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RESPOSTA AO VÍDEO: Jesus Romano | Antônio Miranda

Mais uma vez Antonio vem com essas ideias não levadas a sério por ninguém.

A Construção do Jesus Romano: Uma Análise Crítica e Detalhada das Afirmações de Antônio Miranda

O vídeo “Jesus Romano | Antônio Miranda” propõe uma interpretação da figura de Jesus como uma construção política romana, argumentando que os Evangelhos foram escritos para promover a submissão aos romanos e acalmar revoltas judaicas. Abaixo, analiso minuciosamente as principais falas de Miranda, apresentando refutações acadêmicas detalhadas com base em evidências históricas, teológicas e metodológicas.


1. “Os Evangelhos foram escritos em grego, a língua dos vencedores, e provavelmente em Roma, com influências políticas romanas.”

Análise e Refutação:

  1. Local de Escrita:
    • Afirmação de Miranda: Os Evangelhos foram escritos em Roma, sob influência política romana.
    • Refutação Acadêmica: A maioria dos estudiosos concorda que os Evangelhos foram escritos em comunidades cristãs primitivas, não necessariamente em Roma. Por exemplo:
      • Marcos: Tradicionalmente associado a Roma, mas há debates sobre sua origem. Alguns estudiosos sugerem que foi escrito na Síria ou na Palestina.
      • Mateus: Fortemente ligado a comunidades judaico-cristãs na Palestina ou na Síria, refletindo um contexto judaico.
      • Lucas: Associado a comunidades gentílicas (não judaicas) na Ásia Menor ou na Grécia.
      • João: Frequentemente associado a Éfeso ou a uma comunidade na Ásia Menor, com um estilo teológico distinto.
  2. Língua Grega:
    • Afirmação de Miranda: O uso do grego reflete a influência romana.
    • Refutação Acadêmica: O grego era a língua franca do Império Romano, e sua utilização nos Evangelhos reflete o contexto cultural da época, não uma imposição romana. Além disso, o uso do grego permitiu que a mensagem cristã alcançasse um público mais amplo, incluindo judeus da diáspora e gentios.

2. “Jesus pregou a submissão aos romanos, como em ‘Dê a César o que é de César’.”

Análise e Refutação:

  1. Contexto da Frase:
    • Afirmação de Miranda: A frase “Dê a César o que é de César” (Mateus 22:21) promove a submissão política aos romanos.
    • Refutação Acadêmica: A frase não é uma defesa da submissão política, mas uma resposta astuta aos fariseus que tentavam incriminá-lo. Jesus não está endossando o domínio romano, mas destacando a distinção entre o espiritual e o temporal. A frase desafia tanto a autoridade romana quanto a religiosa, sugerindo que o verdadeiro reino de Deus transcende os poderes terrenos.
  2. Mensagem de Resistência:
    • Afirmação de Miranda: Jesus pregou a submissão aos romanos.
    • Refutação Acadêmica: Outras passagens dos Evangelhos mostram que Jesus não era um defensor do status quo romano. Por exemplo:
      • Expulsão dos Comerciantes do Templo (João 2:13-16): Um ato simbólico contra a corrupção e a exploração religiosa.
      • Crítica aos Poderosos (Lucas 6:24-26): Jesus condena a opressão e a injustiça social.

1. Contexto Linguístico da Palavra “Apot” (Ἀπόδοτε)

Afirmação de Miranda: A palavra “apot” (ἀπόδοτε) é usada no imperativo para exigir o pagamento de impostos, mostrando que os textos cristãos promoviam a submissão aos romanos.

