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Respostas a “A história do Papado”, 2013 TVNovo Tempo


Respostas para até o minuto 13.

1 – Número de vezes que Pedro é citado X Paulo x Judas
Esse argumento é falho, visto que Pedro escreveu somente duas epístolas (nas quais seu nome aparece somente uma vez) e Paulo escreveu 14 epístolas. O nome de Paulo não é citado em nenhum dos evangelhos, mas somente em Atos dos Apóstolos e suas cartas, que se trata basicamente de seu ministério. O que faz as citações de Pedro serem importantes não é somente seu número (citados por outros evangelistas) mas pela importância de Pedro diante dos apóstolos em tantas citações. Nem precisa dizer que Judas é citado somente como traidor, por isso a comparação também é uma falácia.

2 – Mudança do nome de Simão para Pedro foi somente um apelido “carinhoso”
Ele diz que Jesus também mudou o nome de outros apóstolos, por isso, a mudança do nome de Pedro não é importante. Ele finge ignorar que a mudança do nome de Pedro se deu num momento preciso, no qual Jesus o compara a uma rocha sólida na qual a Igreja seria construída. Não foi uma mudança a bel prazer do Senhor. (Mateus 16,18)

3 – Pedro no topo da lista dos apóstolos
Ele diz que foi a “personalidade” de Pedro que o fez líder “por pouco tempo” dos apóstolos.
Levando em consideração que Pedro talvez fosse um dos homens mais simples entre os apóstolos, é difícil de imaginar ele liderando um publicano como Mateus ou um médico como Lucas.
“Assim que a Igreja se organizou, o primeiro líder efetivo foi Tiago”. Ele cita Atos 12,17. Nessa passagem, Pedro sai da prisão e todos ficam felizes com sua fuga e ele pede para avisar Tiago (que é primo de Jesus) e aos outros.
Ele cita Atos 12,15, no contexto do Concilio de Jerusalém. Ele omite que Pedro abriu o concilio Atos 12,7 dizendo claramente “Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós,(…)”. Ele omite também que Tiago somente fez um discurso de um assunto que Pedro afirmou claramente na abertura do concilio. Outro detalha: Tiago sempre fala no plural “nós decidimos“, enquanto Pedro fala na primeira pessoa “me escolheu“.

4 – Tu és Petrus. Mateus 16,16-19
Ele inicia demonstrando dúvida e afirma que “embora não saibamos ao certo o jogo de palavras que Jesus teria originalmente usado”, que falava aramaico e o texto foi escrito em grego.
Então, ele faz uma mise-en-scène, mostrando que Petrus é uma pedrinha qualquer, um pedregulho. Enquanto Petra, é uma rocha sólida.
Segundo ele, Jesus mudou o nome de Pedro “carinhosamente” para mostrar que ele é um minúsculo pedregulho, embora sincero, mas a minha Igreja eu edificarei sobre uma rocha sólida, muito maior que você, que sou eu.
Ora, é um absurdo pensar que Jesus teria falado isso tudo do nada, após Pedro tê-lo reconhecido como filho do Deus vivo. É totalmente incoerente.
Vejamos:
Feliz és tu Simão por reconhecer que sou filho de Deus, e por isso vou mudar seu nome para Petros para mostrar que você é uma pedrinha minúscula perto de mim que sou a rocha sólida na qual construirei minha Igreja, mas é por você ser uma pedrinha, que irei dar a você a Chave do reino dos céus para ligar e desligar o que quiseres.”
No mínimo, uma interpretação absurda.
Se ele finge não saber as palavras originais, os estudiosos de aramaico sabem que naquela língua só existia uma palavra para rocha, ou seja, Kephas (para pedregulho usava-se evna). “Tu és Kepha e sobre este Kepha edificarei a minha Igreja”. Então, não é necessário fazer um jogo de palavras gregas para reduzir o tamanho de Pedro.
Então ele cita 1 Pe 2,1-10 e 1 Co 3,11. Nenhum católico nega que Jesus é a pedra angular, a Rocha. São os protestantes que negam que Pedro também foi reconhecido como a rocha sobre a qual a Igreja seria edificada.
Bem, Jesus diz ser a luz do mundo (Jo 8,12) mas também diz que os apóstolos são também a luz do mundo (Mt 5,14). Jesus é a luz suprema, os apóstolos luzes que refletem essa luz maior. Da mesma forma, Jesus é a rocha suprema, e Pedro é a rocha sólida que recebe sua solidez da rocha suprema.
O fato é que a interpretação do apresentador é completamente inverossímil.

