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Resposta ao Luc Anderssen: O que Devemos Pensar Sobre a Morte? Narrado por Stephen Fry

De fato, não existe muita coisa a se falar sobre esse vídeo, porque o próprio vídeo não tem muito o que refutar. Com uma coisa devo concordar no vídeo: “Querer que algo seja verdade não a torna verdade”. Porque a verdade, justamente a verdade, é independente de nossas impressões sensoriais. No vídeo vejo que a argumentação parte do princípio de que a religião é, meramente, o exercício de uma crença para se recusar o sofrimento da morte, um escape (0:00-0:30).
Um breve comentário sobre a ideia de que “Não existe evidência que sustenta a ideia de que nossas mentes poderiam sobreviver ao fim de nossos corpos”: A Ressurreição de Jesus é fato histórico. Esse humilde galileu é o centro de toda a história.Em seguida, o vídeo começa um questionamento um tanto medíocre. “Que sentido existiria em nossas vidas se elas fossem eternas?”. Vejamos as implicações dessa forma de pensar. Me proponho à sistematizá-la, mesmo correndo o risco de cair num espantalho argumentativo.
Se o prazer, o sentido, a experiência, as emoções e tudo o mais perde seu valor com a adição da eternidade, isso implica em: Não existir valor algum na eternidade e, portanto, é a efemeridade das realidades que conferem seu valor (o que numa forçação de barra humanístico-cética tem algum fundo de sentido. Para um
ateu, isso se torna um wishfulfillment; ele crê naquilo que ele gostaria que fosse real, ou seja, na não-transcendência).
Quanto à essa afirmativa, tenho minhas dúvidas. Certamente, o mero prolongamento de uma experiência não tem, em si, o potencial de torná-la mais prazerosa. O foco do valor está na experiência em si, e não na eternidade, não no tempo. O incremento de valor de uma experiência, por meio de seu prolongamento, só faz sentido porque esse valor – inerente ao alvo da experiência – continua a preencher o ser humano. Agora, dizer que a eternidade faz com que algo
(ou tudo, como o vídeo defende) perca o valor, é uma ideia totalmente infundada. Como vimos, não é o tempo que confere ou diminui o valor de algo; é a realidade fundamental da experiência que determina o valor da mesma. “Ah, mas uma coisa é ter 1 dia de férias, outra coisa é ter 1 ano de férias”. É certo que sim; entretanto, o tempo, por si só, não te deixará mais descansado.
Ilustrando: de férias, ou não, o tempo continua passando; o descanso vem das próprias férias, e não do tempo, em si. Fiz isso tudo para mostrar que o tempo, a eternidade, não são determinadores do valor último de uma experiência. Posteriormente, percebo algo interessante nesse vídeo; e muito verdadeiro. Os exemplos que ele usou (o livro e o bolo) só mostram que o Homem precisa de algo maior que ele mesmo. Na prática, refuta o próprio vídeo, e mostrarei porque. Imagine que estamos numa confeitaria e temos um estoque ilimitado de bolos, todos iguais, para comer. É certo que, num determinado ponto de nossa glutonaria, estaríamos esperançosos de fugir da arena dos bolos, já fartos. Mas a barriga cheia não gera satisfação. E o exemplo do livro: uma história que se prolonga infinitamente não pode, só porque é infinita, dar verdadeiro prazer e satisfação. Esses dois exemplos só mostram que as coisas que temos contato em nossa vida diária não tem o potencial fundamental de nos preencher totalmente. Ora, sentimos fome e comemos; sentimos tédio e lemos um bom livro. Mas quando vemos que as necessidades primárias (fome, sede, sono, sexo) são satisfeitas, ainda assim há um vazio não-preenchido.

