Mais uma vez esse palpiteiro de Youtube Edson Toshio vem com mais um festival de pseudagem. Desta feita, para iludir os incautos, vêm com “11 provas lógicas” de que Deus não existe.
Para saber mais https://logosapologetica.com/manual-biblico-das-questoes-dificeis-e-polemicas-da-biblia/
O engraçado é o sujeito tentar usar “lógica” para refutar a existência de Deus sendo que a lógica só pode existir num universo criado por Deus e a lógica não pode vir da não lógica. Ou seja, o sujeito usa benefícios do teísmo para alegar contra.
As leis da lógica são contingentes a Deus . Elas são um reflexo da maneira como Deus pensa. Portanto, elas não podem existir sem Ele, assim como seu reflexo em um espelho não pode existir sem você. Como Deus é um ser pensante e sempre existiu, as leis da lógica sempre refletiram Seu pensamento.
Leis da lógica não podem existir em um universo materialista e ateísta porque leis da lógica não são materiais. As leis da lógica são um padrão universal para o raciocínio, mas como um ateu pode ter um padrão universal (não arbitrário) para qualquer coisa? Ateus acreditam em leis da lógica, mas não podem justificar a existência de leis universais, abstratas e invariantes em sua visão de mundo. Uma crença injustificada é arbitrária, o que é uma forma de irracionalidade.
As 11 alegações dele:
1. Contradição entre Onisciência, Onipotência e Imutabilidade
- Se Deus é onisciente (sabe tudo), então o futuro já está determinado.
- Se Deus é imutável, Ele não pode alterar o futuro, mesmo sendo onipotente (todo-poderoso).
- Isso cria uma contradição lógica.
2. O Problema do Mal
- Se Deus é onipotente, onisciente, onibenevolente e onipresente, o mal não deveria existir.
- Como o mal existe, essas características atribuídas a Deus são falsas.
3. Livre Arbítrio e Predestinação
- Se Deus sabe o que cada pessoa vai fazer, elas não têm livre arbítrio.
- Sem livre arbítrio, não há responsabilidade moral, tornando o julgamento divino injusto.
4. Deus Perfeito e a Criação do Universo
- Um ser perfeito não teria necessidade ou desejo de criar algo, pois não sentiria falta de nada.
- Além disso, um ser perfeito criaria algo perfeito, mas o universo é imperfeito.
5. Transcendência vs. Onipresença
- Se Deus é transcendente (fora do espaço-tempo), Ele não pode ser onipresente (presente em todos os lugares).
- Essas características são mutuamente exclusivas.
6. Espiritualidade e Personalidade
- Se Deus é espírito, Ele não pode ser uma pessoa, pois ser uma pessoa exige uma forma física.
- Isso contradiz a ideia de Deus ser pessoal.
7. Onisciência e Liberdade
- Se Deus é onisciente (sabe tudo), Ele não pode ser livre, pois já sabe o que fará e não pode mudar Sua própria natureza.
- Isso faz com que Ele seja escravo de Si mesmo.
8. Justiça e Misericórdia
- Um juiz justo precisa punir de acordo com o rigor necessário.
- Mas se esse juiz é misericordioso, ele não vai julgar com o rigor necessário.
- Essas características anulam-se mutuamente.
9. O Estudo sobre Oração Intercessória
- Um estudo científico mostrou que orações intercessórias não têm efeito na recuperação de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas.
- Isso prova que Deus não existe ou não interfere.
10. A Incompatibilidade entre Imutabilidade e Amor
- Um ser imutável não pode ser afetado por eventos externos.
- Para ser amoroso, ele precisa ser afetado.
- Essas características são incompatíveis.
11. Deus Pessoal e Materialidade
- Jesus, como intermediário entre Deus e os homens, não responde às orações.
- Isso prova que não existe um Deus pessoal ou intermediário.
1. Onisciência, Onipotência e Imutabilidade
Alegação do vídeo:
“Se Deus sabe o futuro e não pode mudar (imutável), então Ele não é onipotente. Se pode mudar, não é imutável. Contradição!”
Resposta
Esse é um clássico mal-entendido sobre o que significa “onipotência”. Imagina o seguinte: eu te pergunto: “Deus pode criar uma pedra tão pesada que Ele mesmo não consiga levantar?” Se você diz “sim”, então há algo que Ele não pode fazer (levantar a pedra). Se diz “não”, então Ele não pode criar a pedra. Parece um paradoxo, né?
