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REFUTANDO ANTONIO MIRANDA: Jesus Barrabás & o Yom Kippur

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Esta é a primeira parte de minha refutação ao Antonio Miranda, que alega que Jesus foi chamado de “Jesus Barrabás”. O texto que vamos analisar é:

15 Por ocasião da festividade, era costume do governador soltar um preso, aquele que a multidão quisesse. 16 Eles tinham então um preso chamado Barrabás, um criminoso muito conhecido. 17 Portanto, quando estavam reunidos, Pilatos lhes disse: “Qual deles vocês querem que eu solte: Barrabás ou Jesus, o chamado Cristo?” 18 Pois Pilatos sabia que o tinham entregado por inveja. 19 Além disso, enquanto estava sentado no tribunal, sua esposa lhe mandou este recado: “Não tenha nada a ver com esse homem justo, pois hoje eu sofri muito, num sonho, por causa dele.” 20 Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a pedir Barrabás e a fazer com que Jesus fosse morto. 21 Então o governador lhes disse: “Qual dos dois vocês querem que eu solte?” Disseram: “Barrabás!” 22 Pilatos lhes disse: “O que, então, devo fazer com Jesus, o chamado Cristo?” Todos disseram: “Para a estaca com ele!” 23 Ele disse: “Por quê? O que ele fez de mau?” Contudo, gritaram ainda mais: “Para a estaca com ele!” – Mateus 27, 15-23

costume . . . soltar um preso: Os quatro Evangelhos falam sobre a libertação de Barrabás. (Mr 15:6-15; Lu 23:16-25; Jo 18:39, 40) Não existe base nem precedente para esse costume nas Escrituras Hebraicas. Mas parece que os judeus já tinham adotado esse costume nos dias de Jesus. Esse costume não seria estranho para os romanos, pois há evidências de que eles libertavam prisioneiros para agradar as multidões

O Nome do Prisioneiro: Barabbas ou Jesus Barabbas?

A discussão sobre o nome do prisioneiro que Pilatos tentou trocar por Jesus tem gerado debates e confusões entre estudiosos e leitores da Bíblia. A questão central é se o nome do prisioneiro era apenas “Barabbas” ou “Jesus Barabbas”. Vamos explorar essa questão à luz da crítica textual e das traduções bíblicas.

A Questão Textual em Mateus 27:16

O texto de Mateus 27:16 é o ponto de partida para essa discussão. De acordo com o texto crítico NA 28, o versículo menciona um prisioneiro bem conhecido chamado “Jesus Barabbas”. No entanto, o nome “Jesus” está entre colchetes, indicando que há incerteza sobre sua inclusão no texto original.

Essa incerteza se reflete nas diferentes traduções da Bíblia. Por exemplo, a NIV de 1984 omite “Jesus”, referindo-se ao prisioneiro apenas como “Barabbas”. Já na edição de 2011, a NIV inclui “Jesus” e acrescenta uma nota explicando que muitos manuscritos não contêm esse nome.

Diferenças entre os Manuscritos Gregos

As variações entre os manuscritos gregos do Novo Testamento são comuns, e Mateus 27:16 não é exceção. A existência dessas diferenças não indica uma conspiração entre os tradutores, mas sim uma necessidade de fazer escolhas baseadas na crítica textual. Alguns manuscritos contêm o nome “Jesus”, enquanto a maioria não o inclui.

Os tradutores que optaram por incluir “Jesus” em suas traduções acreditam que seria improvável que esse nome fosse adicionado posteriormente, sem uma razão válida. Eles argumentam que é mais provável que o nome tenha sido omitido por copistas que poderiam ter considerado inadequado que o prisioneiro tivesse o mesmo nome que Jesus.

O Papel da Evidência Interna

A crítica textual também leva em conta a evidência interna, ou seja, o contexto e a probabilidade de certas alterações textuais. No caso de Mateus 27:16, há um debate sobre se o nome “Jesus” foi retirado ou adicionado pelos copistas. Aqueles que acreditam que o nome “Jesus” fazia parte do texto original sugerem que ele foi removido por razões de piedade, para evitar associar o nome sagrado de Jesus ao criminoso Barrabás.

Reflexões Finais

Independentemente de qual tradução ou manuscrito se escolha, é importante reconhecer que essa questão não implica uma falha nas traduções da Bíblia. Trata-se de uma decisão baseada em análise crítica de manuscritos, e não em má-fé ou conspiração.

Para aqueles que não têm conhecimento do grego, é prudente evitar julgamentos precipitados sobre traduções que envolvem nuances tão delicadas da crítica textual. Os tradutores e estudiosos fazem o melhor possível para fornecer uma tradução fiel e compreensível, mesmo quando enfrentam desafios complexos como esse.

Essa discussão sobre “Jesus Barabbas” nos lembra da complexidade e riqueza da transmissão do texto bíblico ao longo dos séculos, e da importância de abordarmos essas questões com humildade e respeito pela tradição textual.

S028 / Vat.gr.354. página 74r (frente). Este é o manuscrito em maiúscula (S028) com a nota na margem. Imagem reproduzida com permissão da Biblioteca Apostolica Vaticana.
GA 2812, Biblioteca Nacional de España, Res. 235. A imagem é do verso do fólio 82. A seção relevante está na margem inferior após o Γ vermelho e o Ε vermelho (8 linhas a partir do fundo). (CC BY 4.0) Imagem retirada do acervo da Biblioteca Nacional de España.

Referências

1. Blond, Helen. 2004. “Pilatos em Filo”. Em  Pôncio Pilatos em História e Interpretação , editado por Helen Blond, 24-48. págs. 25-26.

2. Blond, Helen. 2004. “Pilatos em Josefo”. Ibid, 45-93. pág. 53.

3. Blond, Helen. 2004. “Pilatos em Josefo”. Ibid, 45-93. pág. 53.

4. Blond, Helen. 2004. “Pilatos no Evangelho de Marcos”. Ibid, 94-119. pág. 103.

5. Brandon, SGF 1967.  Jesus e os Zelotes: Um Estudo do Fator Político no Cristianismo Primitivo.  Manchester University Press. pág. 261-262.

6. Brandon, SGF 1967. Ibid. págs. 258-265; Maccoby, Hyam. 1973.  Revolução na Judeia.  Taplinger Publishing Company. Capítulos 16 e 17. 

7. Grant, Michael. 1977.  Jesus: Uma visão do historiador sobre os Evangelhos.  Weidenfeld e Nicholson. pág. 165.

8. Beare, Francis W. 1981.  O Evangelho segundo Mateus.  Harper & Row. pág. 528-231.

9. Citado por Blond, Helen. 2004. “Pilatos no Evangelho de Marcos”. Ibid, 94-119. pág. 104. 

10. Blond, Helen. 2004. “Pilatos no Evangelho de Marcos”. Ibid, 94-119. pág. 109.

11. Merritt, Robert L. 1985. “Jesus Barrabás e o Perdão Pascal”.  Journal of Biblical Literature 1 04(1):57-68. 

12. Merritt, Robert L. 1985. Ibidem págs. 67-68.

13. Gers-Uphaus, Christian. 2020. “A figura de Pôncio Pilatos em Josefo comparada com Filo e o Evangelho de João”. Religiões 11(65):1-24. pág. 19.

 
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