Argumento Evolucionário Contra o Naturalismo (Uma Introdução)

Quando ouvirmos alguma nova tentativa de explicar a razão… naturalisticamente, deveríamos reagir como se nos dissessem que alguém fez um circulo com quatro lados… Um dos antigos problemas na filosofia, é o problema do ceticismo.

Como podemos estar certos de que o que experimentamos e sabemos é verdadeiro e não uma ilusão ou apenas um modelo útil? Como saber se nosso conhecimento é preciso e não um truque que forças externas nos fazem acreditar?

A forma usual de como isto é endereçado, é pela posição do Particularismo Epistêmico. Que é basicamente a posição de que nosso conhecimento é inocente, até que se prove culpado.

Não há razão para duvidar de nosso conhecimento, crenças e intuição a menos que possamos achar alguma razão verdadeira que faça duvidar. Mas e se existisse uma razão que pudesse nos fazer começar a duvidar de nossas crenças?

E se nossas crenças nos levassem a uma contradição interna e a um circulo auto-refutável? Felizmente, nem todas as crenças caem nisto, mas se você crê no Naturalismo Filosófico, então este, de fato, é o caso.

O Naturalismo Filosófico Evolucionista, seria a crença de que não existem entidades sobrenaturais, que o mundo natural é tudo o que existe e humanos vieram por um acidente através do trabalho cego da matéria. Nós teríamos evoluído por acidente, de animais menores, passando traços e crenças que nos ajudariam a sobreviver.

Como naturalista Daniel Dennett diz:

“[A mente]… é o cérebro, ou mais especificamente, um sistema ou organização dentro do cérebro que evoluiu da mesma forma que nosso sistema imunológico ou sistema respiratório ou sistema digestivo tem evoluído. Como varias outras coisas naturais, a mente humana é algo como uma bolsa de truques, remendada ao longo das eras por processos não-providenciados de evolução por seleção natural.”

Então, tudo o que faz quem somos teria vindo pela seleção natural para nos ajudar a sobreviver. Porém, isso incluiria tudo sobre nós mesmos, o que incluiria a química do cérebro e como ela funciona. O cérebro evoluído do ser humano teria vindo apenas como uma forma de ajudar o organismo na sobrevivência.

Então, se o naturalismo é verdadeiro, tudo o que o cérebro faz é para a sobrevivência, o que deve necessariamente incluir todas as crenças e pensamentos que tem.

O que iria ocasionar no fato de que todas as crenças que pensamos ser verdadeira realidade são apenas formadas no cérebro para nos ajudar a sobreviver. Mas, consequentemente, isso iria incluir a crença no naturalismo.

Então, se você crê que o naturalismo é verdadeiro, então você também tem de acreditar que crê que o naturalismo é verdadeiro porque o seu cérebro decidiu que essa crença é benéfica para a sobrevivência, não porque seja verdadeira.

Assim como Alvin Plantinga identificou, o Naturalismo Filosófico cai em um ciclo auto refutável: Se eu creio que o naturalismo seja verdadeiro, então eu devo acreditar que sou apenas um produto do naturalismo evolucionista, portanto, minhas crenças são programadas em mim para me ajudarem a sobreviver incluindo minha crença de que o naturalismo seja verdadeiro.

De fato, vários experts identificaram esse problema. O filósofo Richard Rorty diz: “A ideia de que uma espécie de organismo é, diferente de todas as outras, orientada não apenas para o seu próprio aumento da propensão, mas em direção a Verdade, é tão não-Darwiniano quanto a ideia de que todo ser humano tem uma bussola moral construída.”

A Times reportou que Biólogo J. M. Smith “…nunca entendeu o porquê de organismos terem sentimentos. Afinal de contas, biólogos ortodoxos creem que o comportamento, embora complexo, é governado completamente pela bioquímica, e que sensações anexas – medo, dor, preocupação, amor – são apenas sombras lançadas por esta bioquímica, não sendo vitais para o comportamento do organismo…”

Até mesmo o grande Charles Darwin tinha essa preocupação: “Comigo a duvida horrível sempre apareceu, se as convicções da mente humana, as quais foram desenvolvidas da mente de animais menores, são de algum valor ou ao menos confiáveis.”

