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RESPOSTA AO ANALISANDO AS ESCRITURAS: Jesus nunca esteve na terra

Mais uma vez vamos responder ao Ronaldo do Analisando as Escrituras, que vem com esse vídeo fazendo as mesmas alegações.

Lembrando que esses miticistas e seus canais de Youtube não são levados a sério por nenhum acadêmico sério e são marginais aos estudos acadêmicos.

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O Senhor Jesus Cristo é Sumo Sacerdote no Céu

Na época em que escreveu a epístola, 1 o autor reconheceu que Jesus Cristo é “um grande sumo sacerdote que penetrou os céus”, 2 que “entrou… no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” 3 e “assentou-se à direita da Majestade nas alturas”. 4 Ele fala da ascensão anterior e da sessão atual do Senhor Jesus Cristo no céu.

Ele também reconhece que o Senhor Jesus Cristo “foi feito um pouco menor que os anjos, por causa do sofrimento da morte… para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos os homens”. 5 Isso de que ele fala é a encarnação e crucificação passadas do Senhor Jesus Cristo.

A epístola foi escrita algum tempo antes de 70 d.C., antes que os romanos destruíssem o Templo. Isso é indicado pelo tempo presente de ὄντων τῶν προσφερόντων, bem como λατρεύουσιν em 8:5, todos indicativos de sacerdotes levíticos servindo em um templo existente (que obviamente estaria localizado em Jerusalém). Barnes (p. xii ): “Foi escrita enquanto o Templo ainda estava de pé, e antes que Jerusalém fosse destruída. Isso é evidente em toda a estrutura da epístola.”

ónton ton prospherónton

Explicação da Transliteração:

  1. ὄντων: “ónton” — Particípio presente do verbo “eimi” (ser/estar) na forma genitiva plural.
  2. τῶν: “ton” — Artigo definido masculino plural genitivo.
  3. προσφερόντων: “prospherónton” — Particípio presente genitivo plural de “prosphero” (oferecer).

Essa expressão, em contexto, geralmente se refere a “aqueles que estão oferecendo” ou “os que oferecem” no sistema sacrificial.

Texto Original em Grego de Hebreus 8:4

O texto de Hebreus 8:4 no grego original é:

εἰ μὲν ἦν ἐπὶ γῆς, οὐδ’ ἂν ἦν ἱερεύς, ὄντων τῶν προσφερόντων κατὰ νόμον τὰ δῶρα.

Traduzindo de forma literal:

“Se ele estivesse na terra, não seria sacerdote, pois há aqueles que oferecem dons segundo a lei.”

Análise Gramatical e Linguística

  1. Estrutura Condicional “εἰ μὲν ἦν” (Se ele estivesse)
    • A frase “εἰ μὲν ἦν” inicia uma condição. A palavra “εἰ” é a conjunção condicional “se”, e “ἦν” é a forma imperfeita do verbo “εἰμί” (ser ou estar), indicando uma ação que não está ocorrendo no momento. Neste caso, a construção “εἰ…ἦν” não implica que Jesus não esteve na Terra, mas, sim, que, se Ele estivesse no papel de sacerdote terreno, Ele não atuaria como o sumo sacerdote que é descrito na epístola.
    • Referência Teológica: A condição é teológica, não histórica, pois discute o papel de Jesus em relação ao sacerdócio celestial e não sua presença física. Essa construção é usada para enfatizar que, na ordem do templo terrestre, Ele não teria o papel de sacerdote, mas, por ser parte de um sacerdócio superior, ele ministra no “santuário celestial”.
  2. Uso do Imperfeito “ἦν” e Construção do Subjuntivo
    • O verbo “ἦν” (imperfeito de “ser” ou “estar”) aqui é empregado para indicar uma situação hipotética que não corresponde à realidade atual de Jesus, que já está no céu. O autor de Hebreus utiliza o modo imperfeito para situar a ação em um cenário condicional imaginário, e não como uma negação do ministério terrestre de Jesus.
    • Comentário Textual: A construção condicional é comum para demonstrar uma possibilidade alternativa e não um fato estabelecido. Em termos acadêmicos, o uso do imperfeito, neste caso, funciona para destacar um cenário não-real. O autor está sugerindo que, se Jesus fosse atuar dentro do templo terrestre, ele não seria sacerdote conforme a ordem levítica, reforçando a natureza única e celeste de seu sacerdócio.
    • O uso do imperfeito em grego (ἦν) neste contexto é uma construção condicional

