20 argumentos a favor da existência de Deus – 5º. Argumento do desígnio divino

20argumentosEsse argumento tem um apelo amplo e perene. Praticamente todas as pessoas admitem que uma reflexão a respeito da ordem e da beleza da natureza estimula algo em nosso íntimo. Entretanto, será que a ordem e a beleza são produtos de um desígnio inteligente e um propósito consciente? Para os teístas, a resposta é afirmativa. Os argumentos a favor do desígnio divino são tentativas de defender essa resposta; de demonstrar por que ela é a mais razoável a ser oferecida. Tais argumentos foram formulados de manei­ras tão ricamente variadas quanto a experiência na qual estão arraigados. As declarações a seguir demonstram seu âmago, sua ideia central.

  1. O universo revela uma quantidade surpreendente de inteligibilidade tanto no interior das coisas que observamos como na maneira como essas coisas se relacionam com outras externas. Podemos, então, dizer que a maneira como elas existem e coexistem demonstram uma ordem bela e intrincada e uma regularidade que pode deixar perplexo até mesmo o observador mais casual. É a norma natural que muitos seres diferentes trabalhem em conjunto para produzir o mesmo fim valoroso — por exemplo, os órgãos em nosso corpo trabalham para manter nossa vida e nossa saúde. (Veja também o oitavo argumento.)
  2. Essa ordem inteligível é produto de um desígnio inteli­gente, não de mero acaso.
  3. Nada acontece por mero acaso.
  4. Portanto, o universo é produto de um desígnio inteligente.
  5. desígnio surge da mente de alguém que o estabelece.
  6. Portanto, o universo é produto de um Projetista in­teligente.

A premissa 1 é verdadeira. Até mesmo os que discordam do argumento concordam com ela. Só uma pessoa extremamente patética e obtusa não concordaria. Uma única molécula de proteína possui uma ordem impressionante, e mais ainda uma célula. E muito mais ainda um órgão como o olho, em que as partes ordenadas de enorme e delicada complexidade trabalham juntas com inúmeras outras para alcançar um único fim. Até mesmo os elementos químicos são ordenados para combinar com outros elementos de determinada maneira e sob certas condições. A aparente desordem encontrada em certas situações na natureza é um problema exatamente por causa da imensa abrangência da ordem e da regularidade. Portanto, a primeira premissa se sustenta.

Se toda essa ordem não é de alguma maneira o produto de um desígnio inteligente, então o que seria? Obviamente, ela teria simplesmente acontecido; e as coisas teriam alcançado o estágio em que se encontram por mero acaso. Mas, se toda essa ordem não é produto de forças sem propósito e ocasionais, ela resulta de algum tipo de propósito; que só pode ser um desígnio inteligente. Portanto, a segunda premissa também se sustenta.

Obviamente é a terceira premissa que se mostra crucial. Em última instância, os não-crentes afirmam que é realmente pelo acaso, e não por desígnio divino, que o universo de nossa experiência existe da maneira como o conhecemos. Ele simplesmente passou a ter essa ordem, e fica a cargo dos crentes provar como isso não poderia ter acontecido apenas por meio acaso. Entretanto, a afirmação dos incrédulos é incorreta. Logo, são eles que deveriam produzir uma alternativa mais crível que a idéia do desígnio divino.

E a teoria do acaso é simplesmente insatisfatória. Não podemos compreender o acaso apenas analisando-o sobre um pano de fundo ordenado. Dizer que algo aconteceu por acaso é o mesmo que afirmar que aconteceu de maneira diferente do que havíamos esperado, de um modo que não tínhamos imaginado. Entretanto, a expectativa não pode existir sem a ordem. Se anularmos toda ordem e falarmos do acaso sozinho, como um tipo de fonte derradeira de existência, teremos retirado apenas o pano de fundo que permite falar de maneira significativa a respeito do acaso.

Em vez de pensarmos no acaso, analisando-o sobre um pano de fundo ordenado, somos convidados a pensar sobre a ordem — que se mostra intricada e presente — sobre o pano de fundo sem propósito e aleatório do acaso. Francamente isso não é crível! Portanto, é perfeitamente razoável validar a terceira premissa —nada acontece por acaso. A conclusão é que o universo é produto de um desígnio inteligente.

Primeira questão: Mas a Teoria da Evolução, de Darwin não demons­trou ser possível que toda a ordem do universo tenha surgido por mero acaso?

Resposta: De maneira alguma! Se a teoria de Darwin demonstrou algo, foi: (1) a maneira geral como as espécies podem ter surgido a partir de outras, através de mutações aleatórias; e (2) como a sobrevivência dessas espécies pode estar relacionada a uma seleção natural—a aptidão de algumas espécies de sobreviver num determinado ambiente.

