O objetivo desta técnica é tentar habilitar um neo-ateu no uso da simulação de uma falsa subserviência da religião (e religiosos) a algum ícone escolhido por ele.
No caso, geralmente o neo-ateu simula que é um porta-voz da ciência (o que, quando investigado, revela-se falso), e então afirma que a “religião usa de metáforas, somente agora, para se adaptar às regras da ciência”.
Não passa, claro, de uma armação dotada de um profundo anacronismo.
A idéia por trás dessa provocação dos neo-ateus é simular um comportamento das crianças do jardim da infância que, quando ganham um doce da professora, saem dizendo: “ela deu esse doce por que eu a forcei a fazer isso”.
Embora a provocação seja infantil e a técnica seja mais imatura do que a maioria dos outros estratagemas, é possível que algum teísta se deixe afetar pelo efeito psicológico causado por tal afirmação.
Mas, novamente, a técnica só sobrevive se o anacronismo nela não for descoberto.
Explica-se: a interpretação metafórica de textos bíblicos é antiquíssima, vindo desde os tempos de Orígenes, Santo Agostinho e demais, que surgiram séculos antes do aflorescimento da ciência, que, como todos sabem, tem o seu princípio como método com Galileu Galilei.
Alguns dados:
- Santo Agostinho, viveu entre 354 d. C. – 430 d.C.
- Orígenes, viveu entre 185 d.C. — 253 d.C.
- Galileu Galilei Pisa, viveu entre 1564 d. C. — 1642 d.C.
Além do mais, a Escola Alexandrina (Egito), com vigência entre 180 e 450, já fazia a conciliação da filosofia grega com a menagem cristã, pelo uso do método da alegoria. Eles viam três sentidos na Bíblia: Literal, Moral e Alegórico.
Segundo eles, as funções da Bíblia eram: narrar o que acontecera; sugerir ensinos morais e exigir a busca do sentido profundo. Orígenes já dizia que para os principiantes era o sentido corporal; para os avançados, o psíquico; para os perfeitos, o espiritual.
E na Idade Média (séculos VIII-XIV) foram definidos os quatro sentidos para a Bíblia:
- Literal, com os fatos reais
- Alegórico, auxiliando na descoberta do mistério oculto
- Moral, orientando os costumes
- Anagógico, focando no encaminhamento para as realidades transcendentais
Ou seja, o entendimento de que existem metáforas na Bíblia pode ter qualquer motivo, menos aquele de atender às descobertas científicas.
Refutação:
Abaixo segue um exemplo de refutação desta técnica:
- NEO-ATEU: Quer dizer então que você encontra várias metáforas na Bíblia, certo?
- REFUTADOR: Correto.
- NEO-ATEU: Mas isso não significa que vocês estão tentando escapar das descobertas científicas? E aí inventam que é só metáfora para não serem desmascarados pelo que a ciência diz?
- REFUTADOR: Mas como isso pode ser possível?
- NEO-ATEU: Desde que a Revolução Científica surgiu, com Galileu, a ciência descobre a cada dia coisas novas. E aí vocês inventam que é metáfora para não ficar feio perante às descobertas.
- REFUTADOR: Claro que não. São metáforas desde o início. Se tiver dúvidas, basta consultar os registros de teólogos vindos muitos séculos antes da Revolução Científica…
[a partir daí, é só coletar as informações, e exibi-las, que o neo-ateu não terá por onde escapar… ]
Conclusão:
É uma técnica muito bobinha, de facílima refutação. Basta utilizar os registros históricos e apontar o anacronismo do neo-ateu que a utiliza.