Esse trecho é uma tradição recebida por Paulo, provavelmente formulada 2–3 anos após a morte de Jesus (c. 35 d.C.). É unanimemente considerado pelos estudiosos — incluindo ateus como Gerd Lüdemann (The Resurrection of Jesus, 1994, p. 38) — como um credo pré-paulino, oral, já em circulação em Jerusalém.

  • A divinização de Jesus já aparece antes de Paulo:
    • Em Marcos 1:1 (c. 65–70 d.C.), Jesus é chamado de “Filho de Deus” desde o início — e Marcos usa fontes mais antigas (como o Evangelho de Pedro, sugerido por Papias).
    • Em Filipenses 2:6–11 (c. 55 d.C.), há um hino pré-paulino que afirma: “Ele, sendo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus…” — ou seja, cristologia elevada já nos anos 50, não obra de Paulo sozinho.

📌 Conclusão: A ideia de que Paulo “inventou” o Cristo divino é um mito popular, refutado pela crítica textual e pelas tradições pré-paulinas. A exaltação de Jesus é anterior a Paulo e enraizada na experiência pós-pascal dos primeiros discípulos em Jerusalém.


🔹 3. “José, um historiador judeu, cita… Mas monges cristãos mexeram nesse texto”

“No ano de 93… José… cita de passagem um homem chamado Jesus… mas a gente sabe que monges cristãos mexeram nesse texto…”

✅ Refutação:

A referência é a Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas 18.63–64 (Testimonium Flavianum). O vídeo omite o consenso acadêmico atual.

  • A maioria dos estudiosos (incluindo John P. Meier, A Marginal Jew, vol. 1, 1991, p. 60–64; Geza Vermes, Jesus in His Jewish Context, 2003, p. 107) aceita que há um núcleo autêntico em Josefo:

    “Naquele tempo apareceu Jesus, um homem sábio (se é que se pode chamá-lo homem), pois realizava feitos surpreendentes, mestre de pessoas que aceitam a verdade com prazer. Ele atraiu muitos judeus e também muitos gregos. Pilatos o condenou à cruz…”
    — exceto frases como “ele era o Cristo” e “ressuscitou ao terceiro dia”, consideradas interpolações cristãs.

  • A autenticidade parcial é reforçada por:
    • Josefo 20.200 (Ant. 20.9.1), onde menciona “Tiago, irmão de Jesus, o chamado Cristo”, sem linguagem cristã. Essa passagem é universalmente aceita como autêntica, inclusive por críticos radicais (Ehrman, Did Jesus Exist?, 2012, p. 60–63).

📌 Conclusão: Josefo confirma:
✔ um homem chamado Jesus (Yeshua);
✔ de origem judaica;
✔ ativo como ensinador e milagreiro;
✔ executado por Pilatos;
✔ com um irmão chamado Tiago.
Isso é mais do que suficiente para estabelecer historicidade mínima.


🔹 4. “Tácito registra… Isso confirma apenas a existência de seguidores”

“No ano de 116… Tácito registra que Cristo foi executado por Pilatos. Isso confirma apenas a existência de seguidores que acreditavam no líder morto.”

✅ Refutação:

Novamente, subestima a evidência.

Tácito, Anais 15.44 (c. 116 d.C.):

“…os quais os cristãos, nome derivado de Christus, sofreram punição extrema durante o reinado de Tibério por mãos do procônsul Pôncio Pilatos.”

  • Tácito não era cristão — era senador romano, hostil ao cristianismo (“uma superstição odiosa e perniciosa”).
  • Ele consultou registros oficiais romanos (como procônsules reportavam execuções a Roma — cf. Suetônio, Tibério 36). A crucificação de Jesus por Pilatos está em convergência documental:
    • Josefo (judeu, 93 d.C.)
    • Tácito (romano, 116 d.C.)
    • Plínio, o Jovem (carta a Trajano, 112 d.C.)
    • Suetônio (Cláudio 25.4, c. 120 d.C.: “expulsou de Roma os judeus, tumultuados por Chrestus”)

Essa convergência tríplice (judeu, romano, administrativo) é excepcional para figuras da Antiguidade.

