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Refutando o artigo “é a ‘Tradução do Novo Mundo’ uma Bíblia Sem Valor?”

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Este artigo visa responder um artigo de Carlos M. Silva, uma Testemunha de Jeová (o artigo original está aqui). Só vou citar partes do artigo que vejo serem ponderáveis para se discutir, pois senão o espaço seria demasiado. O texto do artigo está em citação e as minhas respostas em preto.

“A obra é em um inglês puro, bonito, claro, frequentemente direto, e muito agradável de se ler.” – Christian Evangelist.

Fonte das Citações: University of Chicago

Sabe a qual tradução os elogios acima se referem? Na sua opinião, qual é a
possibilidade de tais palavras se referirem à Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas? Se o leitor está à par do assunto, sabe que não existe nenhuma possibilidade disso ter acontecido, pois provavelmente a versão do Novo Mundo (versão oficial das Testemunhas de Jeová) é a tradução mais criticada que existe, por motivos vários. Os comentários acima são apenas alguns dos diversos que foram tecidos por ocasião do lançamento de uma certa tradução da Bíblia nos Estados Unidos.

A elogiadíssima Bíblia em apreço é a An American Translation, de Edgar Johnson Goodspeed, um conhecido erudito americano especializado em língua grega, Ph.D pela Universidade de Chicago, autor de diversas obras de referência. Com esse vasto currículo, e um conhecimento do grego incontestável, observe como o Dr. Goodspeed traduziu certos versículos do Novo Testamento em sua obra:

No princípio a Palavra existia, e a palavra estava com Deus, e a Palavra era divina.” – João 1:1.

E todos os anjos de Deus se inclinem diante dele [de Jesus].” – Hebreus 1:6.

Mas do filho ele diz: ‘Deus é teu trono para todo o sempre!’ ” – Hebreus 1:8.

Eu existia antes de Abraão ter nascido!” – João 8:58.

…. [Cristo] veio fisicamente deles [dos judeus] – Deus que é sobre todos seja abençoado para sempre.” – Romanos 9:5.

O autor começa por citar elogios à An American Translation, uma tradução da Bíblia feita por E. J. Goodspeed, um estudioso de grego da Universidade de Chicago. Note que o autor cita a fonte como sendo da Universidade de Chicago. Só que o autor deixou de dizer que a Universidade de Chicago é uma instituição liberal e a tradução dele foi feita com J. M. Povis Smith (enquanto as grandes traduções respeitáveis tem dezenas de pessoas trabalhando nelas). A tradução é ariana (veja mais detalhes aqui) e as TJ usam a mesma para defender seu ponto de vista. A atitude de Smith para com o nascimento de Jesus pela Virgem é vista como ele traduziu Is. 7:14 – “uma jovem mulher conceberá… ” Sua Bible Traduz Mt. 1:23 como “uma jovem conceberá…” – negando o nascimento pela Virgem. Mesmo se pudermos debater se a palavra hebraica significa virgem, não há nenhuma dúvida que a palavra grega parthenos na passagem em Mateus significa virgem. Este é  consenso erudito. A forma como ele traduz Mt. 1:23 é errada. Smith também considerava os milagres da Bíbla como mitos. Percebe-se que a STV usa todas as versões (obscuras e arianas em sua maioria) para defender a TNM. Seu argumento básico é “outras traduzem assim. Por que só a nossa é errada?” Como vimos, a An American Translation é ariana e posteriormente vamos comentar todos esses versículos.
Deve-se notar, antes de mais nada, que não comentarei todos os versículos citados pelo autor mostrando as diferenças entre as versões bíblicas. Se não fosse assim, não teria sentido em se chamarem “versões”. O que acontece é que, apesar das diferenças de traduções (gramaticais) NENHUMA tradução respeitável vai contradizer uma à outra (por exemplo, a NASB contradizer a Bíblia de Jerusalém) em aspecto DOUTRINAL (você não vai encontrar numa dizendo que Jesus é Deus e outra “um deus”). Só as bíblias que as TJ usam para defender e apoia a TNM traduzem de forma semelhante ao que eles querem.

O Dr. Goodspeed não era um apoiador da Tradução do Novo Mundo. Embora a Torre de Vigia (editora das Testemunhas de Jeová) alegue que recebeu uma carta dele parabenizando a Tradução do Novo Mundo [TNM], sabe-se que ele fez comentários depreciativos sobre a TNM (referente ao AT), e disse que ela não era recomendada para a leitura pública. (Questions For Jehovah’s Witnesses Who Love The Truth, Kunkletown, Pennsylvania, W.I. Cetnar, 1983, p. 64).

O fato é que a Despertai (22 de março de 1987) publica um “elogio” de Goodspeed a TNM dizendo que foi uma “carta” enviada por ele a STV. É claro que o Dr. Goodspeed não estava aqui a falar acerca das Escrituras Gregas (Novo Testamento), mas sim acerca das Escrituras Hebraicas (Velho Testamento) e os seus comentários favoráveis citados anteriormente referiam-se às Escrituras Gregas. Porém, como Robert Bowman nota em seu livro, Understanding Jehovah’s Witnesses (Baker Books, 1991), há alguma dúvida sobre a autenticidade da carta de Goodspeed. A carta não tem assinatura e parece ser uma cópia do original, se é que ele existiu (a Sociedade não produziu um original assinado). Segundo, apesar da carta ser datada de 1950, não foi usada pela Sociedade para favorecer a TNM até 1982. Terceiro, a carta contém várias críticas da TNM, mas nenhuma sobre as traduções mais controversas – o que parece estranho, já que a própria tradução de Goodspeed difere dramaticamente com a TNM em alguns textos chaves. Finalmente,o dr. Walter Martin, a quem Bowman conheceu, informou depois que Goodspeed criticou como a TNM traduz Jo. 1:1 em uma conversa pessoal em 1958. Assim, não há nenhuma evidência segura que Goodspeed elogiou a TNM; há muita evidência que ele recusou a parte hebraica da TNM e sugestiva evidência circunstancial que ele não aprovou o texto grego da TNM.

Sabe-se que os tradutores da TNM não possuíam conhecimento acadêmico das línguas originais, com exceção de Frederic Franz, ex-presidente da Watchtower.