Mas, claro, a objeção óbvia a isso é por que não seria o mais benéfico para a sobrevivência ter uma descrição precisa e verdadeira da realidade? Claro que um organismo com faculdades cognitivas confiáveis, e sabendo o que é verdadeiro, seria a forma mais favorável para sobreviver.

Portanto, a evolução iria selecionar faculdades projetadas para saber a verdade. Porém, Plantinga antecipou esta objeção e nos aponta que a probabilidade disso acontecer seria baixa ou deveríamos nos manter agnósticos se o naturalismo fosse verdadeiro.

Primeiro, não há nenhum equivoco necessário entre “O que é útil” e “O que é verdadeiro”. Algo pode ser útil, mesmo não sendo verdadeiro. Veja, por exemplo, a Astronomia Ptolomaica.

Por séculos este modelo foi usado para nos ajudar na navegação e a fazer gráficos Era útil, mas não uma descrição verdadeira da realidade. E claro, depois foi substituído por um modelo mais preciso.

Porém, se o naturalismo for verdadeiro, então nosso conhecimento deveria ser análogo quanto a astronomia Ptolomaica, simplesmente um modelo útil para nos ajudar a atravessar o mundo.

Então só porque o nosso conhecimento funciona em medidas praticas, isto não torna verdadeiro o que a realidade é. Pegue outro exemplo: qualia, especificamente, a “cor”.

Na natureza, objetos externos refletem ondas eletromagnéticas, que atingem o olho humano para criar estados bioquímicos. O que é transmitido ao cérebro como padrões neurais ao córtex visual primário.

Se o naturalismo for verdadeiro, o cérebro iria de alguma forma criar a cor, a partir dessa informação, como um modelo útil. As ondas de ligação originais não têm cor. A cor é, como John Locke disse, a qualidade secundaria ou conteúdo da mente.

Elas emergem como ondas de ligação, são percebidos pelos olhos, e criados no cérebro. Fora do cérebro, a cor não existe. Então a cor é apenas um modelo útil criado pelo cérebro, mas não algo que realmente existe na natureza.

E se o cérebro faz isso com a cor, então pode ser igualmente argumentado que ele faz isso com nosso conhecimento. Não é necessariamente verdadeiro, mas um modelo útil de que somos programados para crer que é verdadeiro, passa nos ajudar a sobreviver.

Então, nós caímos em um ciclo auto-refutável: Se o naturalismo é verdadeiro, conhecimento e crenças são para a sobrevivência, então a crença no naturalismo não é realmente verdadeira, mas apenas para a sobrevivência.

De fato, experts em filosofia e ciência notam que não há razão para pensar que a verdade seja obtenível se o naturalismo for verdadeiro.

O filósofo John Grey diz: “A mente humana serve ao sucesso evolutivo, não a verdade. Para pensar o contrario é preciso ressuscitar o erro pré-Darwinista de que os humanos são diferentes de todos os outros animais.

A teoria Darwinista nos diz que um interesse na verdade não é necessário para a sobrevivência ou reprodução… A verdade não tem vantagem evolutiva sistemática sobre o erro.”

O neurocientista e naturalista, Sam Harris, diz: “Nossas intuições lógicas, matemáticas e físicas não foram projetadas pela seleção natural para achar a verdade.” Patricia Churchland diz: “A principal ocupação [do cérebro] é colocar as partes do corpo onde elas deveriam estar para que o organismo possa sobreviver.

Melhoras no controle sensório-motor conferem uma vantagem evolutiva: um estilo observador [do mundo] é vantajoso enquanto ele …aumenta a chance do organismo de sobreviver. A verdade, o que quer que isso seja, fica em desvantagem.”

De fato, com a nossa analogia da criação de cor no cérebro, podemos até mesmo argumentar que crenças verdadeiras poderiam ser distrações-dispendiosas de energia, causando organismos a buscar modelos mais simples.

Plantinga até argumenta que possuir crenças verdadeiras poderia ser desvantajoso, porque essas crenças iria requerer o aumento do processo de informação contra modelos uteis simplificados. Assim como na analogia da cor.

É muito mais simples entender a cor, do que interpretar as ondas de ligação. Símbolos de interface do usuário menos complexos podem ser bem mais eficientes, já que requerem menos processo de informação para serem entendidos.

Pegue os ícones do computados versus o código de programação deles. Qual deles é mais fácil para a mente humana aprender e se adaptar? Qual requer menos poder cerebral para se entender?

