Você provavelmente iria concordar comigo em que o co-descobridor do Cálculo era um cara inteligente.
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) era um matemático estudioso da lógica e da filosofia alemão. Leibniz é bem conhecido pelas suas descobertas matemáticas, mas ele também é reconhecido como a pessoa que popularizou o que muitos dizem que é a pergunta mais importante já feita: Por que nós temos alguma coisa ao invés de nada?
Na sua obra curta, Princípios da Natureza e da Graça Baseados na Razão, Leibniz apresenta e responde a pergunta da seguinte forma:
“Agora eu devo avançar para o nível metafísico, fazendo uso de um formidável mas não muito usado princípio, que diz que nada acontece sem uma razão suficiente; ou seja, que para qualquer proposição P, é possível para alguém que entenda suficientemente bem as coisas dar uma razão suficiente para aceitar P e não não-P. Diante desse princípio, a primeira pergunta razoável que nós podemos fazer é: Por que existe alguma coisa ao invés de nada? Afinal, “nada” é mais simples e fácil do que “alguma coisa”. Também, se as coisas devem existir, então nós devemos ser capazes de dar uma razão por que elas devem existir e não o contrário. Agora, essa razão suficiente para a existência não pode ser achada na série de coisas contingentes… Ela deve ser alguma coisa que existe necessariamente, carregando a razão da sua existência em si mesma; só isso pode dar uma razão suficiente diante da qual nós podemos parar. E a razão suprema das coisas é o que nós chamamos de “Deus”.”
Leibniz acreditava que Deus era a melhor explicação para a existência de todas as coisas. A partir das suas obras, muitos filósofos e teólogos criaram as suas próprias formas de apresentar essa conclusão. Por exemplo, William Lane Craig apresenta esse argumento da seguinte forma:
- Tudo que existe tem uma explicação da sua existência.
- O universo existe.
- O universo tem uma explicação da sua existência.
- A explicação da existência do universo não é encontrada na necessidade da sua própria natureza.
- Portanto, a explicação da existência do universo é Deus.
A minha forma de apresentar essa posição é um pouco mais pessoal/informal, que eu gosto de chamar de meu “argumento de 30 segundos para Deus”:
- Eu existo.
- Se eu existo, alguma coisa deve ser eterna, porque nada vem do nada.
- Só há duas alternativas para “alguma coisa” eterna: a. o universo ou b. Deus.
- O universo não é eterno.
- Portanto, Deus existe.
Deixe-me explicar cada ponto e demonstrar por que eu acho que esse argumento é razoável e válido.
Sim, você existe.
Uma vez, um estudante de uma turma de filosofia perguntou para o professor: “Como eu posso saber que eu existo?” O professor olhou através dos óculos que estavam no nariz e respondeu: “Quem está perguntando?”
É simplesmente auto-refutante a alegação de que você não existe, porque você tem que existir para fazer a pergunta. Como o matemático Descartes (outro crente em Deus) disse: “Penso; logo, existo.”
Nada é nada
Não importa quanto os cientistas ateístas como Lawrence Krauss se esforcem, tentando argumentar em livros como “Um universo do nada” que você pode obter alguma coisa do nada, você definitivamente não pode. Krauss redefine “nada” como sistemas físicos como o vácuo quântico, de forma que a sua obra amplamente criticada falha em responder a pergunta de Leibniz e acaba envergonhando o autor.
“Nada”, como Aristóteles dizia, “é com o que as pedras sonham”. Por exemplo, se você me perguntar o que eu tive no café da manhã de hoje e eu responder “nada”, você provavelmente não vai me perguntar qual era o gosto do “nada”.
A razão pela qual todas as coisas existem – incluindo você e eu – é porque alguma coisa sempre existiu. No final das contas, o crente em Deus e o ateísta só estão discutindo sobre o que é essa “alguma coisa”.