Mas a resposta é simples: Deus não faz coisas logicamente impossíveis (como um círculo quadrado). Da mesma forma, “mudar o futuro que Ele já conhece” é uma contradição lógica – não é falta de poder, é que a ideia em si não faz sentido.
Sobre a imutabilidade: Deus não é um “deus grego” que muda de humor. Ele é estável em Seu caráter (Malaquias 3:6), mas isso não O impede de agir no tempo. Por exemplo: quando Jesus chorou por Lázaro, Ele não “mudou de ideia” – estava agindo dentro de um plano maior, que sempre incluiu a ressurreição.
Esta objeção parte de uma compreensão incompleta dos atributos divinos. A onisciência de Deus não implica em determinismo. A teologia cristã, especialmente na tradição molinista, propõe que Deus conhece todas as possíveis escolhas livres das criaturas (ciência média) sem determinar tais escolhas.
Quanto à imutabilidade, esta não significa imobilidade. Deus é imutável em Seu caráter e propósitos (Malaquias 3:6), mas não em Suas ações no tempo. A onipotência divina refere-se à capacidade de fazer tudo que é logicamente possível – mudar um futuro já conhecido é uma contradição em termos, como criar um círculo quadrado.
Exemplo prático: Um grande músico conhece toda a sinfonia antes de regê-la. Isso não limita sua capacidade de executá-la, mas demonstra sua maestria. Analogamente, o conhecimento prévio de Deus não limita Sua ação, mas revela Sua perfeição.
2. Problema do Mal
Alegação do vídeo:
“Deus bom + onipotente = mal não deveria existir. Mas o mal existe. Logo, Deus não existe.”
Resposta
Essa é a objeção mais dolorosa – e justa! Quem já perdeu alguém para o câncer ou viu uma criança sofrer sabe que o mal parece incompatível com um Deus amoroso. Mas vamos pensar juntos:
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Mal moral (guerras, crueldade): Se Deus nos deu livre-arbítrio de verdade, então Ele permite que façamos escolhas ruins – porque amor exige liberdade. Um mundo sem Hitler também seria um mundo sem Madre Teresa. Você prefere um mundo de robôs programados?
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Mal natural (terremotos, doenças): Aqui é mais complexo, mas a ciência mostra que leis naturais estáveis (como a gravidade) permitem a vida. Um terremoto é ruim para nós, mas sem placas tectônicas, não teríamos oceanos ou clima estável.
- Perspectiva escatológica: O cristianismo não vê o sofrimento atual como estado final, mas promete uma redenção futura onde “Deus enxugará toda lágrima” (Apocalipse 21:4).
E tem um ponto crucial: Deus sofre conosco. Na cruz, Ele entrou no sofrimento humano. Isso não “resolve” tudo agora, mas mostra que Ele não é um ditador distante.
3. Livre-Arbítrio vs. Predestinação
Alegação do vídeo:
“Se Deus já sabe quem vai pro céu, então não temos liberdade. E se temos liberdade, Deus não pode saber o futuro!”
Resposta
Esse é um daqueles debates que já encheu livros e afastou muita gente da fé. Mas vamos descomplicar:
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Conhecer ≠ Controlar. Eu posso saber que meu amigo vai pedir pizza sexta-feira porque ele sempre faz isso – mas não forcei ele a escolher! Deus, fora do tempo, vê nossas escolhas livres como um todo.
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Predestinação na Bíblia (Efésios 1) é sobre propósito, não controle rígido. Tipo um pai que planeja a faculdade do filho, mas deixa ele escolher o curso.
Este aparente paradoxo tem sido debatido por séculos na teologia cristã. A posição reformada (calvinista) e a arminiana oferecem perspectivas diferentes, mas ambas mantêm elementos de soberania divina e responsabilidade humana.
A chave está em entender que:
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O conhecimento prévio de Deus não causa os eventos (assim como saber que o sol nascerá amanhã não causa o nascer do sol)
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A predestinação bíblica (Romanos 8:29-30) opera em conjunto com a liberdade humana
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Deus age de maneira transcendente, coordenando Sua vontade soberana com nossas escolhas livres
Pergunta retórica: “Se você soubesse que seu filho ia se drogar aos 20 anos, você o impediria de nascer?” A resposta mostra que pré-conhecimento não anula amor ou liberdade.
4. Deus Perfeito não tem Necessidades
Alegação do vídeo:
“Deus perfeito não precisaria criar o universo. Logo, Ele não é perfeito ou não criou nada.”