Que bom que a história não é mais tão secreta assim, não é mesmo? Afinal, é sempre bom saber quem são os tradutores de tal Bíblia. O autor mesmo afirma que a história já está em aberto hoje, tanto é que se pode ver o dossiê dos tradutores da TNM. Mas o fato é que STV ocultou este fato por longo tempo dando a parecer que estava “louvando a Jeová” e deixando no anonimato o “servo fiel e discreto”. Mas o dique estourou e agora até as próprias TJ admitem os nomes dos “tradutores”, mesmo tentando esconder por longo tempo. Note que o autor mesmo reconheceu que eles não possuíam conhecimento acadêmico das línguas originais.

Compensaram a falta de formação lingüistica com um exaustivo trabalho de garimpagem técnica, que teve como resultado uma tradução repleta de ferramentas de pesquisa não disponíveis nem em versões bem conceituadas nos círculos acadêmicos

Que bom. Mas isto não é tão supreendente assim. As “notas” de referência da TNM não são maiores que as Bíblias que eu tenho. Pelo menos, a TNM reconhece em alguns versículos como deveria ser a tradução correta e coloca isto em nota. Mas por que não colocaram na tradução propriamente dita e sim numa nota?

Há os que defendem a idéia de que a TNM é uma paráfrase da famosa versão Rei Jaime [King James]. No entanto, comparando o texto hebraico da Bíblia Hebraica Stuttgartensia [BHS], que segundo a Torre de Vigia é o texto-base da TNM, nota-se que a TNM não raro segue a BHS e diverge da King James

Não digo que a TNM é uma paráfrase da KJ. Nosso autor devia avisar ao pessoal que a TNM segue (ou pelo menos alega) o Texto Crítico. A KJ (e a Almeida CF) seguem o Texto Recebido, com os massoretas no AT. A TNM é de uma linguagem estranha e a edição portuguesa é de uma irritante tradução do inglês.

Por exemplo, observe o Salmo 58:2 em duas versões:

“É verdade que falais o que é correto, ó deuses? Julgais a humanidade imparcialmente?” – An American Translation.

“É verdade que opinais com justiça, ó seres divinos? Que julgais retamente os filhos de Adão?” – Bíblia de Jerusalém.

O autor passa então a este versículo para comentar as outras bíblias e a TNM. Um caso gramatical, não envolvendo DOUTRINA. Como disse, as variações das versões bíblias RESPEITÁVEIS não chegam ao pé do número de erros distorcidos que a TNM faz e que vamos analisar depois.

Percebeu que no lugar de “deuses” a TNM colocou “silêncio”? Isso acontece porque no Salmo 58:2 há uma palavra hebraica (/ – ! ) que permite os dois significados, dependendo dos pontos vocálicos associados à ela. (Lembre-se que no hebraico antigo não havia pontos vocálicos). Tanto ela pode ser lida ’elim ( ), que significa “deuses”, como ’elem ( ) que significa “silêncio”. A BHS contém os pontos vocálicos para se ler ’elem (“silêncio”), divergindo da King James. A TNM vocalizou de acordo com a BHS. Isso demonstra que os autores da TNM levaram em consideração o texto hebraico e não seguiram a Rei Tiago [Rei Jaime]. (Embora vocalize elem, a BHS menciona em uma nota a possibilidade de / – ! significar eilim. N.H. Snaith, em sua Bíblia Hebraica, também vocaliza a palavra / – ! para ser lida ’elem Hebrew Old Testament [1970], Israel).

A minha Bíblia de Jerusalém coloca isto em nota. E daí? Não existe uma única tradução da Bíblia perfeita. É preciso se comparar várias para se ter um sentido em alguns versículos. Mas TODAS as bíblias RESPEITÁVEIS podem ser comparadas. É para isso que se chamam “versões”. Minha Bíblia TEB coloca isto bem explicado também em nota de rodapé. Não é preciso cantar louros para a TNM ainda (e não estou “perseguindo” a TNM, por ser A Bíblia, como as TJ gostam de dizer. Falaria contra qualquer bíblia que parafraseasse para defender sua teologia).

As críticas mais ferrenhas tecidas contra a TNM geralmente se restringem às chamadas passagens cristológicas. Com relação a elas, a Torre de Vigia conseguiu um grande feito: descobriu que praticamente todos esses versículos possuem outras possibilidades aceitáveis de tradução, muitas vezes corroboradas por peritos e obras bem conceituadas do mundo erudito. Por mais que apologistas católicos e protestantes não reconheçam, isso é um fato. Alguns exemplos serão aqui fornecidos.

Não são “críticas” simplesmente porque a TNM faz certinho e todo mundo está errado, mas porque pelas regras das linguagens bíblicas eles mexem com esses versículos-chaves. A Torre de Vigia descobriu outras possibilidades de tradução ou INVENTOU essas regras? Sim, porque não existe nada no grego que apóie sua tradução de Jo.1.1. E não adianta ficar apontando “contradições” na Almeida (que é a versão mais usadas pelos protestantes). Eu uso a BJ (que é mais usada pelos católicos). Nenhuma diferença, só os livros deuterocanônicos. Os “achados” que as TJ fazem na Almeida são insignificantes perto dos distorcidos da TNM. “Corroboradas por peritos e obras bem conceituadas”? Gostaria de ver que peritos são esses porque os VERDADEIROS peritos citam tudo contra a TNM (note também que a STV é especialista em citar autores fora do contexto para defendê-la. Como não tem conhecimentos bíblicos sempre tiveram que apelar para autoridades. Mas estas nem sempre são bem citadas e falam contra a doutrina TJ). “Fato?” Hmmmm…

Jo.1.1 “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus.” – Versão CNBB. Embora a frase acima seja a mais comum em edições da Bíblia, segundo várias outras traduções a conclusão “a Palavra era Deus” pode ser traduzida de diversas outras maneiras (como notará, nem todas as traduções abaixo são literais):

Assim o autor começa seu argumento pró-TNM de Jo.1,1. Desculpe, Carlos mas NÃO há como traduzir Jo.1,1 de outra maneira. O que a STV (e essas bíblias que ninguém conhece aí embaixo) fazem é INTERPRETAR a seu bel-prazer o grego. O que ele deixa de dizer é que muitas das versões que ele usou são obscuras e arianas. Veja a prova. É seu método mais comum. Citam de bíblias antigas, obscuras, parafraseadas e arianas para tentar dizer “viu? Não somos só nós!” Exemplos disso que falei:

2. The New Testament, In An Improved Version (1808): “E a Palavra era um deus.”

Exemplo flagrante. Ou autor deixa de dizer que esta “tradução” vem com o subtítulo: Upon the Basis of Archbishop Newcome’s New Translation: With a Corrected Text, Londres” (baseada na nova tradução do arcebispo Newcome: com texto corrigido). Ora, ora. Mas que impressionante. A STV fazendo das suas. Essa tradução, ou melhor, alteração, é evidentemente UNITARIANA, aquela que ensina que Jesus só era um homem extraordinariamente bom, nada mais. O sr. Thomas Belsham, depois da morte do arcebispo Newcome, alterou o texto de Newcome! [Veja página 394, “Manual de Bibliografia Bíblica”.] Isto alterou o texto e desonrou o grande trabalho que o arcebispo Newcome tinha feito corretamente. Ou seja, o arcebispo Newcome (que realmente era conhecedor de grego) tinha feito uma tradução. Depois uma comissão de unitarianos alterou seu texto e fez essa versão, que as TJ não se cansam de citar. O arcebispo Newcome certamente nunca disse que a Palavra era “um deus”.

3. The Monotessaron; or, the Gospel History, According to the Four Evangelists (1829), de John S. Thompson: “E o Logos era um deus.”

O sr. Thompson disse que foi orientado por “um ser” que entrou em seu quarto à noite e o dirigiu “em todos os escritos, para ser cuidadoso em representar Jesus como o único instrumento de Deus em tudo o que ele faz” (American Quarterly Review, 1830, Vol. 8, pages 227-245). Para mais informação, veja Witnesses of Jehovah by Leonard and Marjorie Chretien, p. 169-171. As TJ confiam nessa tradução da mesma forma como confiaram na de Greber (que era espírita). Cuidado, TJs: confiar em “espíritos” é perigoso…

4. The Emphatic Diaglott (1864), de Benjamim Wilson: “E um deus era a Palavra.”

A “Emphatic Diaglott”, que as TJ usam muito, foi feita por Benjamim Wilson, um cristadelfo sem formação de grego; nenhum erudito o reconhece como profissional. Interessante que a Diaglott“um deus” na parte interlinear e na outra coluna (tradução) reza: “e o Logos era Deus”. Temos a impressão que a STV está tentando desesperadamente achar algum tipo de apoio erudito quando usa essa tradução interlinear de um tradutor obscuro do século XIX! Mas, este é o mesmo grupo que confiou na “tradução” de Johannes Greber e seus espíritos

5. An American Translation (1935), de J.M.P. Smith e E.J.Goodspeed: “E a Palavra era divina.”

A bíblia citada no início do artigo da TJ. Partindo com uma auto-promoção da Universidade de Chicago (que produziu a tradução), o autor deixa de citar que os autores, Goodspeed e Smith eram teólogos liberais. Mas nem Goodspeed ou Moffatt quiseram dizer que Jesus era uma criatura pois o Pai e o Filho são “divinos”, já que os anjos não são.

O Novo Testamento – Uma Nova Tradução de Johannes Greber (1937): “E o Verbo era um deus.”

Essa é a pior. Desculpe a expressão mas é fato que Greber era espírita e as TJ usaram sua tradução para defenderem a TNM por muito tempo. Há muita prova que a STV JÁ SABIA que Greber era espírita (que dizia que os espíritos lhe disseram que “um deus” em Jo.1.1 é o correto) e mesmo assim o usava. Honestidade à toda prova?

16. A New Translation of the Bible (1954), de James Moffatt: “O Logos era divino.”

Moffatt? Ele foi professor no Union Theological Seminary, uma das mais radicais instituições liberais. Moffatt considerava os milagres da Bíblia, como o nascimento virginal de Jesus e Sua ressurreição, como meros mitos e lendas. Ele acreditava que partes da Bíblia foram mal organizadas e tentou melhorá-la. Ele reorganizou capítulos inteiros para se adequarem a sua teologia. Não é reconhecido como autoridade em grego.

18. The Authentic New Testament (1958), de Hugh J. Schonfield: “E o Verbo era divino.”

Schonfield, autor de “O Enredo da Páscoa”, faz de Jesus era um charlatão e ele nem mesmo acreditava na divindade de Deus Pai! Schonfield, defensor do “teoria do desmaio”, é citado pelos muçulmanos em defesa de sua idéia que Jesus não morreu na cruz.

 

21.A New Translation (1968, 1969), de William Barclay: “A natureza da Palavra era a mesma que a natureza de Deus.”

William Barclay realmente foi uma autoridade de grego. Mas não cria na divindade de Cristo e outros ensinos cristãos. Mas isso não desmerece seus estudos de grego. O fato é que a STV o citou várias vezes de forma cortada, dando a entender errado o que quis dizer. Barclay escreveu uma carta a Watchower criticando-os por estarem citando ele de forma errada. Se ele fosse o único…

25. Das Evangelium Nach Johannes (1975), de Siegfried Schulz: “E um deus (ou: da espécie divina) era a Palavra.”

26. Das Evangelium Nach Johannes (1978), de Johannes Schneider: “E da sorte semelhante a Deus era o Logos.”

27. Evangelium Nach Johannes (1979), de Jürgen Becker: “E um deus era o Logos.”

Realmente, o autor quis dar esse “monte” de autores e traduções aparentemente para corroborar a TNM. Não deu certo. A maioria são téologos liberais que tem traduções falhas e nem todos eram formados em grego. Para tentar sustentar uma tradução obviamente ruim, a Sociedade tem que procurar em outra língua para encontrar algum tipo de apoio! Sempre tem que se confirmar as citações de estudiosos pela Sociedade  – os escritores da Torre da Vigia são peritos em fazer os estudiosos dizerem o oposto do que eles quiseram dizer. Esses alemães citados por Carlos eram liberais seguidores de Bultmann, que dizia que os milagres da Bíblia eram mitológicos. Que pena que sabendo ou não, Carlos citou esses alemães.