4 – Pedro e liderança
Diz que não encontra-se no evangelho Jesus indicando que Pedro seria o líder dos mesmos. Dizendo que Jesus sempre deixou claro, a liberdade hierárquica entre os doze.
Ele falta com a verdade nesse ponto. Há versículos chaves em que Jesus deixa claro que Pedro tinha certa primazia sobre os demais.
– O próprio Mateus 16, quando Simão recebe a alcunha de rocha e a Pedro é dada as chaves dos céus.
– Quando Jesus pede 3x para Pedro apascentar suas ovelhas. João 21,15-18
– Jesus chama Pedro de O primeiro. Mt 10,2. Tratando-se de escrituras sagradas, não trata-se somente de cronologia, mas sim de primazia também.
– Em At 15,7, Pedro diz que Jesus O escolheu. Mas escolheu também os outros apóstolos? Porque Pedro teria dito isso?
– Em Lc 21,15-17, Jesus diz que Pedro confirma (do grego sterizo, que quer dizer fortalece, dá base e suporte, dá firmeza) teus irmãos.

Cita ainda Mt 23,1-12, onde Jesus diz que a ninguém chameis de pai na Terra, porque há somente um Pai, que está nos céus. Ora, se levado ao pé da letra, você não pode sequer chamar seu pai progenitor de pai, o que é um absurdo. É claro que Jesus refere-se a colocar alguém no lugar de Deus ou seja, adorar, dar a uma pessoa uma posição igual ou superior a Deus. Ele finaliza dizendo que Papa, é pai em latim, o que contraria as ordens de Jesus. Novamente, falta com a verdade. Em vários passagens bíblicas, o apóstolo João refere-se aos cristãos como “filhinhos” ou “filhinhos meus” (Gl 4,19, 1 Jo 2,1, 1 Jo 2,12, e outros) , tal qual Jesus chamou-os em Jo 13,33, Mc 10,24.

Ele diz que Cristo disse que eles não aceitassem ser chamados de guias da Igreja. Na verdade Jesus não usa exatamente a palavra guia, mas Rhabbi, que é rabino, uma espécie de líder espiritual do judaísmo. Rhabbi significa literalmente “Meu grandioso, meu honorável Senhor”. Desonestamente diz que o clero católico sempre se denominou o “supremo guia espiritual” dos leigos. Mas não cita fontes ou dados históricos para isso. No entanto, a maneira como fala passa credibilidade. De qualquer maneira, Jesus foi claro ao dar autoridade para os apóstolos para falar em nome dele em Lc 10,16 “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.” Em 2 Cor 10:8, Paulo fala da autoridade que recebeu de Deus para edificação dos fiéis. Mas ele omite esse dado.

5 – As chaves dadas a Pedro
Ele diz que todos apóstolos tinham autoridade (o que é verdade) e que as “chaves” é somente um símbolo, que foi conferido a todos os apóstolos. Cita Mt 18,18, Jo 20,23 (Sacramento da confissão), Ap 1.18 (totalmente fora do contexto das chaves citadas em Mt)
Chaves é uma simbologia para autoridade. De fato, todos apóstolos tinham certa autoridade, mas Jesus foi específico ao dá-la a Pedro num momento oportuno em que acabara de dar a ele a alcunha de rocha sobre a qual edificaria sua Igreja. Jesus é o dono real das chaves (da autoridade máxima), e por isso tem toda autoridade de conceder a Pedro, como seu PRIMEIRO ministro, também as chaves do céu. Sem esquecer jamais, que as chaves fazem parte da profecia de Is 22, 22 “Porei sobre os seus ombros a chave da casa de Davi: quando ele abrir, ninguém fechará; quando ele fechar, ninguém abrirá.” Cristo é o detentor das chaves, mas as delega claramente para Pedro.

Ele volta a Jo 21,15 dizendo o cuidado com as ovelhas se estende a todos apóstolos (o que é óbvio, mas ele quer negar que o fato de ser pedido a Pedro, significa que ele tem uma obrigação especial). Ele cita I Pe 5,1-4 para comprovar sua tese, mas dá um tiro no pé, visto que nesse versículo, é Pedro que exorta aos anciãos que cuidem das ovelhas.