      Esta construção não implica necessariamente negação de existência histórica

      É uma forma retórica comum para desenvolver um argumento hipotético
  3. Contexto de “ἐπὶ γῆς” (na terra)
    • “ἐπὶ γῆς” significa literalmente “na terra” ou “sobre a terra”. Contudo, o contexto aqui indica que “na terra” refere-se ao sistema de adoração terrestre e ao templo físico, onde os sacerdotes levíticos oferecem sacrifícios conforme a lei mosaica. Em Hebreus, esse sistema terreno é contrastado com o ministério celestial de Cristo.
    • Fonte Contextual: Vários estudiosos apontam que a frase “ἐπὶ γῆς” aqui é usada para destacar a distinção entre o sacerdócio celestial de Jesus e o sacerdócio terrestre levítico. Craig S. Keener explica que o objetivo do autor de Hebreus é mostrar a superioridade de Cristo em um novo e melhor pacto, e não fazer uma declaração histórica sobre a presença física de Jesus na terra.
  4. Significado de “οὐδ’ ἂν ἦν ἱερεύς” (não seria sacerdote)
    • A frase “οὐδ’ ἂν ἦν ἱερεύς” combina “οὐδ'” (nem) e “ἂν ἦν” (seria), que é uma construção negativa que, no contexto condicional, sugere que Jesus não atuaria como sacerdote no sistema terrestre, já que Ele não é parte da ordem levítica. Isso reflete a argumentação do autor de Hebreus sobre a nova aliança.
    • Perspectiva Hermenêutica: Esse trecho reafirma que a atuação de Jesus é num sacerdócio superior, conforme a ordem de Melquisedeque, e não no templo terreno. Em Hebreus 7:24-25, a imutabilidade e a eficácia eterna de Jesus como sumo sacerdote são ressaltadas, demonstrando que seu sacerdócio é único e celestial.

Contexto Teológico de Hebreus e o Propósito da Epístola

Hebreus é uma epístola que visa encorajar os judeus cristãos a perseverarem na fé em Cristo, destacando que Ele é o mediador de uma nova e melhor aliança. O autor constantemente contrasta o antigo sistema sacrificial com o sacerdócio eterno e eficaz de Jesus, que ocorre no “santuário celestial”.

  • Relação com o Sumo Sacerdócio: Jesus é descrito como o sumo sacerdote que ultrapassa o sistema levítico. O autor não afirma que Jesus nunca esteve na terra, mas sim que, devido ao seu papel especial, Ele ministra agora no céu, num santuário que é “não feito por mãos” (Hebreus 9:11).
  • Fontes de Apoio:
    • F. F. Bruce, em seu comentário sobre Hebreus, explica que o contraste entre o sacerdócio terrestre e o celestial reflete a transição entre o antigo e o novo pacto, não havendo qualquer implicação de que Jesus não tenha vivido fisicamente (Bruce, The Epistle to the Hebrews).
    • Gareth Lee Cockerill comenta em The Epistle to the Hebrews que o propósito do autor é ilustrar que Jesus, como sumo sacerdote celestial, não se enquadra no sacerdócio terreno, mas isso não se refere à existência terrena de Jesus, e sim ao seu ministério atual e eterno.

A interpretação de Hebreus 8:4 que argumenta contra a presença terrena de Jesus é uma leitura incorreta do texto grego e do contexto da epístola. O verbo “ἦν” no grego indica uma condição hipotética, e o objetivo da passagem é ressaltar o sacerdócio celestial de Jesus, que não seria compatível com o sistema levítico terrestre.

