A questão sobre tudo o que começa a existir ter uma causa é, em alguns círculos, mais controversa. Gostaria de saber o que você tem a dizer sobre isso. Primeiramente, o argumento inicial é que tudo o que começa a existir tem uma causa para seu início. Este ponto é amplamente aceito; coisas não surgem do nada, pois do nada, nada pode vir. Assim, se algo começa a existir, é necessário que haja uma causa que traga isso à existência.
A premissa mais controversa é a de que o universo começou a existir. Para apoiar essa ideia, podemos recorrer tanto a argumentos filosóficos quanto científicos. Um exemplo de argumento filosófico vem do filósofo judeu medieval Saadia Ben Gaon, que defendia a impossibilidade de uma regressão infinita de eventos passados. Segundo ele, deve ter havido um evento inicial absoluto, trazido à existência por um Criador transcendente. Considero esses argumentos filosóficos válidos e os defendo em minhas publicações.
Desde o início do século 20, há evidências científicas que corroboram a ideia de que o universo teve um início. A primeira é a descoberta da expansão do universo e o modelo do Big Bang, que indicam que o universo não é eterno, mas teve um começo absoluto. Desde que o modelo foi proposto nos anos 1920, surgiram várias teorias alternativas tentando evitar essa conclusão, como os modelos oscilantes, de flutuação no vácuo e o estado estacionário. No entanto, todas essas teorias foram, com o tempo, demonstradas como matematicamente inviáveis ou fisicamente impossíveis, ou acabaram implicando a própria origem que tentavam evitar.
Hoje, um cosmólogo como Alexander Vilenkin, um importante astrofísico, afirma que todas as evidências que possuímos indicam que o universo teve um início. Isso é uma declaração notável, pois Vilenkin não diz que a evidência a favor de um início supera a evidência contrária, mas sim que toda a evidência disponível aponta para o início do universo. Não conheço nenhuma evidência de que o universo seja eterno. Toda a evidência está de um lado, o que torna altamente provável que o universo realmente começou a existir.
Além disso, há confirmação científica a partir da segunda lei da termodinâmica. Ela mostra que o universo não pode ser projetado para o passado infinito, mas sim que houve um começo, um tempo finito atrás, quando a energia foi colocada no universo como uma condição inicial e desde então tem se esgotado, como um relógio que foi acionado e está gradualmente se desgastando.
Em cosmologia física, não existe o conceito de “tempo antes do Big Bang”. Perguntar o que existia antes do Big Bang é como perguntar o que fica ao norte do Pólo Norte. O modelo padrão considera a singularidade cosmológica como o início do tempo e do espaço, sem possibilidade de retroceder para antes disso.
No entanto, como filósofo, considero coerente a ideia de um tipo de “tempo metafísico” anterior ao tempo físico. Um argumento que sustenta essa ideia é que Deus poderia, por exemplo, contar regressivamente até o momento da criação, o que criaria uma sequência de eventos mentais suficientes para definir um tempo antes do universo físico. Portanto, é possível conceber um tempo metafísico antes da criação, embora eu não veja razão para postular esse tipo de tempo anterior.
No modelo que defendo, Deus, antes da criação, seria atemporal, mas entraria no tempo no momento da criação, devido a suas relações causais e conhecimento do mundo temporal.
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