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RESPOSTA AO VÍDEO: YAHWEH | As Origens do Deus Bíblico: Divindade Suprema ou Invenção Humana?

Mais uma vez vamos dar uma resposta a um vídeo do Matheus Benites, o qual já refutamos aqui outras vezes e no canal e demonstramos suas falácias.

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Neste vídeo ele tenta alegar

  1. Origens de Yavé e o culto de El: O vídeo sugere que Yavé era inicialmente um deus guerreiro associado às tempestades, e que absorveu características de El e Baal. Embora seja verdade que, no contexto das crenças cananeias e israelitas antigas, Yavé possa ter compartilhado atributos com outras divindades locais, a ideia de que Yavé surgiu como um deus menor antes de ascender à divindade suprema é contestada por alguns estudiosos. Pesquisas acadêmicas em história antiga e teologia sugerem que Yavé pode ter sido uma divindade única desde o início, mas seu culto se desenvolveu ao longo do tempo, em uma evolução interna de seu entendimento, à medida que o povo de Israel lidava com diferentes desafios culturais e políticos.
  2. Transição de monolatria para monoteísmo: O vídeo menciona que a transição de monolatria para monoteísmo ocorreu durante o exílio babilônico, com Yavé sendo reinterpretado como o único Deus. Isso pode ser interpretado de forma simplificada, já que a ideia de monoteísmo total não surgiu de uma única mudança religiosa, mas de uma série de eventos e transformações teológicas que ocorreram ao longo de séculos. No entanto, o conceito de um Deus único, especialmente em relação à ética, justiça e soberania divina, já estava presente em textos bíblicos anteriores ao exílio, como no Deuteronômio, que proclama a unicidade de Deus, embora o monoteísmo exclusivo tenha se consolidado mais tarde.
  3. Yavé como demiurgo nos textos gnósticos: O vídeo faz referência à visão gnóstica, onde Yavé é interpretado como um demiurgo maligno. Este ponto pode ser refutado com base nas evidências históricas e teológicas que mostram que a visão gnóstica foi uma heresia, conforme amplamente reconhecido pela Igreja primitiva. Embora alguns grupos gnósticos, como os seguidores de Marcião, tenham interpretado Yavé de maneira negativa, essa visão não é representativa da tradição judaica ou cristã majoritária, que considera Yavé como o criador bom e soberano do universo.
  4. A existência histórica de Jesus: O vídeo menciona que há historiadores que questionam a existência histórica de Jesus. Embora seja verdade que existam algumas críticas ao relato histórico de Jesus, a maioria dos estudiosos acadêmicos, incluindo historiadores e especialistas em textos antigos, concorda com a existência de Jesus como uma figura histórica. Isso é sustentado por fontes não cristãs e uma grande quantidade de documentos do Novo Testamento que atestam sua vida e morte, embora os detalhes de sua natureza divina e os milagres atribuídos a ele sejam interpretados de maneiras diferentes dentro das várias tradições religiosas.

Em resumo, o vídeo mistura alguns pontos de fato com interpretações teológicas controversas e simplificadas, sem levar em consideração a complexidade das questões históricas e teológicas envolvidas. Uma refutação acadêmica mais aprofundada exigiria uma análise detalhada de fontes primárias e secundárias de historiadores, arqueólogos e teólogos que estudam o Antigo Testamento, a história de Israel e as origens do cristianismo.

1. Origem de Yahweh e a associação com deuses cananeus

Argumento do vídeo: O vídeo afirma que Yahweh era originalmente um deus guerreiro associado a tempestades e montanhas, semelhante a Baal e El, deuses do panteão cananeu. Além disso, sugere que Yahweh teria tomado o lugar de El e até sua consorte, Aserá.

Refutação: A ideia de que Yahweh foi uma fusão de deuses cananeus não é amplamente aceita entre os estudiosos. De fato, a evidência arqueológica indica que Yahweh já era venerado em áreas fora da Canaã, como em Edom, onde inscrições do século 9 a.C. mencionam o culto a Yahweh. Além disso, a Bíblia e outros textos não indicam que Yahweh tenha “tomado” o lugar de El, mas sim que El e Yahweh foram considerados aspectos diferentes de uma divindade suprema em algumas correntes de pensamento dentro do Israel antigo (cf. H.W. Nibley, “The Biblical Origins of Yahweh,” 1957). A ideia de que Yahweh absorveu as características de outros deuses pode ser uma interpretação exagerada das transformações sociopolíticas e religiosas da época.