Referências Acadêmicas:

  • Bruce, F. F. (1990). The Epistle to the Hebrews. Eerdmans.
  • Keener, C. S. (2009). The Historical Jesus of the Gospels. Eerdmans.
  • Cockerill, G. L. (2012). The Epistle to the Hebrews. Eerdmans.
  • Lane, W. L. (1991). Hebrews 1–8. Word Biblical Commentary.

Esse estudo gramatical e contextual fornece uma base sólida para refutar a alegação de que Hebreus 8:4 nega a presença física de Jesus na terra, enfatizando que a passagem lida com seu ministério sacerdotal celeste.

1. Interpretação Errônea de Hebreus 8:4

Ronaldo afirma que Hebreus 8:4 insinua que Jesus nunca esteve fisicamente na Terra, apoiando-se na interpretação do verbo grego para sugerir uma tradução no passado (“se ele estivesse estado na terra”). No entanto, essa interpretação carece de fundamentação quando comparada com o consenso exegético e textual.

  • Análise gramatical: O verbo grego utilizado em Hebreus 8:4, “ἦν” (ên), que o autor traduz como “se ele estivesse estado na terra,” é uma construção hipotética que se refere à possibilidade teológica, não a uma afirmação histórica sobre a existência de Jesus. A expressão é comum na língua grega para indicar um cenário condicional e não implica em dúvida quanto à presença histórica de Jesus.
  • Fonte acadêmica: Richard Bauckham, em Jesus and the God of Israel, descreve como o autor de Hebreus frequentemente emprega a linguagem do templo celestial em oposição à terrena para enfatizar a superioridade de Jesus como Sumo Sacerdote (Bauckham, 2009). Essa construção gramatical reforça o papel espiritual de Jesus, sem desqualificar sua presença física.

Refutação Acadêmica Ponto a Ponto

  1. Contexto Geral da Carta aos Hebreus

    O autor do vídeo menciona que Hebreus apresenta uma visão de Jesus como um “sacerdote celestial”, e que tudo relacionado a ele seria espiritual. No entanto, essa interpretação carece de uma análise completa do contexto. A carta aos Hebreus exalta Cristo como um sacerdote superior ao sistema levítico, mas reconhece sua encarnação e sacrifício terreno como essenciais para a sua função sacerdotal (Hebreus 2:14, 5:7-10). A encarnação física de Jesus é um dos temas centrais da obra, ao enfatizar que ele compartilhou a condição humana para realizar a redenção.
  2. Análise do Verbo Grego ἦν (ēn)

    No versículo Hebreus 8:4, o verbo grego ἦν (ēn) é traduzido como “se ele estivesse na Terra” ou “se ele estivesse aqui”. A argumentação de que o verbo deveria significar que ele “nunca esteve” na Terra falha em sua análise gramatical e teológica. O verbo está no imperfeito do modo indicativo, usado em condicional para expressar uma situação hipotética presente — não negando uma existência passada, mas estabelecendo uma condição: “se Jesus estivesse agora na Terra, ele não seria sacerdote”. Essa estrutura condicional aponta para o fato de que, como Jesus está atualmente no céu, ele exerce seu sacerdócio ali.
  3. Interpretação Condicional de Hebreus 8:4

    Hebreus 8:4 estabelece uma condição: se Jesus estivesse na Terra, ele não atuaria como sacerdote, pois os sacerdotes terrestres eram levitas. Essa condicional não implica que Jesus nunca esteve na Terra, mas sim que sua função sacerdotal plena ocorre no céu, após sua ressurreição e ascensão. A compreensão da passagem é que Jesus está presente no santuário celestial, intercedendo pelos fiéis, enquanto o sacerdócio levítico se refere ao templo terrestre.
  4. Conexão com o Sacerdócio Levítico

    O vídeo sugere que o autor de Hebreus consideraria toda a atuação de Jesus como algo “espiritual” e não físico. Essa visão, contudo, desconsidera o conceito de sacrifício na carta, onde o autor afirma que Jesus ofereceu a si mesmo como um sacrifício (Hebreus 9:12-14). Hebreus enfatiza que Jesus passou por sofrimento e morte reais, elementos essenciais para cumprir sua obra redentora, o que contradiz a interpretação de que a obra de Jesus foi exclusivamente espiritual.
  5. Refutação à Alegação de Docetismo