📌 Conclusão: Tácito não “só confirma seguidores”. Ele atesta:
✔ existência de Christus (forma latina de Christós);
✔ execução sob Pilatos (cargo histórico confirmado por inscrição de Cesaréia, 1961);
origem no reinado de Tibério (14–37 d.C.).
É evidência de terceira fonte independente, forte o suficiente para a historiografia antiga.


🔹 5. “Evangelhos não são biografias históricas, são textos teológicos”

“Entre 70–100… aparecem os Evangelhos. Não são biografias históricas, são textos teológicos…”

✅ Refutação:

Verdadeiro — mas não exclui historicidade.

  • Os Evangelhos enquadram-se no gênero antigo de bioi (biografias), como Vidas Paralelas de Plutarco: misturam fatos, ensino, caráter e propósito moral. Eles não são modernos (não têm “objetividade neutra”), mas são fontes históricas de primeira ordem para o judaísmo do século I (Keener, Christobiography, 2019, p. 512–530).
  • Critérios de historicidade aplicados aos Evangelhos revelam material autêntico:
    • Atestação múltipla:
      • Crucificação: Mc, Mt, Lc, Jo, Paulo, Josefo, Tácito.
      • João Batista: Mc 1, Mt 3, Lc 3, Jo 1, Josefo Ant. 18.116–119.
    • Embaraço:
      • Jesus batizado por João (subordinação inicial — Mc 1:9–11);
      • Discípulos que abandonam Jesus (Mc 14:50);
      • Mulheres como primeiras testemunhas da ressurreição (desacreditadas na cultura judaica — Jo 20:1–18).
    • Coerência contextual:
      • Uso de aramaico (Talitha koum, Eloi, Eloi… — Mc 5:41; 15:34);
      • Toponímia precisa (Betânia, Cafarnaum, Getsêmani — ver Lexham Geographic Commentary);
      • Conflitos com fariseus sobre tradições orais (ex: Mc 7:1–23), que só fazem sentido pré-70 d.C.

📌 Conclusão: Serem “teológicos” não os desqualifica. Ao contrário: teologia ancorada em eventos históricos era a norma (e.g., Êxodo como base da identidade israelita). A crítica moderna diferencia camadas — mas não nega o núcleo histórico.


🔹 6. “A Igreja falsificou documentos, mexeu em textos, inventou histórias…”

“A Igreja falsificou documentos… inventou histórias… decretou quem ele deveria ser.”

✅ Refutação:

Parcialmente verdadeiro — mas mal interpretado.

  • Sim, houve falsificações (e.g., Donatio Constantini, século VIII; certas cartas paulinas como 2Timóteo — cf. Ehrman, Forged, 2011).
  • Mas:
    1. Nenhuma falsificação altera os eventos centrais: a crucificação, o movimento originado em Jerusalém, a crença na ressurreição já no anos 30.
    2. A crítica textual detecta e isola interpolações — graças à massa de manuscritos (5.800 gregos, 10.000 latinos). O NT é o texto antigo mais atestado, com 99,5% de fidelidade textual (Metzger & Ehrman, The Text of the New Testament, 2005, p. 481).
    3. Concílio de Nicéia (325) não “inventou” a divindade de Jesus. A cristologia já era elevada antes:
      • Ignácio de Antioquia (c. 107 d.C.): “Jesus Cristo, nosso Deus” (Carta aos Esmirniotas 1.1);
      • Plínio (112 d.C.): cristãos cantavam “a Cristo como a um deus” (Carta 10.96).

“A Igreja falsificou documentos, mexeu em textos, inventou histórias e decretou quem ele deveria ser.”

Esse trecho aparece na transcrição fornecida assim:

“Essa linha do tempo prova que tudo que a gente sabe sobre Jesus vem de terceiros que não têm uma única palavra escrita por ele. A Igreja falsificou documentos, mexeu em textos, inventou histórias e decretou quem ele deveria ser.”

Vamos analisar isso com rigor acadêmico — não para defender a Igreja, mas para demonstrar que a acusação, como formulada, carece de evidência específica, contexto historiográfico e distinção entre fato e generalização ideológica.


