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Resenha: “Atirando em Deus: por que os neo-ateus estão errando o alvo”

Gunning4God

“Os recentes livros divulgando o ateísmo foram mais baseados numa dispepsia do que na razão desapaixonada. Neste livro, John considera as mais atuais e abalizadas descobertas e evidencias da ciência, da física e da biologia, e demonstra que o quadro é muito diferente do que nos foi dito.” – Michael Behe, autor, A Caixa Preta de Darwin

“Uma brilhante argumentação da reavaliação da relação entre ciência e religião, que lança nova luz sobre bem-vindos grandes debates atuais. Uma leitura obrigatória para todos refletirem sobre as grandes questões da vida.” -Alister McGrath, autor de Vislumbrando o Rosto de Deus

O livro Gunning for God: Why the New Atheists are Missing the Target (Atirando em Deus: por que os neo-ateus estão errando o alvo) é mais um rico exemplar da alta literatura apologética de nível que responde aos ataques e alegações dos ateístas contra o cristianismo. O melhor elogio que eu poderia dar a este livro é que seria difícil até mesmo para o seu crítico mais ferrenho não admitir que ele aplica alguns golpes muito precisos. O rescaldo do 11/9 viu a crescente visibilidade de um pequeno grupo de ateus vociferantes que fizeram ataques mordazes sobre a religião em geral e o cristianismo em particular. São os que agora são denominados mais exatamente como neo-ateus ou ateístas militantes. Mais conhecido no Reino Unido é Richard Dawkins, autor do livro Deus: um delírio. Outros incluem Christopher Hitchens, Sam Harris, Daniel Dennet e Michael Onfray.

John Lennox é professor de Matemática na Universidade de Oxford e de Matemática e Filosofia da Ciência no Green Templeton College. Ele já se engajou com alguns dos novos ateus em debates públicos. Este livro é um produto desses debates. Alister e Joanna McGrath, Keith Ward, David Bentley Hart e outros escreveram críticas de argumentos dos Novos Ateus. Por que outro livro sobre eles? Lennox diz: “para demonstrar a importância das questões e a extensão da análise de interesse público dos argumentos novos ateus de tantos ângulos diferentes quanto possível” (p. 14). Ele tem dois ângulos particulares. O primeiro é mostrar que “o Novo Ateísmo não é a posição padrão automática para todas as pessoas que pensam que possuem a ciência em alta consideração” (p. 15). O segundo é a importância de não apenas responder aos “argumentos” dos novos ateus mas “também apresentar de forma positiva evidências detalhadas para a verdade do cristianismo” (p. 15).
De acordo com Lennox, uma tentativa para “atirar em Deus” é um salto que se apresenta com inúmeros problemas intransponíveis. Primeiro: o crítico precisa 220px-John_Lennoxdo “amiguinho” de Al Pacino para montar um ataque contra Deus, quando na realidade, o suposto assassino só tem uma pistola de água. Segundo problema: uma vez que todas as coisas fornecem, direta ou indiretamente, evidência para o teísmo, eles não têm munição. Assim, o Dr. Lennox desarma os novos ateus por filosófica e epistemologicamente refutar as falhas de seus argumentos inadequados. Em “Atirando em Deus: Uma crítica do Novo Ateísmo”, o autor deliciosamente se entretém enquanto prepara o leitor para neutralizar os combativos novos ateus em um engate.O livro apresenta os seguintes capítulos:1. Deus e a fé são inimigos da razão e da ciência?
2. A religião é venenosa?
3. O ateísmo é venenoso?
4. Podemos ser bons sem Deus?
5. O Deus da Bíblia é um déspota?
6. A expiação é moralmente repulsiva?
7. Os milagres são pura fantasia?
8. Será que Jesus ressuscitou dos mortos?
9. Reflexões finais.Lennox oferece uma defesa que demonstra que muitas das principais discordâncias entre teísmo e ciência não são genuínas, mas são muitas vezes baseadas em mal-entendidos, pressupostos falhos e falsas caracterizações. Ele começa por argumentar que a ciência é compatível com a fé, e certamente a ciência fornece evidência para a crença teísta. Em seguida, ele aborda vários equívocos populares da história da relação entre ciência e fé, e entre fé e violência. Lennox considera possíveis ligações entre o ateísmo e a violência, antes de concluir que ambas as visões de mundo são suficientes e capazes de semear as sementes do ódio.O autor apresenta o problema de Hume “é-dever”, aplicada à moralidade materialista. Se o universo é composto apenas de matéria, como o argumento popular proclama, então tudo o que podemos dizer sobre qualquer coisa, é que “é”. Nós não podemos derivar a moralidade, que se baseia em “deveres” fora do que simplesmente ‘é’. Se o universo apenas “é”, a moralidade precisa ser redefinida.Algumas das coisas que Lennox escreve agora se tornaram reconhecidamente clichê padrão neste campo, mas não menos saborosas por causa disso. A primeira é a confusão entre se as leis da natureza descrevem ou controlar os acontecimentos. Lennox não tem medo de enfrentar os gigantes nestes domínios. Respondendo ao argumento de Stephen Hawking em Uma Breve História do Tempo de que o universo não tem necessidade de um Criador, ele observa, juntamente com filósofos e físicos que as leis físicas descrevem em vez de explicam:

As leis físicas … são apenas uma descrição (matemática) do que normalmente acontece sob certas condições dadas. A lei da gravitação de Newton não cria a gravidade, que nem sequer explica a gravidade, como o próprio Newton percebeu. (p. 33)

Ou seja, na insistência de Hawking de que o universo não precisa de Criador por causa da existência da gravidade, ele “não conseguiu responder à questão central: por que existe algo em vez de nada?” (p. 35). Também útil é o fato de Lennox esclarecer o uso do termo “fé”, destacando a falsa disjunção entre e conhecimento, que tem causado problemas sem fim, desde que foi introduzido pelo filósofo iluminista Immanuel Kant (pp. 42-43). Os novos ateus fizeram desta disjunção seu paradigma para a compreensão das afirmações religiosas, e Lennox prestativamente demonstra o erro dos críticos nisso. Começamos a ver, mais uma vez, a cegueira deliberada dos céticos a qualquer coisa que não se encaixa seus pressupostos preconceituosos sobre seus adversários.
Onde Atirando em Deus começou a realmente a me envolver foi nos próximos capítulos, onde Lennox entra em um campo de moralidade mais filosófica. Tal como acontece com o resto do livro, esta é uma mistura de argumentação apologética e polêmica (ou, se quiser, o jogo defensivo e ofensivo). Nesta arena, a polêmica é bem justificada: os neo-ateus associam os suicidas islâmicos com os cristãos evangélicos. Lennox é contundente:

Há uma ironia profunda no fracasso dos Novos Ateus para discriminar entre as religiões, pois eles esperam claramente todos os outros discriminem entre ateus. Eles próprios, como  auto-confessos amantes da paz, não gostariam de ser arbitrariamente classificados com extremistas violentos de sua própria visão de mundo, como Stalin, Mao e Pol Pot. (p. 61)

Lennox é fulminante em estar preparado para ir para a ofensiva em apontar essa “inconsistência flagrante”. Na verdade, é uma força de toda a sua apresentação, já que implacavelmente aponta os padrões duplos de seus oponentes. No entanto, ao contrário daqueles que critica, está igualmente pronto a afirmar que eles não se comportam dessa maneira. No entanto, Lennox apresenta não só a fraqueza das afirmações dos neo-ateus, mas o mais importante é a escassez de seu método: eles deturpam os ensinamentos de Cristo sobre a violência e a subsequente história da cristandade (p. 69), pois eles não fazem distinção de entendimento entre os nascido em culturas cristãs (cristãos nominais e culturais) e pessoas com genuína fé cristã (p. 71) e não fazem o mínimo esforço em salientar e dar crédito por tudo de bom trazido pelos cristãos em nossa cultura ocidental (pp. 73-74), e assim por diante. A metodologia dos ateístas é tão fraca que Lennox mostra-nos cientistas menos estridentes, mas não menos ateus, que os criticam neste campo.
Sem dúvida, a parte mais forte de todo o exercício é combate da questão da moralidade em si. Lennox nos levao ao coração do dilema neo-ateu que pretendem nos retratar como não mais do que um produto aleatório (mas naturalmente selecionados) de nosso DNA, ao mesmo tempo em que fazem fortes declarações morais sobre nós. No entanto, como é que essa visão materialista lhes dá o direito de fazer afirmações sobre moralidade?

Estamos claramente lidando aqui com uma forma extrema de reducionismo materialista que vê os seres humanos como nada mais do que seus genes … gerações de seres humanos são apenas máquinas ou veículos para reproduzir o que Dawkins chama de “genes egoístas”. Mas em que sentido, então, é possível basear a moralidade em nossos genes? (p. 107)

Como os padrões de Dawkins, Hitchens, ou de qualquer outra pessoa podem ser meras convenções humanas limitadas: produtos sem sentido de um processo evolutivo cego, não guiado? Assim, longe de fornecer uma explicação adequada para a moralidade, este ácido neo-ateu especial dissolve-os em incoerência. (p. 113)

Assim, os novos ateus “realmente ainda não começaram a entender as implicações de suas próprias crenças ateístas” e “não parecem ter tomado conta do fato de que seu ateísmo lhes retira… os valores morais de qualquer natureza” (p. 114).
No capítulo 5, ‘O Deus da Bíblia é um déspota?” ele introduz a segunda parte do livro. Neste capítulo, ele responde a insultos dos neo-ateus contra a moralidade da Bíblia. Ele lida com o tratamento de Israel dos cananeus, uma questão controversa mesmo entre os cristãos. Lennox trata com sensibilidade e fornece uma versão cuidadosamente argumentada da resposta clássica que foi um ato de julgamento divino sobre um povo extremamente mal. Ele, então, discute a importância da crença no julgamento de Deus para a crença na moralidade e da justiça em um mundo onde o mal prevalece.

Com uma prosa cativante clara, o Dr. Lennox oferece argumentos filosóficos e científicos vitais relevantes para o teísmo e ciência. Com extraordinária sofisticação, ele confronta e refuta as opiniões de famosos neo-ateus ao oferecer poderosas explicações que permitem concluir que o teísmo cristão não é apenas racional, mas tem provas notáveis de suas verdades. Aqui está uma apologia louvável para o teísmo cristão e da fé bíblica.

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