É o método clássico da Torre de Vigia, citando autoridades mas nem sempre completos e sem explicar quem eram de verdade. Para quê? Para dar a impressão que sua tradução não está sozinha e tem “apreço” deles. Mas isto já está mais do que provado errado no estudo completo A TNM em Jo.1.1: o que os estudiosos realmente dizem. Só se a Testemunha quiser se manter na ignorância da Sociedade irá ignorar estes estudos e continuar na névoa. Lembremos: a Sociedade NÃO TEM peritos em hebraico e grego e por isso cita a toda hora essas autoridades (tanto cristãs como não cristãs) para tentar encontrar um apoio. Vejam como Carlos cita Barclay:

Referente a João 1:1, Barclay fez o seguinte comentário: “É difícil entendermos essa afirmação, e ela é difícil porque o grego, língua na qual João escreveu, tinha uma maneira diferente de dizer as coisas…. Quando o grego usa um substantivo quase sempre é com o artigo definido ho [“o”]. Quando o grego se refere a Deus ele não diz simplesmente theos [“deus”]; ele diz ho theos [“o deus”]

O dr. William Barclay escreveu uma carta a Watchtower reclamando da forma como o citaram na Sentinela: “O artigo da Sentinela, por um corte muito mal feito, me fez dizer exatamente o contrário do que eu quis dizer. O que eu estava dizendo, como vocês bem sabiam, é que Jesus não é igual a Deus, ou melhor dizendo, que Jesus não tinha o mesmo tipo do Pai, mas do jeito que a Sentinela me citou, deu a impressão que quis dizer que Jesus não é Deus. Se vocês não entenderam a tradução de Kenneth Wuest e a NEB., vocês não entenderam nada ” (carta para Donald P. Shoemaker, 8/26/1977. Você pode ver uma fotocópia desta carta em Watters, Thus saith … the Governing Body of Jehovah’s Witnesses,, pág. 74).

“Um predicativo anartro precedendo ao verbo, tem primariamente sentido qualificativo. Indicam que o logos tem a mesma natureza de theos… A cláusula poderia talvez ser traduzida: ‘o Verbo tinha a mesma natureza de Deus.’” – Philip B. Harner, Journal of Biblical Literature, 1973, pp. 85, 87.

Que citação ENGANOSA! Que venham mais comentário sobre a TNM porque a maioria deles são maus citados. Essa do Harner é uma das mais famosas. Aviso ao Carlos e Fabricius: confiram a fonte original antes de citar pois a STV torce tudo. Esta é uma deturpação deliberada do que Philip B. Harner disse em seu artigo, “Substantivos Predicativos Anartros Qualificativos: Marcos 15:39 e João 1:1” no Jornal de Literatura Bíblica.
Harner disse no mesmo artigo:”A cláusula poderia talvez ser traduzida: ‘o Verbo tinha a mesma natureza de Deus’. Este seria um modo de representar o pensamento de João que é como eu entendo, que ho logos [“a palavra”], não menos que ho theos [“o Deus”], tinha a natureza de theos“. (“Substantivos Predicativos Anartros Qualificativos: Marcos 15:39 e João 1:1” )

Ele também disse: “O verbo precedente a uma forma anártrica provavelmente significaria que o ‘Logos’ era ‘um deus’ ou pessoa divina de certa classe, pertencente à categoria geral do ‘Teos’, porém um ser distinto de ‘ho Teos’. Na forma que João usa, a palavra ‘Teos’ está colocada ao princípio para ênfase (descartando completamente a tradução ‘um deus’)”. Vemos, portanto, que Harner descarta a tradução das TJ.

João 8:58

“Antes que Abraão existisse, eu sou.” – Mateus Hoepers.

“Antes que Abraão fosse, eu sou.” – William Barclay.

“Antes de haver um Abraão eu sou.” – Steven Byington

OUTRAS VERSÕES:

“Desde antes de Abraão existir, eu tenho existido.” – The New Testament (1869), de G.R. Noyes.

“Eu já existia antes de Abraão nascer!” – Goodspeed Bible (1935).

“Em alguns lugares, os trinitaristas manipulam claramente a evidência. O exemplo clássico disto é, acho eu, João 8:58. Ali, Jesus disse: ‘Antes que Abraão existisse eu sou.’ (Almeida) Os trinitaristas pegam este uso de ‘eu sou’, por parte de Jesus aqui, e relacionam-no com a declaração feita por Jeová a Moisés, em Êxodo 3:14 (Al): ‘Eu sou o que sou.’ Visto que tanto Jesus como Jeová usaram a expressão ‘Eu sou’, eles argumentam que isto faz com que Jesus e Jeová sejam uma só pessoa. E o radical grego realmente diz sou no presente, em João 8:58.

A TNM traduz como “Antes de Abraão vir à existência eu tenho sido”. A questão é se essa tradução foi proposital ou seguiu as regras do grego (como a TNM alega que traduz literal e corretamente). Decorrente do que vimos com Jo.1.1 (e as citações dos estudiosos fora do contexto) também podemos chegar a ver que essa tradução foi intencional. A maioria das Bíblias em português coloca como referência cruzada de Jo.8.58 a Ex. 3.14ss. O autor faz parecer que todos os trinitários pensam que o “EU SOU’ de Jo. 8:58 é um título. As palavras em grego “ego eimi” (EU SOU) em Jo. 8:58 não funcionam como um título de Cristo, mas é uma declaração de Sua eternidade (e, portante, de Sua divindade)” (Robert Bowman, As Testemunhas de Jeová, Jesus Cristo e o Evangelho de João, p.124). Concordo. E vemos que esse é uma argumento de “homem de palha” da Torre de Vigia. “A frase marca uma existência infinita. Assim, na frase há o contraste entre o criado e o incriado, o temporal e o eterno” (O Evangelho segundo s. João, Brooke Foss Westcott, 1980, p.28, o texto grego de Westcott é usado pela Sociedade de Torre de Vigia como uma base para a Tradução Interlinear do Reino).

Atos 20:28

” [Pastoreai] a Igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.” – Versão Pedreira de Castro

OUTRAS VERSÕES

“…. que o Senhor comprou com o seu próprio sangue.” – Reina-Valera (1960)

“…. por meio do sangue do seu próprio Filho.” – A Bíblia na Linguagem de Hoje (1973).

“…. pelo sangue de seu próprio Filho.” – A Bíblia Fácil, CBC (1973).

“…. pelo sangue do seu próprio Filho.” – A Bíblia de Jerusalém (1981).

