Detesto dar palco pra esse cara mas é importante responder para que outras pessoas não caiam nas lábias desses vídeos.
Para refutar as alegações apresentadas por Antônio Miranda no vídeo “DEUS EXISTE? ATEU PROVA QUE NÃO!”, vamos considerar algumas das principais afirmações feitas por ele e apresentar contra-argumentos baseados em raciocínios filosóficos e científicos.
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1. A questão da origem de Deus e do universo
Afirmação de Miranda: Ele questiona quem criou Deus e argumenta que, se o universo não tem origem, então não há necessidade de um criador.
Refutação: Essa crítica assume que tudo deve ter uma causa, o que é uma premissa filosófica. No entanto, muitos filósofos e teólogos argumentam que Deus, como o ser necessário e não contingente, não precisa de uma causa. A existência de Deus é vista como uma explicação para a existência do universo, e não como parte dele. A premissa de que tudo deve ter uma causa não se aplica necessariamente a um ser que é fora do tempo e espaço. Além disso, o conceito de “causa” pode não se aplicar ao que é eterno e necessário.
O argumento inicial sugere que a pergunta “quem criou Deus?” seria inválida, pois a criação pressupõe a existência de tempo, e, portanto, não faz sentido falar em “antes” de Deus. Contudo, essa linha de pensamento confunde categorias e falha em abordar adequadamente a distinção fundamental que a filosofia teísta clássica faz entre seres contingentes e seres necessários.
Na teologia cristã e em boa parte da filosofia clássica, como na obra de Tomás de Aquino, Deus é considerado um ser necessário, ou seja, cuja existência é intrínseca e não depende de qualquer outra coisa. Ele é o motor imóvel ou a causa incausada. Essa ideia está baseada em uma análise metafísica da realidade: tudo que existe contingentemente (ou seja, tudo que poderia ou não existir) precisa de uma causa, enquanto algo que é necessário não precisa de uma causa externa. Assim, a pergunta “quem criou Deus?” é mal formulada, pois Deus, na concepção teísta, não é uma entidade contingente e, portanto, não requer uma causa.
2. O argumento da conservação da energia e da matéria
Afirmação de Miranda: Ele menciona que a ciência diz que a energia e a matéria não podem ser criadas ou destruídas.
Refutação: Este argumento se baseia nas leis da termodinâmica, que se aplicam ao universo conhecido. No entanto, estas leis não necessariamente se aplicam ao início do universo, que pode ter funcionado sob princípios diferentes. A cosmologia moderna, através da teoria do Big Bang, sugere que o universo começou a existir a partir de um estado singular, o que implica que a questão de origem é legítima. Além disso, a física quântica permite uma interpretação que não exige um criador no sentido tradicional, mas também não exclui a ideia de um criador como Deus.
3. Paradoxo da criação
Afirmação de Miranda: Ele argumenta que um Deus perfeito não teria a potencialidade de criar o universo, porque isso implicaria mudança e, portanto, imperfeição.
Refutação: Este argumento se baseia na compreensão errônea de que a ação de criar implica mudança na natureza de Deus. Teólogos como Santo Tomás de Aquino defendem que Deus pode ser imutável e, ainda assim, ser a causa de mudanças no universo. A criação é vista não como uma mudança em Deus, mas como uma expressão de sua natureza criativa. Deus pode criar livremente, o que não implica em uma falta de perfeição.
4. Natureza de Deus e a relação com a ciência
Afirmação de Miranda: Ele questiona se um Deus onipotente e onipresente não estaria além da compreensão humana e se isso não seria uma forma de confortar os cientistas.
Refutação: A ideia de um Deus que é tanto transcendente quanto imanente é uma posição defendida por muitos teólogos. Isso não é uma mera questão de conforto, mas sim uma perspectiva que busca entender a complexidade do universo e da vida. Além disso, a ciência e a religião podem coexistir; muitos cientistas são teístas e encontram nas suas descobertas uma confirmação de suas crenças.
5. O Deus de Espinosa
Afirmação de Miranda: Ele menciona o Deus de Espinosa, que vê Deus como uma força ou princípio que não é uma entidade pessoal.
Refutação: Embora a visão de Espinosa possa parecer atraente para alguns, ela não corresponde à concepção teísta tradicional de Deus que envolve pessoalidade e intencionalidade. O Deus que muitas tradições religiosas reconhecem é aquele que se importa com a criação e se relaciona com os seres humanos. Essa relação pessoal é fundamental para a experiência religiosa, e a visão de Espinosa pode não oferecer a mesma profundidade existencial que muitos buscam.
Conclusão
As questões sobre a existência de Deus são complexas e envolvem tanto argumentos filosóficos quanto científicos. A posição de que Deus não existe frequentemente depende de pressupostos que não são universalmente aceitos. A filosofia da religião continua a explorar essas questões, e muitos teólogos e filósofos argumentam que a ideia de Deus oferece uma explicação coerente e abrangente para a existência do universo e da vida.
Poderá ver o vídeo no youtube Aqui