A verdade sobre a morte de Hipátia: refutando os erros de Matheus Benites
Em vídeos e publicações recentes, Matheus Benites tenta usar a morte de Hipátia de Alexandria como símbolo do suposto “atraso” que o Cristianismo teria imposto ao mundo. Segundo ele, Hipátia teria sido morta pelos cristãos apenas por ser mulher, pagã e cientista — uma narrativa popularizada no século XVIII e alimentada por obras ficcionais modernas.
No entanto, essa visão carece de precisão histórica e ignora o contexto político, religioso e social da época. A morte de Hipátia, que de fato ocorreu de maneira trágica por volta do ano 415 d.C., envolveu uma complexa disputa de poder entre facções rivais em Alexandria — e não uma simples perseguição religiosa contra o conhecimento ou a ciência.
Hipátia era uma filósofa neoplatônica respeitada, com influência sobre elites políticas, inclusive Orestes, o governador da cidade. Isso gerou tensão com grupos cristãos radicais, como os parabalani, que agiam de forma violenta e nem sempre em alinhamento com a liderança da Igreja, como o bispo Cirilo de Alexandria.
Importante frisar: não há nenhuma evidência de que Cirilo tenha ordenado ou aprovado a morte de Hipátia. Pelo contrário, estudiosos como Edward Watts e Maria Dzielska reconhecem que a ação foi conduzida por uma turba descontrolada, e não por iniciativa oficial da Igreja. Ligar Cirilo diretamente à execução é um anacronismo motivado por interesses ideológicos modernos.
A versão de Benites ignora esses dados e propaga um mito anticristão muito comum no iluminismo: a ideia de que a fé é inimiga do progresso. Contudo, a realidade histórica mostra que a Igreja preservou boa parte do conhecimento clássico e foi fundamental para o desenvolvimento posterior da ciência no Ocidente, inclusive com o surgimento das universidades medievais.
O caso de Hipátia, embora lamentável, não representa uma cruzada cristã contra o saber, mas sim uma crise social complexa, em uma cidade dividida por interesses políticos, religiosos e étnicos. Reduzir tudo a um “crime cristão contra a ciência” é intelectualmente desonesto e historicamente infundado.
O mito moderno e os erros de Matheus Benites
A versão propagada por Benites ecoa uma narrativa iluminista, reforçada por filmes e ficções modernas, de que a Igreja sempre perseguiu a ciência. No entanto, estudiosos como Edward Watts e Maria Dzielska mostram que a morte de Hipátia foi uma tragédia isolada, não um símbolo da repressão cristã ao conhecimento.
A Igreja e a preservação do conhecimento
Ao contrário do que sugere Benites, o Cristianismo teve papel fundamental na preservação da filosofia grega e no nascimento das universidades. Muitos dos grandes cientistas da história eram clérigos ou estudiosos cristãos, como Copérnico, Mendel e até o próprio Georges Lemaître, pai da teoria do Big Bang.
Por fim, é necessário lembrar que usar a tragédia de Hipátia como ferramenta para atacar o Cristianismo hoje é desonrar sua própria trajetória de busca pela razão. A verdade deve ser buscada com responsabilidade histórica — não com panfletagem ideológica
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