Diz que Pedro nunca se considerou um chefe supremo ou Papa da Igreja. Nem Lino, (parece que esqueceu de Anacleto) nem Clemente (que ele reconhece como seus sucessores diretos). A questão não é arrogar a autoridade, mas ter a autoridade reconhecida pelos outros. Não é um Papa que se escolhe. Não é alguém que diz “eu quero ser o pastor da Igreja”. Ao contrário, é a Igreja que escolhe o Papa. Ser Papa é servir. Ele tem uma autoridade sim, mas sua principal função é servir. Até porque, durante muitos séculos foi um posto muito perigoso e perseguido pelos romanos, que culminava quase sempre no martírio do Papa. (Pedro, Lino e Clemente, foram martirizados em Roma). E já que ele citou Clemente como sucessor legítimo, vamos ver o que Clemente disse em sua carta aos romanos “Se algum homem desobedecer às palavras que Deus pronunciou através de nós (ele no majestático), saibam que esse tal terá cometido uma grave transgressão, e se terá posto em grave perigo”, escreveria também aos Coríntios “obedecer às coisas escritas por nós através do Espírito Santo”. Fica bem claro aqui, que desde o início, os bispos de Roma (Papas) tinham autoridade sobre os fiéis e outros Bispos da Igreja. Lembrando que Clemente é de 88-97, quando São João ainda vivia.

6 – Patrística
Ele diz que o programa não tem tempo para explicar os escritos dos Pais da Igreja, mas afirma que as passagens que são usadas para justificarem a autoridade de Pedro são controvertidas e fora de contexto. Embora não cite nada que justifique essa afirmativa. E vimos acima que Clemente, que ele citou e parece desconhecer os escritos, como esse trecho em que Clemente confirma a sucessão apostólica:
Para que a missão a eles [apóstolos] confiada fosse continuada após a sua morte, impuseram a seus colaboradores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram pois, tais varões e em seguida ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o seu ministério””
Além claro, desse xeque-mate de São Cipriano “A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal” (Ep 55,14)
Para tentar refutar os argumentos patrísticos, ele dá um salto no futuro 350 anos e cita Santo Agostinho, que segundo ele, afirmava que Pedro não era a rocha. E diz que os católicos usam partes fora do contexto para justificar a opinião de Agostinho sobre Pedro. Mas ele mente. Santo Agostinho não afirma que Pedro não era a rocha. Ele diz que Cristo era a rocha, mas o leitor poderia decidir se Pedro também era uma rocha delegada. Vejamos se a continuação do texto não é clara:
“Dentre os apóstolos, somente Pedro mereceu representar em toda parte a personalidade da Igreja toda. Porque sozinho representava a Igreja inteira, mereceu ouvir estas palavras: Eu te darei as chaves do Reino dos Céus.”
Mais claro que isso, impossível.
Ainda mais um texto de Santo Agostinho, que ele citou, confirmando a sucessão Papa e o primado de Pedro:
”Se a sucessão dos bispos for levada em conta, quanto mais certa e benéfica a Igreja que nós reconhecemos chegar até o próprio Pedro, aquele que portou a figura da Igreja inteira, a quem o Senhor disse: ‘Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’. O sucessor de Pedro foi Lino, e seus sucessores em ordem de sucessão ininterrupta foram estes: Clemente, Anacleto, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Aniceto, Pio, Sótero, Eleutério, Victor, Zeferino, Calisto, Urbano, Ponciano, Antero, Fabiano, Cornélio, Lúcio, Estêvão, Sisto, Dionísio, Félix, Eutiquiano, Caio, Marcelino, Marcelo, Eusébio, Miltíades, Silvestre, Marcos, Júlio, Libério, Dâmaso e Sirício, cujo sucessor é o presente bispo Anastácio. Nesta ordem de sucessão, nenhum bispo donatista é encontrado” (Santo Agostinho, Ep. 53,2).
Novamente, outro tiro no pé, citando a Retractationes, que Agostinho não encerra a discussão afirmando que a pedra não era Pedro, mas diz: “Que o leitor escolha das duas interpretações aquela que lhe pareça a mais provável”.  Ele manda olhar para confirmar. Olhamos e confirmamos.
Para encerrar o assunto, citamos a famosa frase de Agostinho sobre o primado de Roma: “Roma Locuta Causa Finita Est“, ou “Roma falou, encerrada a questão“.

Por https://www.facebook.com/andregustavodeassisvieira

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