Na página 81 de Apocalypse Delayed [Apocalipse Adiado], James Penton diz acerca de Olin Moyle:
“Embora fosse um abstêmio, dificilmente Moyle poderá ser acusado de ser demasiado crítico em relação aos hábitos de bebida dos seus irmãos em Betel, e ele foi muito exato na sua avaliação das ações pretensiosas e coléricas de Rutherford, e das tiradas à mesa do pequeno almoço [em Betel]. Além disso, ele estava simplesmente ansioso por corrigir o que para ele eram exemplos graves de conduta não cristã e por afirmar que Rutherford tinha uma responsabilidade imediata de remediar as condições que tinham causado a sua renúncia e protesto. Mas Rutherford, que por vezes tinha dificuldade em distinguir a sua posição da posição de Jeová e Cristo Jesus, encarou a carta de Moyle como nada menos que apostasia.”
Isto não lhe soa familiar? Devia.
Rutherford usou a Watchtower [Sentinela] de 15 de outubro de 1939 (páginas 316, 317) para caluniar Moyle:
INFORMAÇÃO
Lembrando-se que este é o tempo em que Deus está removendo da sua organização tudo que pode ser abalado, ‘para que aquelas coisas que não podem ser abaladas possam permanecer’ (Hebreus 12:26, 27), os membros do corpo de diretores da WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados], para a informação e proteção daqueles que são devotados à organização de Deus, pedem que a Sentinela publique o que se segue:
Em 21 de julho de 1939, um artigo escrito sob a forma de carta, assinado por O. R. Moyle, foi deixado na secretária da portaria do Lar de Betel, endereçado ao presidente da Sociedade. Como esse artigo envolve toda a família de Betel, foi devidamente trazido perante o corpo e perante a família. A carta, estando repleta de declarações falsas, caluniosas e difamatórias, foi vigorosamente condenada pelo corpo de diretores, e por todos os membros da família de Betel. O corpo adotou por unanimidade a seguinte Resolução, que foi também aprovada pela família:
‘Numa reunião conjunta dos corpos de diretores da corporação da Pennsylvania e da corporação de Nova Iorque da Sociedade de Bíblias e Tratados, realizada no escritório da Sociedade em Brooklyn, Nova Iorque, neste dia 8 de agosto de 1939, na qual outros membros da família estiveram presentes, foi lida aos ditos corpos e na presença de O. R. Moyle, uma carta datada de 21 de julho de 1939, escrita pelo dito Moyle e endereçada ao presidente da Sociedade.
‘Durante quatro anos foram confiadas ao escritor dessa carta as matérias confidenciais da Sociedade. Parece agora que o escritor dessa carta, sem desculpa, calunia a família de Deus em Betel, e identifica-se a si próprio como um que fala iniquidades contra a organização do Senhor, e que é um murmurador e queixoso, mesmo como as Escrituras predisseram (Judas 4-16; 1 Coríntios 4:3; Romanos 14:4).
Note como Rutherford ignorou completamente o que Moyle realmente disse, a saber (basicamente) que o “Juiz” era um alcoólico e um tirano cruel e sem coração. A resposta do “Juiz” diz que falar contra o que ele fazia pessoalmente era o mesmo que falar contra a “organização do Senhor”. O homem tinha um ego que nunca mais acabava.
[Um amigo enviou-me recentemente esta pequena preciosidade: Durante o início da década de 1920, foi colocada perto de um cartaz que anunciava o discurso de Rutherford “Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”, esta observação: “Milhões preferiam morrer em vez de ouvir o Juiz Rutherford falar.”]
O artigo continua:
‘Os membros do corpo de diretores ressentem-se das críticas injustas que aparecem na carta, desaprovam o escritor e as suas ações, e recomendam que o presidente da Sociedade termine imediatamente o relacionamento de O. R. Moyle com a Sociedade como conselheiro legal e membro da família de Betel.’