🔍 1. A alegação genérica: “A Igreja falsificou documentos”

❌ Falta de especificidade

A frase é extremamente ampla: “A Igreja falsificou documentos” — como se houvesse uma entidade monolítica chamada “Igreja” que, desde o século I, teria agido como uma organização centralizada de fraude documental.

Na realidade:

  • Não havia uma “Igreja” unificada nos primeiros dois séculos — havia grupos cristãos diversos: judeo-cristãos (Ebionitas), cristãos paulinos, gnósticos, montanistas, etc., muitas vezes em conflito.
  • O termo “Igreja” só adquire autoridade institucional centralizada após Constantino (século IV) — e mesmo então, com disputas internas violentas (arianos vs. nicenos, por exemplo).

➡️ Dizer que “a Igreja” falsificou documentos é uma falácia da generalização indevida — projeta práticas de certos grupos ou indivíduos sobre uma entidade anacrônica e homogenizada.


2. Documentos citados (ou não citados) no vídeo

A única falsificação que ela menciona é:

“Entre os séculos VIII e IX, a Igreja fabrica documentos como doação de Constantino…”

Isso é verdadeiro — mas revelador do problema metodológico do discurso.

Donatio Constantini (século VIII)

  • Trata-se de uma falsificação medieval (não antiga) que alegava que Constantino teria doado o Ocidente ao Papa.
  • Foi exposta como falsa em 1440 por Lorenzo Valla, humanista renascentista — usando crítica filológica, não teologia.
  • Nunca foi usada nos primeiros 400 anos do cristianismo. Não influencia em nada a formação do cânone ou da cristologia primitiva.

Problema da argumentação:
Ela projeta um caso de falsificação medieval (século VIII) para sustentar uma crítica à origem do cristianismo (séculos I–II) — como se a existência de uma falsificação 700 anos depois de Jesus invalidasse toda a tradição anterior.

Isso equivale a dizer:

“Como no século XX o FBI forjou documentos sobre Martin Luther King, então ele nunca existiu.”
— claramente uma falácia post hoc ergo propter hoc.


3. “Mexe em textos” — manipulação textual?

Ela não cita nenhum manuscrito específico, nenhuma passagem alterada, nenhum crítico textual. Alega genericamente que monges “mexeram em textos”.

O que diz a crítica textual moderna:

  • O Novo Testamento tem mais de 5.800 manuscritos gregos, com variações — mas:
    • 99,5% são variantes ortográficas ou triviais (ex: “Jesus Cristo” vs. “Cristo Jesus”).
    • Nenhuma doutrina central depende de uma variante contestada (Metzger & Ehrman, The Text of the New Testament, 2005, p. 481).
  • O famoso Testimonium Flavianum (Josefo) — citado no vídeo — realmente tem interpolações, mas há um núcleo autêntico, como já discutido. E há outra referência incontestada em Ant. 20.200 (Tiago, irmão de Jesus).

➡️ Manipular ≠ inventar: mesmo que houvesse interpolações (e há), elas não “criam” Jesus — apenas reforçam uma figura já existente em múltiplas tradições independentes.


🕰️ 4. “Inventou histórias” — quais? Quando? Por quem?

Ela menciona vagamente:

“Entre os séculos II e III, surgem lendas devocionais. Cartas falsas, evangelhos apócrifos cheios de histórias inventadas…”

Isso é verdadeiro — mas novamente usado de forma enganosa.

✅ Sim, houve evangelhos apócrifos e pseudepigrapha (obras com falsa autoria):

  • Evangelho de Pedro (c. 150 d.C.) — com Jesus saindo do túmulo com cabeça até as nuvens.
  • Atos de Paulo e Tecla (c. 180 d.C.) — romance devocional.
  • Evangelho de Tomé — dito gnóstico, sem narrativa histórica.