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que não estou fazendo uma cruzada contra a TNM porque ela traduz errado algumas coisas. Todas as versões da Bíblia são passíveis de análises, observações e críticas. É preciso se comparar várias versões da Bíblia para se ter um entendimento correto. Mas o problema da TNM é que ela mexe nas passagens que tocam em Cristo e isto é visível. É curioso como bem nas passagens mais delicadas com relação à natureza do Senhor, a TNM diverge de TODAS as Bíblias em português. Como disse, apesar das variedades de traduções, NENHUMA Bíblia em português nega a divindade de Cristo. E isto não é ponto para a TNM, visto que já vimos como a comissão da TNM fraudou os versículos deliberadamente. Neste caso aí em cima, é a mesma questão do debate entre o Textus Receptus e o Texto Crítico. O problema maior da NM é que ela segue muito perto a Emphatic Diaglott, de Benjamin Wilson, que era cristadelfo, tinha as mesmas crenças das TJ e não tinha NENHUMA FORMAÇÃO EM GREGO. As maiores influências desta má tradução na NM é em Jo.1.1 (“um deus”), Mt. 24.3 (“sinal da tua presença”), Mt.25.46 (“decepamento”), etc. Não vou discutir tanto este versículo aqui porque é um versículo que não é tão grave perto das outras alterações que a NM faz.
Carlos, só lembre que o próprio apêndice da Tradução Interlinear do Reino diz: “Gramaticalmente, esta passagem poderia ser traduzida assim como nas versões de João Ferreira de Almeida e de Matos Soares, ‘com [o] seu próprio sangue’. Esta idéia tem sido difícil para muitos…a costumeira tradução seria ‘sangue de Deus’”.
No entanto, a tradução mais precisa e natural é rejeitada já que não pode ser verdade segundo a teologia da Torre de Vigia, que nega a divindade de Jesus Cristo.

 

Hebreus 1:6

“Que todos os anjos de Deus o adorem!” – José Raimundo Vidigal.

“Que todos os anjos de Deus prostrem-se diante dele.” – Tradução Ecumênica da Bíblia.

“E todos os anjos de Deus se inclinem diante dele.” – Goodspeed Bible.

O texto acima se refere a Jesus. Mas, qual das traduções acima é a correta? Os anjos tinham que adorar ou se curvar diante de Jesus? Qualquer pessoa com conhecimento básico de grego coiné sabe que proskinéo, palavra usada neste versículo, pode ser traduzida em qualquer um dos significados acima citados, e que ela significa basicamente prostrar-se. Certo dicionário define proskinéo da seguinte forma:

“Prostrar-se (em sinal de adoração e/ou sujeição): (diante de alguém, algo).” – Dicionário do Grego do Novo Testamento, de Carlos Rusconi, Editora Paulus.

Como disse, é preciso se comparar várias versões da Bíblia RESPEITÁVEIS para se chegar a um denominador. O caso aqui em Hebreus é sobre a palavra “adorar” ou “prostrar”. A maioria das bíblias diz “adorar”. Será que as TJ decidiram seguir a gramática grega ou alteraram propositalmente a passagem de acordo com suas idéias (as Testemunhas de Jeová não crêem que Jesus deva ser adorado)? A retórica da Torre de Vigia pode impressionar um leigo ou uma pessoa comum, mas quem tem um aprofundamento maior no assunto sabe que a Torre de Vigia não é honesta. Lembrete: os cristãos podem discordar sobre certos parâmetros da Bíblia (interpretação) mas NÃO MEXEM na Bíblia para poderem seguir suas idéias. O diálogo entre católicos e protestantes é sobre INTERPRETAÇÃO da Bíblia e não sobre O PRÓPRIO TEXTO DA BÍBLIA. As TJ são o único grupo do Brasil que insiste em debater sobre o TEXTO da Bíblia.

Esta palavra em grego é “proskuneo” que significa “adoração”, cf. Mt. 4:10. “homenagem” é uma palavra bastante fraca, mas as TJ a usam para mostrar que Jesus não deve ser adorado como Deus, o Pai. Só que a mesma palavra proskuneo em Hebreus é a mesma de Mateus. Eles torcem a Bíblia a seu bel prazer, traduzindo proskuneo de Hebreus como “homenagem” (só porque fala de Jesus) e “adorar” em Mateus (quando fala de Deus). Veja At. 10.25-26, onde Cornélio tenta adorar Pedro em “proskuneo”. Pedro lhe responde que não deve ser adorado, porque também é mortal. Então fica a questão:

Por que Jesus não rebate os anjos em Hb.1.6 se Ele não deve ser adorado? A resposta É que deve ser adorado, porque Ele É Deus.

O termo proskinéo significa adoração, homenagem, reverência ou o ato de curvar-se diante de alguém. Portanto, é o tradutor quem determina qual é a melhor acepção. Por exemplo, a Bíblia de Jerusalém traduziu proskinéo, em Mateus 18:26, da seguinte forma: “[Diante do rei] caiu aos seus pés e, prostrado….”, embora tenha vertido “adorar” em Hebreus 1:6, porque o texto se refere a Jesus e não a um rei humano.

  • Nota da Bíblia do Peregrino sobre Hebreus 1:6: ” ‘Adorem’: rendendo homenagem ao soberano.”

A Tradução do Novo Mundo verteu da seguinte forma:

“E todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem.”

Não possuo a Bíblia do Peregrino e por isso não posso dar uma informação maior sobre ela dentro do contexto. Mas o que importa é a NM, não a do Peregrino que, pelo que sei, é uma tradução católica e respeitável. Agora, Carlos, cá entre nós, parece que você não conhece sua TNM muito bem. Ela tem uma nota em Hb. 1.6 que diz: “Ou ‘o adorem'”. Gr.: pro·sky·ne·sá·to·san; lat.: a·dó·rent. Veja 2Rs 2:15 e n. Quer dizer, sua própria bíblia ADMITE que proskuneo em Hebreus significa “adoração”!!!

Hebreus 1:8

“Com referência ao Filho: ‘Deus é o teu trono para todo o sempre.’” – Tradução do Novo Mundo.

“Sobre o Filho porém afirma: o teu trono, ó Deus, permanece para sempre.” – Edição Pastoral.

O apóstolo Paulo está a citar o Salmo 45:7. Note como a própria tradução usada acima (Edição Pastoral) traduz esse Salmo: “Seu trono é de Deus, e permanece para sempre”. Qual seria então a tradução correta? Por que uma mesma passagem é traduzida de duas maneiras diferentes? A tradução correta é “Deus” ou “de Deus”?