Refutação:

  1. Significado da Palavra:
    • Ἀπόδοτε (apot) é uma forma verbal no imperativo aoristo, derivada do verbo ἀποδίδωμι (apodidōmi), que significa “devolver”, “pagar” ou “dar o que é devido”. O uso dessa palavra não implica necessariamente uma submissão política, mas sim o cumprimento de uma obrigação justa.
  2. Contexto em Mateus 22:21:
    • No episódio em que Jesus diz “Dê a César o que é de César” (Mateus 22:21), ele está respondendo a uma armadilha dos fariseus e herodianos, que tentavam incriminá-lo. A resposta de Jesus não é uma defesa do domínio romano, mas uma afirmação astuta de que os cidadãos devem cumprir suas obrigações civis sem negligenciar suas responsabilidades para com Deus (“e a Deus o que é de Deus”).
  3. Contexto em Romanos 13:7:
    • Em Romanos 13:7, Paulo escreve: “Pague a cada um o que lhe é devido: imposto a quem é devido imposto, tributo a quem é devido tributo, respeito a quem é devido respeito, honra a quem é devido honra.” Aqui, a palavra “apot” é usada no contexto de uma discussão mais ampla sobre a relação dos cristãos com as autoridades. Paulo argumenta que as autoridades são instituídas por Deus para manter a ordem e a justiça, mas isso não significa que os cristãos devam obedecer cegamente a governos opressores.

2. Contexto Histórico e Político

Afirmação de Miranda: O uso de “apot” nos Evangelhos e em Romanos reflete uma agenda política romana para promover a submissão dos judeus e cristãos.

Refutação:

  1. Cobrança de Impostos no Império Romano:
    • A cobrança de impostos era uma prática comum no Império Romano, e os judeus estavam sujeitos a essa obrigação. No entanto, a resistência ao pagamento de impostos era um ponto de tensão entre os judeus e os romanos, especialmente durante as revoltas judaicas (por exemplo, a Grande Revolta Judaica de 66-73 d.C.).
  2. Posição de Jesus sobre os Impostos:
    • Jesus não estava endossando o domínio romano ao dizer “Dê a César o que é de César”. Em vez disso, ele estava destacando a distinção entre as obrigações civis e as espirituais. Essa resposta evitou que ele fosse acusado de incitar a rebelião contra Roma, mas também não legitimou a opressão romana.
  3. Posição de Paulo sobre as Autoridades:
    • Em Romanos 13, Paulo argumenta que as autoridades são instituídas por Deus para manter a ordem e a justiça. No entanto, isso não significa que os cristãos devam obedecer cegamente a governos opressores. A submissão às autoridades é condicional e deve estar em harmonia com os princípios divinos. Em Atos 5:29, por exemplo, os apóstolos declaram: “É necessário obedecer a Deus antes que aos homens.”

3. Contexto Teológico

Afirmação de Miranda: O uso de “apot” nos textos cristãos promove a submissão política aos romanos como parte de uma agenda teológica.

Refutação:

  1. Teologia do Reino de Deus:
    • A mensagem central de Jesus era o Reino de Deus, que transcende os poderes terrenos. Ao dizer “Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, Jesus estava enfatizando que o verdadeiro reino não é deste mundo (João 18:36). Isso não significa submissão política, mas sim a priorização das coisas espirituais sobre as materiais.
  2. Teologia de Paulo sobre as Autoridades:
    • Em Romanos 13, Paulo não está defendendo a submissão incondicional às autoridades, mas sim argumentando que as autoridades são instituídas por Deus para manter a ordem. No entanto, isso não significa que os cristãos devam apoiar governos injustos ou opressores. A obediência às autoridades deve estar em harmonia com os princípios divinos.
  3. Resistência à Opressão:
    • A história do cristianismo primitivo mostra que os cristãos não eram submissos passivos ao poder romano. Muitos cristãos foram perseguidos e martirizados por se recusarem a adorar o imperador ou a participar de práticas contrárias à sua fé. A mensagem de Jesus e dos apóstolos era de resistência espiritual, não de submissão política.

4. Exemplos de Resistência no Cristianismo Primitivo

Afirmação de Miranda: Os textos cristãos promoviam a submissão aos romanos.