De modo algum essa teoria pode dar resposta a respeito da ordem presente e inteligível na natureza. Em vez disso, a teoria pressupõe a ordem. Como diz uma frase famosa: “A sobrevivência dos mais aptos pressupõe a chegada do apto” Se os darwinianos, a partir de sua teoria puramente biológica, insistirem que toda a vasta ordem ao nosso redor é resultado de mudanças aleatórias, estarão afirmando algo que nenhuma evidência empírica pode confirmar, que nenhuma ciência empírica pode demonstrar; algo que, em face das evidências, está simplesmente além de qualquer possibilidade de crença.

Segunda questão: Talvez apenas em nossa região no universo pos­samos encontrar a ordem. Talvez haja outras partes totalmente caóticas desconhecidas por nós; ou, talvez o universo futuramente se torne caótico. O que acontece com o argumento, então?

Resposta: Crentes e não-crentes experimentam o mesmo universo. Ou este é formado a partir de um desígnio inteligente, ou então não é. E este nosso mundo de experiência comum apresenta uma ordem abrangente e inteligível. Não temos como negar esse fato. Antes de especular a respeito do que ainda acontecerá ou do que já pode existir, precisamos lidar sinceramente com o que temos diante de nós. Precisamos reconhecer de maneira resoluta a extensão surpre­endente da ordem e da inteligibilidade em nosso universo.

Podemos perguntar: É possível supor que habitamos uma pequena ilha de ordem, rodeada por um vasto oceano de caos; um mar que ameaça engolir-nos um dia? Consideremos como, nas últimas décadas, temos alcançado de maneira fantástica os limites de nosso conhecimento. Lancemos a visão para muito além deste planeta, e atentemos para os diversos elementos microscópicos que o compõem. O que essa expansão de nossos horizontes revelou? Sempre a mesma coisa: mais, e não menos, inteligibilidade; mais, e não menos, ordem complexa e intrincada. Não existe razão para crermos em um caos que nos rodeie; e, ao mesmo tempo, há muitas razões para não fazer isso. Percebemos esse fato claramente pela experiência que todos nós — crentes e não-crentes — compartilhamos.

Podemos afirmar algo parecido a respeito do futuro. Conhe­cemos a maneira como as coisas no universo têm se comportado. Portanto, até que encontremos razões concretas para pensar de outra maneira, temos todos os motivos para crer que ele continua­rá nesse processo ordenado de decadência. Nenhuma especulação pode anular o que já sabemos.

Mas, então, exatamente que tipo de caos o questionador deseja que imaginemos? Que o efeito precederia a causa? Que estacontradiçãopode ser desprezada? Que nãoéneoessário existir algo que traga todas as coisas à existência? Essas sugestões são completamente ininteligíveis. Se pensarmos a respeito delas, será apenas para rejeitá-las como incon­cebíveis. Por quê? Será que poderíamos imaginar a existência de menos ordem? Sim. De algum novo arranjo da ordem além do que já expe­rimentamos? Sim. Entretanto, seria possível a total desordem e o caos. Isso nunca poderia ser considerado como possibilidade real. Especular a respeito, como se isto fosse realidade, seria perda de tempo.

Terceira questão: Mas e se a ordem que experimentamos for me­ramente produto de nossa mente? Mesmo que não possamos imaginar o caos total e a desordem, talvez a realidade seja realmente assim.

Resposta: Nossa mente é apenas um meio pelo qual podemos conhecer a realidade. Não temos nenhum outro meio de acessá-la. Se concordamos que algo não pode existir como idéia, não podemos afirmar que ele possa existir na realidade, pois estaríamos pensando em algo sobre o qual afirmamos ser impossível pensar.

Suponhamos que alguém diga que a ordem do universo é produto de nossa mente. Isso coloca a pessoa em uma posição bastante constrangedora. Ela estará dizendo que precisamos pensar a respeito da realidade em termos de ordem e de inteligibilidade, mas na verdade as coisas podem não existir dessa forma. Propor algo como consi­deração é o mesmo que pensar a respeito disso. Seria o mesmo que dizer: (a) temos de pensar a respeito da realidade de determinada

maneira, mas (b) como pensamos que as coisas podem na verdade não existir dessa maneira, então (c) não precisamos pensar a respeito da realidade da maneira como seria correto pensar a respeito dela! Será que estamos dispostos a pagar um preço tão alto para negar que a existência do universo demonstra um desígnio inteligente? Diante das evidências, aquele questionamento não parece ser vantajoso.

Fonte: http://www.strangenotions.com/god-exists/
Tradução do livro MANUAL DE DEFESA DA FÉ – APOLOGÉTICA CRISTÃ, de Peter Kreeft e Ronald K. Tacelli

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