❌ Mas:

  • Esses textos foram recusados pelos primeiros cristãos como não-autênticos.
  • O cânone neotestamentário foi formado justamente para excluir essas produções tardias.
    • Irineu de Lião (c. 180 d.C.) já defendia os quatro evangelhos porque eram antigos e usados nas igrejas fundadas pelos apóstolos (Contra as Heresias 3.1.1).
    • O critério era: apostolicidade (ligação com testemunhas oculares) — não “milagres mais espetaculares”.

📌 Ou seja: o próprio movimento cristão reconheceu e combateu falsificações. Não as abraçou.

A alegação de que “a Igreja inventou histórias” confunde produção marginal com tradição canônica — e ignora que os próprios cristãos antigos tinham crítica de fontes.


🧭 5. “Decretou quem ele deveria ser” — Nicéia (325 d.C.)

Ela diz:

“No ano de 325, em Nicéia, decretam: Jesus é o Deus. Quem discordasse era herege.”

✅ O que aconteceu em Nicéia:

  • O concílio foi convocado para resolver uma disputa interna: Arius (presbítero de Alexandria) ensinava que o Filho era criado (“houve um tempo em que ele não existia”).
  • A maioria dos bispos rejeitou isso, afirmando que o Filho é homoousios (da mesma substância do Pai).

❌ O que não aconteceu:

  • Nicéia não inventou a divindade de Jesus.
  • Já em Ignácio de Antioquia (c. 107 d.C.): “Jesus Cristo, nosso Deus” (Carta aos Esmirniotas 1.1).
  • Em Plínio, o Jovem (112 d.C.): cristãos cantavam “a Cristo como a um deus” (Carta 96).
  • Em Filipenses 2:6–11 (c. 55 d.C.): hino pré-paulino que afirma a pré-existência divina de Cristo.

➡️ Nicéia foi um desenvolvimento teológico, não uma invenção ex nihilo. E mesmo assim, 22 bispos (de ~300) se recusaram a assinar — sem serem executados. A “heresia” era excluída da comunhão, não da vida.


🧩 Conclusão acadêmica:

A frase “A Igreja falsificou documentos, mexeu em textos, inventou histórias e decretou quem ele deveria ser” é:

Elemento
Veredito
Base
Falsificou documentos?
Parcialmente — mas apenas séculos depois; não afeta a historicidade de Jesus.
Donatio Constantini (século VIII), não relevante para os séculos I–II.
Mexe em textos?
Sim — como todas as tradições antigas; mas crítica textual moderna detecta e isola interpolações.
99,5% do NT é estável textualmente (Metzger).
Inventou histórias?
Sim — mas essas foram rejeitadas pelo cânone.
Apócrifos não entraram no NT justamente por serem tardios/falsos.
Decretou quem Jesus era?
Não — apenas formalizou uma crença já antiga.
Cristologia elevada existe desde 50–60 d.C. (1Cor 15:3–8; Filipenses 2).

🔎 Problema central: ela confunde crítica legítima com desqualificação total — e usa casos reais (p. ex., Donatio) para sustentar conclusões que não seguem logicamente (ex: “logo, Jesus foi inventado”).

Isso é um exemplo clássico de falácia da evidência seletiva (cherry-picking): escolhe-se apenas os fatos que apoiam a tese, ignorando o contexto, a cronologia e o consenso historiográfico.


📚 Fontes acadêmicas para embasar essa refutação:

  1. Bart D. Ehrman, Forged: Writing in the Name of God (2011) — reconhece falsificações, mas mostra que são minoritárias e tardias; não abalam o núcleo histórico.
  2. Bruce M. Metzger & Bart D. Ehrman, The Text of the New Testament (4ª ed., 2005) — análise técnica das variantes.
  3. John P. Meier, A Marginal Jew, vol. 1 (1991) — critérios de historicidade aplicados rigorosamente.
  4. Larry W. Hurtado, Lord Jesus Christ: Devotion to Jesus in Earliest Christianity (2003) — mostra que a alta cristologia surge nos anos 30–60 d.C., não em Nicéia.
  5. James D. G. Dunn, Christology in the Making (2ª ed., 1989) — demonstra desenvolvimento contínuo, não ruptura.

📌 Conclusão: A Igreja interpretou Jesus — mas não inventou Jesus. A ideia de que Nicéia “criou” a divindade de Cristo é um mito popular, desmentido por fontes pré-nicenas.