    No vídeo, o autor sugere uma possível relação com o docetismo, uma heresia antiga que negava a realidade física de Cristo. Contudo, Hebreus claramente refuta qualquer ideia docética ao insistir que Jesus participou plenamente da carne e do sangue (Hebreus 2:14) e sofreu tentação e dor (Hebreus 4:15). O autor de Hebreus se opõe ao docetismo ao destacar a plena humanidade e os sofrimentos físicos de Jesus, que foram essenciais para seu papel como redentor e sacerdote.
  6. Análise de Hebreus 2:9-10 e Hebreus 10:5-10

    O argumento do vídeo ignora Hebreus 2:9-10 e Hebreus 10:5-10, que falam explicitamente sobre a encarnação e o sacrifício terreno de Jesus. Hebreus 2:9 afirma que Jesus foi “feito um pouco menor do que os anjos” e “sofreu a morte” em benefício da humanidade, e Hebreus 10:5-10 destaca que Cristo veio em um “corpo preparado” para ele, o que indica sua presença física. Essas passagens são claras em afirmar a presença de Jesus na Terra, refutando a interpretação de que ele nunca esteve fisicamente aqui.
  7. Interpretação Teológica do Santuário Celestial

    A visão apresentada no vídeo interpreta o santuário celestial como uma prova de que a atuação de Jesus é puramente espiritual. No entanto, a teologia de Hebreus aponta para um ministério duplo: Jesus ofereceu a si mesmo em sacrifício físico na Terra, e agora atua como sacerdote no céu, intercedendo por seus seguidores. O santuário celestial, portanto, não invalida a presença histórica de Jesus na Terra, mas complementa sua missão redentora.

. Análise de Lucas 18:23

Em Lucas 18:23, o versículo diz:

  • Grego: “ὁ δὲ ἀκούσας ταῦτα, ἐλυπήθη, ἦν γὰρ πλούσιος σφόδρα.”
  • Transliteração: “ho de akousas tauta, elypēthē, ēn gar plousios sphodra.”
  • Tradução: “Mas, ouvindo isso, ele se entristeceu, porque era muito rico.”

Aqui, o verbo “ἦν” (ēn) está no imperfeito e é usado para descrever o estado de uma pessoa no passado — no caso, a condição de ser rico de alguém. O imperfeito é empregado para descrever uma característica ou uma condição que estava em vigor no passado, sem implicar em dúvida sobre a realidade dessa característica. Ou seja, não se está dizendo “se ele tivesse sido rico” no sentido de uma possibilidade irreal, mas afirmando uma realidade passada.

A construção condicional “εἰ” (se) em Lucas 18:23 não está questionando a existência da riqueza do homem, mas colocando uma condição sobre sua atitude, caso ele fosse capaz de agir de outra maneira (por exemplo, vender seus bens e seguir Jesus). O foco é uma hipótese sobre uma ação (vender bens), não sobre a existência da riqueza.

O Ronaldo tenta usar João 3:1 para apoiar a alegação de que a tradução de Hebreus 8:4 deveria ser “se ele tivesse existido ou estado na terra”. Vamos analisar João 3:1 e refutar essa tentativa, observando o contexto e o significado das palavras.

João 3:1 – Contexto

João 3:1 diz:

“Ἦν ἀνὴρ ἐκ τῶν Φαρισαίων, ὀνόματι Νικόδημος, ἀρχισυνάγωγος.”
“Hēn anēρ ek tōn Pharisaiōn, onomati Nikōdēmos, archisunagōgos.”

A tradução de João 3:1 seria algo como:
“Havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, um chefe dos judeus.”

Nesse versículo, o verbo “Ἦν” (ēn) é uma forma do verbo “εἰμί” (ser/estar) no imperfeito, indicando uma ação contínua no passado. O versículo não está fazendo uma afirmação de condicionalidade, mas uma declaração factual e temporal sobre a existência e o papel de Nicodemos no contexto específico da narrativa.

