A ateísta de TikTok Elaine vem com mais esse vídeo simplista já respondido várias vezes e com as mesmas alegações de sempre “a ciência trata com fatos empíricos e a religião com crença”, etc.
Vamos refutar cada ponto.
O vídeo “Religião e Ciência” apresenta uma série de alegações comuns na cultura contemporânea: a ideia de que as crenças religiosas são incompatíveis com os avanços científicos, especialmente em temas como a origem da vida, do universo e da humanidade. A narrativa sugere que a religião estaria presa ao passado, enquanto a ciência avança com base em evidências. Neste artigo, responderemos ponto a ponto às principais alegações do vídeo, oferecendo uma análise filosófica, teológica e científica.
1. “A religião fez afirmações sobre o mundo e com o tempo a ciência veio desafiando muitas dessas ideias.”
Resposta:
É verdade que, ao longo da história, houve interpretações religiosas que entraram em conflito com teorias científicas emergentes. Mas é essencial distinguir entre:
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Teologia (interpretação das Escrituras)
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Cosmologia ou biologia antiga (cosmovisões humanas da época)
Nem toda leitura religiosa é infalível. Por exemplo, a Igreja Católica inicialmente resistiu a Galileu não por causa da Bíblia, mas porque adotava o modelo aristotélico-ptolemaico como absoluto.
👉 Conclusão: O conflito não está entre “ciência e fé”, mas entre modelos científicos e interpretações humanas específicas das Escrituras.
2. “A ciência explica o universo, a origem da vida e até a nossa existência — mas contradiz o que as religiões pregam há séculos.”
Resposta:
Isso pressupõe que a Bíblia foi escrita como um tratado científico, o que é um equívoco. A Bíblia é um texto teológico, que transmite verdades sobre Deus, o ser humano e o propósito da existência.
Ex: Gênesis 1 não é um manual científico, mas um texto poético-teológico que afirma:
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Deus é o Criador
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A criação é boa
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O ser humano tem dignidade
Não é necessário escolher entre ciência e fé. Muitos cristãos (incluindo cientistas como Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano) reconciliam evolução e teísmo por meio da ideia de “evolução dirigida por Deus”.
Em primeiro lugar, a ciência é uma ferramenta poderosa, mas limitada ao estudo do mundo natural. Ela nos informa sobre como os processos físicos ocorrem, mas permanece silenciosa quanto ao porquê de sua existência. Perguntas como “Por que existe algo em vez de nada?”, “Qual a origem das leis da física?” ou “Qual o fundamento objetivo do valor moral?” são questões filosóficas e metafísicas, não empíricas. Negar isso é ultrapassar os limites epistemológicos da ciência.
Em segundo lugar, a ideia de que ciência e religião estão em conflito é um mito difundido por narrativas populares, mas refutado por historiadores da ciência. Muitos dos grandes cientistas do passado — como Kepler, Newton e Pascal — viam sua ciência como uma forma de compreender a criação divina. O próprio surgimento da ciência moderna foi sustentado pela cosmovisão judaico-cristã, que acreditava em um universo ordenado e inteligível.
3. “A teoria da evolução contradiz a criação em seis dias.”
Resposta:
A afirmação parte de uma leitura literalista de Gênesis (6 dias de 24h), que não representa todas as tradições cristãs. Muitos teólogos, como Santo Agostinho (século IV), já diziam que os “dias” em Gênesis não são dias literais, mas simbólicos ou metafóricos.
A evolução é um mecanismo natural que não exclui Deus. O próprio Papa João Paulo II afirmou que a evolução é “mais do que uma hipótese”. O teísmo evolutivo sustenta que Deus criou através de processos naturais, como a evolução — uma visão compatível com a Bíblia.
4. “A ciência explica o Big Bang. As religiões dizem que o universo foi criado por Deus.”
Resposta:
Aqui está um falso conflito. O Big Bang é uma teoria científica sobre a origem do espaço-tempo e da matéria. Mas não explica por que ou quem causou o Big Bang.
Quem criou a teoria do Big Bang foi um padre e físico católico: Georges Lemaître.
William Lane Craig defende, com base na cosmologia moderna e na lógica, que:
Tudo que começa a existir tem uma causa (princípio da causalidade)
O universo começou a existir (Big Bang + argumentos filosóficos)
Logo, o universo tem uma causa transcendente e pessoal (Deus)
A ciência explica o “como”; a teologia responde ao “por quê”. As duas abordagens não se anulam.