2. A Pedra Moabita e a adoração de Yahweh

Argumento do vídeo: O vídeo menciona a Pedra Moabita, onde Yahweh é citado como protetor do povo israelita.

Refutação: Embora a Pedra Moabita, datada do século 9 a.C., mencione Yahweh, ela não apresenta evidências de que Yahweh tenha sido um deus estrangeiro ou completamente distinto dos deuses locais. Pelo contrário, a evidência de adoração de Yahweh em Moabe reflete a complexidade religiosa da época, onde diferentes grupos adotavam deuses compartilhados ou sincretizados, mas sem modificar a essência de suas crenças originais (cf. M. D. Coogan, “A História da Bíblia,” 2003).

3. A transição do monoteísmo

Argumento do vídeo: O vídeo descreve a transição do politeísmo para o monoteísmo no judaísmo, ocorrendo principalmente durante o exílio babilônico, onde Yahweh é exaltado como o único deus verdadeiro.

Refutação: O vídeo sugere que o monoteísmo surgiu a partir do exílio babilônico, mas os estudiosos discutem que o monoteísmo israelita estava em desenvolvimento muito antes disso. De fato, a ideia de um deus único e supremo, embora não completamente formalizada, já estava presente no contexto do Israel pré-exílico, como evidenciado no Primeiro Isaias (cf. Isaías 44:6-8, onde Yahweh é proclamado como o único deus). A visão de Yahweh como um deus universal não é exclusiva do período babilônico, mas faz parte de um processo gradual de consolidação teológica que pode ser rastreado em textos como o Deuteronômio e a Torá.

4. Yahweh como um “demiurgo” gnóstico

Argumento do vídeo: O vídeo cita as crenças gnósticas que viam Yahweh como um demiurgo, um ser inferior e vingativo, responsável por criar um mundo imperfeito.

Refutação: A identificação de Yahweh com o demiurgo é um ponto interessante, mas é importante destacar que a visão gnóstica não representa o entendimento mainstream das tradições judaicas e cristãs. As ideias gnósticas, como as encontradas nos evangelhos gnósticos, são interpretações marginalizadas e heréticas dentro da história do cristianismo (cf. Ireneu de Lyon, “Contra as Heresias,” 180 d.C.). Além disso, as representações de Yahweh nas Escrituras Hebraicas não o caracterizam como um deus cruel e vingativo, mas como um deus justo, zeloso e amoroso, como se vê em textos como Ezequiel 18:23.

5. O papel de Yahweh no Cristianismo e Islã

Argumento do vídeo: O vídeo menciona a transição para o cristianismo e o islamismo, que reinterpretaram Yahweh (ou sua forma associada a Alá) como o único Deus.

Refutação: Embora o vídeo faça uma conexão superficial entre Yahweh e Alá, é fundamental reconhecer que a teologia islâmica, embora tenha raízes no judaísmo e no cristianismo, apresenta uma concepção de Deus que é única e distinta, como o Deus transcendente e unitário de Alá. O conceito de Alá é profundamente enraizado na teologia do Tawhid, a unicidade de Deus, que se distingue das representações judaicas e cristãs de Deus. O islã, portanto, não compartilha a mesma visão teológica que o judaísmo ou o cristianismo, embora os três monoteísmos compartilhem algumas raízes comuns (cf. M. K. Masud, “Islam and the Concept of God,” 1995).

Conclusão

Em resumo, a interpretação apresentada no vídeo sobre as origens de Yahweh, seu papel como uma divindade guerreira, sua relação com deuses cananeus e a transição para o monoteísmo apresenta uma visão simplificada e, em alguns aspectos, imprecisa dos desenvolvimentos teológicos no Israel antigo. A argumentação sobre a figura de Yahweh como um “demiurgo” gnóstico também carece de fundamento dentro do contexto teológico tradicional judaico e cristão.

Fontes recomendadas para refutação e aprofundamento acadêmico:

  1. Coogan, M.D. “A História da Bíblia: Uma Introdução à Literatura Sagrada.”
  2. Nibley, H.W. “The Biblical Origins of Yahweh,” 1957.
  3. Ireneu de Lyon, “Contra as Heresias,” 180 d.C.
  4. Masud, M.K. “Islam and the Concept of God,” 1995.
  5. Kugel, J.L. “The Bible as It Was,” 1997.

Essas fontes fornecem uma base sólida para compreender as origens de Yahweh, sua evolução teológica e seu papel nas tradições judaica, cristã e islâmica.

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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