O Argumento de Ronaldo com João 3:1

Ronaldo pode estar tentando fazer uma analogia entre o uso do verbo “Ἦν” em João 3:1 e o uso de “ἐπὶ γῆς” em Hebreus 8:4 para sugerir que, assim como o verbo “en” poderia indicar uma “existência” ou “presença” contínua no passado, o verbo “ἦν” em Hebreus 8:4 poderia ser traduzido da mesma forma: “se ele tivesse existido” ou “se tivesse estado na terra”.

Refutando a Analogia

  1. Diferentes Propósitos e Contextos
    • João 3:1 fala de uma pessoa real, Nicodemos, que era uma figura histórica, reconhecível e conhecida. O verbo “Ἦν” é usado para descrever um fato passado, uma existência de uma pessoa no contexto histórico. A frase em João 3:1 não está em dúvida ou questionando a existência de Nicodemos; está simplesmente fazendo uma declaração factual sobre ele.
    • Hebreus 8:4 não está fazendo uma simples declaração factual sobre a existência histórica de Jesus. Ele está fazendo uma afirmação teológica sobre o status de Cristo em relação ao sacerdócio. O verbo “ἦν” em Hebreus 8:4 (no contexto de “se ele estivesse na terra”) trata de um cenário hipotético, onde a função sacerdotal de Jesus não seria compatível com a função sacerdotal terrestre. O uso de “ἐπὶ γῆς” implica uma comparação, não uma dúvida sobre a existência de Jesus.
  2. A Natureza do Uso de “ἦν” em Hebreus 8:4
    • O verbo “ἦν” em Hebreus 8:4 está no modo indicativo, mas com uma construção condicional (como “se estivesse”). Isso implica uma situação hipotética ou não-real, não uma dúvida sobre a existência de Jesus.
    • A tradução de “ἐπὶ γῆς” como “se ele estivesse na terra” não sugere que Jesus não existia, mas sim que, caso estivesse fisicamente presente na terra, ele não atuaria como sacerdote, pois sua posição é superior à dos sacerdotes terrenos que oferecem sacrifícios na terra.
  3. Diferença Fundamental entre João 3:1 e Hebreus 8:4
    • João 3:1 está relatando um fato histórico sobre a existência de uma pessoa (Nicodemos). O verbo “Ἦν” é usado aqui para relatar a existência de alguém no passado.
    • Hebreus 8:4, por outro lado, está tratando de uma realidade teológica e de uma comparação entre o sacerdócio de Cristo no céu e o sacerdócio terreno. O verbo “ἦν” e a expressão “ἐπὶ γῆς” não estão questionando a existência de Jesus, mas fazendo uma comparação entre o sacerdócio de Jesus no céu e o sacerdócio dos homens na terra.

Agora, vamos refutar esse ponto de vista, considerando o contexto e a análise de ambos os versículos.

1. Contexto de João 5:2

João 5:2 descreve a piscina de Betesda em Jerusalém e um local específico onde muitas pessoas se reuniam para buscar cura, dependendo do movimento das águas. O versículo utiliza uma construção que se refere a um lugar físico e a um momento específico (as águas se movendo, as pessoas esperando).

Aqui está a chave: “ἑστὶν” (hestìn), uma forma do verbo “εἰμί” (ser/estar), é uma declaração factual de presença no presente, não uma especulação ou hipótese de algo que poderia ter ocorrido em um contexto histórico ou metafísico, como em Hebreus 8:4.

2. Contexto de Hebreus 8:4

Em Hebreus 8:4, o autor está falando de Jesus no contexto da sua função sacerdotal, e a frase “ἐπὶ γῆς” (epi gēs) — “na terra” — é uma indicação de um contexto diferente: uma realidade presente ou um estado hipotético. O versículo está contrastando a função de Jesus com a dos sacerdotes humanos que oferecem sacrifícios na terra, sugerindo que, se Jesus estivesse aqui na terra, ele não seria sacerdote, pois ele ocupa uma posição superior no céu.