Realmente Hb. 1.8 é uma citação do Sl. 45.7. Só que o salmo não fala de Salomão (tem muitas coisas lá que não se referem a ele) e ele não era mais justo que outros homens, não era guerreiro, seu trono não foi para sempre e sempre e muito menos Salomão foi divino e o objeto de adoração; mas este salmo fala do Messias. Os antigos judeus entenderam que ele se referia ao Messias. O Targum o aplica a ele, e o menciona pelo nome em Hb. 1:2. A Septuaginta traduz o salmo como “teu trono, ó Deus, é para sempre e sempre”. O problema é que a TNM é a ÚNICA tradução, pelo que sei, que traduz errado Hb.1.8. Elas tornam Deus o caso genitivo na proposição. Mas ele é o vocativo. Não tem sentido dizer “Deus é o teu trono”. O proprio Notas do Novo Testamento de Barnes, que as TJ usam e respeitam, diz: “considero esta passagem, como uma grande prova que o Senhor Jesus é divino (grifo nosso); não é possível negar esta conclusão por nenhuma outra interpretação. Não é errado chamá-lo de Deus, nem mencioná-lo como tal, nem considerá-lo divino”.

É interessante como tradutores trinitaristas conseguem chegar a conclusões que acabam por minar a crença de que Jesus é o Deus Todo-Poderoso, crença que se baseia no fato de Jesus ter recebido a denominação “Deus” em algumas passagens bíblicas. Ora, não o receberam também diversas outras pessoas? Onde as Escrituras dizem que essa peculiaridade não pode também se aplicar ao Senhor Jesus? – 1 Coríntios 4:6.

É interessante também que o Carlos Silva dedica muitas linhas só a este versículo. Não é à toa que este versículo foi muito debatido por aqueles que negam que Jesus é Deus. O que o nosso amigo Carlos devai dizer também é que NENHUMA das bíblias que ele citou (Jerusalém, Vozes, Capuchinhos, etc) ALTERAM Jo.1.1 para dizer que Jesus não é Deus, como as TJ fazem.

O mesmo fizeram os tradutores James Moffatt e Steven Byngton, e os tradutores das versões Revised Standard Version – Westminster Study Bible, e da The Twentieth Century New Testament. Sendo assim, a TNM não está só na sua maneira de verter Hebreus 1:8, e os seus tradutores não podem ser acusados de que não têm base alguma para apoiar sua escolha.

É preciso ter cuidado com as outras versões que Carlos cita. Algumas são mal traduzidas (para mais detalhes clique aqui). Não é o caso da NM estar sozinha, Carlos. Afinal, Hb. 1.8 não é a única prova da divindande de Cristo. Mas o que vocês fazem com Jo.1.1? É uma tradução correta? As versões católicas que cita como exemplos traduzem corretamente?

1 João 5:20

“Sabemos que Jesus Cristo, o Filho de Deus veio e nos mostrou o Deus verdadeiro. E por causa de Jesus, nós agora pertencemos ao Deus verdadeiro que dá vida eterna.” – Contemporary English Version.

“Sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” – Versão Almeida.

Interessante que as TJ são a única seita no Brasil que diverge sobre o TEXTO da Bíblia, enquanto os outros cristãos dialogam sobre a INTERPRETAÇÃO do texto. É a única grande seita que se arvorou em criar uma versão única da Bíblia reunindo todas as supostas “traduções corretas” para si. Os chamados “versículos cristológicos” são exatamente aqueles de maior atenção. Não é o simples caso. A TNM é a que mais viola a Bíblia para aderir a sua doutrina enquanto as outras versões apenas tem divergências de tradução, mas não de DOUTRINA (não existe uma só bíblia para a Igreja católica, nem uma só bíblia para as denominações protestantes). Só as seitas fazem para si uma NOVA Bíblia que reúna todas as suas idéias de tradução.

A conclusão “este é o verdadeiro Deus” satisfaz qualquer trinitarista, pois parece se referir a Jesus.

Poderia citar aqui n exemplos, Carlos, de versículos que a TNM EVIDENTEMENTE alterou para satisfazer qualquer TJ.

Segundo o texto acima, quem é o verdadeiro Deus? A pessoa chamada de “Verdadeiro” ou “Jesus Cristo”? Pelo que foi analisado antes, quando João usou a expressão “este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” ele estava falando do Pai de Jesus – o Verdadeiro. Por isso, a frase anterior mencionou “seu filho Jesus Cristo”, isto é, ‘Jesus Cristo, o Filho do Verdadeiro’.

Realmente, há certo debate sobre como este versículo aqui e Tt. 2.13, por exemplo, devem ser lidos. Mas a maioria dos cristãos não tem dúvida de que Jesus, pelo contexto também das Escrituras, é Deus igual o Pai (não um semi-deus ou deus pequeno, segundo a teologia TJ). Nenhuma grande igreja brasileira, até onde sei, faz um estardalhaço como as TJ fazem por Rm. 9.5 e estes versículos. Alegam que a TJ não é uma tradução errada mas só SOA diferente das traduções a que estamos acostumados. Nada mais errado, pela forma tendenciosa como traduzem mal “kolasin” (castigo) em Mt.25.45 como “decepamento”, para apoiar sua doutrina aniquilacionista.
O fato é que em “Este é o verdadeiro Deus”, o “este” em grego refere-se ao último mencionado (no caso “seu Filho Jesus Cristo”). Em português, é diferente a leitura do grego. Neste ponto, Barnes, o grande comentarista admirado até mesmo pelas TJ, admite.

Em todo caso, mesmo a tradução literal não leva ao entendimento errado, como foi aqui considerado, pois a comparação com 2 João 7 e a lógica do argumento dirimem qualquer dúvida a respeito de qual era a intenção do escritor quando pegou sua pena e escreveu o que hoje é conhecido como 1 João 5:20.

