Muitos cristãos estão conscientes do ateísmo hostil de Christopher Hitchens. No entanto, poucos cristãos estão conscientes de que seu irmão, Peter, também foi por muitos anos antagônico em relação ao cristianismo e um ateu autodeclarado como seu irmão. Ao contrário de Christopher, no entanto, Peter é um filho pródigo que voltou para casa. A história da maneira como Deus usou belezas simples, como arquitetura e pintura, para chamar Peter para a fé é verdadeiramente comovente. Muitos cristãos se perguntam o que está acontecendo dentro das cabeças dos ateus para torná-los tão irritados. Nesta entrevista, Peter Hitchens nos dá um vislumbre de sua vida e do pensamento como um cristão que foi convertido do ateísmo.
Tabletalk: Alguns de nossos leitores ainda não leram seu livro, O ódio contra Deus: como o ateísmo levou-me a fé , que está sendo amplamente impresso. Especificamente, quais são os três argumentos falidos do ateísmo?
Peter Hitchens: O ateísmo tem dezenas de argumentos falhos. Os que eu sentia qualificado para lidar foram estes: que a religião e, especificamente, o cristianismo, é uma das principais causas de conflito; que um código moral efetivo pode existir sem a crença no eterno e a alegação de meu irmão de que o regime soviético era religioso.
TT : Em O ódio contra Deus, você se descreve como sendo uma parte do “robusto protestantismo inglês”. O que isso significa?
PH : Oh, é um contraste com o que nos meus tempos de escola teria sido chamado o tipo sentimental do cristianismo, vagamente efeminado, a piedade com vitrais de incenso e ritual, ao contrário de um forte voz, uma fé mais sólida e sem certo emocionalismo.
TT : Quão correta foi a sugestão de seu diretor de que as mortes daqueles que amava iria mudar a sua postura ateísta? Como é que a morte de um ente querido desafia o ateísmo em sua essência?
PH : A morte é o grande lembrete de que esta vida é limitada, e que pode não ser o fim. Na maioria de nossas vidas, nós nos comportamos como se isto não fosse assim. É apenas quando a morte toca as pessoas próximas a nós que somos forçados a esse entendimento, especialmente em um mundo moderno onde a morte é mantida à distância, ignorada, não discutida e posta fora de comentários.
TT : Qual é o grande fracasso da educação cristã no Ocidente moderno?
PH : A falta de poesia. O abandono do grande texto poético da Bíblia King James (e do Livro de Oração Comum, para aqueles que se dedicam a seu estudo) tornou o cristianismo banal e frio por três gerações. Muito do que Cristo disse é comunicável na poesia, que contém significados que a prosa é incapaz de expressar. O mesmo poderia ser dito para o abandono de grande parte da tradição musical clássica da igreja.
TT : E quanto à acusação de Christopher Hitchens e Richard Dawkins de que a educação religiosa às crianças é similar a um abuso sexual?
PH : Por que presumir culpa? A acusação é grotesca e sem fundamento. Deixe-os serem desafiados a mostrar por que é, se é que é. E que peçam desculpas se admitem estar errados.
TT : Há algum conselho que você pode dar aos crentes na América sobre como serem fiéis a Cristo enquanto nosso país torna-se mais flagrante e assumidamente secular?
PH : Não há muitos. Não espere ser popular, talvez – e até mesmo aprenda a gostar de ser impopular. Cristãos em partes do mundo onde o Islã ou o secularismo são triunfantes terão um tempo difícil neste mundo, e assim estarão mais interessados na importância do outro mundo do que poderia ser. Acredito que os cristãos coptas do Egito realmente dão graças por isso, uma vez que reforça a sua fé. Eu gosto de ser seguro e confortável demais para acolher esta ideia, mas eu tenho que admitir que me parece que os coptas têm um ponto. Eles vivem mais de perto com Cristo do que nós, porque eles devem nadar contra a corrente.
TT : De que forma podemos mostrar nosso amor por amigos e familiares que são ateus e que podem ter sucumbido à intolerância prevalecente entre muitos ateus atuais?
PH :Não pressionando nosso caso sobre eles, nem retornando intolerância com intolerância. As pessoas escolhem o ateísmo. É um ato deliberado e consciente, envolvendo muito mais certeza do que eu possa reunir sobre este assunto. Eles fazem isso por uma razão. Se você pode descobrir quais suas razões e motivações, então você argumentar racionalmente com eles sobre isso. Isso pode beneficiar qualquer pessoa independente em seu público, mas provavelmente não fará nenhum impacto sobre eles. As chances são que eles rejeitaram o cristianismo porque eles compreenderam corretamente o que envolve e não desejam segui-lo. E eles acreditam, como consequência lógica desta visão, que cristianismo, como uma força, deve ser conduzido para fora da vida moderna.
Peter Hitchens , irmão do proeminente ateu Christopher Hitchens (1949-2011), é um jornalista, autor e radialista britânico. Ele é autor de cinco livros, incluindo o seu mais recente O ódio contra Deus: como o ateísmo levou-me a fé , em que ele conduz o leitor através das lutas que o levaram ao ateísmo e, em última análise, o que o levou a ver o sistema de ateísmo como insustentável e abraçar o cristianismo.
Fonte: http://www.ligonier.org/
Tradução: Emerson de Oliveira
