É impressionante a quantidade de mentiras e bobagens desse vídeo. Vamos refutar ponto a ponto.
1. “A Bíblia de hoje não é a mesma que existia há 2000 anos.”
Refutação:
A afirmação é parcialmente verdadeira, mas é importante contextualizar. Os textos originais da Bíblia (em hebraico, aramaico e grego) foram preservados em milhares de manuscritos, com diferenças textuais menores (variantes textuais), sem impactar as doutrinas centrais do cristianismo.
A tradução da Vulgata Latina feita por São Jerônimo no século IV foi, de fato, uma obra monumental e influenciada por contextos culturais e teológicos da época. Contudo, a alegação de que Jerônimo “alinharam as escrituras com a doutrina da Igreja” é simplista e desconsidera o rigor acadêmico aplicado na tradução.
- Manuscritos utilizados: Jerônimo usou como base os textos hebraicos para o Antigo Testamento e os manuscritos gregos (principalmente o Texto Alexandrino) para o Novo Testamento. Sua intenção era produzir uma tradução acessível e fiel às línguas originais, corrigindo erros presentes em traduções anteriores, como a Vetus Latina.
- Fontes acadêmicas: Segundo Metzger, em The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration, Jerônimo buscou um equilíbrio entre a literalidade e a clareza do texto (Metzger, 2005).
Conclusão: A Vulgata reflete as condições linguísticas e teológicas do século IV, mas não é correto afirmar que foi manipulada para distorcer o texto bíblico em favor de agendas políticas.
Fontes acadêmicas:
- Metzger, Bruce M. The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration. Oxford University Press.
- Ehrman, Bart D. Misquoting Jesus. HarperOne.
2. “Jerônimo alinhou as Escrituras com a doutrina da Igreja, tomando decisões políticas.”
Refutação:
São conhecidos os desafios de Jerônimo na tradução da Vulgata Latina, mas ele buscou fidelidade ao texto original, conforme as línguas bíblicas. Não há evidências de que ele tenha deliberadamente distorcido passagens para fins políticos.
Fontes acadêmicas:
- Kelly, J. N. D. Jerome: His Life, Writings, and Controversies. Duckworth.
- Brown, Raymond E. An Introduction to the New Testament. Doubleday.
3. “O cânon foi definido politicamente no Concílio de Cartago (397 d.C.).”
Refutação:
O cânon bíblico foi reconhecido, não “definido” no Concílio de Cartago. O consenso já existia entre comunidades cristãs desde o século II, com referências de autores como Irineu de Lyon e Atanásio de Alexandria.
O Concílio de Cartago (397 d.C.) confirmou uma lista de livros canônicos já amplamente aceita nas igrejas cristãs. Essa lista foi baseada na tradição judaica para o Antigo Testamento e nos textos usados na liturgia cristã desde o século II para o Novo Testamento.
- História do cânon: O cânon do Novo Testamento foi formado ao longo de séculos, com listas como a de Muratori (século II) e os escritos de Eusébio de Cesareia (século IV), que indicavam os livros aceitos e debatidos.
- Evangelhos apócrifos: Textos como o Evangelho de Tomé e o Evangelho de Maria foram excluídos porque não possuíam aceitação generalizada nas comunidades cristãs e apresentavam doutrinas consideradas incompatíveis com o ensino apostólico.
Fontes acadêmicas: Bruce, F.F., The Canon of Scripture. A decisão final sobre o cânon não foi apenas política, mas teológica e baseada no uso litúrgico dos textos.
Fontes acadêmicas:
- McDonald, Lee Martin. The Biblical Canon: Its Origin, Transmission, and Authority. Hendrickson Publishers.
- Bruce, F. F. The Canon of Scripture. InterVarsity Press.
4. “Escribas alteraram textos deliberadamente.”
Refutação:
Embora haja evidências de variantes textuais nos manuscritos, a maioria das mudanças foi acidental ou destinada a esclarecer ambiguidades. O rigor textual moderno permite identificar e corrigir essas alterações.
É verdade que, antes da invenção da imprensa, os manuscritos bíblicos eram copiados à mão, o que gerava variações textuais. No entanto, a maioria dessas variantes não afeta doutrinas centrais do cristianismo.
- Crítica textual: Estudos modernos utilizam milhares de manuscritos antigos para reconstruir o texto original. Textos como o Codex Sinaiticus (século IV) e o Codex Vaticanus (século IV) permitem comparações minuciosas.
- Vírgula Joanina: O exemplo citado em 1 João 5:7-8 é correto ao afirmar que a referência explícita à Trindade não está nos manuscritos gregos mais antigos. Contudo, isso não invalida a doutrina da Trindade, que é apoiada por outros textos bíblicos.
Ambas as passagens (João 7:53-8:11 e Marcos 16:9-20) são reconhecidas como adições posteriores em muitos manuscritos. Isso é amplamente aceito por estudiosos e geralmente indicado nas Bíblias modernas.