Refutação:

  1. Perseguição dos Cristãos:
    • Os cristãos foram perseguidos pelo Império Romano por se recusarem a adorar o imperador ou a participar de práticas pagãs. Isso mostra que a mensagem cristã não era de submissão política, mas de fidelidade a Deus.
  2. Martírio dos Apóstolos:
    • Muitos dos apóstolos, incluindo Pedro e Paulo, foram martirizados por sua fé. Isso demonstra que os cristãos primitivos não estavam dispostos a comprometer seus princípios em troca de segurança política.
  3. Escritos Apocalípticos:
    • O livro do Apocalipse, escrito durante a perseguição de Domiciano, retrata o Império Romano como uma besta opressora e exorta os cristãos a permanecerem fiéis a Deus, mesmo diante da perseguição. Isso contradiz a ideia de que os textos cristãos promoviam a submissão aos romanos.

Conclusão

A citação de Miranda sobre a palavra grega “apot” (ἀπόδοτε) e seu uso nos Evangelhos e em Romanos é uma interpretação simplista e equivocada. O contexto linguístico, histórico e teológico mostra que a mensagem de Jesus e dos apóstolos não era de submissão política aos romanos, mas de fidelidade a Deus e de distinção entre as obrigações civis e as espirituais. A ideia de que os textos cristãos foram escritos para promover a submissão aos romanos ignora o caráter revolucionário e espiritual da mensagem cristã, que desafiava tanto o poder romano quanto a opressão religiosa.

No vídeo, Antônio Miranda menciona a ideia de um “Messias Romano” que teria inspirado o Novo Testamento, sugerindo que a figura de Jesus foi construída com base em narrativas e profecias romanas. Ele também menciona a influência de Constâncio Cloro e Flávia Helena na promoção do cristianismo. Abaixo, refuto essas afirmações com base em evidências históricas, teológicas e contextuais, citando os minutos correspondentes do vídeo.


Minuto 7:39 – “Profecias do Messias Romano que inspiraram o Novo Testamento”

Afirmação de Miranda: O Novo Testamento foi inspirado por profecias e narrativas romanas sobre um “Messias Romano”.

Refutação:

  1. Origem Judaica do Messianismo:
    • O conceito de Messias é profundamente enraizado na tradição judaica, não na romana. As profecias messiânicas do Antigo Testamento (por exemplo, Isaías 53, Salmo 22, Miqueias 5:2) foram escritas séculos antes do Império Romano e se referem a um redentor judeu, não a uma figura romana.
    • O Novo Testamento apresenta Jesus como o cumprimento dessas profecias judaicas, não como uma adaptação de narrativas romanas.
  2. Contexto Histórico:
    • O Império Romano não tinha uma tradição messiânica. A ideia de um “Messias Romano” é anacrônica e não encontra suporte nas fontes históricas. Os romanos viam o imperador como um líder político e militar, não como um redentor espiritual.
  3. Influência Judaica no Novo Testamento:
    • Os autores do Novo Testamento eram judeus ou gentios familiarizados com a tradição judaica. Eles escreveram em grego, mas o conteúdo teológico e messiânico é claramente judaico, não romano.

Minuto 8:17 – “O Cristo Romano antes do Messias da Bíblia”

Afirmação de Miranda: A figura de Cristo foi construída antes do Messias da Bíblia, com base em narrativas romanas.

Refutação:

  1. Cronologia Histórica:
    • A ideia de um “Cristo Romano” antes do Messias da Bíblia é historicamente inconsistente. O conceito de Messias já estava bem estabelecido na tradição judaica muito antes do surgimento do cristianismo.
    • Jesus de Nazaré viveu no primeiro século d.C., e os Evangelhos foram escritos nas décadas seguintes. Não há evidências de que os romanos tenham desenvolvido uma figura messiânica antes disso.
  2. Fontes Romanas:
    • As fontes romanas do primeiro século (por exemplo, Tácito, Suetônio, Plínio, o Jovem) mencionam Jesus e os cristãos, mas não descrevem uma figura messiânica romana que teria inspirado o Novo Testamento.

