Eu não tenho a mínima paciência pra ver vídeos de neo-ateus, mormente como esses do “The Atheist Experience”, um tipo de ATEA anabolizada como uma versão do “Mundo de Wayne” de neo-ateus noturnos. É de enrolar o duodeno. Um cara careca que só sabe fazer ad hominem de pensadores cristãos que recebe ligações de gente simplista para ele desaforar, junto com sua trupe de idiotas, pessoas simplistas. Basicamente, este é o resumo do programa. Mas como um amigo me pediu para responder a isso, lá vamos nós.
Matt alega que a Bíblia diz que a mulher estuprada era obrigada a se casar com o estuprador. Como isso é moral? Um erro muito comum que ateístas cometem é se confundirem sobre a palavra “lei”, na Bíblia. Para começar, a palavra “lei” provavelmente não é a melhor tradução para a palavra hebraica Torah, especialmente se os leitores modernos pensarem que isso quer dizer que o que Moisés escreveu era algo parecido com o que nós pensamos como um código de direito civil. Moisés não escreveu um código civil per si, nem a lei de Moisés foi escrita de forma com que cada “lei” enuncia todos os detalhes que dizem respeito a um determinado caso. O que Matt tenta citar como um exemplo para a misoginia é, na verdade exatamente o oposto. Esse versículo é, na verdade, por mais ridículo que possa parecer, sobre a concessão de direitos das mulheres, proteção e segurança até mesmo social. O que o gordinho careca está fazendo é retirá-lo do contexto (sim. É cultural)! A alegação de Matt (e dos desinformados ateístas) é das muitas mentiras heréticas que são usadas em um ataque contra os cristãos e é uma afirmação errônea de que a Bíblia diz que a mulher deve se casar com seu estuprador. Esta alegação é totalmente falsa, enganosa e perigosa. Imagine se alguém realmente acreditar nesses mentirosos e forçar uma mulher que havia sido estuprada a se casar com seu estuprador? Seria um crime hediondo contra a mulher e a perversão mais repugnante conhecida da Escritura. Nada faria a alegria de Satanás maior.
Vamos começar com algumas premissas:
- Segurança social, pensões de reforma e seguros de saúde são conceitos que surgiram junto com a industrialização. Antes disso, a única salvaguarda contra a fome na velhice ou estar muito doente para trabalhar era ter uma família que poderia cuidar de você.
- Nas sociedades pré-industriais, ter uma filha significava criar um filho que acabaria por deixar sua casa para viver com a família de seu marido (pelo menos em um patriarcado – em um matriarcado é o contrário) e, portanto, não contribuiria para a sua antigo pensão de velhice. Em tais sociedades, é apenas razoável pedir uma indenização.
- A “sociedade bíblica” foi um patriarcado e os homens estavam mais preocupados com filhos ilegítimos. Você não pode culpá-los por isso. Dado o estado agrícola do Oriente Médio, a ideia de alimentar crianças que não eram as suas deve ter sido um pesadelo.
- Uma mulher que tivesse perdido a virgindade estava, portanto, praticamente fora do mercado de casamento.
Assim, com estas premissas em mente, o que realmente significa Deuteronômio 22,28-29 em seu contexto histórico?
Quando um homem estuprava uma mulher solteira no antigo Israel, havia literalmente transformado-a em “bem danificado”. Ela não teria ser capaz de encontrar um marido “respeitável” mais tarde e, portanto, ela também não teria sido capaz de começar uma família própria. A implicação disso é que o crime lhe privava de quaisquer chances de ganhar o que era então considerado de segurança social, seguro de saúde ou pensão de velhice.
Por mais que hoje em dia qualquer feminista deve tremer com o simples pensamento de uma mulher que está sendo vendida para seu estuprador, isso não é o que era visto naquela época. Deuteronômio 22,28-29 descreve um processo judicial em que a causa da ação não é tanto a violação em si, mas as consequências que tem sobre o futuro da vítima. Ou seja, a perda financeira que poderia ser esperado sofrer por não ser capaz de começar uma família para seu próprio sustento. A regra de corte é uma tentativa de fazer a reparação de danos pelo infrator, forçando-o a um casamento e (mais importante), negando-lhe o direito ao divórcio, que ele normalmente teria (Deuteronômio 24,1-2). Em outras palavras: o que vemos como adicionar insulto à injúria atualmente estava realmente colocando a mulher em uma posição legal muito forte naquela época. Ela tornou-se financeiramente garantida de forma que ela não poderia ter conseguido por um casamento regular.