🔹 7. “O ponto é mostrar como a narrativa virou um sistema de controle… trauma religioso”

“Esse sistema gerou séculos de culpa, medo, vergonha… marcas que chamamos hoje de trauma religioso.”

✅ Refutação:

Aqui entra o âmbito sociológico, não histórico.

  • O conceito de “trauma religioso” (Religious Trauma Syndrome) foi proposto por Marlene Winell (2011), mas não é diagnosticado no DSM-5 ou CID-11. É uma categoria descritiva, não clínica — útil para terapia, mas não prova que a fonte (Jesus ou o cristianismo) é falsa.
  • Falácia genética: julgar uma ideia pelo seu uso histórico (e.g., “como o cristianismo foi usado para opressão, logo é falso”) é ilógico. Pode-se dizer o mesmo de:
    • Ciência (eugenia, bomba atômica);
    • Marxismo (Gulag, Camboja);
    • Liberalismo (colonialismo, desigualdade).
  • O cristianismo também gerou:
    • hospitais (primeiros na história — Stark, The Rise of Christianity, 1996, p. 178);
    • universidades (Bolonha, Paris, Oxford — Le Goff, As Raízes Medievais da Europa, 2005);
    • direitos humanos (baseados na imago Dei — Taylor, A Secular Age, 2007, p. 280).

📌 Conclusão: O impacto cultural do cristianismo é ambivalente — como todo sistema simbólico. Usos abusivos não invalidam sua origem histórica ou sua validade existencial.


✅ Conclusão Geral

O vídeo apresenta uma visão reducionista e anacrônica da história, baseada em:

  • confusão entre falta de autógrafos e inexistência;
  • desconhecimento da metodologia historiográfica da Antiguidade;
  • generalizações sobre “Igreja” como entidade monolítica;
  • falácias lógicas (genética, espantalho, falso dilema).

A existência histórica de Jesus de Nazaré é aceita por praticamente todos os historiadores sérios contemporâneos, incluindo ateus e agnósticos:

“A ideia de que Jesus não existiu é uma tese marginal, defendida por menos de 1% dos especialistas. Não há evidência séria contra sua existência.”
Bart D. Ehrman, Did Jesus Exist?, HarperOne, 2012, p. 12.

“Se Jesus não existiu, é necessário explicar como um movimento messiânico judaico surgiu em Jerusalém imediatamente após 30 d.C., centrado em um líder recentemente executado — algo sem paralelo no judaísmo.”
Paula Fredriksen, Jesus of Nazareth, King of the Jews, Knopf, 1999, p. 227.


📚 Referências Acadêmicas (todas publicadas por editoras não-confessionais):

  1. Ehrman, Bart D. Did Jesus Exist? The Historical Argument for Jesus of Nazareth. HarperOne, 2012.
  2. Meier, John P. A Marginal Jew: Rethinking the Historical Jesus, vols. I–V. Yale UP / Doubleday, 1991–2016.
  3. Keener, Craig S. Christobiography: Memory, History, and the Reliability of the Gospels. Eerdmans, 2019.
  4. Fredriksen, Paula. When Christians Were Jews: The First Generation. Yale UP, 2018.
  5. Dunn, James D. G. Jesus Remembered. Eerdmans, 2003.
  6. Vermes, Geza. Jesus the Jew: A Historian’s Reading of the Gospels. Fortress Press, 1981 (reimpr. 2016).
  7. Stark, Rodney. The Rise of Christianity: How the Obscure, Marginal Jesus Movement Became the Dominant Religious Force in the Western World in a Few Centuries. HarperCollins, 1996.

Se quiser, posso adaptar essa refutação para:

  • um artigo de opinião para o público brasileiro (com exemplos locais, SEO, tom acessível);
  • um roteiro de vídeo com linguagem pedagógica (para seu projeto com crianças neurodiversas — usando metáforas, ex: “O Jardim das Histórias Reais”);
  • uma versão resumida para redes sociais (threads, carrosséis).

É só dizer, Emerson.

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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