Podemos Confiar nos Evangelhos?
O livro examina a credibilidade dos relatos dos Evangelhos, defendendo sua historicidade com evidências e argumentos baseados em pesquisas acadêmicas.
Comprar na AmazonNo tal vídeo do Daniel Gontijo.
1. A Existência Histórica de Jesus
- Alegação: Dr. Osvaldo afirma que Jesus existiu, mas quase nada do que está no Novo Testamento tem a ver com ele, exceto a crucificação. Ele sugere que a maioria das narrativas sobre Jesus foram invenções posteriores.
- Refutação: A historicidade de Jesus é amplamente aceita entre estudiosos, incluindo ateus e agnósticos. Fontes extra-bíblicas como Flávio Josefo e Tácito confirmam a existência de Jesus e sua crucificação sob Pôncio Pilatos. As afirmações de que quase tudo no Novo Testamento é invenção não encontram respaldo significativo na historiografia acadêmica. Estudos mostram que os Evangelhos foram escritos dentro de um período em que testemunhas oculares ainda estavam vivas, o que reduz a possibilidade de invenções significativas.
2. Jesus como Revolucionário e Terrorista
- Alegação: Dr. Osvaldo descreve Jesus como um revolucionário que buscava expulsar os romanos e compara-o a terroristas modernos.
- Refutação: Embora alguns estudiosos considerem que Jesus teve elementos de um reformador social, a maioria dos historiadores rejeita a ideia de que ele era um revolucionário violento. A mensagem central de Jesus, conforme registrada nos Evangelhos, é de amor ao próximo, perdão, e rejeição da violência (Mateus 5:39; Lucas 6:27-29). A comparação com terroristas modernos é anacrônica e simplifica de maneira inadequada o contexto sociopolítico do primeiro século.
3. A Submissão de Jesus à Torá
- Alegação: Ele argumenta que os Evangelhos sinóticos colocam Jesus como alguém que se submetia à Torá, mas que isso é uma construção posterior.
- Refutação: A submissão de Jesus à Torá é coerente com o fato de que ele era um judeu praticante. No entanto, Jesus também reinterpretou a Torá de maneiras que indicam sua autoridade única (Mateus 5:17-48). A ideia de que essa submissão é uma construção posterior não é apoiada pela análise crítica dos textos, que demonstra que os Evangelhos foram escritos por e para comunidades que ainda valorizavam a tradição judaica.
4. Transformação do Cristianismo Após a Destruição do Templo
- Alegação: Dr. Osvaldo sugere que o cristianismo se distanciou do judaísmo após a destruição do Templo de Jerusalém e que isso levou à “traição” da memória de Jesus.
- Refutação: É verdade que a destruição do Templo em 70 d.C. foi um ponto de inflexão significativo. No entanto, a transição do cristianismo de uma seita judaica para uma religião distinta foi um processo complexo que envolveu muito mais do que uma simples “traição” à memória de Jesus. A separação gradual entre cristãos e judeus foi influenciada por uma variedade de fatores teológicos, sociais e políticos, incluindo a crescente aceitação do cristianismo pelos gentios.
5. Milagres e Magia
- Alegação: Ele descreve Jesus e outros personagens bíblicos como “magos”, sugerindo que o cristianismo abandonou a memória original de Jesus ao adotar elementos mágicos e milagrosos.
- Refutação: A categorização dos milagres de Jesus como “magia” é uma interpretação controversa e não aceita pela maioria dos estudiosos. Milagres são uma característica comum nas narrativas religiosas e não são exclusivos do cristianismo. A visão de que Jesus era um “mago” simplifica demais as práticas religiosas do tempo e não leva em conta a natureza dos milagres como sinais de autoridade divina nas tradições judaicas.
6. Elementos “Mercadológicos” e Sincretismo Religioso
- Alegação: Ele argumenta que muitos elementos do cristianismo, como o nascimento virginal e a ascensão, são influências de tradições gregas e romanas, adicionados posteriormente para aumentar a “vendabilidade” de Jesus.
- Refutação: O nascimento virginal e a ascensão são temas profundamente enraizados na teologia cristã e têm paralelos limitados com mitos pagãos. A doutrina do nascimento virginal, por exemplo, é distinta das narrativas pagãs, sendo centrada em conceitos judaicos de pureza e a intervenção direta de Deus. O sincretismo religioso é uma questão complexa, mas afirmar que esses elementos foram simplesmente “adicionados” para fins mercadológicos ignora a profundidade teológica e o desenvolvimento doutrinário que ocorreu nos primeiros séculos do cristianismo.