Quanto à evolução ou ao Big Bang, não há nenhuma razão lógica para que essas teorias sejam vistas como incompatíveis com a fé cristã. De fato, muitos teístas aceitam a evolução como o meio providencial pelo qual Deus criou a vida. Quanto ao Big Bang, ele aponta para o fato de que o universo teve um início — o que está em profunda consonância com a doutrina da criação ex nihilo (do nada).
5. “A ciência não está tentando provar que Deus não existe… mas as religiões se baseiam em crenças sem comprovação empírica.”
Resposta:
Correto: a ciência não nega Deus. Mas é falso dizer que a fé não tem base racional.
A fé cristã se apoia em:
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Evidências históricas (Ressurreição de Jesus — cf. Craig, N.T. Wright)
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Argumentos filosóficos (cosmológico, moral, do design, consciência)
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Experiência pessoal e transformação humana
Ciência e fé são epistemologias diferentes, mas complementares:
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A ciência lida com o mundo físico
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A fé lida com o sentido, propósito e realidade última
6. “Por que muitas pessoas preferem acreditar na religião, mesmo diante das evidências científicas?”
Resposta:
A pergunta pressupõe que a ciência refutou a fé — o que não é verdade.
Muitos cientistas são religiosos:
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Francis Collins (genética)
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John Polkinghorne (físico quântico e teólogo)
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Alister McGrath (bioquímico e teólogo)
As pessoas continuam religiosas porque a ciência não responde às questões fundamentais da existência, como:
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Qual o sentido da vida?
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O que é o bem e o mal?
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Existe vida após a morte?
A religião não é uma fuga da razão, mas uma resposta a dimensões da realidade que a ciência não alcança.
7. “A religião não muda com as novas evidências.”
Resposta:
A fé cristã não muda em seu conteúdo central, mas muda em sua compreensão e diálogo com o mundo.
Exemplos:
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A Igreja Católica revisou sua posição sobre Galileu.
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A teologia hoje dialoga com neurociência, física e psicologia.
A fé verdadeira não teme a ciência. Ela busca a verdade, pois Deus é o autor de toda verdade — revelada ou descoberta.
Finalmente, o vídeo acusa a fé de ser inflexível, mas isso é uma caricatura. A fé cristã bem fundamentada é racional, aberta à investigação e capaz de dialogar com a ciência. A verdadeira questão não é se a ciência contradiz a religião, mas sim qual cosmovisão fornece a melhor explicação para todos os aspectos da realidade — física, moral, racional e existencial.
8. “Se você ainda acredita que todas as respostas estão nas Escrituras, talvez precise de uma nova perspectiva.”
Resposta:
A fé cristã não afirma que todas as respostas científicas estão na Bíblia, mas que as verdades fundamentais sobre Deus, o homem e a salvação estão nas Escrituras.
A nova perspectiva sugerida pelo vídeo é secularista, e não neutra. Ela propõe substituir a fé pelo cientificismo — a crença de que só a ciência pode nos dar conhecimento real. Isso é uma visão filosófica, e não científica — e ela mesma não é testável.
William Lane Craig: “A fé cristã é racional, e é perfeitamente compatível com a melhor ciência que temos hoje.”
Portanto, em vez de ver a ciência como rival da religião, deveríamos vê-la como aliada na busca pela verdade. A fé cristã continua não apenas relevante, mas intelectualmente robusta, oferecendo uma base coerente e satisfatória para o entendimento do universo — tanto em suas leis naturais quanto em seu significado último.
📚 Conclusão
A ideia de que ciência e religião estão em guerra é um mito do século XIX (John Draper e Andrew White). A verdade é que muitos avanços científicos foram realizados por pessoas religiosas. O conflito, na maioria das vezes, ocorre entre interpretações falhas das Escrituras e o cientificismo exagerado.
A fé cristã:
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Não rejeita a ciência
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Não teme a investigação
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Está aberta ao diálogo com o conhecimento
A fé não é ignorância. Ela é uma resposta racional à revelação de Deus, que pode ser sustentada tanto pela razão quanto pela experiência, tanto pela filosofia quanto pela ciência.
Poderá ver o vídeo no youtube Aqui