- Contexto acadêmico: O fato de serem adições posteriores não diminui a autenticidade do restante dos textos. Essas passagens têm valor histórico e teológico, mas não devem ser usadas para fundamentar doutrinas centrais.
- Fontes acadêmicas: Metzger, B., A Textual Commentary on the Greek New Testa
Fontes acadêmicas: Ehrman, B., Misquoting Jesus, e Comfort, P.W., The Text of the Earliest New Testament Greek Manuscripts.
Conclusão: As variações textuais existem, mas a crítica textual moderna assegura um alto grau de confiança na precisão dos textos bíblicos.
Fontes acadêmicas:
- Aland, Kurt, e Barbara Aland. The Text of the New Testament. Eerdmans.
- Parker, David C. An Introduction to the New Testament Manuscripts and Their Texts. Cambridge University Press.
5. “A vírgula joanina foi adicionada para apoiar a Trindade.”
Refutação:
A vírgula joanina (1 João 5:7-8) é reconhecida como uma interpolação tardia. Entretanto, a doutrina da Trindade não depende deste texto, mas de uma compreensão ampla das Escrituras.
Ambas as passagens (João 7:53-8:11 e Marcos 16:9-20) são reconhecidas como adições posteriores em muitos manuscritos. Isso é amplamente aceito por estudiosos e geralmente indicado nas Bíblias modernas.
- Contexto acadêmico: O fato de serem adições posteriores não diminui a autenticidade do restante dos textos. Essas passagens têm valor histórico e teológico, mas não devem ser usadas para fundamentar doutrinas centrais.
- Fontes acadêmicas: Metzger, B., A Textual Commentary on the Greek New Testament.
Fontes acadêmicas:
- Wallace, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics. Zondervan.
- Metzger, Bruce M. A Textual Commentary on the Greek New Testament. United Bible Societies.
6. “O final longo de Marcos (16:9-20) foi adicionado.”
Refutação:
Os manuscritos mais antigos (Vaticano e Sinaítico) não contêm o final longo, mas isso é indicado em muitas Bíblias modernas. O trecho reflete a tradição da ressurreição e não altera o núcleo da mensagem cristã.
Fontes acadêmicas:
- France, R. T. The Gospel of Mark: A Commentary on the Greek Text. Eerdmans.
- Hurtado, Larry. Mark. Wipf & Stock.
7. “A história da mulher adúltera foi inserida mais tarde.”
Refutação:
A perícope da mulher adúltera (João 7:53–8:11) não aparece nos manuscritos mais antigos, mas é amplamente aceita como uma tradição autêntica da vida de Jesus.
Fontes acadêmicas:
- Kostenberger, Andreas J. John. Baker Academic.
- Metzger, Bruce M. The New Testament: Its Background, Growth, and Content. Abingdon Press.
8. “As diferenças entre Bíblias católicas e protestantes refletem agendas políticas.”
Refutação:
As diferenças nos cânones católico e protestante resultam de debates teológicos na Reforma, e não apenas de “agendas políticas”. A Igreja Católica manteve os livros deuterocanônicos com base em sua inclusão na Septuaginta.
Alegação: Traduções modernas são moldadas por agendas culturais.
Refutação:
A tradução de termos como “filhos de Deus” para “crianças de Deus” reflete esforços para tornar o texto mais inclusivo. Isso, no entanto, não altera a essência teológica do texto original.
- Neutralidade de gênero: Em muitos casos, o uso de linguagem neutra visa refletir o significado pretendido pelo texto original, como o uso genérico de “filhos” para se referir a homens e mulheres.
- Fontes acadêmicas: Nida, E.A., The Theory and Practice of Translation.
Fontes acadêmicas:
- Beckwith, Roger. The Old Testament Canon of the New Testament Church. SPCK.
- Cross, F. L., e Elizabeth A. Livingstone. The Oxford Dictionary of the Christian Church. Oxford University Press.
9. “Traduções modernas diluem o significado original.”
Refutação:
Traduções modernas buscam maior precisão linguística e fidelidade textual. As variações refletem avanços no entendimento das línguas originais e não comprometem a mensagem central.
Alegação: A Bíblia foi usada como ferramenta política ao longo da história.
Refutação:
A Bíblia, como qualquer texto influente, foi interpretada e usada em diferentes contextos políticos. No entanto, isso não invalida seu conteúdo original.
- Exemplo do Concílio de Niceia (325 d.C.): O concílio lidou com questões doutrinárias, como a controvérsia ariana, mas não “escreveu” ou “editou” os textos bíblicos.
- Fontes acadêmicas: González, J.L., The Story of Christianity.
Fontes acadêmicas:
- Silva, Moisés. Biblical Words and Their Meaning. Zondervan.
- Carson, D. A. The King James Version Debate: A Plea for Realism. Baker.
Conclusão:
Embora o vídeo levante questões relevantes sobre a transmissão do texto bíblico, ele exagera alegações sem base sólida. A integridade geral das Escrituras é apoiada por estudos textuais rigorosos e uma ampla base de evidências manuscritas.
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