A ideia de que a frase em Hebreus 8:4 poderia ser traduzida como “se ele tivesse existido” ou “se ele tivesse estado na terra” é incorreta. O uso de ἐπὶ γῆς não é uma condicional ou uma suposição sobre a existência de Jesus, mas sim uma afirmação sobre o contexto de sua presença física na terra e a natureza de sua função sacerdotal comparada aos sacerdotes terrenos.

3. Comparação dos Versículos

  • João 5:2 fala de algo físico, local e temporal (a piscina de Betesda). A frase “ἑστὶν” (está) descreve um estado atual, uma localização geográfica.
  • Hebreus 8:4 fala de uma realidade mais elevada, metafísica e teológica: a comparação entre a função de Cristo e dos sacerdotes terrenais. A frase “ἐπὶ γῆς” está lidando com uma comparação, e não uma questão de existência histórica ou de um lugar físico. Jesus não seria sacerdote “se estivesse na terra”, não porque ele “não existisse”, mas porque ele exerce sua função sacerdotal no céu, o que é superior aos sacerdotes terrenos.

Conclusão

A alegação de Ronaldo de que a tradução de Hebreus 8:4 deveria ser “se ele tivesse existido” não é substanciada pelo uso linguístico e teológico do versículo. João 5:2 e Hebreus 8:4 lidam com contextos diferentes. João descreve um evento físico e temporal específico (uma piscina em Jerusalém), enquanto Hebreus fala de uma função espiritual e teológica superior de Jesus, não de uma dúvida sobre sua existência histórica.

Portanto, a tradução de Hebreus 8:4 como “se ele estivesse na terra” é a mais adequada, pois descreve uma realidade teológica, não uma dúvida sobre a existência de Jesus.

Conclusão

A alegação de Ronaldo de que Hebreus 8:4 deveria ser traduzido como “se ele tivesse existido ou estado na terra” com base em João 3:1 não é válida. João 3:1 está fazendo uma declaração factual sobre a existência de Nicodemos, enquanto Hebreus 8:4 usa uma construção condicional para afirmar que, caso Jesus estivesse na terra, ele não seria sacerdote, pois ele exerce uma função sacerdotal superior no céu.

A tradução correta de Hebreus 8:4 é “se ele estivesse na terra”, pois isso não questiona a existência de Jesus, mas se refere ao seu papel como sacerdote comparado aos sacerdotes terrenos.

Resumo da Questão

Ronaldo sugere que a expressão em Hebreus 8:4, “se ele estivesse na terra”, deveria ser traduzida como “se ele tivesse existido”, colocando em dúvida a existência de Jesus. No entanto, isso é um erro de interpretação do grego.

Explicação Simples

  1. Construção Condicional: O grego em Hebreus 8:4 usa uma forma que indica uma hipótese contrária ao fato, algo como “se ele estivesse na terra (mas ele não está)”. O verbo usado não indica dúvida sobre a existência de Jesus, mas apenas imagina onde ele estaria, caso estivesse na terra.
  2. Localização, Não Existência: A frase fala da localização de Jesus — “na terra” ou “no céu” — e não da sua existência. O texto assume que Jesus existe, mas que Ele não está na terra porque já ascendeu ao céu.
  3. Significado Teológico: O autor quer mostrar que, por Jesus estar no céu, Ele tem um sacerdócio superior. Se Jesus estivesse na terra, Ele estaria no nível dos sacerdotes humanos, mas como está no céu, seu sacerdócio é especial.

Traduzir como “se ele tivesse existido” não faz sentido no contexto do grego e distorce a intenção do autor de Hebreus, que não questiona a existência de Jesus, mas explica Seu papel como sacerdote celestial.

Conclusão

A interpretação de que Hebreus 8:4 nega a presença física de Jesus na Terra carece de fundamentos exegéticos e teológicos. Hebreus apresenta Jesus como um ser humano que sofreu, morreu e ressuscitou, e que, por meio desses eventos, assumiu sua função sacerdotal. O uso do verbo ἦν no contexto condicional do versículo não implica inexistência passada, mas sim uma condição presente em relação ao sacerdócio celestial. Essa abordagem acadêmica considera a carta aos Hebreus como uma obra que enfatiza tanto a plena humanidade de Jesus quanto sua função intercessora após a ascensão.

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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