Essa lei, então, alguns dizem parecer insensível para com as mulheres. Na verdade, ela incentivava um elevado padrão moral, tanto para homens como para mulheres. Deuteronômio, capítulo 22, apresenta diversas leis domésticas. Por exemplo, aborda a situação de um homem que não mais amasse sua esposa e alegasse que não era virgem por ocasião do casamento. Também apresenta as leis de Deus concernentes ao adultério e ao estupro. Lemos, então:
“Caso um homem ache uma moça, uma virgem que não é noiva, e ele realmente a pegue e se deite com ela, e forem achados, então o homem que se deitou com ela tem de dar cinquenta siclos de prata ao pai da moça e ela se tornará sua esposa devido ao fato de que a humilhou. Não se lhe permitirá divorciar-se dela em todos os seus dias.” — Deuteronômio 22,28-29.
Tratava-se dum caso de sedução forçada e/ou fornicação. Se um homem sem escrúpulos tomasse a liberdade de ter relações sexuais com uma virgem, ela seria a principal prejudicada. Além da possibilidade de ela vir a ter um filho ilegítimo, seu valor como prospectiva esposa ficaria diminuído, porque muitos israelitas possivelmente não desejariam casar com ela visto que não mais era virgem. Então, o que desestimularia um homem de agir com indevida liberdade com uma virgem? A Lei de Deus, ‘santa, e justa, e boa’, o desestimularia. — Romanos 7,12.
O código mosaico tinha dispositivos que permitiam ao homem divorciar-se de sua esposa por determinados motivos. (Deuteronômio 22,13-19; 24,1; Mateus 19,7-8) No entanto, o que lemos em Êxodo 22,16-17 e Deuteronômio 22,28-29 revela que a opção de divórcio desaparecia depois de haver fornicação pré-marital. Isto, portanto, poderia fazer com que o homem (ou a virgem) resistisse à tentação de envolver-se em fornicação. O homem não pensaria: ‘Ela é bonita e excitante, portanto, vou divertir-me com ela, embora não seja o tipo com quem gostaria de casar-me.’ Antes, essa lei desincentivava a imoralidade por fazer que um transgressor em potencial pesasse a longo prazo as conseqüências da fornicação — ter de ficar com a pessoa o resto de sua vida.
A Lei também diminuía o problema de filhos ilegítimos. Deus decretou. “Nenhum filho ilegítimo pode entrar na assembleia do Senhor.” (Deuteronômio 23,2) Assim, já que o homem que seduzisse uma virgem teria de casar-se com ela, sua fornicação não resultaria em descendência ilegítima entre os israelitas.
J.C. Conell comenta:
Embora ela consentisse, ainda era sua responsabilidade (a do estuprador) de protegê-la da vergonha ao longo da vida resultante do pecado do momento por se casar com ela, não sem o pagamento do dote regular” (“Êxodo”, Novo Comentário Bíblico, ed F. . Davidson, p. 122)
Adam Clarke:
Esta era uma lei muito sábia e humana, e deve ter operado poderosamente contra a sedução e prostituição, porque a pessoa que podia se sentir inclinada a tirar proveito de uma jovem mulher sabia que ele deveria se casar com ela, e dar-lhe um dote, se os pais dela consentissem “(“Bíblia Sagrada – comentários e notas críticas”, vol. 1, p. 414).
Alan Cole:
Se um homem seduzisse uma virgem ele deveria reconhecê-la como sua esposa, a não ser que seu pai se recusasse. (Êxodo: introdução e comentário, Tyndale Series, 173 p.).
James Jordan:
“A punição para o sedutor é que ele deveria se casar com a moça, a menos que seus pais objetassem, e que ele nunca poderia se divorciar dela (de acordo com Dt 22,29). (A Lei da Aliança, 148 p.)
Admite-se que os cristãos vivem numa estrutura social diferente da dos antigos israelitas. Não estamos sob os ditames da Lei mosaica, que incluía essa lei que exigia o casamento de duas pessoas que se envolvessem em fornicação dessa natureza. Entretanto, não podemos concluir que envolver-se em fornicação pré-marital seja algo insignificante. Os cristãos devem ponderar seriamente as conseqüências a longo prazo, como a já mencionada lei movia os israelitas a fazer. Assim, em resumo, havia um precedente sob a Lei mosaica para a mulher vítima não se casar com o agressor se seu pai determinasse que ela poderia ser prevista de forma mais adequada (Êxodo 22,16-17). Assim, a lei não foi projetada para forçar a vítima de estupro em um casamento insuportável, mas para garantir o seu futuro e o de seus filhos.
Seduzir uma pessoa solteira arruína seu direito de assumir um casamento cristão como virgem limpo (homem ou mulher). A fornicação pré-marital também afeta o direito de qualquer um que venha a tornar-se o cônjuge dessa pessoa, a saber, o direito de se casar com um(a) cristão(ã) casto(a). Acima de tudo, deve-se evitar a fornicação porque Deus diz que é errado; é um pecado. O apóstolo acertadamente escreveu: “Isto é o que Deus quer, a vossa santificação, que vos abstenhais de fornicação.” — 1 Tessalonicenses 4,3-6; Hebreus 13,4.