Assim, faz-se necessário uma diferenciação entre valores e propósitos. Chamo um grupo de “primárias”, são os que já mencionei, necessidades biológicas; outro grupo é o de “psicológicas”, que vem o se sentir amado, sentir alegria, sentir ânimo; e um terceiro grupo, que discorrerei adiante. As primeiras são resolvidas com comida, água, descanso e afins. Por si só, vemos que não são condição determinante (embora sejam importantes) para que uma pessoa seja feliz/completa. Existem pessoas ricas que são insatisfeitas com a vida, pessoas pobres que são satisfeitas com a vida e etc. Mas vemos que, dentro do
preenchimento das necessidades psicológicas, existe um problema fundamental e equivalente ao das primárias: um vazio que não é preenchido. Ora, vemos que, com o passar do tempo, uma experiência já não mais satisfaz alguém num certo aspecto. Sim, todas as experiências humanas são suscetíveis a isso. Uma pessoa que se encontra feliz com algo, logo perde o ânimo e, então, vê que, em realidade, nunca fora verdadeiramente feliz com aquilo que a preenchia. E lhes pergunto isto: conhecedores da própria natureza, que vocês são, existe alguma garantia de que, no universo, exista uma experiência que, se alcançada, produzirá um efeito eterno de satisfação?
Você sabe que, materialmente, não existe isso. Não existe experiência perfeita, não existe pessoa perfeita, não existe ciência perfeita que preencha eternamente o homem (no universo). Vemos então que nem as necessidades primárias e nem as psicológicas tem a capacidade de preencher alguém. Logo, o sentimento de valor se esvai. E isso, em tese, confirmaria o que o vídeo diz. Mas o vídeo tem como pressuposto uma negação que não pode comprovar: a ideia de que não existe
transcendência do ser humano. Ora, alguém me explique porque motivo é sensato crer que, se existe uma sede por algo, este algo pelo qual se tem sede não existe? Se tenho fome, é porque comida pode me saciar. Se tenho sede, é porque água pode me saciar. Se tenho sono, é porque dormir me restaura. E se tenho sede de algo que não existe nesse mundo? Essa coisa não existe? Simplesmente, é um mal-funcionamento do meu cérebro? Os que equivocadamente disserem que não existe, digo-lhes: é possível preencher um vão com o nada? É impossível.

Então, se existe um vão dentro de todas as pessoas que só é preenchido através de um relacionamento com o transcendental, explique-me, porque este não existe? Conclui-se, então, que existe uma terceira classe de necessidades: a necessidade divina. A necessidade divina deriva do propósito, olhe que legal, ETERNO de Deus para a criação do Homem: um relacionamento com Ele. Pergunto a vocês: uma pessoa boa deseja coisas boas às outras, certo? Certo. E, se Deus existe (e Ele existe), existe algo maior que Ele? Não. Logo, se Deus é bom (e Ele é), ele deseja que você tenha à Ele, em comunhão eterna, sendo preenchido por aquele que é fonte de tudo, aquele que é fonte de água da vida. O argumento desse vídeo falha num aspecto: o ser humano não procura Deus porque quer Deus; o ser humano procura Deus porque PRECISA de Deus. Foi quando assumi que eu precisava de Deus que confessei a Cristo. E digo a vocês: o vazio que eu tinha dentro de mim era do tamanho perfeito do evangelho de Jesus. Jo 8:32 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. O galileu não podia estar mais certo, conhecer aquele que é a verdade me libertou.
Comparar a eternidade à ínfima experiência de se ler um livro ou comer um bolo é, se não uma ingenuidade, um mau-caratismo sem tamanho. Como se pode reduzir o vazio, a NECESSIDADE de Deus que todo ser humano possui, à um simples ler um livro e comer um bolo? Simplesmente, é como Vince Vitale, filosofo e docente em Oxford, menciona “Se pensarmos que é nossa mente que nos faz resistir a Deus, então podemos não estar lidando com
os argumentos no mais alto nível”.

Quentim Smith, proeminente filósofo ateu, publicou em 2000 um artigo em que critica seus colegas filósofos ateus por terem perdido tanto espaço para filósofos cristãos. Ele diz: “Deus não está morto na Academia. Ele está vivo e bem em sua última fortaleza acadêmica: departamentos de filosofia.” e também diz que, se trancássemos numa sala filósofos ateus que não se especializaram em religião com filósofos teístas que se especializaram em religião e debates ocorressem, ele suspeita que você teria que concluir que os teístas, definitivamente, teriam a vantagem em cada argumento do debate.
Crer em Deus não é um wishfulfillment, tampouco uma muleta para fugir dos questionamentos da vida. Crer em Deus é, além de uma necessidade do ser humano, a resposta dos mais profundos questionamentos já feitos por qualquer ser humano.E, sobre morte, temos o que Paulo de Tarso nos disse em Filipenses 1:21 Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.

Graça e paz!

Por: https://www.facebook.com/heitorius

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