- Embora haja paralelos em outras tradições, estas afirmações simplificam demais as origens desses conceitos no cristianismo. O nascimento virginal, por exemplo, tem raízes na interpretação da profecia de Isaías, e a ascensão tem precedentes na literatura judaica (como a ascensão de Elias).
Embora houvesse outros movimentos messiânicos no período, esta afirmação minimiza o impacto único e duradouro de Jesus e do movimento que ele inspirou.
Uma refutação acadêmica adequada envolveria:
- Reconhecer a complexidade do tema e a diversidade de opiniões acadêmicas.
- Examinar cuidadosamente as evidências históricas disponíveis, incluindo fontes não cristãs.
- Considerar o contexto histórico, social e religioso da Judeia do século I.
- Analisar criticamente as metodologias usadas para estudar o Jesus histórico.
- Evitar generalizações excessivas e afirmações anacrônicas.
- Reconhecer as limitações do nosso conhecimento histórico sobre este período.
posso citar vários acadêmicos respeitados cujas pesquisas e conclusões divergem significativamente das afirmações feitas na transcrição. Estes estudiosos oferecem perspectivas mais nuançadas e academicamente aceitas sobre Jesus e as origens do cristianismo:
- James D.G. Dunn: Teólogo e estudioso do Novo Testamento, autor de “Jesus Remembered” e “Christianity in the Making”. Dunn argumenta pela historicidade substancial dos evangelhos e pela continuidade entre Jesus e o movimento cristão primitivo.
- N.T. Wright: Teólogo e historiador, autor de “Jesus and the Victory of God”. Wright apresenta Jesus como uma figura profundamente enraizada no judaísmo do primeiro século, mas com uma missão única que transcende a mera revolução política.
- John P. Meier: Autor da série “A Marginal Jew”, Meier realiza uma extensa análise histórico-crítica de Jesus, concluindo que muito do material dos evangelhos tem bases históricas sólidas.
- E.P. Sanders: Em obras como “Jesus and Judaism”, Sanders argumenta pela historicidade de Jesus e sua conexão profunda com o judaísmo, rejeitando visões simplistas de Jesus como mero revolucionário político.
- Bart D. Ehrman: Embora cético em relação a muitos aspectos tradicionais do cristianismo, Ehrman, em “Did Jesus Exist?”, argumenta fortemente contra a noção de que Jesus seja um mito ou uma invenção posterior.
- Craig S. Keener: Em “The Historical Jesus of the Gospels”, Keener defende a confiabilidade histórica substancial dos evangelhos, contestando visões que os consideram invenções tardias.
- Paula Fredriksen: Em obras como “Jesus of Nazareth, King of the Jews”, Fredriksen apresenta uma visão de Jesus profundamente enraizada no judaísmo do primeiro século, rejeitando interpretações anacrônicas.
- Geza Vermes: Em “Jesus the Jew”, Vermes situa Jesus firmemente no contexto judaico, contestando interpretações que o desconectam de suas raízes.
- Richard Bauckham: Em “Jesus and the Eyewitnesses”, Bauckham argumenta pela proximidade dos relatos evangélicos às testemunhas oculares, desafiando noções de que os evangelhos sejam invenções tardias.
- Dale Allison: Em obras como “Constructing Jesus”, Allison oferece uma visão matizada de Jesus como uma figura apocalíptica judaica, evitando extremos tanto de ceticismo quanto de credulidade acrítica.
- Estes acadêmicos, entre muitos outros, oferecem perspectivas baseadas em rigorosa análise histórica e textual, que contrastam significativamente com as afirmações mais polêmicas e generalizadas presentes na transcrição. Suas obras fornecem um contraponto acadêmico sólido às alegações de Osvaldo Luiz Ribeiro.
Conclusão
As alegações de Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro sobre Jesus refletem uma interpretação crítica e revisionista, mas carecem de sustentação em grande parte da pesquisa histórica e teológica disponível. O consenso acadêmico sustenta a historicidade de Jesus e a autenticidade básica das tradições evangélicas, embora reconheça a existência de camadas interpretativas. A visão de Jesus como um revolucionário ou terrorista, bem como a simplificação de suas obras como “magia”, são interpretações que não encontram amplo apoio entre historiadores sérios.
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