Só duas escolhas
Alguns ateístas me surpreenderam dizendo que nós temos mais do que duas alternativas disponíveis em referência à “alguma coisa” eterna. No entanto, a grande maioria dos pensadores ateístas reconhecem que, se o Universo não é eterno, então Deus é a única possibilidade.
Não se engane: Deus não é enfiado como uma das alternativas por um viés teológico, de fato, um criador é uma coisa absolutamente essencial se o Universo tem uma causa eficiente da sua existência, nesse caso, se ele não é eterno. O universo compreende toda a realidade espaço-tempo e, se ele tem uma causa, como Craig diz: “Isso prova a existência de um criador necessário, não-causado, atemporal, não contido no espaço, imaterial e pessoal do universo. Essa não é uma entidade mal concebida como o Mostro de Espaguete Voador, mas sim uma entidade metafísica com muitas propriedades tradicionalmente atribuídas a Deus.”
De fato, a questão é se a matéria vem antes da mente ou a mente antes da matéria.
Governando o universo
Se, como os céticos dizem, eles vão aonde a evidência leva, então eles deveriam chegar à conclusão de que o universo não é eterno.
Evidência empírica tal qual a segunda lei da termodinâmica, o fato de que o universo está se expandindo, o eco do Big Bang descoberto em 1965, a ondulação de temperatura encontrada no Projeto COBE em 1992, a Teoria da Relatividade de Einstein e outras, todas apontam para um universo não eterno.
Tentativas de postular um suposto multiverso (um composto de universos) falharam em dar alguma evidência real de que tal coisa exista. Adicionalmente, uma pesquisa feita por cientistas eminentes aponta na direção oposta. Doutor Alexander Vilenkin concluiu o artigo “Estado do Universo”, que foi apresentado na celebração do septuagésimo aniversário de Stephen Halking, em janeiro de 2012, dizendo que “toda a evidência que nós temos diz que o universo teve um começo”.
Adicionalmente, a prova que Vilenkin desenvolveu com Arvind Borde e Alan Guth mostra que qualquer universo que esteja se expandindo ao longo da sua história não pode ser infinito no passado, mas deve ter uma fronteira espaço-temporal passada. Incluindo qualquer suposto multiverso. Já que o nosso universo e todos os multiversos têm um começo, eles têm uma causa e não são eternos.
O peixe que você não pode afogar
Como Leibniz concluiu, Deus é a melhor explicação para a existência de todas as coisas. Todo o esforço que Krauss e outros ateístas realizam para negar Deus, no fim das contas, é um exercício que a filosofia chama de “afogar o peixe”. Você pode amontoar toda a água do oceano no animal (nesse caso, Deus) tentando afogá-lo, mas no fim das contas, o peixe continua lá afirmando a sua presença.
Note que esse argumento para Deus não vai tão longe a ponto de provar o Deus da Bíblia, mas sim procura estabelecer a racionalidade de uma mente eterna que existe além do universo físico. De qualquer forma, o fato de que determinar logicamente os atributos desse criador produz uma lista que combina muito bem com o Deus descrito nas Escrituras certamente suporta a ideia do Deus cristão.
Aproximadamente 300 anos depois de Leibniz chegar à conclusão de que Deus é a melhor explicação por que todas as coisas existem, as descobertas científicas e o pensamento racional de hoje estão provando que ele estava certo. Mas então, boa ciência, boa filosofia e boa religião sempre devem chegar à mesma conclusão.
- A 30 Second Argument for God
http://www.blogos.org/compellingtruth/argument-for-God-1.php
- Traduzido por Alfredo Barbosa.
Para quem não sabe, o Cálculo Infinitesimal, também conhecido como Cálculo, descoberto por Isaac Newton e Leibniz, é a base de toda a física, toda a engenharia e, consequentemente, toda a tecnologia que nós temos. A hipérbole fica por conta da admiração que eu tenho por essas duas personalidades cristãs.