O fato é que, não sei se você sabe, Carlos, a Associação Torre de Vigia cita, para corroborar sua tradução, vários estudiosos e seus livros. Outro fato é que muitas vezes os citam errado. Muitos escreveram para a Watchtower pedindo para pararem de citar seus livros sem autorização. Fizeram isso com Rm. 9.5 e Tt.2.13, lembra-se? Só que citaram errado os livros de Dana e Mantey e violaram a regra de Granville Sharp. Só a falsa tradução da TNM de Jo.1.1 já bastaria para descartar sua bíblia! Interessante que Dicionário Expositório de Palavras do Novo Testamento, de Vine, que as TJ respeitam e citam muito atribui que os atributos divinos em IJo.5.20 referem-se a Cristo!

A Variabilidade de Traduções Quando um Dogma Não Está Envolvido

“Paulo recolhera um feixe de lenha seca e estava jogando na fogueira. Então uma cobra, fugindo do calor, saiu e se prendeu na mão de Paulo. Vendo a cobra dependurada em sua mão, os nativos disseram: Este homem certamente é um assassino: escapou do naufrágio, mas a justiça divina não o deixa viver’ …. Os nativos ficaram na expectativa de que ele inchasse e caísse morto de repente. Depois de esperarem por um bom tempo e, vendo que nada acontecia, mudaram de idéia e começaram a dizer que ele era um deus.” – Atos 28:3-6, Edição Pastoral.

No grego coiné não havia artigo indefinido (um, uma, uns, umas). A frase “começaram a dizer que ele era um deus”, no grego original aparece assim: “…. e começaram a dizer que ele era deus.

Além disso, os primitivos manuscritos bíblicos não têm diferenciação entre letras maiúsculas e minúsculas. Eram escritos só com letras maiúsculas, ou só com letras minúsculas. Portanto, em tais manuscritos a parte final de Atos 28:6 tem o seguinte formato: “E COMEÇARAM A DIZER QUE ELE ERA DEUS.” Isso mesmo, começaram a dizer que Paulo “ERA DEUS”. Se este versículo se referisse a Jesus, como você acha que ele apareceria na maioria das Bíblias? Certamente não haveria a expressão “um deus”, haveria “Deus”. Mas como um dogma não está aqui envolvido os tradutores seguem a lógica normal do relato e traduzem “um deus”.

Carlos usa aqui um argumento falho. Meu amigo, se queres ver TODOS os argumentos da Torre de Vigia sobre Jo.1.1 refutados, clique aqui. Também veja aqui para um estudo completo sobre a tradução de Jo.1.1 Algumas TJ dizem que as outras Bíblias traduzem At.28.6 como “um deus” e por isso a TNM está certa por colocar “um deus” em Jo.1.1 sendo que, em grego, não tem o artigo definido. Com a palavra, alguém imparcial: “Não há justificativa para traduzir THEOS EN HO LOGOS como ‘a Palavra era um deus’ (em Jo.1.1). Não há nenhum paralelo sintático com At. 28.6, onde há uma declaração no discurso indireto; Jo. 1:1 é direto…e eu não sou cristão nem trinitário” (Dr. J. Johnson, da Universidade Estadual da Califórnia, Long Beach)
Um não-trinitário dizendo que At.28.6 não tem nada a ver com Jo.1.1. Respondendo sua pergunta, Carlos, se este versículo se referisse a Jesus, como apareceria na maioria das Bíblias, seria do mesmo jeito que está. Não creio que os tradutores diriam “Ele era Deus”, sendo que ali não tem artigo. Além disso, Carlos mesmo afirma que no grego coiné não havia artigo indefinido. As TJ fazem o seguinte:

– 1º) Elas alegam que em Jo.1.1 (última parte) o Logos (a Palavra) não tem o artigo definido, como tem Deus. Portanto, por este raciocínio, a Palavra era um deus. Daí dizem que a palavra fala da natureza (era só divino) do Logos e não de sua divindade co-eterna com o Pai, etc.
– 2º) At.28.6 é usado como exemplo de que Jo.1.1 pode ser traduzido por “um deus”. Apesar de Carlos não pensar assim, a maioria das TJ pensa. Só que isto não tem fundamento porque o caso de Atos não tem nada a ver com João.

Por isso, Carlos, se a Torre fosse coerente com sua regra, por que não traduziu Jo.1.12, por ex., como “se tornarem filhos de um deus“? Veja na sua bíblia. Está escrito “se tornarem filhos de Deus“. Só que no grego não tem artigo na frente dele. Por que vocês mesmo assim colocaram “Deus” e em Jo.1.1 “um deus”?

A Torre de Vigia não usou de dogma para traduzir?

Semelhante caso ocorre em Atos 12:22 quando uma multidão entusiasmada elogiou um discurso feito por um homem. Como foi esse elogio? Bem, a resposta depende de qual tradução da Bíblia você usa. Veja três exemplos:

“É a voz de um deus, e não de homem!” – Alfalit Brasil.

“É a voz de deus, e não de homem.” – Nova Versão Internacional.

“É a voz de Deus e não de um homem!” – Bíblia de Jerusalém.

Como pode uma mesma palavra (theo) ser traduzida de três maneiras diferentes? O certo é “deus”, “um deus” ou “Deus”? Conforme os comentários já citados neste artigo por peritos em grego, as três possibilidades acima são aceitáveis do ponto de vista gramatical. Cabe apenas ao tradutor escolher sua alternativa. Evidentemente se as palavras acima se referissem a Jesus não haveria dúvida na mente da maioria dos tradutores sobre qual caminho seguir.

Assim começa esta nova seção do texto do Carlos. Prestem muita atenção. As TJ tentam encontrar todos os meios para defender sua tradução, mesmo usando textos e livros dos escritores que eles chamam da “cristandade”. Isto é muito irônico. Esta fraca tentativa de dizer que a NM não tem influência da Torre é logo vista. O que acontece, Carlos, é que Jo.1.1 não dá para ser traduzido de outra forma que as das Bíblias não-TJ. Gramaticalmente, não há relação entre este versículo (At.12.22) e Jo.1.1. Não tem sentido, Carlos, é errado pensar que os “trinitários” usam de teologia para traduzir, sendo que as TJ VISIVELMENTE alteraram a gramática de Jo.1.1 (não tem nada a ver este caso de Atos com João). Neste, o sentido é que João queria dizer é que o Logos (a Palavra, Jesus) era Deus e co-eterno como o Pai. Por favor, não confunda isso com modalismo (um erro que as Tj cometem e muito). Trindade não é modalismo.