Minuto 8:56 – “Constâncio Cloro e Flávia Helena como Pró-Cristãos”

Afirmação de Miranda: Constâncio Cloro (pai de Constantino) e Flávia Helena (mãe de Constantino) eram pró-cristãos e promoveram o cristianismo antes de sua oficialização.

Refutação:

  1. Constâncio Cloro:
    • Constâncio Cloro foi um imperador romano que governou no final do século III e início do século IV. Embora ele tenha sido tolerante com os cristãos, não há evidências de que ele tenha promovido ativamente o cristianismo. Sua política religiosa foi marcada pelo pragmatismo, não por uma conversão genuína.
  2. Flávia Helena:
    • Flávia Helena, mãe de Constantino, é tradicionalmente associada à promoção do cristianismo, especialmente por sua suposta descoberta de relíquias cristãs (por exemplo, a Vera Cruz). No entanto, essas narrativas são lendárias e não têm base histórica sólida. A influência de Helena no cristianismo foi amplamente exagerada pela tradição posterior.
  3. Contexto de Constantino:
    • Foi Constantino, filho de Constâncio Cloro e Flávia Helena, quem desempenhou um papel crucial na promoção do cristianismo, especialmente após o Édito de Milão (313 d.C.). No entanto, isso ocorreu no século IV, muito depois da redação do Novo Testamento (século I). A ideia de que Constâncio Cloro e Flávia Helena influenciaram o Novo Testamento é anacrônica.

Minuto 9:34 – “A Destruição do Templo em 70 d.C. e a Narrativa Cristã”

Afirmação de Miranda: A destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C. foi usada para construir a narrativa cristã de que os judeus foram punidos por rejeitar Jesus.

Refutação:

  1. Contexto Histórico:
    • A destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C. foi um evento histórico resultante da Grande Revolta Judaica contra Roma. Embora alguns autores cristãos (por exemplo, Justino Mártir, Orígenes) tenham interpretado esse evento como um castigo divino pela rejeição de Jesus, essa visão não é universal no Novo Testamento.
  2. Narrativa do Novo Testamento:
    • O Novo Testamento não atribui a destruição do Templo à rejeição de Jesus. Em vez disso, Jesus prediz a destruição do Templo (Mateus 24:1-2) como parte de uma visão apocalíptica mais ampla, não como uma punição específica.
  3. Teologia Cristã:
    • A teologia cristã primitiva enfatizava a salvação através de Jesus, não a punição dos judeus. A ideia de que os judeus foram punidos por rejeitar Jesus é uma interpretação posterior, não uma doutrina central do Novo Testamento.

As afirmações de Antônio Miranda sobre o “Messias Romano” e a influência de Constâncio Cloro e Flávia Helena no Novo Testamento são historicamente inconsistentes e carecem de suporte acadêmico. O conceito de Messias é profundamente enraizado na tradição judaica, e o Novo Testamento foi escrito em um contexto judaico, não romano. Além disso, a ideia de que Constâncio Cloro e Flávia Helena promoveram o cristianismo antes de sua oficialização é anacrônica e baseada em narrativas lendárias. Para uma análise mais equilibrada, é necessário considerar o contexto histórico, as fontes primárias e as nuances teológicas.

1. A Conexão entre Messias e Política

  • A ideia de que a dinastia Flaviana promoveu a imagem de um Messias pacifista pode ser vista como uma tentativa de controlar movimentos religiosos e políticos no contexto das revoltas judaicas. Isso tem paralelos com a estratégia de muitos governos antigos de usar a religião para legitimar o poder.
  • Contudo, essa hipótese carece de evidências diretas que mostrem uma intervenção ativa da dinastia Flaviana na formulação dos ensinamentos cristãos. O cristianismo, na época, ainda era uma religião emergente e marginal.

2. A Apologia de Justino e os Impostos

  • O trecho citado de Justino Mártir reflete a visão cristã primitiva sobre a submissão às autoridades, baseada nos ensinamentos de Jesus. A passagem mencionada (sobre o tributo a César) aparece nos Evangelhos Sinópticos (Mateus 22:15-22, Marcos 12:13-17, Lucas 20:20-26) e é amplamente interpretada como uma resposta à tentativa de incriminar Jesus politicamente.
  • É importante notar que essa instrução de Jesus sobre “dar a César o que é de César” não necessariamente reflete uma manipulação política. Ela pode ser entendida como uma resposta prática e teológica, separando o reino de Deus dos reinos terrenos.

