“República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. O único sustentáculo do Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela.“ (Carta do Marechal Deodoro para um sobrinho, escrita em 13 de setembro de 1889, pouco mais de 2 meses depois, Deodoro ajudaria com o golpe da proclamação)
Muito se fala sobre terceira via, mas ela já está aqui instaurada e não sabem. Antes de ser propaganda midiática, a ordem do dia, fundada na terceira via, hoje completa 124 anos contando mentiras a rodo e a todo o vapor.
No final das contas, onde o debate não é temperado pela caridade, a vitória do liberal é proclamada: fundou-se toda uma ordem em que cada um tem sua verdade, em que cada um se assiste no direito de ser tolo. O que se proclamou foi a completa estupidez: toda e qualquer conversa pode vir a descambar numa conversa de surdos, a um nada. E isso não é ter Deus no coração. A retirada de Deus da seara dos debates públicos começa exatamente por aí.
Numa sociedade teocêntrica, Deus é a ordem do dia. Estado laico é feito no sentido a que as disputações sobre Deus, que são permanentes e necessárias, não descambem numa tirania política. Até porque a regência da sociedade cristã, na lei natural, é bem diferente da regência que se faz numa sociedade política, onde a justa distribuição das coisas é vital para a própria sobrevivência da ordem política. A lei natural é um círculo que abraça as comunidades e as nações onde Deus é a base sob a qual se assenta todas as coisas, de modo a que aquilo que deve ser dado a César seja dado realmente a César e o que é devido a Deus seja dado realmente a Deus. Isso tem que ser bem distribuído, de modo a que haja liberdade.
O primeiro passo para se restaurar a ordem é afirmar que Deus existe. E para isso a lei política deve se sujeitar à lei natural. O segundo passo é a caridade e o amor ao próximo serem normas de conduta fundamentais e necessárias. A lei civil e a lei penal devem estar norteadas na humanidade e na caridade de Cristo. E o terceiro passo é a não traição daquilo que é natural, bom e necessário, que dá justa constituição a todas coisas que decorrem disso. Para isso, um poder moderador deve ser permanentemente exercido, de modo a que a ambição de uns não devore aos outros, de modo a que não descambe numa guerra civil, como se deu em Roma.
Estado laico não pode se reduzir a laicismo, como se tem feito nesta república. Além de se esculhambar com a verdade, a ordem promove toda uma sorte injustiças que acabam com a civilização do país. Assim como o fato de cada um tem a sua verdade leva a uma conversa de surdos, a ordem fica instável, regida ao sabor do vento, tal qual uma biruta de aeroporto. E a birutice é a ordem do dia – e isso precisa ser esquecido.
Aliás, o dia de hoje pede que reflitamos sobre isso. E este é o convite que faço a vocês hoje.