Como sabemos que o universo não existiu eternamente?

cmb_timeline75Para aqueles que procuram a ciência para responder a cada questão, os cosmólogos são unânimes em concordar que o nosso universo não é eterno, e de fato se originou cerca de 14 bilhões de anos atrás. Você pode não gostar dessa resposta, e então vá correndo em direção a cosmologias alternativas para fugir do modelo padrão do big bang do universo. Infelizmente, não há outra alternativa.

Como bem resumido no blogue de Wintery Knight “O [teorema] de Borde-Guth-Vilenkin mostra que cada universo que se expande deve ter um limite de espaço-tempo no passado. Isso significa que nenhum universo em expansão, não importa o modelo, pode ser eterno no passado. Mesmo cosmologias alternativas especulativas não escapam à necessidade de um começo”.

Assim, parece que a ciência não ajuda a quem quer se agarrar desesperadamente a um universo eterno. Que tal a filosofia?

As antigas tradições metafísicas dominantes também demonstraram por que o universo físico não pode ser eterno. Aqui citamos Edward Feser em um artigo que escreveu para o First Things:

Em geral, a teologia filosófica clássica defende a existência de uma causa primeira do mundo, uma causa que não se limita a acontecer não ter uma causa própria, mas que (ao contrário de tudo o que existe), em princípio, não precisa de uma. Nada mais pode fornecer uma explicação última do mundo.

Para Aristóteles e Tomás de Aquino, por exemplo, as coisas no mundo podem mudar somente se houver algo que muda ou atualiza tudo sem a necessidade (ou até mesmo a possibilidade) de que seja atualizada a si mesmo, precisamente porque já é “ato puro”. A mudança exige um motor imóvel.

Feser passa a considerar outros grandes pensadores do passado:

Para os neoplatônicos, tudo o que é feito de partes só pode ser explicado por referência a algo que combina as partes. Assim, a explicação última das coisas deve ser extremamente simples e, portanto, sem a necessidade ou mesmo a possibilidade de ser montado por outra coisa. Plotino chamou isso de “o Uno.” Para Leibniz, a existência de qualquer coisa que seja de qualquer maneira contingente só pode ser explicada pela sua origem em um ser absolutamente necessário.

Mas por que a primeira causa, o ser necessário, não pode ser o próprio universo em vez de Deus? Qual é a diferença entre um Criador eterno e um universo eterno?

A diferença, como o leitor de Aristóteles e Tomás de Aquino sabe, é que o universo muda, enquanto o motor imóvel não ou, como os neoplatonistas lhe diriam, que o universo é feito de partes, enquanto a sua fonte é absolutamente una; ou, como Leibniz poderia lhe dizer, que o universo é contingente e Deus absolutamente necessário. Há, portanto, uma razão de princípio para considerar a Deus, em vez de o universo, como o término da explicação.

Então, postular o universo como uma coisa eternamente existente que é a causa de tudo vai de encontro com a ciência moderna e a metafísica clássica. Acontece que acredito que os argumentos metafísicos são mais fortes, mas talvez você prefira a ciência. De qualquer maneira, não parece que nada corrobora um universo eterno.

Fonte: http://www.toughquestionsanswered.org/2013/09/11/why-cant-the-universe-have-existed-eternally/
Tradução: Emerson de Oliveira

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