“E COMEÇARAM A DIZER QUE ELE ERA DEUS.” Isso mesmo, começaram a dizer que Paulo “ERA DEUS”. Se este versículo se referisse a Jesus, como você acha que ele apareceria na maioria das Bíblias? Certamente não haveria a expressão “um deus”, haveria “Deus”. Mas como um dogma não está aqui envolvido os tradutores seguem a lógica normal do relato e traduzem “um deus”. Se este versículo se referisse a Jesus, como você acha que ele apareceria nas maioria das Bíblias? Certamente não haveria a expressão “um deus”, haveria “Deus”. Mas como um dogma não está aqui envolvido os tradutores seguem a lógica normal do relato e traduzem “um deus”.

Semelhante caso ocorre em Atos 12:22 quando uma multidão entusiasmada elogiou um discurso feito por um homem. Como foi esse elogio? Bem, a resposta depende de qual tradução da Bíblia você usa. Veja três exemplos:

“É a voz de um deus, e não de homem!” – Alfalit Brasil.

“É a voz de deus, e não de homem.” – Nova Versão Internacional.

“É a voz de Deus e não de um homem!” – Bíblia de Jerusalém.

Evidentemente se as palavras acima se referissem a Jesus não haveria dúvida na mente da maioria dos tradutores sobre qual caminho seguir.

É o argumento de Carlos: os trinitários usaram de teologia para traduzir Jo.1.1. Que interessante. Mas acontece que este versículo não tange à natureza de Jesus como Deus ou não. Mas já mostrei que Jo.1.1 não tem como ser traduzido da forma que as TJ querem e isso não foi dito só por trinitários, mas por não-trinitários.

Conclusão

Embora ela (a NM) contenha realmente alguns erros, como toda tradução, os versículos geralmente alvo de críticas possuem um esteio que não pode ser desprezado.

Carlos quer dizer que a gramática da Bíblia às vezes pode permitir várias traduções, o que faz a NM estar entre as respeitáveis. O fato é que a NM é diferente em mais de 60% do conteúdo gramático-teológico das outras bíblias, o que já a descarta neste sentido. Uma bíblia ter alguns erros é normal, mas o problema é quando os tradutores usam seu arianismo para torcer um versículo impossível de ser traduzido errado. li TODOS os maiores argumentos das TJ sobre a TNM (Estudo Perspicaz, Raciocínios…) e ainda não estou convencido. Não por má vontade, mas imparcialmente. As TJ são rápidas em dizer que os trinitáros influenciaram a Bíblia mas são mais rápidas em torcer os comentaristas para lhes favorecer. Exemplo:

“theos [em Jo. 1:1c] se torna uma descrição e mais de um adjetivo que um substantivo [João] não diz que Jesus era Deus”  (Barclay, Many Witnesses, One Lord, p. 23 – 24).

Sentinela, 15 de maio de 1977, p. 320

Esta é uma citação do dr. William Barclay na Sentinela para apoiar a NM em Jo.1.1. SÓ que Quando Barclay diz que João não escreveu que “Jesus era Deus” ele somente quis dizer que Jesus não era o Deus Pai. Veja só a carta que ele enviou à Watchtower:

“O artigo da Sentinela, por um corte muito mal feito, me fez dizer exatamente o contrário do que eu quis dizer. O que eu estava dizendo, como vocês bem sabiam, é que Jesus não é igual a Deus, ou melhor dizendo, que Jesus não tinha o mesmo tipo do Pai, mas do jeito que a Sentinela me citou, deu a impressão que quis dizer que Jesus não é Deus. Se vocês não entenderam a tradução de Kenneth Wuest e a N.E.B., vocês não entenderam nada ” (carta para Donald P. Shoemaker, 8/26/1977. Você pode ver uma fotocópia desta carta em Watters, Thus saith … the Governing Body of Jehovah’s Witnesses,, pág. 74).

Tenho a impressão que a TNM está ficando sozinha, sem apoio erudito nenhum e só abandonada ás próprias regras…

Vários trinitaristas convictos traduziram os chamados versículos cristológicos de acordo com a TNM. Isso não pode ser desconsiderado.

Graças a Deus a única tradução brasileira que traduz mal Jo.1.1 é a NM. Não adianta, Carlos. As outras bíblias BRASILEIRAS (não estamos falando das americanas porque lá já tem bons apologistas demonstrando serem a maioria arianas) não traduzem errado Mt.25.45, Lc.23.43 e Cl.1.15-20, por exemplo. Se você me mostrasse alguma, poderia reconsiderar que a NM não está sozinha.

Existe um aspecto, não abordado anteriormente, que também é relevante. A TNM possui algumas passagens bem interessantes que fazem dela uma versão mais precisa do que muitas outras disponíveis ao público.

Do que adianta ser “gramaticalmente” mais correta em alguns mínimos casos e detonar a gramática quando se refere a Cristo em outros? A NM não é de forma alguma mais exata que a minha Bíblia Viva só em Jo.8.58.

Não existe tradução perfeita. Uma posição equilibrada da situação, mesmo retendo alguns preconceitos, é o melhor caminho. O valor inerente de todas as traduções deve ajudar na difícil tarefa de saber como o Autor Divino quer que entendamos as palavras contidas na Escrituras Sagradas.

Concordo. Por isso eu tenho várias versões. Mas o que você faria com as provas que a NM torceu versículos para acomodar sua doutrina?

A Bíblia contém milhares de versículos, como uma tradução pode ser condenada como inútil por causa da reprovação de apenas um punhado de passagens? Se você ler, por exemplo, os Evangelhos ou os Atos dos apóstolos na Tradução do Novo Mundo, não vai se emocionar do mesmo jeito que se emocionaria em outra versão? Isso por si só já é uma prova de que a TNM tem também o seu valor, além do que foi aqui considerado.

Desculpe, mas essa foi demais. Você quer dizer que o que a NM faz em Jo.1.1 e outras dezenas de versículos importantes (isso sem falar da inclusão de “Jeová” no NT) não é tão grave? I’m sorry, mas não achei essa justificativa aí da emoção convincente.

Independente de qual versão, leia a Bíblia diariamente.

Sim. Mas como faria para saber se Jesus é Deus ou só um ser criado? Usaria as bíblias Almeida ou a NM e a literatura TJ? Eis a questão. Portanto, o veredito é: leia a Bíblia, sim, mas não uma ariana. Carlos, no mais, desejo que Deus te abençoe e esclareça todos os pontos

 

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