Similarmente, nosso conhecimento e crenças poderiam ser símbolos menos complexos de interface de usuário para a sobrevivência, e não uma imagem verdadeira da realidade.

Simplesmente algo que somos programados para pensar ser verdadeiro porque pensar dessa forma nos ajuda a sobreviver. Agora, alguns vão argumentar que existem algumas crenças que algumas pessoas tem que não buscam a sobrevivência.

O exemplo obvio, são crenças que encorajam o suicídio. No naturalismo, pensamentos suicidas seriam criados pelo cérebro, mas não buscam a sobrevivência.

De fato isto cria o efeito oposto. Então, isto não significaria que nem todas as nossas crenças são benéficas para a sobrevivência? Bom, o que devemos lembrar é que, no naturalismo, o cérebro de um individuo suicida ainda esta fazendo o que ele ou ela pensam ser o melhor.

Eles foram forçados a crer, por uma química cerebral, que o mundo é um lugar frio e escuro, e que a melhor opção é escapar através da morte. Então, de forma corrupta, eles ainda estariam pensando que estão fazendo o que é melhor para eles, ou escolhendo crenças que vai os ajudar a obter a um lugar mais seguro.

Portanto, se o naturalismo é verdadeiro, o cérebro do individuo ainda esta tentando obter o que é melhor para ele, mas a partir de uma posição com defeito.

E a seleção natural seria o processo de capinar os organismos defeituosos que não conseguem obter a melhor forma de sobreviver. De fato, todas as crenças criadas pelo cérebro, seriam iguais para se obter a melhor maneira de sobrevier, já que este seria o objetivo que cada organismo estaria tentando obter quando produzem crenças.

Então, a crença no naturalismo pode não ser a crença mais útil para a sobrevivência, mas seria gerada com o objetivo de sobreviver em mente, não na busca pela verdade.

Porem, até mesmo com este simples fato, poderia ser facilmente explicado como qualquer visão de mundo metafisica, como o naturalismo ou o teísmo, podem ajudar um organismo a sobreviver.

Porque, se o naturalismo é verdadeiro, todas as visões de mundo metafísicas dariam a um organismo a sensação de segurança e coragem. Sentindo como se entendessem como a realidade funciona e, portanto, isto seria benéfico. Então, essas são as consequências, se o naturalismo for verdadeiro.

Todo o conhecimento humano seria uma engrenagem para a sobrevivência, como os especialistas identificaram. E não há razão para assumir que isso seria verdade.

Então, o naturalismo filosófico tem um serio problema enraizado em suas próprias implicações. Então, o que isso significa? Bem, primeiramente isto obviamente não demonstra que o naturalismo seja falso, nem prova o teísmo.

O que isso mostra é que, se um individuo começa com a crença de que o naturalismo é verdadeiro, então também tem de crer que suas crenças vieram por processos naturais, que buscam a criação de modelos uteis para a sobrevivência.

Portanto, a crença no naturalismo é apenas um modelo útil também. Então, a crença no naturalismo refuta a si mesma. A verdade seria impossível de se obter, de fato, seria algo insignificante de ser debatido.

Se a razão não é baseada na razão, mas em processos físicos cegos, então a própria razão esta perdida. E o próprio processo de raciocinar para o naturalismo ou materialismo é apenas insignificante e refuta a si mesmo, já que teria que assumir que raciocinando para a verdade funciona.

Mas cosmovisões alternativas não sofrem destes problemas, já que podemos argumentar que propriedades mentais da consciência e da razão são irredutíveis e fundamentais e, portanto, evitam a implicação do reducionismo.

É por isso que, por exemplo, teístas e idealistas não sofreriam as mesmas implicações, já que a mente não seria reduzida a processos físicos. Crer que estas coisas são redutíveis, cria mais problemas do que alguns podem pensar ou imaginar.

Mas, de novo, se são reduzíveis, estaríamos realmente pensando sobre isto? “…em um concurso entre o ateísmo materialista e algum tipo de visão religiosa teísta, a conclusão materialista deixa até mais mistérios do que a visão que ve a razão e a consciência como partes da essência do universo”

[Anthony O’Hear, “Philosophy”, p. 125] Tradução: Felipe Soares Forti -http://olharunificado.blogspot.com.br/
Legendas e Revisão: VeneLouis PoL@R – Ponto de Vista Cristão

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