3. A Hipótese Flaviana

  • A teoria de que a dinastia Flaviana moldou os ensinamentos de Jesus para fins políticos é defendida em algumas obras modernas, como as de Joseph Atwill, mas é amplamente criticada por acadêmicos. Os Evangelhos foram escritos em um contexto complexo e refletem diversas tradições judaicas e cristãs que emergiram antes e depois da queda de Jerusalém em 70 d.C.
  • Além disso, a mensagem de Jesus de paz e submissão não se limita ao pagamento de impostos, mas permeia todo o Novo Testamento, sendo difícil atribuí-la exclusivamente a uma agenda política romana.

4. Contexto da Apologia

  • Justino Mártir, no século II, escreveu para defender o cristianismo das acusações de deslealdade ao Império. Ao destacar a obediência dos cristãos às leis civis, ele buscava provar que a nova fé não era uma ameaça ao governo romano. Essa abordagem pragmática não implica que o cristianismo foi criado para esse fim, mas reflete uma estratégia apologética para sobreviver em um ambiente hostil.

As afirmações de Antônio Miranda sobre a Apologia de Justino e a suposta construção política dos Evangelhos carecem de fundamento histórico e teológico. A citação de Justino foi usada para defender os cristãos contra perseguições, não para promover uma agenda política romana. A mensagem de Jesus sobre o pagamento de impostos e a submissão às autoridades foi uma reinterpretação das tradições judaicas, não uma construção romana. Para uma análise mais equilibrada, é necessário considerar o contexto histórico, as fontes primárias e as nuances teológicas.

5. Conclusão

  • O argumento de que a dinastia Flaviana influenciou diretamente a criação de um Messias pacifista pode ser interessante, mas encontra pouca sustentação em evidências históricas robustas.
  • A citação da Apologia de Justino reforça a ideia de submissão às autoridades como um aspecto dos ensinamentos de Jesus, mas deve ser entendida no contexto da sobrevivência e expansão da fé cristã em meio à perseguição.
  • A interpretação do cristianismo como uma ferramenta política de pacificação social deve ser feita com cuidado, considerando as diversas fontes, tradições e influências que moldaram a religião em seus primórdios.

3. “O cristianismo foi oficializado por Teodósio em 380 d.C., mas já existia em Roma antes disso.”

Análise e Refutação:

  1. Oficialização do Cristianismo:
    • Afirmação de Miranda: O cristianismo foi oficializado por Teodósio em 380 d.C.
    • Refutação Acadêmica: A afirmação está correta, mas o vídeo não menciona o Édito de Milão (313 d.C.), no qual Constantino legalizou o cristianismo, permitindo sua expansão. O Édito de Milão foi um marco crucial na história do cristianismo, antecedendo a oficialização por Teodósio.
  2. Influência de Constantino:
    • Afirmação de Miranda: O cristianismo já existia em Roma antes de Teodósio.
    • Refutação Acadêmica: O vídeo minimiza o papel de Constantino na promoção do cristianismo. Constantino não apenas presidiu o Concílio de Niceia (325 d.C.), mas também incentivou a construção de igrejas e a unificação da doutrina cristã. Sua conversão e apoio ao cristianismo foram fundamentais para sua ascensão como religião dominante no Império Romano.

4. “Jesus foi construído como um Messias pacifista para acalmar as revoltas judaicas.”