À parte o parágrafo introdutório que anuncia o propósito do escritor de deixar Betel no tempo especificado, todos os parágrafos dessa carta são falsos, repletos de mentiras, e são uma difamação iníqua e calúnia não só contra o presidente mas contra toda a família, e por essa razão a carta não foi publicada pela Sociedade. Ele pediu à [revista das Testemunhas de Jeová] Consolação que publicasse a sua carta, e Moyle, tendo sido recusado o seu pedido, agora faz com que o seu artigo calunioso seja publicado e posto a circular entre algumas companhias [congregações] dos consagrados, fazendo com que o mesmo seja lido publicamente, e pelas suas próprias palavras que podem ser chamadas ‘falinhas mansas’, ele finge estar em harmonia com a Sociedade, e assim engana ainda mais os incautos. O propósito dele mesmo ao publicar adicionalmente [o artigo] é justificar-se a si mesmo e ‘causar divisão entre os irmãos’, ambas as coisas são condenadas na Palavra de Deus (Lucas 16:15; Romanos 16:17, 18). Por esta razão os irmãos devem ficar de sobreaviso. ‘A carta acima mencionada’, estando repleta de mentiras levantadas contra os irmãos, a mesma é odiada por Jeová; ‘Seis coisas o Senhor odeia; sim, sete são uma abominação para ele… uma testemunha falsa que fala mentiras, e aquele que semeia discórdia entre os irmãos’ — Provérbios 6:16-19.
Note que, mais uma vez, Rutherford não refuta especificamente nenhuma acusação feita por Moyle, prefere meter tudo o que Moyle disse no mesmo saco e rotular isso de “difamação iníqua”, “calúnia” e “repleta de mentiras”.
Ao induzir outros a juntarem-se-lhe na circulação e publicação desta carta difamatória entre os consagrados, ele faz outros participarem no seu erro. O artigo difamatório, sendo oposição e estando contra os interesses do governo Teocrático, está apenas agradando ao Diabo e aos seus agentes terrestres.
Repare na tática de infundir medo através de “culpa por associação”. Ao apontar a verdade de que este líder deste pretenso “governo Teocrático” era um alcoólico, um bandido e um covarde que usava o seu poder para intimidar e prejudicar os mais fracos, Moyle estava “apenas agradando ao Diabo”.
Durante quatro anos foram confiados a Moyle os assuntos confidenciais da Sociedade, e então, sem desculpa, ele assalta e calunia aqueles que confiaram nele.
Por outras palavras: ‘Como te atreves, Olin! Não era suposto que tu dissesses a toda a gente que eu sou um bêbado, um bandido e um sujeito que usa o poder que tem para intimidar e prejudicar os mais fracos!’
Foram confiados a Judas assuntos confidenciais por Jesus Cristo, e Judas provou a sua infidelidade por fornecer ao inimigo aquilo que eles podiam usar, e que usaram mesmo, contra o Senhor.
Nota: ‘Sim, “Juiz”, mas Jesus não era um alcoólico, nem tinha uma mansão e várias outras casas como tu!’
Aquele que calunia os irmãos do Senhor, calunia o próprio Senhor, e as Escrituras apontam claramente qual será o fim de tais. Tendo sido avisados, cada um deve escolher se quer juntar-se ao ‘escravo mau’ e sofrer as conseqüências (Mateus 24:48-51) ou permanecer fiel a Jesus e ao seu governo por Cristo Jesus.
Por outras palavras: ‘Vocês só podem permanecer fiéis a Jesus e ao seu governo se não disserem a toda a gente que eu sou um bêbado e um bandido.’ (Acho que faz todo o sentido!)
Escolhei a quem quereis servir.
Nota: alguém nota aqui uma ameaça?
[Assinado]: Fred W. Franz, N. H. Knorr, Grant Suiter, T. J. Sullivan, W. P. Heath, W. H. Reimer, W. E. Van Amburgh, M. Goux, C. A. Wise, C. J. Woodworth. Aprove para publicação. J. F. Rutherford, Presidente.
Epílogo: Moyle processou-os judicialmente por difamação e recebeu 15.000 dólares, além das despesas com o tribunal, dois anos depois de Rutherford ter emborcado a sua última garrafa de gin e ter rebentado. Aqui estão as referências do caso nos tribunais:
- Moyle v. Rutherford et al., 261 App. Div. 968; 26 N.Y.S. 2d 860;
- Moyle v. Franz et al., 267 App. Div. 423; 46 N.Y.S. 2d 667;
- Moyle v. Franz et al., 47 N.Y.S. 484.