Resposta
Aqui tem uma confusão entre “necessidade” e “generosidade”. Pensa num artista: Beethoven não precisava compor a 9ª Sinfonia – ele já era genial. Mas ele a criou por amor à música.
Deus é assim: a Trindade (Pai, Filho, Espírito) já era uma comunidade de amor perfeito. Criar o universo foi um ato de graça, não de carência. Como diz C.S. Lewis: “Deus não nos fez por falta, mas por transbordamento.”
Esta objeção pressupõe que toda ação deve brotar de alguma carência, o que é uma visão limitada da motivação. A criação pode ser entendida como:
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Um ato de amor superabundante (a Trindade, em Sua perfeita comunhão, quis estender esse amor)
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Uma expressão da glória divina (não no sentido de egoísmo, mas de compartilhar Sua bondade)
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Um ato de generosidade pura, sem necessidade
Exemplo literário: Na obra “Os Quatro Amores”, C.S. Lewis diferencia o amor-need (por carência) do amor-gift (por generosidade). A criação seria o ápice do amor-gift.
5. Imperfeição do Universo
Alegação do vídeo:
“Se Deus é perfeito, por que criou um mundo cheio de defeitos?”
Resposta
Bom, primeiro: o que seria um “mundo perfeito”? Sem desafios? Sem crescimento? Um paraíso artificial onde ninguém precisa lutar por nada? Até nós, humanos, sabemos que o caráter se forma na adversidade.
Segundo: a Bíblia diz que o mundo “geme” (Romanos 8:22) por causa do pecado, mas também aponta para uma redenção futura. A história não acabou! Se um médico diagnostica um câncer, você não diz “Ah, então ele não existe”. Você espera o tratamento.
Esta crítica ignora vários aspectos importantes:
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A Queda: A teologia cristã ensina que o mundo foi criado “muito bom” (Gênesis 1:31), mas foi afetado pelo pecado humano
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O Valor do Processo: Um mundo com desafios permite o desenvolvimento de virtudes como coragem e perseverança
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A Redenção em Andamento: A história bíblica apresenta um arco de criação-queda-redenção-consumação
6. Imutabilidade vs. Amor
Alegação do vídeo:
“Deus não pode ser imutável e amoroso ao mesmo tempo, porque amor exige resposta emocional.”
Resposta
Aqui o problema é pensar que “imutável” = “robô sem sentimentos”. Na verdade, a imutabilidade de Deus diz respeito ao Seu caráter: Ele sempre é justo, sempre amoroso, sempre fiel.
Mas Ele reage a nós! Quando o filho pródigo volta, o pai corre (Lucas 15). Deus não é um “Deus estoico” – Ele se alegra, se entristece (Efésios 4:30). A diferença é que Suas emoções são perfeitas, não instáveis como as nossas.
A imutabilidade divina precisa ser corretamente entendida:
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Não significa impassibilidade absoluta (Deus não é uma “força” impessoal)
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Refere-se à constância de Seu caráter (Ele sempre age de acordo com Sua natureza amorosa e justa)
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Suas “emoções” são perfeitas e estáveis, não oscilantes como as humanas
Exemplos bíblicos:
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Jesus chorou por Lázaro (João 11:35), mostrando compaixão
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Deus se alegra com o arrependimento (Lucas 15:7)
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Ao mesmo tempo, “em Deus não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17)
7. Transcendência vs. Onipresença
Alegação do vídeo:
“Se Deus está fora do espaço-tempo (transcendente), como pode estar em todo lugar (onipresente)?”
Resposta
Ótima pergunta! É como perguntar: “Como a mente humana (imaterial) pode interagir com o cérebro (material)?” A ciência ainda não sabe, mas ninguém nega que isso acontece.
Deus é transcendente (não está limitado pelo universo) mas também imanente (age dentro dele). Tipo um autor que está “fora” do seu livro, mas pode influenciar a história. A Bíblia mostra isso: “O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés” (Isaías 66:1).
Esta aparente contradição revela a limitação de nossos conceitos espaciais quando aplicados a Deus. A solução está em entender que:
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Transcendência significa que Deus é qualitativamente diferente da criação, não limitado por ela
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Onipresença significa que Deus mantém toda a criação em existência a cada momento
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Deus conhece e age em cada parte do universo de maneira imediata e completa
Analogia científica: Assim como a mecânica quântica desafia nossas noções cotidianas de espaço e tempo, a natureza divina transcende nossas categorias mentais.