Análise e Refutação:

  1. Contexto Histórico:
    • Afirmação de Miranda: Jesus foi construído como um Messias pacifista para acalmar as revoltas judaicas.
    • Refutação Acadêmica: Embora houvesse revoltas judaicas contra Roma (por exemplo, a Grande Revolta Judaica de 66-73 d.C.), a imagem de Jesus como um Messias pacifista não foi uma invenção romana. A mensagem de amor e perdão de Jesus está enraizada na tradição judaica (por exemplo, os ensinamentos dos profetas).
  2. Messianismo Judaico:
    • Afirmação de Miranda: Jesus foi uma construção política romana.
    • Refutação Acadêmica: A expectativa de um Messias político e militar era comum no judaísmo do primeiro século, mas Jesus redefiniu o conceito de Messias, focando em um reino espiritual. Isso não foi uma imposição romana, mas uma reinterpretação teológica.

5. “Os Evangelhos foram escritos para as massas, como uma forma de controle político.”

Análise e Refutação:

  1. Audiência dos Evangelhos:
    • Afirmação de Miranda: Os Evangelhos foram escritos para as massas, como uma forma de controle político.
    • Refutação Acadêmica: Os Evangelhos foram escritos para comunidades cristãs específicas, não para as “massas” em geral. Por exemplo:
      • Mateus: Escrito para judeus-cristãos, com foco no cumprimento das profecias messiânicas.
      • Lucas: Escrito para gentios (não judeus), com ênfase na universalidade da salvação.
  2. Propósito dos Evangelhos:
    • Afirmação de Miranda: Os Evangelhos foram usados como propaganda romana.
    • Refutação Acadêmica: O objetivo principal dos Evangelhos era proclamar a mensagem de Jesus como o Messias e Salvador, não controlar politicamente as massas. A ideia de que os Evangelhos foram usados como propaganda romana ignora seu caráter religioso e espiritual.

6. “A destruição de Jerusalém em 70 d.C. foi um castigo pela morte de Jesus.”

Análise e Refutação:

  1. Interpretação Teológica:
    • Afirmação de Miranda: A destruição de Jerusalém foi um castigo divino pela morte de Jesus.
    • Refutação Acadêmica: A ideia de que a destruição de Jerusalém foi um castigo divino pela morte de Jesus é uma interpretação teológica posterior, não uma afirmação histórica. Essa visão foi desenvolvida por autores cristãos como Justino Mártir e Orígenes, mas não está presente nos Evangelhos.
  2. Causas Históricas:
    • Afirmação de Miranda: A destruição de Jerusalém foi um castigo divino.
    • Refutação Acadêmica: A destruição de Jerusalém foi resultado de fatores políticos e militares, incluindo a rebelião judaica contra Roma. Atribuir isso à morte de Jesus é uma simplificação inadequada.

7. “Pilatos inocenta Jesus várias vezes, mostrando que os romanos não eram responsáveis por sua morte.”

Análise e Refutação:

  1. Papel de Pilatos:
    • Afirmação de Miranda: Pilatos inocenta Jesus várias vezes, mostrando que os romanos não eram responsáveis por sua morte.
    • Refutação Acadêmica: A narrativa dos Evangelhos retrata Pilatos como relutante em condenar Jesus, mas ele finalmente cede à pressão da multidão (Mateus 27:24-26). Isso não absolve os romanos, pois a crucificação era uma forma de execução romana.
  2. Responsabilidade Histórica:
    • Afirmação de Miranda: Os romanos não eram responsáveis pela morte de Jesus.
    • Refutação Acadêmica: A morte de Jesus foi um evento complexo envolvendo autoridades romanas e judaicas. Culpar apenas os judeus (ou apenas os romanos) é uma leitura simplista que ignora o contexto histórico.

Conclusão

O vídeo de Antônio Miranda apresenta uma visão interessante sobre a influência romana na construção da narrativa de Jesus, mas comete vários erros e simplificações. A análise histórica e teológica mostra que os Evangelhos não foram escritos como propaganda romana, mas como proclamações da mensagem de Jesus. Além disso, a ideia de que o cristianismo foi criado para controlar as massas ignora seu desenvolvimento orgânico e seu caráter espiritual. Para uma discussão mais equilibrada, é necessário considerar o contexto histórico, as fontes primárias e as nuances teológicas.

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