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O vídeo apresenta várias objeções ao argumento cosmológico e à ideia de um criador necessário. Abaixo, vamos analisar as principais alegações e fornecer respostas claras e bem fundamentadas, utilizando princípios filosóficos e científicos.
1. Alegação: “Você está impondo como axioma que o criador sempre existiu.”
- Citação : “(04:37) Se você impõe o axioma de que o criador sempre existiu, qual o problema de que pudesse ter uma origem também? Que não houvesse um criador?”
Resposta : Aqui há uma confusão entre o conceito de algo contingente e algo necessário. Um ser contingente depende de causas externas para existir (como humanos, planetas ou estrelas), enquanto um ser necessário existe por si mesmo e não depende de nada externo. O universo, como conjunto de coisas contingentes, exige uma explicação para sua existência. Essa explicação não pode ser outra coisa contingente, pois isso apenas desloca o problema. Portanto, é lógico postular a existência de um ser necessário que sustenta tudo o que existe.
Além disso, a ideia de um criador necessário não é um “axioma arbitrário”, mas uma conclusão baseada na impossibilidade de uma regressão infinita de causas contingentes. Sem um ponto inicial — algo que não precise de causa —, o universo jamais poderia existir.
2. Alegação: “Pode haver uma origem espontânea ou algo que sempre existiu.”
- Citação : “(05:09) Ou tem um criador incriado, ou tem uma origem espontânea, ou sempre existiu.”
Resposta : Essa afirmação levanta três possibilidades: (1) um criador necessário, (2) uma origem espontânea, ou (3) algo que sempre existiu. No entanto, as duas últimas opções enfrentam problemas significativos:
- Origem espontânea : A ideia de que algo pode surgir espontaneamente do “nada” é logicamente inconsistente. “Nada” significa a ausência total de qualquer coisa, incluindo propriedades ou potencialidades. Se algo surge, deve haver uma causa ou condição subjacente.
- Algo que sempre existiu : Esta opção pode ser válida apenas se o “algo” for necessário em sua natureza. Contudo, o universo observável parece ser contingente (ele teve um início, conforme evidenciado pela expansão cósmica). Portanto, o “algo que sempre existiu” precisaria ser um ser necessário, distinto do universo material.
3. Alegação: “Coisas que são apontadas como impossíveis podem ser possíveis.”
- Citação : “(07:02) Coisas que o Cogito aponta como impossíveis na verdade seriam possíveis sim.”
Resposta : Embora seja verdade que algumas ideias consideradas impossíveis no passado foram posteriormente comprovadas como possíveis (graças ao avanço científico), isso não se aplica a questões lógicas fundamentais. Por exemplo, a ideia de algo surgir do nada sem causa viola os princípios básicos da lógica e da razão. Não é uma questão de falta de conhecimento científico, mas de coerência conceitual.
Além disso, quando falamos de um ser necessário, estamos lidando com uma entidade cuja existência é auto-suficiente e independente de condições externas. Isso não é uma contradição, mas uma solução lógica para o problema da contingência universal.
4. Alegação: “A passagem de contingente para necessário envolve um salto qualitativo.”
- Citação : “(09:45) Quando você tem a passagem de contingente para necessário, você tem uma mudança qualitativa.”
Resposta : Essa observação está correta, mas não contradiz o argumento cosmológico. A transição de contingente para necessário é justamente o ponto central do raciocínio. O universo, como um sistema contingente, requer uma causa necessária que explique sua existência. Esse “salto qualitativo” não é arbitrário, mas reflete a diferença essencial entre algo que depende de causas externas e algo que existe por si mesmo.
Por exemplo, se somarmos infinitamente números finitos, nunca chegaremos a um número infinito. Da mesma forma, a soma de coisas contingentes não pode produzir algo necessário. É preciso algo fora dessa cadeia contingente para explicar sua existência.
5. Alegação: “Se o universo sempre existiu, ele seria sua própria explicação.”
- Citação : “(11:33) Se eu disser que o universo sempre existiu porque ele é a soma de coisas contingentes, isso sempre existiu, eu não tô explicando por que ele existe.”
Resposta : Essa crítica é válida. Mesmo que o universo sempre tenha existido (uma hipótese que contradiz as evidências científicas atuais), ele ainda seria contingente. Afinal, o universo observável possui características que indicam dependência: ele é composto de partes mutáveis, sujeitas a mudanças e limitações. Portanto, a existência do universo demanda uma explicação externa a ele.
Ademais, afirmar que “o universo sempre existiu” não resolve o problema metafísico de por que ele existe. Uma cadeia infinita de eventos contingentes ainda precisa de uma causa necessária para fundamentá-la.
6. Alegação: “Modelos cíclicos do universo eliminam a necessidade de um criador.”
- Citação : “(14:58) Seria naquele ponto que seria pro nosso Big Bang, mas ele pode ter passado por vários Big Bangs anteriores.”
Resposta : Modelos cíclicos do universo (como o modelo do “Big Bounce”) tentam evitar a ideia de um início absoluto. No entanto, eles enfrentam desafios teóricos e empíricos:
- Segunda Lei da Termodinâmica : Se o universo fosse eterno, ele já teria atingido um estado de equilíbrio térmico (morte térmica). O fato de observarmos um universo em evolução sugere que ele teve um início.
- Singularidade inicial : As evidências da cosmologia moderna apontam para um estado de densidade infinita no início do universo, o que impede a possibilidade de ciclos infinitos.
Mesmo em modelos cíclicos, a questão fundamental permanece: o que causou o primeiro ciclo? Um ser necessário continua sendo a melhor explicação para a existência do universo.
7. Alegação: “Antes do tempo, o termo ‘antes’ não faz sentido.”
- Citação : “(03:13) Logicamente é impossível nós nos referirmos a algo como antes do tempo.”
Resposta : Essa objeção confunde o conceito de causalidade temporal com causalidade metafísica. O argumento cosmológico não depende de uma sequência temporal para funcionar. Em vez disso, ele se baseia na relação de dependência ontológica: o universo, como algo contingente, precisa de uma causa necessária para existir.
O “antes” mencionado aqui não se refere a uma sequência temporal, mas à prioridade lógica. Mesmo que o tempo tenha começado com o Big Bang, a causa do universo transcende o tempo e não está limitada por ele.
Conclusão
As objeções apresentadas no vídeo não invalidam a lógica por trás do argumento cosmológico. Ao contrário, elas revelam a necessidade de distinguir entre causas contingentes e necessárias, e de reconhecer que o universo observável exige uma explicação externa para sua existência. A existência de um ser necessário, que transcende o tempo e o espaço, continua sendo a explicação mais coerente e racional para a realidade que vivenciamos.
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