8. Deus como Espírito vs. Ser Pessoal
Alegação do vídeo:
“Se Deus é espírito, como pode ser uma pessoa que interage?”
Resposta
Pensa no seguinte: o que faz uma “pessoa”? Ter corpo? Então um amputado é “menos pessoa”? Claro que não! Pessoa = identidade, vontade, relacionamento.
Deus é Espírito (João 4:24) no sentido de não ser material, mas Ele tem mente, emoções e vontade – tanto que Jesus orava ao Pai. Se nós, com cérebros limitados, somos pessoas, por que Deus não seria?
Esta objeção confunde pessoalidade com corporeidade. Na verdade:
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Pessoa = um ser com intelecto, emoção e vontade
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Nossa própria consciência sugere que a mente não é idêntica ao cérebro (problema mente-corpo)
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A Bíblia apresenta Deus como um “Eu” que dialoga (Êxodo 3:14), ama (Jeremias 31:3) e se relaciona
9. Deus é Escravo de Si Mesmo
Alegação do vídeo:
“Se Deus já sabe o que vai fazer, Ele não é livre.”
Resposta
Isso é como dizer que um pianista virtuoso não é “livre” porque sabe todas as notas que vai tocar. Na verdade, a perfeição traz liberdade maior. Deus não é “pego de surpresa” – Ele age com propósito.
E tem um detalhe: Deus não “prevê” o futuro – Ele o vê. A diferença é sutil, mas crucial. É como estar numa montanha vendo uma estrada: você vê a curva à frente, mas o motorista ainda vai girar o volante livremente.
Esta crítica projeta limitações humanas sobre Deus:
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Para Deus, não há “futuro” – Ele existe em um eterno presente
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Suas ações não são sequenciais como as nossas
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A liberdade divina é perfeita porque flui necessariamente de Sua natureza perfeita
10. Justiça vs. Misericórdia
Alegação do vídeo:
“Deus não pode ser 100% justo e 100% misericordioso ao mesmo tempo.”
Resposta
Ah, mas é aí que entra o evangelho! A cruz é o lugar onde justiça e misericórdia se encontram:
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Justiça: O pecado exige punição (Romanos 6:23).
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Misericórdia: Cristo paga a pena por nós (2 Coríntios 5:21).
É como um juiz que paga a multa do réu. Não é contradição – é amor criativo.
O cristianismo resolve este aparente paradoxo na cruz:
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A justiça é satisfeita: o pecado é punido (em Cristo)
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A misericórdia é manifesta: o pecador é perdoado
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Isso revela a profundidade do amor divino (Romanos 3:21-26)
11. Oração Ineficaz (Estudo de Harvard)
Alegação do vídeo:
“Estudos mostram que oração não funciona. Logo, Deus não existe.”
Resposta
Esse estudo é famoso, mas tem problemas:
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Deus não é um gênio da lâmpada. Orar não é “fórmula mágica”. Jesus disse: “Seja feita a tua vontade” (Mateus 6:10).
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Método questionável: Como medir “oração eficaz”? Deus leva em conta fé, motivação, contexto…
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Viés de confirmação: Ignora milhões de testemunhos de curas inexplicáveis (como em Lourdes, documentadas por médicos ateus).
Esta crítica envolve vários equívocos metodológicos e teológicos:
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Natureza da oração: Não é técnica mágica, mas relacionamento
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Problemas no estudo:
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Como controlar a fé dos pacientes?
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Como definir “resposta à oração”?
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O estudo não considerou orações feitas pelos próprios pacientes
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Evidências positivas: Há numerosos relatos de curas inexplicáveis em contextos religiosos
Dado importante: O próprio Jesus orou “não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26:39) – mostrando que oração não é sobre manipulação, mas submissão.
Além disso: se Deus existe, por que Ele agiria sob demanda em um experimento? Isso reduz a relação com Ele a um teste de laboratório.
Conclusão
Essas “provas” contra Deus são baseadas em equívocos sobre quem Deus é. A fé cristã não é irracional – ela lida com paradoxos, sim, mas paradoxos não são contradições.
Se você quer mesmo refletir, sugiro ler “Em Guarda” (WLC) ou assistir aos debates dele com ateus. A questão não é “Deus cabe na minha lógica”, mas “Minha lógica é suficiente para entender Aquele que criou a lógica?”
E se houver um Deus assim – pessoal, amoroso e justo –, não seria mais honesto buscá-Lo além dos argumentos?
Poderá ver o vídeo no youtube Aqui